Sobre Parar de Escrever Para Sempre | Andréa Trompczynski | Digestivo Cultural

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Quarta-feira, 6/7/2005
Sobre Parar de Escrever Para Sempre
Andréa Trompczynski
+ de 7800 Acessos
+ 14 Comentário(s)

Plagiando meu ídolo maior, o Polzonoff, com seus textos definitivos, escrevo este Texto Definitivo sobre minha vontade de parar de escrever para sempre. Sempre penso em Parar de Escrever Para Sempre e, quando estou quase pondo um ponto final em tudo, a coisa começa a esquentar. Milhões de idéias vêm, como numa conspiração infernal para que eu desista de Parar de Escrever Para Sempre. O que é uma droga! Ah, seria tão bonito e tão dramático: uma última coluna sobre O Fim. Um dramalhão sobre como o mundo cruel venceu minhas tendências literárias. Alguns leitores escreveriam lamentando. Outros comemorando. Seria grandioso. Um sucesso de acessos. O último, mas, um sucesso inegável.

Tendo já desistido da Grande Coluna de Sucesso, eu falava sobre o quanto eu fiquei viciada no "ibope" com um amigo escritor, o Wilson Sagae, contrariado com minha excessiva preocupação com os leitores. Mas, calma, não falo só do número de acessos, mas, em como perco-me, muitas vezes, num texto e perco a idéia central, preocupada demais com o leitor. Quando começo um texto, penso neles, sempre. E talvez toda a minha mediocridade como escritora venha disso: penso muito no leitor e me perco. Naquela coluna sobre o Einstein, pensei no Ram, um leitor contumaz. Não o conheço, apesar de, depois do episódio dessa primeira coluna em que pensei num leitor, fui saber do blog dele, e é como se o conhecesse. Então, imaginei que o Ram iria gostar de saber as fofocas de Princeton e de alguns gênios da física -lembro bem que tive este pensamento. Na coluna sobre o Agostinho, pensei no Marcelo, meu amor platônico, que conheci através de um comentário na coluna do Vinícius, quando eu disse uma frase sobre a afinidade das almas e etc. Tenho medo de escrever carolices e um outro Marcelo, o Zanzotti -meu leitor filósofo e motoqueiro- pensar, de novo, horrorizado, que me converti ao catolicismo. O Alessandro de Paula, o Fernando Lyra, as pessoas que sempre comentam e, mais ainda, as que ficam em silêncio, me perturbam quando escrevo.

Perturbam bem. Como uma certa Gaivota Azul que, uma vez, me tirou o sono. Ela deve ser uma mulher longilínea e azul, de dedos longos e a sua pele deve ser leitosa como a de Nicole Kidman -é, eu idealizo meus leitores. Dizia que tinha certos receios sobre escrever. Sei que pensar nela me tirou o sono. Não respondi: como eu poderia responder a alguém que escrevia daquele maneira num comentário de cinco linhas? Deus! Era demais para mim. Ela construiu uma noite rica de pensamentos aqui nessa cidadezinha do Sul, tão morta.

Deve ser um indício de genialidade estar pouco se lixando para o leitor. O Sagae não se importa se irão entender, e, te confesso, Sagae, aquele do Chesterton, eu não entendi bulhufas. Como não entendi Ulisses. Alguém aí entendeu Ulisses, do James Joyce? Ou foi somente eu? Não é possível, há algo errado comigo, não entendi uma só palavra, sou uma burra completa. O Joyce definitivamente estava se lixando para o leitor: era um gênio. Droga, e eu que queria tanto ser um gênio, não sou e a culpa é toda de vocês!

Mas, pode, jurem-me, pode mesmo ser verdade quando alguém diz que não se importa com o número de acessos ou com a vendagem do livro? Eu não posso acreditar. Devo ser uma prostituta, uma vendida, pois me importo, e tanto. E gosto quando chovem acessos. Fico decepcionada quando ninguém entendeu o que eu quis dizer, como na coluna sobre o livro Germinal, e lá vou eu, explicando por e-mail, à cada um que me escreve, xingando-me de todos os nomes feios possíveis -àqueles, eu aviso: sou amoral, podem xingar que não me ofendo, até mesmo penso ser a moral o estandarte dos bobos, mas, esta é outra história. Voltemos às vendas: não tenho idéia de quanto Ulisses vendeu na época, mas deve ter sido um nada. Pensemos em Balzac. Balzac viveu da escrita, como uma prostituta feliz e gorda, dona de três grandes cabarés na velhice, uma Pilar Ternera. Quem terminou mendigando como bêbado?

Ah, que me seja dada a escolha e serei a puta gorda e feliz. Podem aguardar todas as baixarias possíveis de mim. Alguém que não conseguiu ler Ulisses só pode mesmo enfiar o pé na jaca. Inclusive escrever "inclusive". Inclusive um livro engraçadinho, estilo "auto-ajuda", para ensinar as mães a falarem a verdade sobre o mondo cane para seus filhos, como, por exemplo, que disciplina é fazer algo detestável, forçadamente, durante duas horas diárias. E respeito, a arte de dissimular o pensamento real -e escabroso- com palavras doces como "é para já, senhor!".

Nada de sovas para o LEM
Descobri, que para ser um sucesso de vendas, é preciso ter sido uma criança mal-educada. Vejam o Luis Eduardo Matta. Quando o Luis Eduardo Matta era pequeno costumava interromper os saraus literários de seus pais na sala, onde a intelligentsia recitava Ulisses, entre baforadas de charuto, gritando: "Agatha Christie é mesmo boa!". As senhoras horrorizavam-se. Diziam à mãe do LEM que o "urgia no menino uma boa sova", e, um dia, quase que elas mesmas a deram quando o LEM, garoto e de pijamas, interrompeu o declamação de Camões que o Desembargador Mascarenhas fazia, mostrando, obscenamente, a capa de um exemplar de O Dia do Chacal, de Frederick Forsyth à todos os presentes. Mas, a mãe do LEM, vocês sabem, mãe tem coração mole e ela não bateu nele.

O LEM continuou falando palavras ofensivas aos senhores dos saraus literários e cresceu assim mesmo. Li dele, há duas semanas, Ira Implacável. Lembrei-me do Forsyth todo o tempo, o LEM tem o mesmo timing dos livros desse autor, que adoro. De um lugar para outro do mundo em segundos, num thriller de suspense e terrorismo que me prendeu até o final inimaginável. Cheguei a perguntar ao autor se ele estivera em todos aqueles lugares do globo, tão perfeita era a descrição deles. E mais, ainda aprendi um monte de coisas sobre a ONU, a Otan e o Oriente-Médio que nunca me haviam passado pela cabeça saber. A falta de surras do LEM funcionou porque, ontem, fui comprar um outro exemplar do Ira Implacável, este para fazer um presente, e, em pelo menos uma das três livrarias citadas no site do autor, o livro estava com a edição esgotada.

Há duas semanas comecei a ler Ulisses. Juro que eu tentei, tentei com muita disposição. Eu realmente queria ser como eles. Não deu, fui ler Luis Eduardo Matta, que me divertiu e me fez esquecer que existem pessoas que recitam Ulisses e olham superiores para mim, um ser humano menor, afinal, não li Ulisses. Ah, que me perdoem os gênios intocáveis, que me perdoe a intelligentsia, que me perdoem os que leram Ulisses e entenderam, que me perdoem os que estão pouco se lixando para o leitor, mas, as prostitutas que se perfumam e maquiam para o amante são mesmo deliciosas.

Aliás
Virei a casaca, fiz um blog. Sei que é tarde, mas eu tinha preguiça e pensava, vocês sabem, em parar de escrever. Agora meus detratores podem comemorar, logo, logo, suplicarei por comments, como cabe a todo blogueiro decadente. Sempre acreditei na máxima "em Roma, faça como os romanos".


Andréa Trompczynski
São Mateus do Sul, 6/7/2005

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COMENTÁRIO(S) DOS LEITORES
4/7/2005
15h52min
Olá, Andréa, adorei seu texto. Acho que Ulisses é mesmo para ser recitado em saraus e para se decorar uns trechos mencionando-os em reuniões com um olhar de superioridade. No fundo, poucos chegaram ao prazer da sua leitura, mas o olhar de superioridade faz o outro se sentir pequeno e partir para mais uma tentativa de leitura. Também já li Ira Implacável e adorei. É um livro que proporciona o verdadeiro prazer da leitura. Tive a mesma sensação que você e também perguntei ao autor se ele havia estado nos lugares que menciona. Só não sabia que o LEM foi um "enfant terrible" estragando saraus. Se isso serviu para ele criar thrillers tão apaixonantes, que se lixem os saraus!
[Leia outros Comentários de Vera Carvalho]
4/7/2005
18h52min
Andrea, Para mim todo mundo que escreve acaba se importando com o leitor. Ao menos se ele proprio deseja ler sua obra...E no seu caso, acho que o leitor e que se importa com voce. Porque eu nao consigo imaginar nao ler sua coluna no digestivo. Admito, comecei a ler o Digestivo depois que LEM e Rafael me recomendaram. Lia as colunas deles e do Julio e ficava por isso. Lia o Julio de vez em quando. Ate que comecei a arriscar, ler os outros. Deixar de pensar que era uma publicao da internet dos meus colegas, pois LEM e Lima sao meus amigos ha muitos anos. E a primeira coluna que li por aqui foi a sua. E dai nao parei de ler mais. Depois foi crescendo, e hoje leio quase tudo que aparece por aqui. Mas sempre que quero descobrir um mundo diferente, de cores diferentes, mas perto do meu, eu abro o browser, coloco www.digestivocultural.com e vou na drop box e escolho um de seus escritos... Quando fui escrever um texto sobre internet, adivinhe, fiquei relendo seus textos e do LEM e do Julio. A coisa mais legal de voce encontrar por ai e uma irma mais velha das palavras, que vai mostrando coisas novas e diferentes. E acho que para mim sua coluna e isso... Portanto, continue se preocupado com seus leitores. E continue escrevendo, ate escondido... Sinceramente, nao consigo imaginar agora parar a nossa longa conversa... PS: E eu tinha adorado o texto sobre Einstein! Quando li, estava ate pertinho de Princeton, e fiquei imaginando os professores pernas-de-pau. PS2: E olha, se houvesse uma selecao brasileira dos novos colunistas, o Julio seria tecnico e ponta-esquerda (Zagallo?). E sem duvida nenhuma, voce o camisa 10. Meio piegas, mas e o que penso.
[Leia outros Comentários de Ram Rajagopal]
6/7/2005
10h11min
Andréa, vou colar aqui o que inaugurou minha participação neste Digestivo Cultural: "Por que a gente escreve? Para quem escreve? Se se começar com esta indagação, não se escreve mais! Escreve-se, é tudo, e as pessoas nos lêem. Escreve-se para as pessoas que nos lêem. Os escritores que ninguém lê são os que levantam tais questões." (Os Mandarins, Simone de Beauvoir)
[Leia outros Comentários de Marcelo Maroldi]
7/7/2005
04h49min
Muito divertido, Andrea. E: eu me importo se sou lida, eu gosto de comentários, eu gosto de saber que sou acessada. Então, sou uma vendida também - vendidas de todo o mundo, uni-vos!
[Leia outros Comentários de Claire]
7/7/2005
18h51min
O mesmo acontece com o leitor. Ficamos imaginando quem é a pessoa por trás daquelas tantas palavras, como se veste, o que faz, o q pensa (quando não explícito)... Sempre acompanho teus textos, gosto muito, mas nunca comentei. Jogada de marketing não proposital (ou sim, vai saber...hehe), conseguiu me fazer comentar aqui. Com certeza, agora tb darei uma olhadinha diária no teu blog. E não pare de escrever, até pq isso seria impossível. Uma vez que se gosta da coisa, que se tem talento, ou seja o que for, não se consegue mais ficar longe das palavras...as mãos coçam e imploram...
[Leia outros Comentários de Rúbia]
9/7/2005
01h20min
andréa, eu concordo com o marcelo: não dá para separar "escrever" de "ler". eu escrevo para me comunicar. no ato há necessariamente um pouco de mim, e um pouco do outro. talvez alguém fique feliz com os próprios volteios solipsistas, os herméticos. talvez outros se contentem com seus diários assim como eu, desafinada, me contento em cantar no chuveiro. mas a hora das palavras é sempre uma hora de contato, embora seja tantas vezes também a hora da solidão. e se não fosse pela sua coluna a gente não estaria aqui toda animada pensando no assunto.
[Leia outros Comentários de daniela]
11/7/2005
18h48min
Oi, Andréa! Bom, depois de um longo tempo, estou aquí. Estive num inferno muito intenso que me impedia de ler qualquer coisa que fosse. Tá, exagerei um pouco... mas é quase isso. Aliás, devo lhe dizer que tem passado pela minha cabeça a idéia de parar de escrever. Não que alguém vá chorar por isso. Nem um pouco... bom, talvez eu mesmo e um ou outro amigo ou amiga. Sei lá... Mas... a Gaivota Azul? Ora, ela é minha mãe virtual... não sei por que, mas me entendo melhor com ela do que com minha mãe natural (talvez um pouco por não haver a convivência diária, talvez por minha mãe ser realmente uma pessoa complicada...). Mas... veja só: você não está sozinha - eu não consegui entender Ulisses e nem cheguei ao final. E, mais do que tudo, queria dizer que me importo com o que você e os leitores vão pensar do que escrevo aqui ou em qualquer lugar. Naturalmente, reconheço que não é grande coisa. Passei como um "sei-lá-o-que" pelos assuntos, sem me aprofundar em nada. Fase ruim, quem sabe... Talvez seja hora de eu parar. Mas por um tempo. Não para sempre. E quanto a você, espero que não pare! Beijão!!
[Leia outros Comentários de Alessandro de Paula]
13/7/2005
00h19min
De vez em vez passo por aqui. Dá de rir um pouco, na boa. Mas sei lá, sobre escrever, escrever, escrever... isso tá tão saturado, parece. Tá pior que o abstracionismo barato de quadro de escritório. O cara escreve qualquer coisa, uma viagem qualquer, tudo é válido, lota servidores de bits, quem sabe amanhã vai ser apagado, e não fica nada, não mata a fome de leitura. Uma tagarelice pra passar o tempo e que parece não se propor a isso (é a pós-modernidade, dizem uns). Bulhufas. Gosto muito de literatura, de escrever, mas tem uma hora que a coisa só gira em torno do umbigo, sei lá. Embora esteja stand-by com a literatura, é meu trabalho escrever uma, duas, três paginas todos os dias. Um dia depois, a cidade inteira (generalização, bãn) lê. Não ganho a menos ou a mais por isso, não fico mais ou menos famoso (o que é ficar famoso, aparecer na mídia, bãn?) Na verdade, nem sei quem me lê. Essa pessoa não tem rosto. É até capaz de naquele dia ninguem me ler, e daí? Às vezes uns ligam pra xingar, às vezes pra fazer um elogio rápido na rua, sem uma argumentação consistente. E eu só trabalho para quem me lê, na verdade. Sou repórter de jornal diário, não faço artigo, faço matéria, de preferência reportagem. E, olha, essa coisa de escrever por escrever tá estéril... o que nutre as palavras mesmo é a realidade – é a lição boa que tirei dessa profissão "suspeita" que é o jornalismo. É narrar e não ficar matutando sobre tudo... é um santo remédio quando se escreve, se escreve, e tem-se a sensação de não dizer nada, para ninguem. Benjamin fala sobre isso em um texto do qual não me recordo agora. Ah... porque o lance de contar história, como antigamente, acabou, dizem uns. Acabou nada. Uma cambada que não consegue contar um bom causo prega que acabou, fica se lamuriando... oh, tudo está perdido, é o fim. Chega ao cúmulo de se promover em cima do apocalipse. E mais um bando estende o tapete vermelho. Aff. É só o cara sentir a realidade mais de perto, dar mais vida ao olhômetro, cheirômetro e etc., que sobra o que escrever, sem esforço, só por curtição. Acredito que a resposta de quem lê também é diferente, nesse caso. É isso, pode ser um pouco "realista", sei lá. Mas sou fã da imaginação, e como! Escrever tem a ver com fertilidade, fertilidade com vida. Abraços.
[Leia outros Comentários de rogerkw]
15/7/2005
13h09min
Caramba, Andréa, tô gostando muito de tudo isso. Gosto muito da maneira com que você se expressa, seus pensamentos, colocações das palavras (diga-se de passagem, bem colocadas)... enfim, tudo! Já vou dixando bem claro, acabou de ganhar uma super fã!!! Aos poucos estou entendendo esse universo do Digestivo Cultural, estou lendo também seus textos anteriores. Mais por hoje é só, queria apenas te parabenizar. Até mais.
[Leia outros Comentários de Néli Oliveira]
16/7/2005
01h15min
Andréa, creio que não vais parar de escrever. Até porque o que escreves é bom. Agora estou decepcionado, pois entre 4 leitores que comentaram o teu texto, eu fui o único que não foi citado. :o( Mas tudo bom. Acho que sobreviverei.
[Leia outros Comentários de Jose]
16/7/2005
19h10min
Gosto muito dos seus artigos, sabe, também sou amoral e não aprecio o Ulisses (rs). Peguei o link do blog, claro. Fique com o abraço e o sorriso contente da leitora do DF ;-)
[Leia outros Comentários de Gisele Lemper]
18/7/2005
10h55min
Assim como o Alessandro, também passei por um inferno daqueles, que também me fez parar de ler até placa de ônibus durante um longo tempo. De qualquer forma, o Digestivo, depois que você começa a ler, não se pára mais. Sempre comentei uns artigos do Julio, mas o seu é a primeira vez, embora já me tenha dado vontade de comentar da Adriana, do Maroldi, do LEM, da Ana Elisa, enfim, os que acho interessante comentar (e quase todos são), mas me bate a tirícia (termo regional para preguiça) que me tira as forças. Já tive um blog - que não valhe a pena citar - e, sim, esperava que aparecessem uns comentários; mas eu mesmo não o divulgava e só uns 2 ou 3 amigos do peito lá apareciam tipo cometa de Halley. E, sim, também parei de escrever nesse meio tempo, assim como parei de ler também. Não sei se isso é parar de viver, mas se bem me conheço, posso dizer que se não parei, quase o fiz. Mas, passado é passado e estou aqui e de amor novo (oi, linda) e não tão infeliz porque também comecei a ler o Ulysses trocentas vezes e não avancei mais do que da segunda página. Achava que eu tinha mais um problema, entre os tantos que me perseguem. Agora que achei doentes terminais como eu que começaram a lê-lo e não entenderam bulhufas, sinto-me mais reconfortado. Talvez algum dia quando ficar mais inteligente eu finalmente sente à sombra de uma jaqueira e ponha-me a tentar ler, na esperança de que uma jaca me caia na cabeça e me abra os horizontes joyceanos.
[Leia outros Comentários de Pepê Mattos]
30/7/2005
13h07min
Olá, Andrea! Lendo o seu texto, mais uma vez fui obrigado a repensar uma máxima que não se descola da minha mente: literatura para valer é aquela que pensa a si mesma, aquela que assume uma crise própria ao ato de escrever. Contudo, é impossível escaparmos de um "a priori": se escrevemos que talvez não escreveremos mais, é porque pelo menos tem sentido escrever nem que seja para assumirmos que não temos mais nada a dizer. E desse paradoxo não podemos fugir. Cabe a cada um alimentá-lo ou não. E alimentá-lo bem, diga-se de passagem. Quanto à leitura dos ditos "clássicos", fica a pergunta: existem mesmo, objetivamente, os clássicos, independentemente da época e tal, ou a "luz" que os ilumina varia o tempo todo, de acordo com critérios absolutamente discutíveis e suspeitos?
[Leia outros Comentários de Alexandre Bueno]
3/8/2005
01h26min
Alguém que abre um restaurante quer ver clientes entrando. Ninguém passa anos a fio aprendendo a tocar um instrumento a não ser para ser ouvido por outros. Portanto blogueiros que dizem não se preocupar com o número de acesso estão mentindo. E é claro que quando escrevo quero que meus livros vendam. Primeiro porque se escrevemos é porque desejamos ser lidos. Segundo porque todo mundo quer ser pago por seu trabalho.
[Leia outros Comentários de Sonia]
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