Sinceramente, nunca entendi direito para que servem os números que os homens inventam para o futebol. Durante o último jogo, os locutores comentavam assim, dando muita importância ao fato: o jogador Cafu completa 24 horas jogando pela seleção brasileira. Tive vontade de rir, juro, mas estava num local público, com pessoas desconhecidas e fanáticas por futebol. Não me atrevi, é claro.
Esse número "tão importante" me fez lembrar a época em que trabalhava nas redações dos jornais O Estado de S. Paulo e Folha. Várias vezes meu computador ficava ao lado dos "meninos" do caderno de esportes (que na minha opinião deveria chamar caderno de futebol, porque para eles é isso mesmo que importa, não que eu concorde, mas o resto da população brasileira, sim).
Eu... lá no meu canto, teclando alguma matéria de cultura, escutava números que para mim soavam inúteis, mas para aqueles moços eram cifras de riqueza absoluta. Números de gols de cobrança de falta que o jogador tal tinha marcado durante sua carreia. E por aí seguiam os importantes dados.
Os números em si não me despertavam o menor interesse, mas sempre quis saber qual a utilidade deles. Bem, no caso de um repórter que cobre futebol ajuda a não ter que ficar consultando o banco de dados do jornal. Mas para advogados, pedreiros, engenherios, DJs, administradores, publicitários, faxineiros... de que servem esses números? Cheguei à conclusão de que o grande amor na vida de um homem é a matemática!
Pois é, para quem não liga, fica mesmo difícil entender o sentido disso tudo. Mas é preciso ter sentido? Jornalistas (e me incluo nisso) sofrem de uma doença crônica: umbiguite. Olham para o umbigo que é uma beleza. Porque provavelmente um jornalista de esportes olharia para a matéria de cultura que estava sendo redigida e se perguntaria: qual a importância disso?
Cada um gosta do que gosta, oras! "As cousas são o único sentido das cousas" (Fernando Pessoa).