Henry Moore: o Rodin do século XX | Luis Eduardo Matta | Digestivo Cultural

busca | avançada
52329 visitas/dia
1,9 milhão/mês
Mais Recentes
>>> Pimp My Carroça realiza bazar de economia circular e mudança de Galpão
>>> Circuito Contemporâneo de Juliana Mônaco
>>> Tamanini | São Paulo, meu amor | Galeria Jacques Ardies
>>> Primeiro Palco-Revelando Talentos das Ruas, projeto levará artistas de rua a palco consagrado
>>> É gratuito: “Palco Futuro R&B” celebra os 44 anos do “Dia do Charme” em Madureira
* clique para encaminhar
Mais Recentes
>>> Do lumpemproletariado ao jet set almofadinha...
>>> A Espada da Justiça, de Kleiton Ferreira
>>> Left Lovers, de Pedro Castilho: poesia-melancolia
>>> Por que não perguntei antes ao CatPt?
>>> Marcelo Mirisola e o açougue virtual do Tinder
>>> A pulsão Oblómov
>>> O Big Brother e a legião de Trumans
>>> Garganta profunda_Dusty Springfield
>>> Susan Sontag em carne e osso
>>> Todas as artes: Jardel Dias Cavalcanti
Colunistas
Últimos Posts
>>> Lisboa, Mendes e Pessôa (2024)
>>> Michael Sandel sobre a vitória de Trump (2024)
>>> All-In sobre a vitória de Trump (2024)
>>> Henrique Meirelles conta sua história (2024)
>>> Mustafa Suleyman e Reid Hoffman sobre A.I. (2024)
>>> Masayoshi Son sobre inteligência artificial
>>> David Vélez, do Nubank (2024)
>>> Jordi Savall e a Sétima de Beethoven
>>> Alfredo Soares, do G4
>>> Horowitz na Casa Branca (1978)
Últimos Posts
>>> E-books para driblar a ansiedade e a solidão
>>> Livro mostra o poder e a beleza do Sagrado
>>> Conheça os mistérios que envolvem a arte tumular
>>> Ideias em Ação: guia impulsiona potencial criativo
>>> Arteterapia: livro inédito inspira autocuidado
>>> Conheça as principais teorias sociológicas
>>> "Fanzine: A Voz do Underground" chega na Amazon
>>> E-books trazem uso das IAs no teatro e na educação
>>> E-book: Inteligência Artificial nas Artes Cênicas
>>> Publicação aborda como driblar a ansiedade
Blogueiros
Mais Recentes
>>> Hoje a festa é nossa
>>> A Bienal e a Linguagem Contemporânea
>>> Comum como uma tela perfeita
>>> Entrevista com Cardoso
>>> Ensino Inferior
>>> Daniel Mazini, country manager da Amazon no Brasil
>>> Samba da benção
>>> O novo GPT-4o
>>> Um olhar sobre Múcio Teixeira
>>> Entrevista com Guilherme Fiuza
Mais Recentes
>>> Grilling - Where Theres Smoke Theres Flavor de Eric Treuille pela Dorling Kindersley Ltd. (2000)
>>> Aprender Juntos Português - 4º Ano de Adson Vasconcelos pela Sm Didáticos (2016)
>>> Fruta no Ponto de Roseana Murray pela Ftd
>>> Rubáiyát of Omar Khayyam de Omar Khayyám Edward Fitzgerald Trad pela Fine (1957)
>>> Avanços Em Reprodução Humana Assistida de Roger Abdelmassih pela Atheneu (2007)
>>> Aqui Só Não Voa Quem Não Quer de Aurimar Pacheco pela Paulus
>>> Mineração e Meio Ambiente na Constituição Federal de Humberto Mariano de Almeida pela Ltr (1999)
>>> Statistical Process Control Methods de Gary K Griffith pela Asqc Quality
>>> Case Studies of Good Corporate Governance Practices - 2nd Edition de International Finance Corporation pela Ifc (2006)
>>> Una Aventura de Asterix El Combate de los Jefes de Grijalbo Dargaud pela Dargaud
>>> Conecte Gramática Reflexiva, Parte 1, 2, 3, Caderno de Revisão e Cad.. de William Cereja; Tereza Cochar pela Saraiva (2013)
>>> Geografia. 7º Ano - Coleção Geração Alpha de Fernando dos Sampos Sampaio pela Sm (2017)
>>> Conecte Sociologia, Parte 1, 2, 3, Caderno de Revisão e Caderno de Com de Nelson Dácio Tomaz pela Saraiva (2014)
>>> Una Aventura de Lucky Luke El Tesoro de los Dalton de Dargaud pela Dargaud
>>> America de Stephen Vincent Benet pela Farrar e Rinehart (1944)
>>> A Fuga de Simão e Babu de Zuleika de Almeida Prado pela Corte
>>> Die Schweiz de Doré Ogrizek pela West (1947)
>>> Olha Lá o Brasil e Finalmente Portugal nos Descobriu... de Julio Jose Chiavenatto pela Brasiliense
>>> Deus e o Alcance da Razao de Erik J. Wielenberg; Guilherme Rodrigues Neto pela Ideias e Letras (2010)
>>> A Través del Tiempo Caballeros y Castillos de Judy Hindley pela Plesa
>>> Principios de Administraçao Financeira de Stephen A. Ross; Randolph W. Westerfield pela Atlas (2001)
>>> Dias Alegres! de Todo Livro pela Todo Livro
>>> Coletâneas de Um Místico de Max Heindel pela Fraternidade Rosacruz
>>> Processo de Conhecimento Tomo I - 1 Edição de Humberto Theodoro Junior pela Forense (1978)
>>> Reta Final Oab Revisão Unificada de Marco Antonio Araujo pela Revista dos Tribunais
COLUNAS

Terça-feira, 26/7/2005
Henry Moore: o Rodin do século XX
Luis Eduardo Matta
+ de 13800 Acessos

Tido por alguns como o último dos antigos e por outros como o primeiro dos novos, o inglês Henry Moore (1898-1986) consagrou-se como um dos mais importantes nomes da escultura no século XX. Com uma produção portentosa, que conta com o impressionante saldo de cerca de vinte mil peças, Moore foi um artista de enorme sensibilidade que, embora não tenha sido propriamente um grande promotor de revoluções estéticas na arte, como Picasso ou Miró, soube como poucos estabelecer um diálogo entre o passado clássico e a modernidade, com uma clara inspiração na natureza e nas culturas não-européias, sobretudo as da América pré-colombiana, que ele veio a conhecer numa das suas primeiras visitas ao Museu Britânico, em Londres, ainda muito jovem.

Admirador confesso de Michelangelo, Van Gogh, Cézanne e Picasso, Henry Moore foi um artista de evidente tendência humanista, que buscou em seu trabalho interpretar e desconstruir continuamente a figura humana, dando-lhe um acabamento de aparente serenidade que, ao mesmo tempo, deixava transparecer uma aura visível de tensão e inquietação. Do mesmo modo, o uso, muitas vezes em caráter experimental, de materiais variados que iam do bronze e do gesso à pedra e à madeira, tinha uma característica peculiar, já que era o material selecionado que ditava as formas dos seus trabalhos e não o inverso como, normalmente, ocorre. Conhecer o trabalho de Moore é, a meu juízo, uma obrigação para quem aprecia a boa arte contemporânea. Ainda porque seu talento não se circunscreveu ao campo da escultura. Moore também notabilizou-se por seus desenhos e gravuras, com contornos fortes e marcantes, como os que reproduzem pessoas protegendo-se em refúgios antiaéreos, conseqüência da sua experiência na Segunda Guerra Mundial, quando o seu ateliê chegou a ser bombardeado, o que lhe valeu o apelido de "artista da guerra".

Desde abril passado, o público brasileiro está tendo a oportunidade de apreciar de perto uma vasta e significativa seleção das obras de Henry Moore, abarcando períodos diversos da sua trajetória artística, em exposições que primam pela boa organização e pela objetividade. A mostra Henry Moore: Uma Retrospectiva - Brasil 2005, realizada em parceria com o British Council e a Henry Moore Foundation é a maior do artista jamais montada fora da Europa e reúne 117 esculturas e 127 gravuras e desenhos produzidas entre 1920 e 1980. Depois de passar pela Pinacoteca do Estado, em São Paulo a mostra chegou, em julho, ao Paço Imperial do Rio de Janeiro. Este colunista, há muitos anos apreciador da obra de Moore, não se conteve e, na semana passada, com a cidade do Rio envolvida por um frio intenso e açoitada por uma chuva fina e insistente, gastou quase uma tarde inteira percorrendo os salões e galerias do solene palácio em estilo colonial da Praça XV, em meio às esculturas e gravuras do mestre inglês, considerado, pelo volume e expressão da sua obra, o Rodin do século XX.

A exposição pode ser dividida, grosso modo, em três partes. Na primeira delas, em duas alas separadas do térreo - a entrada principal e o átrio central - estão as esculturas monumentais que não puderam ser deslocadas para os pavimentos superiores, como a impressionante Figura Reclinada com Planejamento em mármore travertino, de 1978 e, cuja harmonização com a arquitetura circundante refletem, ainda que não-intencionalmente, uma das características primeiras da obra de Moore que era, justamente, a integração dos seus trabalhos ao ambiente ao redor.

A segunda parte da mostra - a mais vasta e importante - está montada nas salas do primeiro andar, obedecendo a uma ordem cronológica da carreira de Henry Moore. É lá, por exemplo, que encontraremos os trabalhos representativos da fase em que Moore se lançou na arte, nos anos 20, sob o fascínio da obra de Picasso e da arte primitiva. São esculturas como a perturbadora Máscara, de 1927, cujas formas do olhar transmitem uma impressão de agonia vazia e resignada. A partir dos anos 30, sua carreira ganharia um forte impulso criativo, época em que as influências do Surrealismo afetaram sensivelmente o seu trabalho, enriquecendo-lhe os horizontes e derrubando algumas barreiras formais. Essa fase está representada na mostra com esculturas como a impactante O Elmo. Mais adiante, ingressamos na década de 50, com esculturas que conjugam abstracionismo e figuração, como a belíssima Figura com pé que pela altura e dimensões, bem poderia decorar os jardins dos mais representativos conjuntos modernistas do Brasil e a exuberante Grupo Familiar, em que Moore expressa a admiração pela figura humana, a qual buscou valorizar, no decorrer da sua carreira. Paralelamente às esculturas, os visitantes poderão igualmente apreciar muitas das gravuras, aquarelas e desenhos de Moore, distribuídos por todo o perímetro deste núcleo da mostra. Destaque para as sombrias Abrigo Marrom do Metrô, de 1940 e Grupo de Pessoas com Planejamento num Abrigo, de 1941, concebidas sob o impacto da guerra que, então, assombrava a Inglaterra.

Na terceira e última etapa da exposição, no segundo andar, um comprido painel nos fornece toda a cronologia da vida e carreira de Henry Moore. Há também um quiosque, onde estão à venda o catálogo e lembranças da mostra (como lápis e camisetas) e, fechando com chave de ouro, uma sala de vídeo, onde um filme legendado narra a trajetória de Moore, suas influências e a evolução da sua carreira. Isso ajuda a compensar a ausência de guias e folhetos informativos, uma falha significativa da organização, que pode dificultar a compreensão da mostra por parte dos visitantes pouco familiarizados com a história de Henry Moore.

A exposição Henry Moore: Uma Retrospectiva - Brasil 2005 ficará no Paço Imperial do Rio de Janeiro até o dia 18 de setembro. Sua próxima escala será o Centro Cultural Banco do Brasil, de Brasília, a partir de 13 de outubro.

Quando discursar é uma arte

Como escritor, sou alguém que está sempre buscando aprimorar e polir a minha própria linguagem, tanto a escrita quanto a oral. Por conta disso, não me canso de me embrenhar por textos que, de algum modo, ampliem os meus horizontes criativos e aprofundem a minha percepção deste grande patrimônio nosso que é a língua portuguesa, à qual estou permanentemente rendendo homenagens e tecendo loas. Poucos escritores brasileiros contemporâneos foram tão pródigos neste sentido como Nélida Piñon, uma artesã dedicada e sensível da nossa Literatura. Seus livros, como A República dos Sonhos e Vozes do Deserto, não só me forneceram largo repertório de belas histórias, como, sobretudo, puseram em relevo toda a riqueza e musicalidade do nosso idioma em textos que fluem com agradável naturalidade, sem que, na sofisticação da linguagem empregada, se entreveja qualquer vestígio de pedantismo ou hermetismo, itens tão caros à agenda dos círculos literários e intelectuais.

Foi movido por este ímpeto de leitor obstinado que, recentemente, imergi nas páginas de O Presumível Coração da América (Topbooks/Academia Brasileira de Letras; 226 páginas; 2002), uma compilação de discursos proferidos por Nélida Piñon entre 1985 e 2002. São, ao todo, vinte e seis discursos, a maioria datada de 1997, quando Nélida ocupou a presidência da Academia Brasileira de Letras. Os textos, ainda que tenham sido redigidos em separado e em ocasiões diferentes e não estejam organizados, no livro, em ordem cronológica, parecem se complementar uns aos outros, apresentando uma raiz comum que os une. Essa raiz poderia ser o próprio imaginário da autora, o seu repertório intelectual e o seu itinerário como pessoa, que vão, espontaneamente, brotando sob a forma de palavras; ou, talvez, a paixão com a qual Nélida parece se entregar ao exercício da escrita, embutindo em cada uma das suas frases, uma carga de emoção que acaba por impregnar todos os discursos de maneira intensa e arrebatadora.

Logo no discurso de abertura - "O Presumível Coração da América", que dá nome à obra - proferido por ocasião do recebimento do Prêmio Juan Rulfo, em 1995, no México, Nélida externa a sua profunda ligação com o Brasil e a América Latina, evocando ardorosamente a memória e a identidade cultural do continente, para estabelecer um imaginário comum entre os seus povos. Chega a ser emocionante. A América Latina, tão castigada por décadas, séculos, de miséria, injustiças e desvarios, tão desonrada quando colocada diante do espelho, é, nos textos de Nélida, alçada a um patamar de enorme importância. Dessa forma, a escritora nos ensina a admirar e amar a América Latina, como a nossa grande pátria. Sobretudo demonstrando que, por mais que insistamos em nos fixar nos paradigmas europeu e norte-americano, somos filhos indissociáveis desta terra, herdeiros dos seus desígnios, protagonistas e espectadores de uma realidade que, embora, por vezes seja desanimadora, encontra a redenção através da arte e da escrita.

O Presumível Coração da América é um livro para se ler com calma, sorvendo as frases lentamente, como quem saboreia uma fina iguaria. Além disso, também pode servir como uma boa fonte de aprendizado para aqueles que pretendem se aventurar pela seara do discurso, ao demonstrar que a melhor Literatura tem espaço assegurado até mesmo nas tribunas.


Luis Eduardo Matta
Rio de Janeiro, 26/7/2005

Quem leu este, também leu esse(s):
01. A melhor Flip de Marta Barcellos
02. A violência do silêncio de Carina Destempero
03. Biocyberdrama: quadrinhos pós-humanos de Gian Danton
04. Link-se: a mídia mudando a arte de Gian Danton
05. Journey de André Graciotti


Mais Luis Eduardo Matta
Mais Acessadas de Luis Eduardo Matta em 2005
01. Moda e modismos prêt-à-porter - 29/3/2005
02. O discreto charme dos sebos - 11/1/2005
03. Um romance de terror e de sombras - 1/3/2005
04. Henry Moore: o Rodin do século XX - 26/7/2005
05. O primeiro código de Brown - 10/5/2005


* esta seção é livre, não refletindo necessariamente a opinião do site



Digestivo Cultural
Histórico
Quem faz

Conteúdo
Quer publicar no site?
Quer sugerir uma pauta?

Comercial
Quer anunciar no site?
Quer vender pelo site?

Newsletter | Disparo
* Twitter e Facebook
LIVROS




As Aparências Enganam (101 Crônicas)
Danuza Leão
Publifolha
(2004)



O Tempo entre Costuras
María Dueñas
Planeta
(2010)



Bismarck
Alan Palmer
Universidade de Brasília



Círculos de Chuva - Coleção Dragões de Éter. Volume 3
Raphael Dracon
LeYa
(2012)



Apaixonada por Palavras Crônicas
Paula Pimenta
Gutenberg
(2012)



O trabalho no supermercado setores, funções e carreira profissional.
Senac
Senac
(2014)



A Crise da Razão
Adauto Novaes
Companhia das Letras
(1996)



Leis Especiais, V. 31 - Execuçao Penal
Marcelo Uzeda de Faria
JusPodivm
(2015)



O almanaque do futebol brasileiro 96 / 97
Marco Aurelio Klein e Sergio Alfredo Audinino
Escala
(1996)



Livro Ensino de Idiomas The Body On The Beach Hotshot Puzzles 3
Joyce Hannam
Oxford
(1994)





busca | avançada
52329 visitas/dia
1,9 milhão/mês