Pronto. Está encerrada a temporada de caça ao hexacampeonato. Cada um vai ter sua teoria de por que a seleção do Parreira deu errado, por que os melhores jogadores do mundo, disparados, não conseguiram superar uma retranca francesa (será que não foi a falta de jogadas pelas laterais, que, pelo visto, não foram nem treinadas pela seleção?) e foram eliminados precocemente da competição.
Sinceramente, até agora a Copa da Alemanha (ou Eurocopa da Alemanha) vinha sendo enfadonha. Um exercício entediante de futebol europeu, sem nenhum time a empolgar, sem um espetáculo de abertura à altura, sem nem mesmo um jogo que fizesse o coração chegar a boca... Até mesmo a derrota do Brasil parecia coisa certa depois que nosso Tremendão resolveu ajeitar as meias dentro da área...
Para mim, a Copa 2006 ficará na memória como a Copa do Bussunda, pois, sem sombra de dúvida, foi o momento mais emocionante de toda a competição... Lá do céu, ele deve estar a dar risadas com a eliminação dos argentinos, com as desculpas esfarrapadas da seleção (exatamente as mesmas de todas as vezes em que perdemos), com a choradeira dos ingleses, e com a horrenda cobertura jornalística brasileira (até o Ubaldo soltou cada bomba horrorosa no Globo...).
Parece que todos estão cansados da Copa do Mundo, do Brasil na final e tudo mais. Como dizem por aí, não somos um país acostumado a vencer. Vencer tem que ser inesperado, improvável... Até 2010, o tédio passa, quem sabe armam um campeonato brasileiro mais decente com craques atuando do Oiapoque ao Chuí, em vez de Madrid a Barcelona... E, então, novamente sedentos por uma vitória, vamos comemorar o Hexa. E o Ronaldinho Gaúcho, que, de gênio humilde com sorriso fácil, virou fominha hipócrita segundo o populacho (a população que acha), poderá levantar o troféu...
Quanto ao restante da Eurocopa 2006, vou torcer aqui para muitos "0 a 0", com disputa por pênaltis, e Felipão campeão. Mas em vez de assistir aos entediantes jogos que restam, vou colocar a leitura em dia, com livros como How Soccer Explains the World, do Foer, e Game Theory for Applied Economists, do Gibbons, que certamente batem um bolão.
Post Scriptum
Já o Parreira, e todos os jornalistas com quem jantou, e os torcedores fanáticos que concordaram-discordaram, podem ir dormir com uma certeza: é melhor jogar bonito e perder, do que teorizar sobre jogar, e perder sem jogar nada... E a todos os que adoram retrancas, só digo o seguinte: se o futebol for só sobre ganhar, vira um jogo chato, pois de estratégia tem muito pouco... Vou começar a preferir assistir à NBA ou aos antigos filmes do Woody Allen.
Muito boa a lembrança do Bussunda (ou Fofômeno) - ele, sim, era o Fenômeno. Fenômeno no que fazia, sem a ARROGÂNCIA de outros "fenômenos", que se acham cidadãos acima de qualquer suspeita. Faltou valorizar jogadores nacionais (ou seja, os que jogam NO Brasil).O Parreira "só teve" 4 anos para preparar a Seleção, analisar o jogo dos europeus, jogar amistosos com boas seleções (Nova Zelândia foi a mais difícil...) e confrontar-se com outras escolas futebolísticas. A arrogância cegou-os - técnico e jogadores. Bussunda está fazendo falta para, ao menos, nos fazer entender o que aconteceu (através do riso).
Faltou somente vontade de ganhar, mais nada. Veja o Zidane. Jogou contra o Brasil com muito mais garra do que ele joga normalmente no Real Madri. Precisamos para a próxima copa colocar mais brasileiros no time e menos "europeus". Ivo Samel