(Para escrever esta coluna em comemoração dos seis anos do Digestivo - que é também uma retrospectiva de minha trajetória no site até o momento -, resolvi fazer um levantamento de dados e datas através do meu e-mail. Não fosse ele uma conta do Gmail, este texto não seria escrito da forma que eu queria.)
No início de maio deste ano, enviei ao Digestivo Cultural uma resenha do livro Cartas a um jovem contestador, do jornalista inglês Christopher Hitchens. Ela me pareceu bem superior às outras resenhas que eu vinha escrevendo e publicando, e eu queria que ela fosse lida pelo maior número de pessoas possível, pois o texto era um lampejo de genialidade, pensava eu, um Arturo Bandini dos trópicos. Lampejo de genialidade que, na verdade, copiei de um texto do também jornalista Daniel Piza, uma resenha que ele escreveu sobre o mesmo livro, em forma de carta, dirigida a Hitchens. Tomei o cuidado de enviar um e-mail ao Daniel, perguntando se poderia "copiar" a idéia dele. Ele não apenas me estimulou como pediu para que eu enviasse para ele o texto, quando estivesse pronto.
Para não apenas ser uma cópia da idéia do Piza, resolvi mesclar a minha "carta" com uma resenha nos moldes normais. Texto finalizado, mandei aqui para o Digestivo.
No dia 3 de maio o Fabio, então editor-assistente do site, perguntou se eu não poderia aumentar um pouco a resenha, para que ela se encaixasse no tamanho padrão das colunas do Digestivo. No mesmo dia enviei uma versão ampliada do texto, que foi publicado dias depois, 9 de maio.
Naquele mesmo dia o Julio, editor do DC, me fazia uma proposta irrecusável: ser um colaborador freqüente do Digestivo Cultural. Ele me enviaria uma caixa de livros e eu teria um prazo para resenhá-los. Acertamos os detalhes e pronto: em breve estaria indo à agência dos Correios aqui perto retirar a caixa.
Enquanto ela (a caixa) não chegava, fui conhecendo melhor o site. Vi que ele "atualiza sozinho". Para ver os próximos textos a ser publicados, basta clicar nas setinhas que apontam para a direita, no index do Digestivo. Quando eles são cadastrados antecipadamente, óbvio. Aprendi também com o Fabio que "sempre é bom avaliar o livro 'ao vivo' porque, de repente, algum que você imagina que não irá render nada, de repente, é instigante".
(E foi exatamente o que aconteceu com o livro O soldado absoluto, biografia do marechal Henrique Lott, que pensei em mandar de volta para o Julio sem sequer folhear, e que acabou por se revelar um belíssimo livro, um dos melhores que li este ano.)
Agora estamos em julho. No dia 5, meu aniversário, o Julio anuncia o especial do mês (nos especiais, que são mensais, os colunistas e colaboradores são convidados a escrever sobre um determinado tema, sugerido pelo editor), do qual não participei, e as férias do Fabio, que voltaria em agosto. No dia seguinte enviei um e-mail para o Julio, oferecendo alguma ajuda, no caso de ele precisar e eu poder desempenhar a tarefa. Pouco depois recebo a resposta. Era o Julio perguntando se eu não toparia revisar os textos do site (colunas, blog e comentários). Eu topei na hora, claro. O que eu encontrava (erros de digitação ou ortografia), enviava para ele, que corrigia.
No dia 11 de julho fui efetivado como colunista do Digestivo (junto com o Lisandro, a Tais, a Marília e a Elisa) e, no dia 2 de agosto, como revisor.
De lá pra cá algumas mudanças me levaram a assumir recentemente o cargo de assistente de edição do site, função que tenho adorado desempenhar, tendo aprendido muito sobre edição com o Julio.
A minha maior motivação para escrever para o Digestivo é o fato de que as colunas devem ter mais de 5 mil caracteres (contando os espaços), para serem publicadas. Como eu sou muito breve na escrita, achei que seria uma maneira de aperfeiçoar meus textos e minha forma de escrever. Acredito que isso tem dado certo, pois eu percebo que meus escritos aqui no Digestivo têm melhorado.
A função de revisor me faz ter a obrigação de ler todos os textos publicados no site. E isso é também ótimo, porque assim fico sabendo de eventos que eu não teria conhecimento, conheço autores e livros que eu não conheceria e leio textos que, caso eu não fizesse as vezes de revisor do site, não leria.
E aí a convivência com o editor, colunistas e colaboradores. Se eu, daqui do interior da Bahia, já me tornei camarada do Maroldi, do Conte, da Marília, e tenho contato com outros colunistas que certamente se tornarão compadres (a recém-chegada Verônica, o caríssimo Guga, o divertido Bloom, entre outros), imagine se eu morasse em São Paulo, reduto de boa parte deles? É capaz de que a patota fosse freqüentemente encontrada em alguns bares da cidade, sempre um falando com o outro "senta aí e não analisa, não", se valendo do bordão dos quatro mineiros do apocalipse, quando alguém fizesse menção de se levantar da mesa porque "amanhã tem trabalho cedo".
Do Julio prefiro não falar mais do que já foi dito, para não parecer puxa-saquismo.
Hoje eu indico o Digestivo Cultural a todos que conheço. É um site realmente com conteúdo, uma revista eletrônica que faz da cultura (livros, peças de teatro, shows, eventos culturais, etc.) algo aprazível, bom de se degustar.
Fico surpreso quando alguém ligado à área de jornalismo ou literatura diz que não conhece o Digestivo. O site, bravamente de pé há seis anos, deve ser visto como uma referência. Posso estar exagerando, mas não conheço nenhum site que tenha a mesma qualidade que o Digestivo.
Para mim, o Digestivo Cultural é o mais completo veículo de jornalismo cultural independente - e, por que não, de jornalismo, já que assuntos políticos e sociais sempre são abordados nas colunas - que conheço.
E não digo isso porque faço parte do DC. Digo isso porque é o que penso. E aí está a mais louvável qualidade do site: a liberdade que nós, colunistas e colaboradores, temos para escrever.
Só me resta dizer: vida longa ao Digestivo! E parabenizar a todos que fazem ou fizeram parte do site pelo belo trabalho que fizeram, fazem e vão continuar fazendo.
Rafael, eu tb. estranho mto o fato do digestivo nao ter o devido reconhecimento, reflexo da falta de interesse do brasileiro pela cultura. Desde 2002 eu colaboro com charges para o digestivo e agora estou me aventurando na arte de ser blogueiro, incentivado pelo proprio Julio. E estou adorando!
Rafael, muito legal essa sua trívia no DC. O DC há muito já virou ponto de referência para mim. É um dos primeiros lugares onde procuro sobre livros, escritores, cinemas, músicas, etc., só perdendo pro imbatível Google, que é uma divindade tecnológica. E a questão dos 5 mil toques foi como você disse. É difícil para quem, como eu, que escreve blogs, publicar textos deste tamanho e poder publicá-los no DC foi realmente ótimo, pois, além de ter um público muito grande, é, sem dúvida, um público muito selecionado e que sempre contribuiu muito comigo.
Parabéns Rafael, parabéns DC, até!
Rafael, você levantou uma informação interessante: o Digestivo é o "mais completo véículo de jornalismo cultural independente". Nunca tinha pensado nisso, mas passando os olhos em tudo que conheço, dentro ou fora da Internet, essa parece uma agradável verdade. Espero que nós, colunistas, sempre tenhamos consciência disso. Abraços!