O desespero de Bush | Marcelo Barbão | Digestivo Cultural

busca | avançada
51738 visitas/dia
2,5 milhões/mês
Mais Recentes
>>> EBS e Compactor Store promovem oficina de customização de shapes de skate no Shopping Vila Olímpia
>>> Ribeirão Preto recebe o BRAVI.LAB: um encontro de oportunidades no audiovisual
>>> Videocast apresentado por Carol Barcellos e Maria Clara Salgado, estreia dia 8 de abril
>>> Casa do Saber promove evento gratuito para discutir cultura de ódio entre jovens, redes socais e lim
>>> Instituto Neoenergia lança chamadade editais para apoiar projetos sociais
* clique para encaminhar
Mais Recentes
>>> A vida, a morte e a burocracia
>>> O nome da Roza
>>> Dinamite Pura, vinil de Bernardo Pellegrini
>>> Do lumpemproletariado ao jet set almofadinha...
>>> A Espada da Justiça, de Kleiton Ferreira
>>> Left Lovers, de Pedro Castilho: poesia-melancolia
>>> Por que não perguntei antes ao CatPt?
>>> Marcelo Mirisola e o açougue virtual do Tinder
>>> A pulsão Oblómov
>>> O Big Brother e a legião de Trumans
Colunistas
Últimos Posts
>>> Scott Galloway sobre as tarifas (2025)
>>> All-In sobre as tarifas
>>> Paul Krugman on tariffs (2025)
>>> Piano Day (2025)
>>> Martin Escobari no Market Makers (2025)
>>> Val (2021)
>>> O MCP da Anthropic
>>> Lygia Maria sobre a liberdade de expressão (2025)
>>> Brasil atualmente é espécie de experimento social
>>> Filha de Elon Musk vem a público (2025)
Últimos Posts
>>> O Drama
>>> Encontro em Ipanema (e outras histórias)
>>> Jurado número 2, quando a incerteza é a lei
>>> Nosferatu, a sombra que não esconde mais
>>> Teatro: Jacó Timbau no Redemunho da Terra
>>> Teatro: O Pequeno Senhor do Tempo, em Campinas
>>> PoloAC lança campanha da Visibilidade Trans
>>> O Poeta do Cordel: comédia chega a Campinas
>>> Estágios da Solidão estreia em Campinas
>>> Transforme histórias em experiências lucrativas
Blogueiros
Mais Recentes
>>> Raízes da corrupção
>>> Juditha Triumphans, de António Vivaldi
>>> A Legião e as cidades
>>> Spamzines, blogs e literatura
>>> Aos que trazem coragem a este mundo
>>> Texto Otimista de Fim de Ano
>>> O negócio (ainda) é rocão antigo
>>> A marca do fútil
>>> Steve Jobs, o CEO da década, segundo a Forbes
>>> Entrevista à revista Capitu
Mais Recentes
>>> A Escolha de Giselle Capa comum – 1 janeiro 2011 de por Penny Jordan (Autor), Fabia Vitiello (Tradutor) pela Harlequin (2011)
>>> O Coração de Giselle - Penny Jordan Harlequin Paixão 222 Capa comum – 1 janeiro 2011 de por PENNY JORDAN (Autor) pela Harlequin (2011)
>>> Um Estranho Tentador Capa comum – 1 janeiro 2008 de por Brenda Jackson (Autor), Dinah Kleve (Tradutor) pela Harlequin (2008)
>>> Comer, Rezar, Amar bolso de Elizabeth Gilbert pela Objetiva (2009)
>>> Você E A Astrologia: Escorpio de Bel Adar pela Pensamento (2016)
>>> Fibromialgia uma introdução de por Jose Eduardo Martinez (Autor) pela Educ (1998)
>>> Araribá Plus. Matemática. 9º Ano -caderno De Atividades de Edições Educativas - Caderno de Atividades Matemática (Aribabá PLUS) pela Moderna (2018)
>>> Educaçao Fisica - Uma Introduçao Capa comum – 1 janeiro 1996 de por Carol Kolyniak Filho (Autor) pela Educ (1998)
>>> Liturgia: 20 Anos De Caminhada Pos-conciliar (estudos Da Cnbb) de Catholic Church pela Paulinas (1986)
>>> Parati para mim Capa dura – 1 julho 2003 de Chico Mattoso pela Planeta (2003)
>>> The Earth from the air de Yann arthus Bertrand pela Thamea hudson (2001)
>>> Diálogo De Culturas de Leandro Karnal pela Nacional (2017)
>>> Guia Dos Perplexos: Coletânea de Maimônides pela Editora Sêfer (2003)
>>> Cozinha Regional Brasileira - 5 volumes de Abril pela Abril
>>> Coleção cozinha do mundo 5 volumes de Abril Coleções pela Abril coleções (2010)
>>> Araribá Plus Português - 9º Ano de Varios pela Fisicalbook (2018)
>>> Hello Kitty: Natal de por Vale das Letras (Autor) pela Vale Das Letras (2013)
>>> Eu Te Amo Hoje! de Flavia Queiroz pela Gente (2013)
>>> Química - Princípios e Aplicações - Parte 1 de Obra Coletiva Da Editora Do Livro pela Fisicalbook (2019)
>>> Minimanual De Pesquisa Geografia ( Palavra Em Acao ) de Edelzia Bertello pela Claranto (2005)
>>> Senhora - Portugues Brasil de Jose De Alencar pela Ciranda Cultural (2008)
>>> Ricardo Amaral Apresenta - Vaudeville Memorias de Ricardo Amaral pela Leya (2010)
>>> Coleção Pelo Mundo Afora - Floresta Amazônica de por Carlos Friedmann, Beatriz;Vasconcelos (Autor) pela Outras Letras (2006)
>>> Colecao Grandes Obras Do Pensamento Universal Stuart Mill - A Sujeição das mulheres de John Stuart Mill pela Escala (2006)
>>> Passi Della Vita [paperback] Francisco Cândido Xavier de Francisco Cândido Xavier pela Casa Del Nazareno (2003)
COLUNAS >>> Especial Guerra no Iraque

Terça-feira, 1/4/2003
O desespero de Bush
Marcelo Barbão
+ de 4700 Acessos

A nova guerra do Iraque suscitou a maior onda de artigos, emails, correntes, trocas de arquivos da história da Internet. Pode ser considerada a primeira guerra da Era da Internet. Eu li uma boa parte de todas essas trocas de mensagens (e desaforos) e até participei de muitas. Mas, uma coisa é certa, ninguém realmente chegou a compreender os motivos da guerra.

Alguns por motivos espúrios como a direita aculturada que aceita qualquer explicação feita pelo Pentágono por mais absurda que ela seja. Outros por "inocentismo utilíssimo" como os que tentam comparar os regimes de Saddam e Bush, esquecendo que sem as bênçãos de Washington, Bagdá não seria o que é, nem faria o que fez. Um erro de simplismo agudo.

Mas, essa é a direita de um lado e as pessoas que não acompanham a política de outro, não poderíamos esperar grandes coisas desses setores mesmo. É com a esquerda que eu me preocupo, com a falta de compreensão do que está acontecendo.

Não estou querendo aqui afirmar que tenho todas as respostas, que sou o ser superior que entendeu tudo enquanto a corja de ignorantes... Estou querendo única e exclusivamente ajudar no debate e na compreensão. Espero conseguir.

Mudanças no imperialismo

As análises sobre o papel do imperialismo no mundo são vastas e muito importantes para compreender essa guerra, suas causas e conseqüências. Depois da grave crise dos anos 70, onde começou a decadência das potências capitalistas (na verdade, começou a decadência da Velha Ordem Mundial, o acordo de convivência entre EUA e URSS, que levou à destruição desta), o capitalismo precisou rever suas políticas para conseguir sobreviver. É por isso que, desde os anos 80, começaram a entender que Marx estava correto, que as fronteiras nacionais eram um fator que impedia o crescimento econômico.

Foi por isso que desde o final dos anos 70, a política geral dos imperialismos foi a de suprimir as fronteiras nacionais. Claro que essa política não tem nada a ver com a irmandade entre os povos que defendiam Marx e Bakunin na época da I Internacional. Afinal, a NAFTA não significa que os mexicanos terão um nível de vida parecido com o dos norte-americanos mas que as fábricas "maquiladoras" na fronteira dos dois países podem pagar salários baixíssimos para seus trabalhadores (aliás, talvez eu tenha errado, com o nível de vida baixando assustadoramente nos EUA, com o desemprego, sub-emprego, etc, talvez os dois lados cheguem a ter um nível de vida parecido).

A idéia central era: caiam as fronteiras, destruam as barreiras alfandegárias, livre comércio mas tudo unilateral. É só ver as exigências do governo dos EUA para os países que irão formar a Alca e entenderemos que tipo de abertura eles querem.

Da mesma forma, na União Européia, é importante a entrada dos paíes do leste europeu. Afinal, são eles que serão o mercado interno e os fornecedores de mão-de-obra barata para Alemanha e França. O mesmo movimento pode ser encontrado na Ásia, capitaneado pelo Japão (mas com uma forte concorrência do próprio EUA, China e da Austrália).

Para qualquer pessoa, é fácil entender que isso é um tiro no pé no médio prazo. A situação calamitosa da Argentina é um exemplo concreto disso. A destruição das indústrias nacionais, imperativo para que os produtos norte-americanos, europeus e japoneses dominem o mercado, só leva à diminuição ou virtual inexistência de consumidores capazes de comprar esses próprios produtos. Na Argentina, hoje, as companhias de telefonia privatizadas estão caminhando para ter mais prejuízos do que a velha estatal (contando toda a corrupção instalada pelos governos da UCR e dos peronistas), simplesmente porque as pessoas não tem mais dinheiro para pagar suas contas. A quantidade de pessoas que tem telefone em casa mas só podem receber ligação é gigantesca.

Além do que temos uma situação onde uma boa parte das classes superiores argentinas foi embora do país. E tudo isso por ter seguido ao pé da letra todas as determinações feitas pelo FMI e pelo Banco Mundial, organismos dominados completamente pelos EUA. Ou seja, por seguir a política ditada pelos EUA, a Argentina transformou-se num país que causa mais prejuízos do que lucros para as próprias empresas norte-americanas. E se seguirmos todas as determinações do governo norte-americano para chegar à Alca? O que poderá acontecer?

Novos rumos

A disputa entre os imperialismos (EUA, UE, Japão, a emergente China) tinha acontecido até o governo Clinton no âmbito da diplomacia. A OMC nasceu com dois objetivos: garantir os privilégios dos países imperialistas e organizar a partilha do mundo entre eles. Não é à toa que todos relutaram em permitir que a China entrasse no bolo.

Nos anos 90, tudo era sorriso em Washington. Afinal, a tal nova economia ponto-com parecia ser a solução, a Ideologia Californiana ia de vento em popa. Esses "ideólogos" falavam (e comprovavam) exatamente o que todo mundo queria ouvir: que o Estado era dispensável, que as novas tecnologias iam garantir anos de prosperidade, que os velhos dogmas da economia estavam ultrapassados. Bill Clinton tinha até tempo para namorar com as estagiárias da Casa Branca!

Mas, tudo desmoronou com o estouro da bolha. Empresas que valiam milhões de dólares simplesmente desapareceram da noite para o dia (junto com os empregos que criavam), executivos foram presos por fraude, a fila do seguro-desemprego aumentou e, o pior, começou a aparecer o que estava por trás das fortunas ponto-com: milhares de sub-empregos, imigrantes ilegais trabalhando nas empresas de alta tecnologia do Vale do Silício em troca de salários baixíssimos. Da mesma forma, as denúncias contra a globalização atacaram as principais empresas do mundo, mostrando de onde saem seus lucros: de fábricas no sudeste asiático onde crianças chegam a trabalhar 16 horas por dia em troca de centavos de dólar.

Com o fim da bolha, os EUA estavam no mesmo nível da Europa e do Japão, por isso era hora de mudar de política. É hora de usar as vantagens que o imperialismo norte-americano tem e os outros não têm: o predomínio militar. Na tentativa de salvar uma economia que está afundando, vale qualquer coisa. Inclusive ocupar um país para loteá-lo entre empresas norte-americanas, como os EUA estão fazendo no Iraque.

Assim, tudo começou com a semi-ocupação de países como o cinturão de ex-repúblicas soviéticas. Hoje, em muitas os militares dos EUA no país excedem as forças armadas próprias. Depois, a dominação do Afeganistão e agora o Iraque. Com isso, garantem o abastecimento de gás, petróleo e outros produtos básicos para sua economia funcionar.

Mas, isto ainda não é suficiente, é preciso ter gente comprando os produtos, é preciso mercados, é preciso países com governos submissos. Por isso, achar que essa investida vai parar por aqui é ingenuidade ou pior, cumplicidade.

Disputa mortal

Essa nova política do imperialismo de Washington ficou evidente quando a Alemanha e a França colocaram-se contra a guerra, junto com o sócio menor, a Rússia. E nessa disputa, os EUA conseguiram ganhar o primeiro round ao dividir a UE e jogar os candidatos a europeus do Leste contra os chefões da Europa ocidental (a Inglaterra não conta porque sempre teve uma atitude ambígua em relação à União Européia). Mas, por outro lado, a doutrina Rumsfeld aproximou ainda mais o núcleo central que é formado pela França e Alemanha. E pode até ter aproximado a Rússia, que é o "sonho de consumo" de todos os principais defensores da UE alemães e franceses.

Por enquanto, somente os EUA assumiram esta política de conquista, mas não podemos descartar que outros países façam o mesmo. Afinal, uma unidade França-Alemanha-Rússia resulta em um exército poderosíssimo, ainda mais se convencerem a China que a aliança seria benéfica para ela.

Não estou prevendo aqui que a guerra do Iraque levará à III Guerra Mundial. Mas, estamos revivendo o final do século XIX, início do XX, onde os militares é que dominavam a cena internacional. A I e a II guerra mundiais foram resultado de uma disputa furibunda entre os imperialismos em ascensão e decadência. Depois dos acordos de Ialta, a diplomacia foi mais forte, as guerras ocorreram de forma localizada, nas periferias do mundo. O medo da capacidade do inimigo impediu que confrontos mais fortes entre as potências acontecessem. Além disso, todos estavam crescendo. A URSS cresceu muito nos anos do pós-guerra da mesma forma que os EUA.

Agora, quem poderá prever para onde nos levará essa mudança de estratégia dos EUA? Só uma coisa é certa: para as massas que saem às ruas do mundo inteiro, nenhum benefício advirá de qualquer um dos lados em disputa.

Força ou fraqueza?

Fica mais do que evidente que a invasão e a ocupação do Iraque é uma mostra da fraqueza do capitalismo norte-americano, é uma mostra do desespero a que chegaram os "donos do mundo" que são capazes de qualquer coisa para manter seus lucros e a exploração dos trabalhadores. Não se confundam, leitores, o que estamos vendo é a derrocada do império americano. Os documentos que são a base da doutrina de Washington que podem ser encontrados no site Project for the New American Century não irá acontecer.

Ainda mais com a incapacidade já demonstrada pelos "senhores da guerra" de Washington que cometeram erros primários nestes primeiros dias de guerra, o que poderá custar, com certeza o apoio dos eleitores norte-americanos que Bush conseguiu através das mentiras e manipulações costumeiras. Mas, tudo isso mostra, pelo menos, como é o jeito conservador de governar o mundo.


Marcelo Barbão
São Paulo, 1/4/2003

Mais Marcelo Barbão
Mais Acessadas de Marcelo Barbão em 2003
01. Literatura e cinema na obra de Skármeta - 13/5/2003
02. Biblioteca básica latino-americana - 22/10/2003
03. Outro fim de mundo é possível - 11/2/2003
04. Marcos Rey e a Idade de Ouro - 15/7/2003
05. Os cyberpunks e o futuro - 9/9/2003


Mais Especial Guerra no Iraque
* esta seção é livre, não refletindo necessariamente a opinião do site



Digestivo Cultural
Histórico
Quem faz

Conteúdo
Quer publicar no site?
Quer sugerir uma pauta?

Comercial
Quer anunciar no site?
Quer vender pelo site?

Newsletter | Disparo
* Twitter e Facebook
LIVROS




Reflexões Sobre a Depressão 165
Wlademir Lisso
Feesp
(2004)



Desenho Técnico 2
Ana Júlia Ferreia Rocha
Plêiade
(2013)



Teologia para o Homem Crítico
Giuseppe Staccone
Vozes
(1984)



Orocó e o Sonho
Dalton Osterne
Gráfica Nacional
(2005)



Glosario de un Peregrino
Antoni Fernand e Charette
Costa-amic
(1989)



Individualismo e Cultura: Notas para uma Antropologia da Sociedade Con
Gilberto Velho
Zahar
(1981)



Folk Dolls in the World (chie Koike Collection)
Chie Koike Collection
Chie Koike Collection
(2006)



Cotas Raciais na Universidade: um Debate
Carlos Alberto Steil - Organizador
Ufrgs
(2006)



Automóveis de Ouro para um Povo Descalço
Vasconcelos Torres
Brasília
(1977)



Moderna Plus Geografia Suplemento de Revisão
Obra Coletiva
Moderna
(2015)





busca | avançada
51738 visitas/dia
2,5 milhões/mês