Blogar ou não Blogar. Há questão? posted by Lisandro Gaertner ― April 19, 2008 14:05
Recebi um convite direto do JD Borges do Digestivo para escrever sobre o pretenso conflito entre Blogueiros e Jornalistas. A primeira coisa que me passou pela cabeça foi se o conflito é entre em Blogueiros e Jornalistas ou entre Blogs e Jornais? Será uma briga de classes (profissionais ou não) ou uma incompatibilidade entre preceitos relativos a formatos e conteúdos?
No primeiro caso, a discussão é meramente um caso de um grupo emergente ameaçando o outro. O questionamento a respeito de quem tem mais credibilidade é besta. Os únicos blogueiros que se preocupam com isso são os que fazem jornalismo ou algo similar usando blogs. Os argumentos levantados por ambos os lados não atingem a maioria dos blogueiros formados por pré, atuais ou pós-adolescentes que escrevem KKKKK e têm fotologs, bem descritos por Mr. Mason do Cocadaboa como blogs de analfabetos.
O segundo caso refere-se a um problema de distribuição, o que torna a discussão ainda mais estéril.
Eu não consigo mais postar posted by Lisandro Gaertner ― April 19, 2008 19:37
Não sei por que me meti nessa. Discutir a relação ou falta da mesma entre jornalistas e blogueiros não tem nada a ver. Nem pra papo de bar serve. Além disso, eu mesmo estou abandonando relutantemente o meu blog. Desde agosto do ano passado, já se tornou uma constante eu apagar todos os meus posts, mudar o template e começar tudo de novo com cada vez menos convicção.
A verdade é que eu simplesmente eu não consigo me encaixar ou me encontrar no modelo. Sou preguiçoso demais para fazer um blog jornalístico, reservado demais para fazer um confessional e humilde ao extremo para torná-lo promocional. Além disso, a variedade e popularização de blogs e das ferramentas de micro-blogging me deixa confuso a respeito dos leitores. Quem são eles? O que esperam?
Será que a diferença entre blogueiros e jornalistas está na postura? Para blogar ou, valha me Deus, escrever literatura, em contraposição a fazer jornalismo, é preciso acreditar nesse tipo de coisa?
9- O que você escreve vai deslocar o eixo do planeta terra. Você está indo onde nenhum homem jamais esteve. Seja um lunático e não se questione por isso. 10- Esqueça sua família, mulher e amigos. Você não precisa ser responsável, evitar temas ou preservar ninguém na hora de escrever um livro. Não tenha medo de ser encarado como um sociopata. Quem te conhece, conhece. Quem não te conhece, não importa. Quem te conhece, também não. 11- Esqueça leitores, editores, críticos e filiações literárias. 12- Você não escreve para eles. 13- Você não escreve para eles.
Será que devo me preocupar com a profissionalização dos blogs como os do Interney? Ou devo me opor a isso e me alinhar ao movimento do AD-FREE Blog?
Quando os blogueiros começam a ganhar por seu "trabalho" eles se tornam jornalistas, articulistas e deixam de ser blogueiros? Ou será necessário criar uma nova categoria? Quem sabe devemos chamá-los de bloguistas... Putz! Onde é que eu fui me meter?
Comments (0)
Tudo é notícia... pra alguém posted by Lisandro Gaertner ― April 19, 2008 22:19
A situação se complica.
Comments (0)
atematica Aos 15 anos, fiz iniciação científica em Jornalismo. Aprendi a tempo que odiava a atividade. Não passo mesmo de um blogueirinho bissexto. 12:49 PM April 20, 2008 from web
A (ir)responsabilidade de jornalistas e blogueiros posted by Lisandro Gaertner ― April 20, 2008 17:19
Da Wikipedia:
Em 26 de dezembro de 1929, a primeira página de Crítica trouxe o relato da separação do casal Sylvia Serafim e João Thibau, Jr. Ilustrada por Roberto e assinada pelo repórter Orestes Barbosa, a matéria provocou uma tragédia. Sylvia, a esposa que se desquitara do marido e cujo nome fora exposto na reportagem invadiu a redação de Crítica e atirou em Roberto com uma arma comprada naquele dia. Nélson testemunhou o crime e a agonia do irmão, que morreu dias depois.
Um blogueiro tomaria um tiro em nome da sua "missão"?
Um blogueiro foi espancado até a morte por um grupo de inspetores municipais por tê-los filmado agredindo manifestantes durante um protesto na China, (...)
No último domingo (13/01), o blogueiro Wei Wenhua, gerente de uma companhia de construção na cidade chinesa de Tianmen, passou por um tumulto entre guardas municipais e moradores do local.
Wei usou seu celular para filmar o protesto, mas foi visto e cercado por um grupo de cerca de 50 fiscais, conhecidos como 'Chengguan', que exigiram que ele apagasse a filmagem. Quando Wei se recusou a fazer isso, foi espancado por cerca de cinco minutos, mesmo tendo entregado o telefone.
"Wei é o primeiro 'jornalista comunitário' a morrer na China pelo que ele estava tentando filmar. Ele foi espancado até a morte por fazer algo que está se tornando cada vez mais comum e que era uma forma de expor oficiais da lei que continuam a passar dos limites", manifestou-se a organização Repórteres Sem Fronteiras, segundo o site vnunet.com. (mais...)
Sim. Comprometimento, seriedade, credibilidade são atributos de uma profissão? Essa diferença é um caso de vida ou de morte?
Comments (0)
Cartas dos leitores posted by Lisandro Gaertner ― April 20, 2008 21:53
Da Wikipedia:
Jornalismo é a atividade profissional que consiste em lidar com notícias, dados factuais e divulgação de informações. Também define-se o Jornalismo como a prática de coletar, redigir, editar e publicar informações sobre eventos atuais.
Para se adaptar aos "novos tempos" (afinal de contas, que diabo é isso?) jornais publicados na internet estão sucumbindo ao modelo bloguístico imediatista, curto (o que não significa objetivo) e personalista, através dos blogs dos seus contratados.
Os ganhos alardeados são um maior contato com os leitores e a possibilidade de construção de um diálogo que enriqueça o relato dos fatos. Minha opinião? Besteira.
Me lembro do meu pai abrindo o jornal pela manhã na seção de cartas dos leitores.
― Meu filho ― ele me dizia ―, prum cara escrever uma carta e botá-la no correio para comentar uma notícia de jornal ele tem que ser muito doido.
Depois de rir com as cartas dos "loucos", ele arrematava:
― Pior sou eu que leio as cartas dos malucos.
A ferramenta, o modelo de blog, facilitou o trabalho dos loucos. E o pior é que, desde a época da carta, quem comenta nunca se preocupou com o que leu, mas sim em expressar a sua própria opinião. Como dizia Fran Lebowitz, "O oposto de falar não é escutar, é esperar".
Comments (0)
Ponto final posted by Lisandro Gaertner ― April 21, 2008 08:44
Essa discussão não merece a minha atenção. Credibilidade é coisa conquistada, não um direito adquirido com diplomas ou CNPJs. O leitor é o árbitro dessa contenda. Quem merece o meu crédito? Nelson Rubens ou William Bonner? Blogueiros ou jornalistas? Nenhum dos dois.
A Globalização nos aproximou de assuntos que realmente não pesam em nossa vida. Tibete livre? É pra perder o sono com isso quando o porteiro comenta que uma gangue de viciados em crack se mudou pra minha esquina? Me importa a veracidade dos fatos? Um país inventado seria menos real para mim se devidamente noticiado?
O escopo de jornalistas e blogueiros pode ser diferente, mas a qualidade e relevância (ou falta dela) sou eu que determino. Se ainda tem gente que acredita numa terra chata, quem sou eu pra entregar o bastão da verdade pra alguém?
Sei que não dá pra cair no relativismo babaca que faz um filósofo chorar toda vez que alguém diz que "tudo é relativo", mas a briga entre blogueiros e jornalistas é simplesmente a busca por um pré-conceito que garanta credibilidade a priori para uma classe ou outra. Coisa que para o próprio jornalismo tem menos de um século. Enquanto isso, os ditos blogueiros sérios tem que arcar com a (má) companhia de milhares de emos ocupando banda com KKKKKKKKK e letras de músicas depressivas. Credibilidade, relevância, consciência de classe? Cá entre nós, dá pra se preocupar com isso?
Um amigo meu deu o recado. Ao comentar que uma conhecida tinha um blog, ele foi categórico:
― Blog é coisa de gente carente.
Ele tem razão. Mas quem não é carente? Aposto que os jornalistas também o são.
Pensando bem, isso até que dá um bom post.
Comments (0)
atematica Apagar posts. Mudar template. Recomeçar blog. Repeat. Ad Infinitum! about 7 hours ago from web
atematica Sim. Eu sou carente, mas, como dizia o Tavares, "Sou, mas quem não é?" about 6 hours ago from web
Credibilidade é coisa consquistada (até pra si próprio). Conflito é inerente. Polêmica é provocada. Burrice é de berço... Só iguais se digladiam... senão é massacre! Os analfabetologs, ou cyberasnos, ou infostúpidos nem percebem essa "guerra"!
"E o pior é que... quem comenta nunca se preocupou com o que leu, mas sim em expressar a sua própria opinião". Será que esta frase não explica tudo? Ou, pelo menos, é um bom começo de discussão?
Enquanto o jornalismo moderno se pauta pela impessoalidade/imparcialidade, o blog não seria justamente o terreno da expressividade particular/pessoal? Não seria por isso que boa parte dos blogs (e muito do que se faz na Internet) ser feita em primeira pessoa? O texto escrito na primeira pessoa não é bem mais atraente ao leitor, justamente porque este pensa encontrar no autor um "amigo", um "companheiro de infortúnio", e não um "professor" (embora textos informativos/impessoais não sejam necessariamente didáticos)? Talvez seja isso que o leitor quer: a expressão confessional disfarçada de opinião. Coisa que o jornalismo moderno há muito restringiu aos "cadernos" especiais. Talvez, então, não haja briga, talvez apenas um complementando o outro. Vamos esperar.
Ainda não li a declaração de guerra dos blogueiros, mas já testemunhei a disposição belicista de alguns jornalistas, estou tentando saber onde se dará o conflito? Imaginei que aconteceria na internet e não sei se jornalistas que escrevem em blogs são invasores ou espiões, de qualquer lado. Depois dei uma espiada nas colunas de leitores dos jornais e então percebi a coerencia do diálogo que a internet tornou possível. O jornal envelheceu e está sem norte para se reinventar, a velocidade e interatividade que a internet oferece aponta para uma nova relação. Esta guerra é mais dos sectários que não conseguem contextualizar o fenômeno internet sem fazer uma afirmação absoluta. A vida e a história são dinâmicas e se constroem a cada minuto, toda definição é um conceito e também uma notícia velha, como esta idéia de guerra, uma alegoria limitada e uma figura anacrônica; típica de mentalidades dicotômicas que só enxergam bom e mau, ou certo e errado. Lisandro, ótimo texto, além de oportuno.
Caro Lisandro: a questão não é sobre quem tem mais credibilidade ou quem é mais ético. Os blogs jamais farão frente aos jornais. Aliás, não vejo nenhum conflito entre jornalistas e blogueiros. O que acontece é que, através dos blogs, sejam eles analfabetos ou não, o povo tem voz e vez e pode discorrer sobre qualquer assunto, dos mais banais aos mais sérios como, por exemplo, a forma como é feito jornalismo no Brasil. Hoje, existem os blogs que contestam as matérias tendenciosas, o "shownarlismo" da mídia mercantilista que deu lugar ao jornalismo de qualidade, sério, transparente e ético. Eu acredito em Papai Noel, ainda creio na resistência.
Essa discussão nos leva a pensar o jornalismo atual e nos faz lembrar em quanto espaço existe nesse mundo, para todos, mas só o deixam para alguns. O copo vazio ainda está cheio de ar, de novos ares, de novas tendências, só não sei se são novos os pensamentos enraizados em tantos preconceitos. A intolerância continua sendo intolerável.