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Terça-feira, 16/12/2003
Formando Não-Leitores
Luis Eduardo Matta
+ de 15700 Acessos
+ 12 Comentário(s)

A meu ver, um escritor deve ser, antes de tudo, um observador hábil, daqueles que conseguem se desligar momentaneamente dos próprios dilemas e enxergar a vida ao redor com lentes frias, imparciais, procurando extrair de episódios prosaicos do dia-a-dia ― que, para a maioria das pessoas, assaltada pelas urgências de um cotidiano cada vez mais insano, costumam passar praticamente desapercebidos ― impressões luminosas, capazes de induzi-lo a refletir sobre aspectos da realidade que, muitas vezes, ficam injustamente circunscritos à periferia da nossa empobrecida arena de debates.

Há cerca de dois anos, tive a oportunidade de passar por uma experiência dessas, ao presenciar uma cena que me despertou para uma questão que sempre me incomodara, mas sobre a qual eu, curiosamente, não havia ainda me debruçado com a atenção devida: a tensa relação existente entre nós, leitores e a Literatura brasileira como um todo. Era uma bonita tarde e eu me encontrava na seção de autores nacionais de uma conhecida livraria carioca, com o inocente propósito de conferir os últimos lançamentos e, de quebra, garimpar algum título interessante, uma vez que a minha pilha particular de livros já se encontrava abaixo do nível tolerável. Ao meu lado, duas mulheres conversavam baixo, enquanto pareciam percorrer as prateleiras com os olhos. Foi quando a mais alta delas, que trazia nas mãos dois romances estrangeiros, virou-se inadvertidamente para a outra e disparou, depois de um muxoxo de desdém: "Aqui só têm livros chatos. Vamos logo até o caixa pagar, que eu preciso ir embora."

Livros chatos? ― pensei eu, estarrecido, enquanto elas se afastavam por trás de mim. Tantos autores geniais enfileirados na estante à minha frente: Machado de Assis, José de Alencar, Graciliano, Guimarães Rosa, Clarice Lispector... Num primeiro momento considerei aquilo uma franca demonstração de ignorância, mas logo pensei melhor. Não era um depoimento solto no ar por uma pessoa na qual se pudesse identificar uma aversão notória à leitura, muito pelo contrário. Pela maneira de falar e se comportar e, sobretudo, pela quantidade de livros que acabara de comprar, a autora da frase dava a impressão de ser uma leitora contumaz, daquelas que costumam devorar um exemplar polpudo numa única noite. Não sei porque, na hora, fiquei tão estarrecido, já que aquela não era, sequer, a primeira vez que eu ouvia afirmação semelhante. Na verdade, ao emitir a sua opinião pessoal sem nenhuma cerimônia para quem quisesse ouvir, a senhora alta que, àquela altura, já havia quitado a sua compra e ido embora, estava, sem saber, sendo porta-voz de uma visão partilhada por uma expressiva parcela dos brasileiros letrados: a de que a Literatura brasileira é chata.

É uma visão obviamente distorcida. Pode-se afirmar, isso sim, que a Literatura produzida no Brasil é sofisticada demais para o paladar do leitor médio, acostumado às facilidades da televisão e do cinema. Temos aqui uma Literatura complexa, rica, por vezes absurda, que retratou costumes e vícios do país, denunciou nossa triste realidade social, esmiuçou conflitos e emoções humanas, criou e recriou linguagens na prosa e na poesia e, acima de tudo, numa época em que as informações não circulavam com a velocidade de hoje ― isso, quando elas circulavam ― uniu os diversos Brasis, mostrando aos leitores do Sul como era a vida no Norte e vice-versa. Por que, então, a consideram chata? Será um mero preconceito contra a produção nativa? Não creio, do contrário, escritores como Jorge Amado, Érico Veríssimo e João Ubaldo Ribeiro jamais teriam feito o sucesso que fizeram. Haveria uma incompatibilidade dos temas escolhidos pelos autores com as preferências do público? Não, pois, neste caso, seria preciso explicar o sucesso de adaptações de textos literários como "Sinhá Moça", "Riacho Doce" e "Escrava Isaura" para a televisão e "A Ostra e o Vento", "Lisbela e o Prisioneiro" e "Memórias Póstumas de Brás Cubas" para o cinema. O problema, a meu ver, é mais profundo e está diretamente ligado ao débil, precário e imbecil processo de formação de leitores (ou seria de não-leitores?) em boa parte das escolas brasileiras.

É compreensível que muitos brasileiros não gostem de ler. Parece existir dentro do nosso sistema educacional um competente esquema montado com o propósito de incutir nos estudantes um ódio mortal pelos livros, ódio este que acaba se prolongando pela vida afora de uma forma quase patológica. A forma como os adolescentes são apresentados à Literatura adulta nas nossas salas de aula não poderia ser mais estúpida. É, na maioria das vezes, um procedimento burocrático e enfadonho, onde obras e escritores são tratados pomposamente como verdadeiros vultos históricos vinculados a uma entidade sacrossanta denominada "Literatura Brasileira". Alunos de doze, treze anos são forçados a decifrar e, pior ainda, a interpretar em provas que valem nota, clássicos dos séculos XIX e XX, textos verbosos e intricados para um jovem que mal despertou para a vida, sobretudo numa época como a de hoje, dominada por sedutores apelos tecnológicos e audiovisuais. Por conta disso, os escritores brasileiros ficam eternamente estigmatizados com o rótulo de "difíceis" e, mesmo aqueles que nunca foram tema de dissertação escolar, passam a ser vistos com desconfiança nas livrarias, por mais elogios que recebam na mídia, pois os adultos de hoje, os não-leitores formados nas carteiras escolares, os associam automaticamente àquelas horas torturantes dos tempos de estudante, em que a leitura era um misto de martírio e tédio total, tão excitante quanto uma introdução detalhada à Tabela Periódica, uma demonstração do teorema de Euler sobre os números perfeitos pares ou uma explanação sobre porque num período composto com oração coordenada sindética explicativa, o verbo da oração coordenada assindética costuma estar no imperativo.

O ensino no Brasil necessita urgentemente de uma reforma de mentalidade. Mais do que franquear o acesso de todos à escola, há que incutir nos alunos não apenas o hábito, mas o gosto genuíno pela leitura, tornando-a uma atividade agradável, lúdica, se possível mais divertida do que a hora do recreio ou a prática de esportes. Muita gente concorda que a salvação do Brasil está na leitura, mas uma parcela expressiva dos nossos professores ― por convicção, idealismo, ingenuidade, comodismo ou despreparo ― equivoca-se ao crer que, indicando um autor canônico para leitura obrigatória com direito a um teste básico no fim do mês, despertará nos seus alunos imberbes a paixão pelos livros quando, na verdade, correrá o risco de conseguir justamente o inverso. Qualquer um sabe que um livro, assim como um filme ou gênero musical, nunca agradará a todos. O aluno, futuro leitor em potencial, deve ser estimulado a descobrir autores que lhe atraiam e não se ver na obrigação de ler aquele "gênio" que o professor, a escola ou o governo julgam importante lhe enfiar goela abaixo, só porque tem de figurar no seu currículo a leitura de clássicos. De que adianta um jovem de treze anos ler Machado de Assis sem entender nada, odiar cada parágrafo escrito e, uma vez terminado o teste de interpretação para o qual se municiou decorando nomes de personagens e passagens isoladas, esquecer rapidamente de tudo entre uma partida e outra de "Tomb Raider" no computador? Não seria bem mais proveitoso desenvolver nesse aluno a familiaridade com a leitura para que, no futuro, ele descubra as maravilhas de um escritor extraordinário como Machado espontaneamente, extraindo dos seus textos o que eles têm de melhor? Afinal de contas, ler é um instrumento para se aprender e não o aprendizado em si. Ou seja, ensinar a ler é muito mais importante do que ensinar o que ler. Se as nossas escolas tivessem isso em conta, talvez as pessoas hoje não escrevessem e se expressassem tão mal e, provavelmente, os indicadores de leitura periodicamente divulgados pela Câmara Brasileira do Livro não seriam tão deploráveis.

Agora eu sei que aquela senhora alta com quem eu esbarrei na livraria é, na verdade, uma sobrevivente. Ela, possivelmente, teve alguma experiência dramática similar às relatadas acima, mas encontrou resguardo na Literatura estrangeira que, por estar banida do currículo das nossas escolas, não teve a reputação comprometida pelos vícios pseudo-academicistas do ensino brasileiro e mantêm-se firme como sinônimo de leitura agradável e estimulante, mesmo quando não é nem uma coisa nem outra. A Literatura brasileira precisa passar por uma mudança de imagem, algo semelhante ao que ocorreu com o nosso cinema, que durante anos amargou o preconceito do público e há cerca de uma década iniciou um lento processo de renascimento. No caso literário, porém, essa mudança deverá ser mais difícil e demorada, pois formar leitores é muito mais trabalhoso do que simplesmente formar platéias, já que muita gente não freqüenta cinemas ou teatros por pura falta de dinheiro para comprar os ingressos. Se não tivermos bibliotecas bem equipadas e, acima de tudo, um ensino de Literatura ao alcance da compreensão do povo e à altura das suas necessidades, o Brasil se autocondenará ao ostracismo num mundo no qual o conhecimento será, cada vez mais, o grande capital que distinguirá as nações desenvolvidas do resto. Foi-se o tempo em que o trabalho braçal impulsionava um país na direção do crescimento. Reduzir a distância histórica existente entre a sociedade e a produção literária nacional será um passo fundamental para se construir um Brasil melhor e mais justo, já que dará às pessoas o único instrumento ― a intimidade com o ato de ler ― capaz de fazê-las crescer por conta própria em todos os sentidos, inclusive como cidadãs de uma nação que se pretende democrática.

Nota do Editor
Luis Eduardo Matta é autor de O Véu (2009), O Rubi do Planalto Central (2009), Roubo no Paço Imperial (2008), Morte no Colégio (2007), 120 Horas (2005), Ira Implacável (2002) e Conexão Beirute-Teeran (1993). Também proprietário do site que leva o seu nome.


Luis Eduardo Matta
Rio de Janeiro, 16/12/2003

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* esta seção é livre, não refletindo necessariamente a opinião do site

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COMENTÁRIO(S) DOS LEITORES
16/12/2003
17h13min
Belo texto, Lem. Contudo, lamento que não haverá essa reforma no ensino que você espera. Só uma ação de mercado bem ordenada e a extinção de uma série de incentivos e recompensas aos academicismos, dará resultado. Afinal as escolas não estão nem conseguindo fazer as crianças aprenderem a ler, quanto mais se tornarem leitoras.
[Leia outros Comentários de Lisandro Gaertner]
17/12/2003
17h21min
Excelente o artigo, descrevendo de forma exata o desastre que processa cotidianamente em nossas escolas. Idealmente acredito que a Literatura deveria ser ensinada nas escolas não como parte do currículo de Língua Portuguesa, mas como uma disciplina independente voltada para a reflexão sobre a vida. Com esse contexto englobaria a literatura de outras línguas em boas traduções e ofereceria um leque de opções ao aluno. Assim, a cada mês o professor ofereceria uma lista de, digamos, 5 livros dentre os quais o aluno escolheria livremente aquele de sua preferência. No final, faria uma rápida redação contando de forma resumida a história e as reflexões que esta lhe inspirou. Além disso, seria também oferecida uma coletânea de poesias relativas ao período histórico estudado para que o aluno descobrisse vários poetas e adotasse aquele de sua preferência. É uma sugestão simples, sensata e razoável. E por isso mesmo não vai pegar :-) Abraços. Daniel
[Leia outros Comentários de Daniel Malaguti]
29/12/2003
13h14min
Quanto menor a criança, menor o tempo de concentração. Realizávamos com os alunos ainda não alfabetizados a leitura dramatizada, pois, garantíamos uma melhor resposta. E, assim trabalhados, bem cedo, foram acostumando-se à prática, que passou a traduzir um momento de grande expectativa e diversão. Além de assistirem às cenas representadas pelo professor, participavam ativamente da história e apreciavam a liberdade e o espaço conquistado para suas inferências e interferências. Enquanto da dramatização, sempre trazíamos às mãos o livro que apresentava o texto, mesmo já o tendo na memória. O ritual era mantido para que os pequenos, constantemente, visualizassem o objeto tradutor das situações prazerosas. Quando iniciados na leitura, já com os livros de sua escolha ou, sutilmente, por nós sugeridos, era perceptível seu empenho para a compreensão do conteúdo, tal como visível a emoção que se desprendia dos olhinhos que os levavam muito além do que permitiriam as poucas pernas. Acompanhando o desenvolvimento das crianças, sentíamos que os grupos não submetidos ao laboratório mostravam-se menos dispostos aos livros e, como conseqüência, tinham mais dificuldade de expressão e a criatividade menos desenvolvida. A escola e o orientador de estudos têm um papel importante no envolvimento da criança com a leitura, porém, os pais não se podem furtar ao compromisso da formação de tão necessário hábito. O objetivo é fazer com que as crianças leiam mais e escrevam melhor. O gosto pela leitura adquire-se lendo e o da escrita, escrevendo. Maria da Graça Almeida
[Leia outros Comentários de maria da graça ]
31/12/2003
20h18min
Esta situação inóspita não é um problema exclusivo dos livros sugeridos para literatura. Já reparou a quantidade de livros incoerentes que nos foram sugeridos para aulas de geografia, matemática, história,...? Alguns exemplos: Veias Abertas da América Latina, Diário de Grande Sertão Veredas, todos livros de matématica que usei, Física da Beatriz Alvarenga, ... Eu acho que a opinião de um professor acaba falando mais alto do que o senso comum. Os livros de formação são quase um padrão, sem a necessidade de se inventar muito. Uma solução é fazer os cursos de 2o grau pelo menos serem por crédito, permitindo assim ao aluno escolher aqueles que lhe pareçam mais coerentes. Outrar é criar um currículo que forçe os professores a utilizarem certos livros. A falta de liberdade no processo de aprendizagem é mais um dos responsáveis por esta situação lamentável, que acontece em todos níveis, e inclusive na universidade.
[Leia outros Comentários de Ram Rajagopal]
5/1/2004
12h41min
Impressionante como me identifiquei com este texto. Eu me considero uma das vítimas dos belos livros que li na adolescência e que me afastaram do prazer de ler um livro. Leio jornal, revista, textos da internet mas quase nunca pego um livro para ler. Cresci ouvindo que os colégios viviam mudando o livro didático pois supostamente teriam porcentagens nas vendas das livrarias e papelarias. Num ano adotavamos o livro de uma editora, no ano seguinte o livro de outra editora, e dessa forma, meu irmão que cursava sempre uma série anterior não podia usar o mesmo livro que eu.
[Leia outros Comentários de Alexandre Catelli]
6/1/2004
00h51min
Realmente Luis, você tem razão ao falar que nossa escola forma Não-leitores. Certa vez ouvi um pai dizer que qualquer coisa que seu filho lesse seria válido. O importante era que ele lesse pois, com o tempo, os gostos iriam mudar e o filho terminaria por se interessar por uma literatura mais elevada. Acontece que no Brasil as crianças aprendem a juntar as letras para ler as palavras mas o significado do que estão lendo perde-se, porque, realmente, NÃO SABEM LER. Há varias formas de se incentivar a leitura de bons livros. Faz alguns dias assisti a um programa de TV comandado pela Regina Casé - acho que o nome era Cena Aberta. Achei interessantíssimo porque ela abordava, nesse primeiro programa uma obra da Clarice Lispector - A Hora da Estrela. Abordava de forma lúdica, procurando ver que fazia melhor o papel de Macabéa assim como outros. Creio que depois do programa muita gente deve ter procurado o livro pra ler. Estudei por 2 anos e meio numa escola americana, o Bennett e lembro bem que tínhamos a hora da biblioteca, momento em que mergulhávamos nas prateleiras em busca de algo que nos chamasse a atenção. Nessa época, li As Mil e Uma Noites e era com ansiedade que esperava o dia da biblioteca quando poderia continuar a ler do ponto em que havia parado. Esta é uma forma inteligente de levar a criança à leitura - deixando-a livre para a escolher. Isso só ocoreu nesse colégio. O fato de contar histórias também pode ser um grande estímulo à leitura e, acredito que haverá mil formas de conduzir nossas crianças a esse mundo mágico do livro.
[Leia outros Comentários de regina mas]
6/1/2004
17h43min
Gostei do comentário. Logicamente que retrata uma realidade. No entanto, há que se considerar certos fatores que desanimam os jovens da leitura de Literatura Brasileira tradicional: As modernidades eletrônicas e as publicações mais atraentes para a faixa etária. Tudo está perdido então? Não. Lógico que não. Depois que assisti ao filme Sociedade dos Poetas Mortos, percebi que queria ser professor de Literatura. Devido a nossa realidade brasileira, onde o professor não pode subir na mesa (por motivos disciplinares) e nem pode requerer ser chamado de 'Capitão' (para não ser processado por abuso de autoridade), resolvi usar a criatividade e despertar o interesse dos meus alunos através da curiosidade. Conto parte das histórias como se fossem reais e estivessem acontecendo nos dias de hoje. Quando a curiosidade deles está super aguçada, aponto de onde as tirei. 'Metade' desiste de ler os livros, mas os poucos que lêem são os que serão os condutores do nosso futuro de qualquer modo, pois não se consegue 'levar' todos mesmo. Essa é apenas uma das muitas técnicas que uso. Outra, consiste em comparar os poetas e escritores Românticos boêmios com os jovens drogados de hoje que bebem alucinadamente e seus medos, incertezas, preconceitos e projeções amorosas. Penso que tratar com os jovens a respeito de que poucos serão os escolhidos e que, para isso, eles precisam ser cultos e bem informados e, para serem bem informados e cultos precisam de muita leitura, também ajuda a despertar o gosto para esse importante ato. Obviamente que é um trabalho 'formiguinha', que deveria iniciar no 1º 'aninho' do Ensino Fundamental e seguir até a Universidade, pois é muito mais difícil despertar o interesse de um jovem para a leitura, de uma hora para a outra, sem que ele tenha criado o hábito. Por último, mas não menos importante, é preciso que o professor seja um empolgado com sua disciplina e busque técnicas para empolgar também seus alunos e, a melhor delas é deixar transparecer o quanto é importante a leitura na vida dele; o quanto ele precisa dela, para respirar, para amar, para se alimentar, enfim, para viver. É o melhor exemplo e os jovens os esperam de nós.
[Leia outros Comentários de Daubi Piccoli]
17/1/2004
00h06min
Caro Luiz, assunto difícil este. Algumas reflexões: 1) Os alunos das escolas lêem menos pq o ensino é ruim, ou ensino é ruim pq eles lêem menos. 2) Machado de Assim não é um autor tão difícil assim, em que pese o vocabulário da época. Por outro lado, o leitor realmente tem procurado temas mais atuais e "cenas" mais ligados à sua realidade urbana, etc. 2)Será que não falta uma renovação temática e de autores na literatura brasileira ? Os novos autores vêm com boas idéias, sem, no entanto, muito talento na escrita propriamente dita. A responsabilidade da escola é crucial, para reduzirmos no Brasil o déficit imenso da leitura per capita( 1 livro ano, descontados os didáticos)- já que em casa o contato com o livro é mínimo por motivos óbvios. A Câmara Mineira do Livro está a disposição de todos, um grande abraço. SDS
[Leia outros Comentários de José H Guimarães]
3/3/2007
03h49min
Prezado Sr. Luis, a EDUCAÇÃO é um caso imenso e muito sério. Ao ler o teu texto, não gostei apenas de uma coisa: não deixaste nadinha para eu dizer. Parabéns! Talvez a senhora alta que encontraste... estivesse apenas buscando alguma coisa para fazer, ou para se distrair. Talvez tenha passado por esta terrível experiência escolar, que graças a Deus, eu nem lembro-me de ter tido (meus caminhos foram um pouco diferentes)... Pode ser, ainda, que esta senhora não queira mais alimentar-se de conhecimento literário... e que busque algo fora do comum, fora da rotina, algo que muitas vezes apenas encontramos em alguns livros... O que me impressionou ao te ler foi esta tua capacidade de expressar de forma tão simples, completa e inteligente teu pensamento. Gostei muito. Escreve sempre, tomara que um dia eu possa esbarrar nele! Abraços...
[Leia outros Comentários de Maira Knop]
6/3/2007
14h27min
Eduardo, gostei muito do seu texto e concordo plenamente com você. Na minha tese de doutorado investiguei um pouco sobre a formação (ou não formação) de leitores na escola fundamental e gostaria de fazer novas pesquisas, inclusive sobre o ensino médio. Mas já tenho algumas pistas. Além da oferta variada de livros, concordo com o comentário de Daubi Piccoli sobre a importância do professor gostar realmente de ler e despertar esse interesse no aluno. Não se engana nem uma criança, nem um jovem. Não adianta dizer que algo é bom se realmente não acreditamos isso. Caso contrário, parece remédio: tome que vai lhe fazer bem. A formação dos professores é mais um determinante que temos que levar em conta na análise deste fenômeno social e cultural que são as práticas de leitura. Caso não conheça, leia o livro "Como um romance" do Daniel Pennac. Trata bem dessas questões. Parabéns pelo seu texto, além de tudo, despertou em mim a vontade de ler alguns de seus livros.
[Leia outros Comentários de Áurea Thomazi]
19/3/2007
08h41min
Luis Eduardo, como sempre, pertinente e imperdível. Eu cultivei o gosto pela leitura acho que meio por acaso. Lendo o que falou sobre a forma como se ensina literatura brasileira nas escolas, me lembrei de mim, com 12, 13 anos, fazendo chacota, com os colegas, da série "Para Gostar de Ler", embora tivesse nas mãos crônicas preciosas de Fernando Sabino, Rubem Braga e outros. Hoje, vejo acontecer o mesmo com minha filha, com 13 anos, estudante da 8ª série de uma das mais tradicionais escolas de Goiânia, onde vivo. Tomara que ela também tenha o insight de despertar para o prazer de ler, como eu tive quando tinha a idade dela. Como fiz em ocasiões anteriores, vou enviar seu texto para todos os amigos que apreciam um bom artigo (sou jornalista, não sei se comentei com você antes) e a boa literatura brasileira. Um grande abraço.
[Leia outros Comentários de Carla Borges]
9/6/2008
23h29min
É verdade que a leitura de um clássico brasileiro, na idade escolar, deve ser o terror dos estudantes. Ler Machado de Assis, aos 16 anos, e tentar entender, e gostar, certamente é um sacrifício para o estudante. Mas acredito que, sem este sacrifício (pelo qual todo estudante deve passar), jamais faremos bons leitores ou muito menos escritores. É preciso aprender a ler e a gostar de ler com prazer, assim como se aprende a falar e a andar. Não é fácil, exige disciplina, dedicação voluntária, interesse, hábito, costume até "familiar". Desde cedo meu pai me apresentou aos livros. O começo foi difícil mas depois eu lia tudo, inclusive algo superior à minha idade e ao meu entendimento. Quando veio o entendimento (e a idade certa), eu já sabia do que se tratava, pois já havia lido... E olha que estudei em escolas públicas, que, naquela época, funcionavam...
[Leia outros Comentários de Delton Luiz Martins]
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