Poucas situações foram mais tristes que andar pelas ruas do centro de São Luiz do Paraitinga. Há três meses comparecemos à Semana da Canção, quando nos impressionamos com a conservação da cidade e o empenho dos moradores em manter o patrimônio arquitetônico.
As ruas estão imundas. O lodo e o esgoto empesteiam tudo. Casarões em ruínas ou interditados pela defesa civil. Os moradores dividem-se entre tirar o lodo das residências ou jogar seus objetos estragados na rua, para que os tratores passem recolhendo tudo.
Lamentável que pessoas gastem seus dias indo contemplar a tragédia alheia. Em meio aos militares, aos profissionais da saúde, aos voluntários e aos luizenses em geral, percebemos indivíduos dedicados apenas a fotografar os escombros e andar entre o lixo. Não tiraram sequer um abacaxi podre do caminho.
Os fotógrafos em L'Aquila na Itália, após o terremoto que destruiu menos que São Luiz, foram tratatos como Heróis, por registrarem o caos e mostrar ao mundo a "Verdade". Às vezes não podemos tirar nem "um abacaxi" do lugar por ordem da Defesa Civíl e do Corpo de Bombeiros. Lembre, o que os olhos não veem o coração não sente.