Não é possível! Para onde eu olho, tudo o que eu leio, todos com quem falo, só ouço a proclamação inconteste de quão maravilhoso foi 2005. Parece até quando você descobre que aquele seu vizinho bigodudo está doente, ou mesmo morreu. Ele era um idiota, batia na mulher, você o detestava, etc., mas, é só o mesmo anunciar seu estado de doente que parece que essas coisas todas perdem a importância. Ele não era tão ruim assim, coitadinho! Era um bom homem, até... O cara vira santo de um dia para o outro, só porque sua vida está próxima do fim. Com 2005 está sendo a mesma coisa. Um ano terrível, mas, somente porque acabou, virou excelente! Não! Vou dar apenas 10 razões pelas quais o ano passado não foi nada bom. Veja você o que acha.
Cinema - O cinema - brasileiro ou não - deixou muito a desejar. Eu não sou especialista no assunto e a minha análise é puramente a análise de um leigo. Mas, vejamos: de qual filme de 2005 você se lembrará até os últimos dias da sua vida?, diz aí. Nenhum, nenhum! Só assistimos a filmes medíocres, "meia-boca", ou péssimos mesmo. Aqui no Brasil, o melhor de todos foi um filme sobre uma dupla sertaneja, a mesma em que o segunda voz afirma gostar de Mozart e entender de música clássica, mesmo não o sabendo na realidade (o que, para muitos, é entendido como arrogância e até vergonha da vida simples e ignorante que tivera antes da fama), e é o mesmo filme em que nosso querido presidente da república, no seu avião caro de primeiro mundo, assistiu em cópia pirata! (só aqui mesmo). Que ano péssimo para o cinema!, cadê os filmes sensacionais?
Televisão, música, literatura - A televisão eu não precisaria nem comentar. Excetuando-se Hoje é dia de Maria e Lost, mais nada prestou, para ser bem sincero. A TV passou mais tempo falando do casamento fracassado do Ronaldinho e da Cicarelli do que qualquer outra coisa. O chato do Raul Gil continua, o Netinho bateu no Vesgo do Pânico, que, aliás, já começou a perder a graça também, o Saia Justa ficou insuportável de assistir, o Ratinho foi transferido para as 17 hs., ou seja, quase nada mudou, a nossa televisão é muito fraquinha. O que mudou, mudou para pior. Na música brasileira, que grande disco foi lançado?, que grande show percorreu o Brasil todo causando alvoroço?, que novo cantor surgiu? Não teve nada, foi uma tristeza também. Tivemos que aturar a banda Calypso praticamente em todos os canais de TV e todos os dias, ou aquele Funk pornográfico (e ridículo!) do Rio de Janeiro que eu queria saber quem foi que disse que é música! E A Sheila saiu do Tchan, acredite se quiser. Por que isso foi ruim? Ora, porque o Gugu transmitiu essa presepada durante meses! Em literatura também não teve nada. Nem os grandes lançamentos prometidos foram tão grandes assim. Passou em branco, de fato. Bom, mas, nesse caso, sempre temos os livros velhos em casa para nos socorrer.
Política - O Brasil, enfim, descobriu o Partido dos Trabalhadores, concluiu que ter um presidente semi-analfabeto é um perigo incomensurável (palavra que o Lula aprendeu esses dias só para usar na entrevista exclusiva dada ao Pedro Bial. A entrevista de verdade, digo, não aquela comprada, lá na Europa, só para falar que ele não sabia do mensalão) e que a corrupção é generalizada e maciça, feito Flamenguistas no Rio de Janeiro.
Brasil - Não bastasse o item anterior, soltaram aquela menina que mandou matar os pais, soltaram Paulo Maluf, queimaram um ônibus com pessoas trabalhadoras dentro (parece filme!), as CPIs estão com cara que vão "dar em nada", pagaram 3 salários extras para cada congressista não fazer nada nas férias, o país teve um crescimento econômico pífio, o álcool disparou, nossa vizinha Argentina nos espetou durante todo o ano, o eixo Caracas-Brasília ficou mais curto, a cúpula das Américas deu água, o Severino inventou o mensalinho, nosso presidente não sabe de nada do que acontece, e por aí vai...
Mundo - Há guerras e guerrilhas por toda parte e nunca aconteceram tantos atentados terroristas no mundo, muito sangue inocente lavou esse chão miserável, o Iraque continua ensacando dezenas de milhares de cadáveres (americanos e iraquianos) diariamente e um brasileiro foi seqüestrado e, provavelmente, morto no Oriente Médio. Na terra da rainha (onde o príncipe casou com a plebéia em 2005 também), assassinaram, com munição proibida, aliás, um jovem brasileiro inocente. Na França, a garotada rebelde, mas com comida farta, vinho bom na mesa e assistência médica gratuita, queimou dezenas de milhares de carros, que não eram chineses, ainda, nas ruas (os piadistas de plantão anunciaram que naquele momento começava o ano do Brasil na França, nosso próximo item). E, não posso esquecer dos tsunamis, dos furacões e dos terremotos que dizimaram milhares e milhares de vidas.
Ano do Brasil na França - A França é um país tão legal, por que os torturamos levando para lá o que levamos? Eles mereciam coisa melhor. Nosso ministro, o músico, levou toda a sua patota para a Europa, e deixou de fora o verdadeiro Brasil. Nosso ministro governa para os amigos, é o que dizem. Para falar a verdade, nosso querido ministro merecia um item aqui nesse meu "10 piores", pois ele conseguiu ser bem ruinzinho, e recebeu muitas críticas merecidas de quase todos os setores artísticos e culturais do nosso país, onde, a propósito, passou pouco tempo, preferindo ir tocar tambor "pros lado de lá". Não precisava ter voltado, camará.
Esporte - O esporte brasileiro não foi tão ruim. Talvez, se ignorarmos o papel ridículo do Barichello na F1, a queda espetacular, de bunda, da nossa ginasta "imbatível" Daiane do Santos no mundial, o esforço da TV Globo para que o filho do Galvão Bueno ganhasse o campeonato de Stock Car (que, felizmente, ele perdeu! Oba!) e a comercialização lamentável do Corinthians com empresários russos para lavagem de dinheiro, até que fomos bem. Mas, seja como for, o Tevez ser eleito o melhor jogador do campeonato brasileiro de futebol é algo que prefiro fingir que não existiu. Isso sem dúvida é pra se esquecer (deixo passar o fato de que o Romário, 40 anos, foi artilheiro deste mesmo campeonato)! O Robinho se foi, mais rico, claro, vários jogadores brasileiros foram vítimas de racismo em gramados europeus, a maioria dos atletas brasileiros na NBA foi rejeitada pela liga ou se contundiu, as obras necessárias para a realização do Pan-Americano em 2007 estão atrasadas. E, claro, foi comprovado esquema para "arrumação" de resultados no futebol cinco vezes campeão do mundo (o mais engraçado é que o árbitro vai processar a Federação Paulista de Futebol)!
Por fim, o Digestivo Cultural promoveu sua festa de 5 anos de existência, com chope importado grátis, e eu não pude comparecer. (Essa foi uma das que mais me doeu! Maldito 2005!)
Mas é como dizem sobre a têvê: só temos as notícias ruins – parece que é o que dá mais audiência... Posso garantir que coisas boas aconteceram em 2005, mas a gente se lembra mais fácil das outras.
Bom, mesmo, o ano que esta chegando... 2006. Data redonda (?!)... e a gente ainda esta' inocente, nao sabe de nada que vai acontecer, ou seja, sabemos, sim: * carnaval, * semana dita santa, * copa do mundo, * eleiçoes. Quem viver.... Recolho-me 'a minha insignificancia diante dos acontecimentos, do ano que passou e os de 2006. 10 Razões para esquecer 2005: Gostei do texto. Obrigada. Neide
É, realmente, 2005 foi ruim. As pessoas o fizeram ruim. O mundo e as relações humanas, empobrecidos, assim se expressaram, nesse último e malfadado ano, nas artes, nos esportes, na política, na cultura... Vivemos a decadência dos antigos valores sem havermos descoberto os seus substitutos. Lamentável e preocupante. Qual será o nosso conceito, ao final de 2006, para a humanidade e seus desvarios?
2005 foi o ano do Brasil na França. Mas dada a recente (falta) de contribuição deste lindo país 'a cultura mundial (tá bom, exceto revoltas de imigrantes, e a quase vitória do Le Pen, a França colaborou popularizando Paulo Coelho), o ano deveria ter sido trocado... Deveria ter sido o ano da França no Brasil, com Lula bebendo um Romanee Conti, e apresentação das infindáveis tolices ideológicas que foram pregadas durante o ano pelos nossos contistas da fome. Quanto a 2005 ser ruim... Talvez tenha sido o ano em que fizemos contato com a realidade, que para mim é coisa boa. De vez em quando, até no país do samba, carnival and Pelé, é bom deixar o caviar de lado, e o Stalin na prateleira e vislumbrar o mundo como é... Incluindo aí, todas as obras de "conscienização social" que são vendidas como entretenimento.