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Quarta-feira,
13/4/2005
Hamlet: o óbvio, a fonte
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A verdade é que tragédia de Hamlet bagunçou a minha vida. Correu de lá para cá na minha alma, levantando poeiras que eu julgava já assentadas todas. Arrancou de mim confissões inimagináveis de culpa. Me libertou de pecados que eu tomava por meus. Dizer que sou outro homem depois da primeira leitura de Hamlet pode soar mais uma hipérbole, das tantas que fazem parte do meu dia. Mas, desta vez, estou sendo é econômico.
Tudo aquilo que eu julgava óbvio eu reaprendi. Foi como me descobrir um ser humano novamente. Foi como se eu tomasse um porre do tal do sopro de vida. Sem aquele óbvio de que fala Shakespeare parece ser impossível viver. Eu não entendo, sinceramente, como pode tanta gente viver na ignorância do óbvio. Fico pensando, às vezes, em quantos males não nos seriam poupados se o óbvio fosse assim tão óbvio quanto parece. Se tivéssemos assimilado mesmo o óbvio.
(...)
Fechei o livro com uma sensação de incompletude. Soube, assim que o recoloquei na estante, que a ele voltaria em breve. Porque ali há todas as dúvidas - e também algumas respostas. Sou contra estas pessoas que transformam livros em oráculos. Não é esta a minha intenção. Quero apenas voltar a Hamlet porque, voltando a ele, volto a mim. Não posso negar que, de vez em quando, fico certo de quem sou - o que é um pecado enorme na minha idade. Hamlet é minha consciência mais crítica; é o encontro de mim com minhas porções boas e más. A leitura da peça é uma reunião de forças conflitantes que lutam para predominar nesta carcaça. Ainda que as reuniões jamais cheguem a um denominador comum (o que é próprio do humano), o resultado sempre é bastante interessante. Tanto que hoje não sou mais o que fui ontem. O que significa um começo de melhora. Sempre.
Paulo Polzonoff Jr., dando razões à minha mania de ler os mesmos três gatos pingados todos os dias, em "Humilhação e Bravata"
Postado por Andréa Trompczynski
Em
13/4/2005 às 18h18
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