Nos corredores do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, um projeto de formação de leitores começou bem de mansinho. Um office boy pediu um livro emprestado, a moça emprestou, depois outro office boy achou legal e pediu também e a corrente ficou infinita. O resultado é que isso se tornou um projeto com sustança e a Márcia, funcionária do TJMG, defendeu uma monografia emocionante de especialização contando essa história e entrevistando os rapazes.
Mas o projeto mais lindão de que eu já ouvi falar é o da Borrachalioteca, em Sabará (MG, bem ao ladinho de Belo Horizonte). O Marcos Túlio encheu a borracharia de livros e o pessoal da comunidade lê avidamente o material. A coisa toda ficou tão importante que o esquema virou um projeto, com apoios bacanas e tudo. Amanhã, dia 29 de janeiro, a Borrachalioteca (ou Instituto Cultural Aníbal Machado) inaugura mais um espaço, desta vez no presídio municipal de Sabará.
O que deixa a gente arrepiado nesses projetos? A mansidão deles e a capilaridade como eles avançam sobre populações que não conseguem decidir as coisas. Discutir cultura, formação de leitores, cultura digital etc. etc. é lindo, mas, como diz o prof. Marcelo Buzato (Unicamp), em geral, quem quer discutir e decidir sobre isso é o "incluído". Enquanto rolam os fóruns e as festas, regadas a política e notebooks, os 70% de "analfabetos funcionais" do país arranjam suas bibliotecas onde elas surgem.
Ana, conheço dezenas de iniciativas assim. Tomo parte em algumas. Muito pertinente tua intervenção. Passe os olhos pelo www.e-chaleira.blogspot.com. Começa mansinho, e você terá notado umas sementes embutidas (pela procedência dos colunistas - autodidatas, rodeiros-de-leitura dos Sescs, gente de longe). Parabéns!