O projeto Voa Viola pretende mapear o que está sendo feito de interessante no Brasil com o instrumento. Entre as ações estão um portal e um festival, cujas inscrições vão até o dia 16 de agosto. A seguir, o violeiro Paulo Freire, um dos curadores do projeto ao lado de Roberto Corrêa, responde três perguntas.
1) Paulo, você e o Roberto Corrêa são os curadores do Voa Viola. Como é o trabalho de vocês para que o projeto consiga atingir o objetivo de mapear a produção dos violeiros no Brasil?
Roberto e eu temos uma parceria muito antiga. Temos uma grande afinidade de ideias e realizamos alguns projetos juntos. O Voa Viola é uma grande oportunidade para os violeiros de todo o Brasil mostrarem seus trabalhos, discutirem as questões, contarem causos, além de poderem participar do Festival com prêmios e shows pelo Brasil. Estamos notando um crescente interesse pelo instrumento e pela história que ele carrega. Nestes anos todos de viola firmamos muitas amizades e agora, espalhando a notícia, já está aparecendo um bocado de violeiro para engrossar o ponteado.
2) Num tempo de "modernidades" e entretenimento, de internet a videogames e "iPads", como a viola pode contribuir para a música em geral? Se você tivesse que apresentar a viola a um jovem, o que diria para despertar seu interesse?
A viola tem o efeito de tirar o sapato apertado e largar o pé no riacho, uma tachada de doce de leite, um mergulho na cachoeira, a música do Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa. Quem quer ter mais tempo para aproveitar a vida é só entrar no mundo da viola. O portal Voa Viola pode mostrar estes assuntos e mais um bocado de novidades.
3) Você está há alguns anos vivendo da música através da viola. Como você vê esse mercado e a aceitação do público em relação ao instrumento? Houve evolução? Há interesse?
Sim, o interesse é cada vez maior. O mercado de trabalho para o violeiro é muito interessante, principalmente para quem quer tocar viola com todas as suas características: afinações, ponteados e técnicas peculiares. A música de viola enriquece muitos segmentos artísticos, é um mundo a ser descoberto e aproveitado. Estão surgindo oportunidades também para mistura com outras artes: cinema, teatro, dança. Como a viola se estabeleceu no interior do Brasil, ela é capaz de revelar a natureza de nosso país.