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Segunda-feira,
8/5/2006
um romance arriscado
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Vivemos em um país do Terceiro Mundo, e assim a informação circula de maneira torta, e mesmo quando chega por aqui, chega como eco de alguma coisa que foi dita de modo mais claro antes e em outro lugar. Há problemas de emissão e recepção. Logo, há uma preferência em sempre comentar e traduzir os mesmos autores (porque assim se evita o risco do desconhecido), e quando há novidades elas chegam pela via do mercado, pelo fato de um grande número de exemplares terem sido vendidos nos países de origem. Não há Arno Schmidt, não há B.S. Johnson, não há Antoine Volodine, Tanguy Viel ou Stefan Themerson. Não há centenas.
Além disso, há o fato de que grande parte dos resenhistas e críticos da imprensa só lêem tradução dos livros. Logo, o julgamento se estabelece a partir de um universo restrito, feito pelas escolhas (nem sempre "literárias") das editoras. Assim, não se comenta nem se pensa os rumos da produção literária hoje, e se vive como se nada estivesse acontecendo ou acontecido nos últimos 70 anos. O que termina gerando uma avaliação empobrecida da produção literária brasileira feita hoje. O diálogo não é apenas com o passado, é sempre com um mesmo passado. Mas há Roberto Bolano, Thomas Pynchon e W.G. Sebald traduzidos. Nem tudo está perdido.
Marcelo Rezende, ex-Gazeta, ex-Cult, atual Bravo!, em entrevista a Elisa Andrade Buzzo, no Paralelos de Augusto Sales.
Postado por Julio Daio Borges
Em
8/5/2006 às 16h48
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