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Quarta-feira, 2/5/2007
Wikipedia e a informação livre
Gian Danton
+ de 7700 Acessos

No livro Cibernética e sociedade, Norbert Wiener, reclamava contra a transformação da informação em uma mercadoria: "A informação deve poder circular. A sociedade da informação só pode existir sob a condição de troca sem barreiras. Ela é, por definição, incompatível com o embargo e a prática do segredo, com as desigualdades de acesso à informação e sua transformação em mercadoria. O avanço da entropia, representado pela não informação, é diretamente proporcional ao recuo do progresso".

Para seu desgosto, o modelo que acabou se impondo foi mesmo o de informação como mercadoria, uma mercadoria cara, que torna algumas pessoas ricas e relega milhões à exclusão. Mesmo a criação a Internet, em boa parte, segue essa lógica. Vejam o caso do UOL, cuja maior parte do conteúdo é de acesso livre apenas para assinantes.

As enciclopédias surgiram com proposta semelhante à da cibernética: democratizar a informação. Os filósofos iluministas acreditavam que o acesso ao conhecimento facilitaria à sociedade divorciar-se das trevas da Idade Média. A irracionalidade e a superstição sucumbiriam diante das luzes enciclopédicas.

Ocorre que a enciclopédia foi transformada em mercadoria e, se por um lado, sua existência iluminou as classes abastadas, por outro lado, deixou nas trevas toda uma camada de excluídos.

Além disso, a cristalização do conhecimento parecia não ser um grande problema na época do iluminismo, mas logo se revelou fatal. "A idéia de que a informação possa ser armazenada, num mundo em constante mudança, sem com isso sofrer enorme depreciação, é uma idéia falsa", afirmava Wiener.

Algumas enciclopédias tentaram solucionar o problema enviando aos seus assinantes, todos os anos, um livro de atualização, uma solução canhestra, pois não eliminava as informações defasadas existentes em outros livros. Como exemplo, uma enciclopédia lançada pouco antes da queda do muro de Berlin viu-se com dezenas, talvez centenas de verbetes desatualizados com a desestruturação do bloco socialista. Com a popularização dos computadores, as enciclopédias tentaram desesperadamente resolver a situação emitindo, de tempos em tempos, CD-ROM com atualizações, o que, de qualquer forma não eliminava o problema de que boa parte das informações constantes nos livros estavam desatualizadas.

Outra dificuldade das enciclopédias convencionais é que elas lidavam apenas com aquilo que os cibernéticos chamam de informação classificadora. Nesse contexto, as informações são classificadas em categorias mutuamente excludentes. Uma baleia é, ou um peixe, ou um mamífero. Não se pode incluir uma coisa em duas categorias. A informação relevante e a relacional eram totalmente ignoradas.

A informação relevante trata daquilo que é relevante para cada pessoa. Se quero aprender a engraxar sapatos, o melhor tipo de graxa é uma informação relevante para mim. Se meu vizinho quer saber como se alimenta um passarinho, essa é a informação relevante para ele.

Nas enciclopédias, só era considerada relevante a informação oficial. Você poderia encontrar facilmente a relação dos presidentes brasileiros, mas provavelmente não acharia o nome do ator que interpretou um símio no primeiro filme do Planeta dos macacos.

No universo relacional, as informações têm relevância pela sua relação com outras informações. Usando essa lógica, eu posso começar pesquisando sobre Jorge Luis Borges, encontrar informações de que o autor era fascinado por tigres e ir pesquisar tigres. Ao acessar essa informação, posso descobrir que os tigres vivem em sua maioria na Ásia, em países como a Índia. Assim, uma pesquisa que começou com Borges pode terminar com religiões indianas. Na enciclopédia convencional, fazer esse tipo de link exigiria a abertura desordenada de vários volumes e um trabalho colossal.

O surgimento da Wikipedia mudou tudo. Pela primeira vez havia surgido uma enciclopédia a que se pode ter acesso universal, na qual a informação é totalmente livre. Uma enciclopédia na qual o universo relacional é predominante. Na Wikipedia podemos viajar entre os links relacionando informações com o simples clicar de um mouse.

A Wikipedia também rompeu com a forma vertical com que se fazia enciclopédias, permitindo a emergência da informação relevante. Como o leitor pode ser também autor, ele introduz informações que são relevantes para ele, rompendo com o discurso oficial e, ao mesmo tempo, mantendo a enciclopédia atualizada quase que diariamente.

Um exemplo interessante ocorreu com o movimento "Xô Sarney". Esse movimento começou no Amapá como reação contra a campanha de censura que o senador tem imposto ao estado. Os órgãos de imprensa são quase todos aliados do senador e os que o criticam são silenciados pela justiça.

A campanha começou quando o político processou duas blogueiras, uma por ter publicado uma caricatura sua e outra por conta de um comentário de um leitor. Como resultado, a blogosfera se solidarizou e, no auge, a campanha chegou a constar em milhares de blogs do mundo todo. A grande imprensa silenciou totalmente sobre o caso e as enciclopédias convencionais registraram apenas a reeleição do senador pelo Amapá.

Na Wikipedia, no entanto, a campanha já aparecia como verbete antes mesmo da eleição e no verbete sobre Sarney foi colocado um link para o "Xô Sarney". Quem pesquisar sobre o senador em uma enciclopédia convencional terá acesso apenas às informações oficiais sobre o mesmo, mas quem consultar a Wikipedia poderá ter acesso ao outro lado da história, à face pouco conhecida do ex-presidente.

A Wikipedia tornou as outras enciclopédias dinossauros de informação. Por mais que as enciclopédias convencionais criem versões on-line com atualização constante, elas, ainda assim, estarão transmitindo apenas informações oficiais, cuja relevância é afeita apenas a um pequeno grupo de decisores oficiais.


Gian Danton
Macapá, 2/5/2007

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