COMENTÁRIO(S) DOS LEITORES
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16/12/2003 | | |
17h13min | |
| Belo texto, Lem. Contudo, lamento que não haverá essa reforma no ensino que você espera. Só uma ação de mercado bem ordenada e a extinção de uma série de incentivos e recompensas aos academicismos, dará resultado. Afinal as escolas não estão nem conseguindo fazer as crianças aprenderem a ler, quanto mais se tornarem leitoras.
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17/12/2003 | | |
17h21min | |
| Excelente o artigo, descrevendo de forma exata o
desastre que processa cotidianamente em nossas
escolas.
Idealmente acredito que a Literatura deveria ser
ensinada nas escolas não como parte do currículo
de Língua Portuguesa, mas como uma disciplina
independente voltada para a reflexão sobre a
vida. Com esse contexto englobaria a literatura
de outras línguas em boas traduções e ofereceria
um leque de opções ao aluno. Assim, a cada mês o
professor ofereceria uma lista de, digamos, 5
livros dentre os quais o aluno escolheria
livremente aquele de sua preferência. No final,
faria uma rápida redação contando de forma
resumida a história e as reflexões que esta lhe
inspirou.
Além disso, seria também oferecida uma coletânea
de poesias relativas ao período histórico
estudado para que o aluno descobrisse vários
poetas e adotasse aquele de sua preferência.
É uma sugestão simples, sensata e razoável. E por
isso mesmo não vai pegar :-)
Abraços.
Daniel
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29/12/2003 | | |
13h14min | |
| Quanto menor a criança, menor o tempo de concentração. Realizávamos com os alunos ainda não alfabetizados a leitura dramatizada, pois, garantíamos uma melhor resposta.
E, assim trabalhados, bem cedo, foram acostumando-se à prática, que passou a traduzir um momento de grande expectativa e diversão.
Além de assistirem às cenas representadas pelo professor, participavam ativamente da história e apreciavam a liberdade e o espaço conquistado para suas inferências e interferências.
Enquanto da dramatização, sempre trazíamos às mãos o livro que apresentava o texto, mesmo já o tendo na memória. O ritual era mantido para que os pequenos, constantemente, visualizassem o objeto tradutor das situações prazerosas.
Quando iniciados na leitura, já com os livros de sua escolha ou, sutilmente, por nós sugeridos, era perceptível seu empenho para a compreensão do conteúdo, tal como visível a emoção que se desprendia dos olhinhos que os levavam muito além do que permitiriam as poucas pernas.
Acompanhando o desenvolvimento das crianças, sentíamos que os grupos não submetidos ao laboratório mostravam-se menos dispostos aos livros e, como conseqüência, tinham mais dificuldade de expressão e a criatividade menos desenvolvida.
A escola e o orientador de estudos têm um papel importante no envolvimento da criança com a leitura, porém, os pais não se podem furtar ao compromisso da formação de tão necessário hábito.
O objetivo é fazer com que as crianças leiam mais e escrevam melhor.
O gosto pela leitura adquire-se lendo e o da escrita, escrevendo.
Maria da Graça Almeida
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31/12/2003 | | |
20h18min | |
| Esta situação inóspita não é um problema exclusivo dos livros sugeridos para literatura. Já reparou a quantidade de livros incoerentes que nos foram sugeridos para aulas de geografia, matemática, história,...? Alguns exemplos: Veias Abertas da América Latina, Diário de Grande Sertão Veredas, todos livros de matématica que usei, Física da Beatriz Alvarenga, ...
Eu acho que a opinião de um professor acaba falando mais alto do que o senso comum. Os livros de formação são quase um padrão, sem a necessidade de se inventar muito. Uma solução é fazer os cursos de 2o grau pelo menos serem por crédito, permitindo assim ao aluno escolher aqueles que lhe pareçam mais coerentes. Outrar é criar um currículo que forçe os professores a utilizarem certos livros.
A falta de liberdade no processo de aprendizagem é mais um dos responsáveis por esta situação lamentável, que acontece em todos níveis, e inclusive na universidade.
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5/1/2004 | | |
12h41min | |
| Impressionante como me identifiquei com este texto. Eu me considero uma das vítimas dos belos livros que li na adolescência e que me afastaram do prazer de ler um livro. Leio jornal, revista, textos da internet mas quase nunca pego um livro para ler. Cresci ouvindo que os colégios viviam mudando o livro didático pois supostamente teriam porcentagens nas vendas das livrarias e papelarias. Num ano adotavamos o livro de uma editora, no ano seguinte o livro de outra editora, e dessa forma, meu irmão que cursava sempre uma série anterior não podia usar o mesmo livro que eu.
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6/1/2004 | | |
00h51min | |
| Realmente Luis, você tem razão ao falar que nossa escola forma Não-leitores. Certa vez ouvi um pai dizer que qualquer coisa que seu filho lesse seria válido. O importante era que ele lesse pois, com o tempo, os gostos iriam mudar e o filho terminaria por se interessar por uma literatura mais elevada. Acontece que no Brasil as crianças aprendem a juntar as letras para ler as palavras mas o significado do que estão lendo perde-se, porque, realmente, NÃO SABEM LER. Há varias formas de se incentivar a leitura de bons livros. Faz alguns dias assisti a um programa de TV comandado pela Regina Casé - acho que o nome era Cena Aberta. Achei interessantíssimo porque ela abordava, nesse primeiro programa uma obra da Clarice Lispector - A Hora da Estrela.
Abordava de forma lúdica, procurando ver que fazia melhor o papel de Macabéa assim como outros. Creio que depois do programa muita gente deve ter procurado o livro pra ler. Estudei por 2 anos e meio numa escola americana, o Bennett e lembro bem que tínhamos a hora da biblioteca, momento em que mergulhávamos nas prateleiras em busca de algo que nos chamasse a atenção. Nessa época, li As Mil e Uma Noites e era com ansiedade que esperava o dia da biblioteca quando poderia continuar a ler do ponto em que havia parado. Esta é uma forma inteligente de levar a criança à leitura - deixando-a livre para a escolher. Isso só ocoreu nesse colégio. O fato de contar histórias também pode ser um grande estímulo à leitura e, acredito que haverá mil formas de conduzir nossas crianças a esse mundo mágico do livro.
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6/1/2004 | | |
17h43min | |
| Gostei do comentário. Logicamente que retrata uma realidade. No entanto, há que se considerar certos fatores que desanimam os jovens da leitura de Literatura Brasileira tradicional: As modernidades eletrônicas e as publicações mais atraentes para a faixa etária. Tudo está perdido então? Não. Lógico que não. Depois que assisti ao filme Sociedade dos Poetas Mortos, percebi que queria ser professor de Literatura. Devido a nossa realidade brasileira, onde o professor não pode subir na mesa (por motivos disciplinares) e nem pode requerer ser chamado de 'Capitão' (para não ser processado por abuso de autoridade), resolvi usar a criatividade e despertar o interesse dos meus alunos através da curiosidade. Conto parte das histórias como se fossem reais e estivessem acontecendo nos dias de hoje. Quando a curiosidade deles está super aguçada, aponto de onde as tirei. 'Metade' desiste de ler os livros, mas os poucos que lêem são os que serão os condutores do nosso futuro de qualquer modo, pois não se consegue 'levar' todos mesmo. Essa é apenas uma das muitas técnicas que uso. Outra, consiste em comparar os poetas e escritores Românticos boêmios com os jovens drogados de hoje que bebem alucinadamente e seus medos, incertezas, preconceitos e projeções amorosas. Penso que tratar com os jovens a respeito de que poucos serão os escolhidos e que, para isso, eles precisam ser cultos e bem informados e, para serem bem informados e cultos precisam de muita leitura, também ajuda a despertar o gosto para esse importante ato. Obviamente que é um trabalho 'formiguinha', que deveria iniciar no 1º 'aninho' do Ensino Fundamental e seguir até a Universidade, pois é muito mais difícil despertar o interesse de um jovem para a leitura, de uma hora para a outra, sem que ele tenha criado o hábito. Por último, mas não menos importante, é preciso que o professor seja um empolgado com sua disciplina e busque técnicas para empolgar também seus alunos e, a melhor delas é deixar transparecer o quanto é importante a leitura na vida dele; o quanto ele precisa dela, para respirar, para amar, para se alimentar, enfim, para viver. É o melhor exemplo e os jovens os esperam de nós.
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17/1/2004 | | |
00h06min | |
| Caro Luiz,
assunto difícil este. Algumas reflexões:
1) Os alunos das escolas lêem menos pq o ensino é ruim, ou ensino é ruim pq eles lêem menos.
2) Machado de Assim não é um autor tão difícil assim, em que pese o vocabulário da época.
Por outro lado, o leitor realmente tem procurado temas mais atuais e "cenas" mais ligados à sua realidade urbana, etc.
2)Será que não falta uma renovação temática e de autores na literatura brasileira ?
Os novos autores vêm com boas idéias, sem, no entanto, muito talento na escrita propriamente dita.
A responsabilidade da escola é crucial, para reduzirmos no Brasil o déficit imenso da leitura per capita( 1 livro ano, descontados os didáticos)- já que em casa o contato com o livro é mínimo por motivos óbvios.
A Câmara Mineira do Livro está a disposição de todos, um grande abraço.
SDS
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3/3/2007 | | |
03h49min | |
| Prezado Sr. Luis, a EDUCAÇÃO é um caso imenso e muito sério. Ao ler o teu texto, não gostei apenas de uma coisa: não deixaste nadinha para eu dizer. Parabéns! Talvez a senhora alta que encontraste... estivesse apenas buscando alguma coisa para fazer, ou para se distrair. Talvez tenha passado por esta terrível experiência escolar, que graças a Deus, eu nem lembro-me de ter tido (meus caminhos foram um pouco diferentes)... Pode ser, ainda, que esta senhora não queira mais alimentar-se de conhecimento literário... e que busque algo fora do comum, fora da rotina, algo que muitas vezes apenas encontramos em alguns livros... O que me impressionou ao te ler foi esta tua capacidade de expressar de forma tão simples, completa e inteligente teu pensamento. Gostei muito. Escreve sempre, tomara que um dia eu possa esbarrar nele! Abraços...
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6/3/2007 | | |
14h27min | |
| Eduardo, gostei muito do seu texto e concordo plenamente com você. Na minha tese de doutorado investiguei um pouco sobre a formação (ou não formação) de leitores na escola fundamental e gostaria de fazer novas pesquisas, inclusive sobre o ensino médio. Mas já tenho algumas pistas. Além da oferta variada de livros, concordo com o comentário de Daubi Piccoli sobre a importância do professor gostar realmente de ler e despertar esse interesse no aluno. Não se engana nem uma criança, nem um jovem. Não adianta dizer que algo é bom se realmente não acreditamos isso. Caso contrário, parece remédio: tome que vai lhe fazer bem. A formação dos professores é mais um determinante que temos que levar em conta na análise deste fenômeno social e cultural que são as práticas de leitura. Caso não conheça, leia o livro "Como um romance" do Daniel Pennac. Trata bem dessas questões. Parabéns pelo seu texto, além de tudo, despertou em mim a vontade de ler alguns de seus livros.
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19/3/2007 | | |
08h41min | |
| Luis Eduardo, como sempre, pertinente e imperdível. Eu cultivei o gosto pela leitura acho que meio por acaso. Lendo o que falou sobre a forma como se ensina literatura brasileira nas escolas, me lembrei de mim, com 12, 13 anos, fazendo chacota, com os colegas, da série "Para Gostar de Ler", embora tivesse nas mãos crônicas preciosas de Fernando Sabino, Rubem Braga e outros. Hoje, vejo acontecer o mesmo com minha filha, com 13 anos, estudante da 8ª série de uma das mais tradicionais escolas de Goiânia, onde vivo. Tomara que ela também tenha o insight de despertar para o prazer de ler, como eu tive quando tinha a idade dela. Como fiz em ocasiões anteriores, vou enviar seu texto para todos os amigos que apreciam um bom artigo (sou jornalista, não sei se comentei com você antes) e a boa literatura brasileira. Um grande abraço.
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9/6/2008 | | |
23h29min | |
| É verdade que a leitura de um clássico brasileiro, na idade escolar, deve ser o terror dos estudantes. Ler Machado de Assis, aos 16 anos, e tentar entender, e gostar, certamente é um sacrifício para o estudante. Mas acredito que, sem este sacrifício (pelo qual todo estudante deve passar), jamais faremos bons leitores ou muito menos escritores. É preciso aprender a ler e a gostar de ler com prazer, assim como se aprende a falar e a andar. Não é fácil, exige disciplina, dedicação voluntária, interesse, hábito, costume até "familiar". Desde cedo meu pai me apresentou aos livros. O começo foi difícil mas depois eu lia tudo, inclusive algo superior à minha idade e ao meu entendimento. Quando veio o entendimento (e a idade certa), eu já sabia do que se tratava, pois já havia lido... E olha que estudei em escolas públicas, que, naquela época, funcionavam...
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