Essa coluna pretende trazer uma novidade aos fãs de ficção científica e terror. Trata-se de um lançamento da iniciante Editora Novo Século chamado "Os Sete". Um belo livro de um jovem e desconhecido autor, André Vianco.
Para um leitor fiel de Stephen King como eu, sempre pairava a pergunta: quando é que teremos obras assim aqui no Brasil? Obras de suspense e terror atuais, que se passam nas ruas de nossas cidades e locais que conhecemos. Quando poderemos ler isso aqui? A resposta foi dada, fui levado por uma estranha força a este livro, que devorei em duas noites.
Estava na Livraria Saraiva comprando um livro para meu pai quando passei o olho por esse livro no meio de tantos outros. Sua capa me chamou a atenção. Tudo preto, com um rosto sinistro e olhos que brilham num vermelho em fogo.
Na hora vi: "Os Sete". Logo depois fui ao subtítulo no inferior da página: "Tem gente que não acredita em vampiros..."
- "Putz, que demais! Um belo livro sobre vampiros..." Logo em seguida subi os olhos e fui ver quem era o autor: André Vianco.
- "André Vianco? Quem é esse cara? Poxa, um brasileiro? Que legal, espero que eu goste..." O próximo passo foi virar o livro e ver no fundo do que se tratava:
"Uma caravela portuguesa de cinco séculos é resgatada de um naufrágio no litoral brasileiro. Dentro dela, uma misteriosa caixa de prata esconde um segredo: sete cadáveres aprisionados, acusados de bruxaria. Apesar das advertências grafadas no objeto de prata, a equipe do departamento de História da Universidade Soares de Porto Alegre decide violar a caixa para estudar os corpos. Afinal, que perigo poderiam oferecer aqueles sete cadáveres? Nenhum. Mas depois que o primeiro deles acorda..."
"Meu Deus, que doido", eu pensei na hora. Já estava fisgado. O lance da caravela, dos vampiros e da Universidade de Porto Alegre me fisgou. Achei demais o fato do autor explorar instituições brasileiras, mesmo sem saber se essa Universidade Soares existe mesmo.
Foram duas noites e a tristeza de sempre, chegando ao final de um livro que não merecia ter fim. Uma obra bem descontraída, com linguajar informal e muitos signos onde há uma completa identificação com o leitor: marcas famosas como Carrefour, TAM, Rede Globo e cidades como Porto Alegre, Osasco e São Paulo.
É isso mesmo, não é igual aos livros de Tom Clancy, Agatha Christie ou Robert Ludlum, onde você lerá sobre um apresentador da CNN ou sobre a neve do Maine, nos Estados Unidos. Aqui Vianco faz seu personagem querer conhecer o Osasco Plaza Shopping pois ouvira falar de uma explosão ocorrida lá, vê um telejornal mostrando o maníaco do parque, cita a vinheta com o reloginho do programa do Jô Soares e noticia os acontecimentos de sua própria história saindo das bocas de Fátima Bernardes e Ananda Apple. Podem me chamar de bairrista, mas é isso que eu precisava! E tudo isso junto de uma ótima história, muito bem contada com suspense, terror e humor.
Pra quem quer saber mais, tudo começa com o nosso herói Tiago encontrando um navio antigo no fundo do mar, próximo ao litoral gaúcho. Junto com seus bons amigos e historiadores, passam a querer estudar mais e resgatar os tesouros que lá estão. A partir daí, encontram uma enorme caixa de prata e descobre-se que lá dentro estão sete cadáveres. Segundo as inscrições, a caixa não deve ser aberta. Essas mesmas inscrições trazem sete palavras:
Ainda bem que tem gente que se dispõe a ler ilustres desconhecidos brasileiros, sem preconceitos do tipo "será que posso dizer que gostei? Afinal..."!
Se mais pessoas formadoras de opinião como vocês se permitissem esse deleite, (foi bom, não foi?) a nossa produção artístico-literária não estivesse tão relegada a um triste segundo (ou último?) plano. Parabéns! Apesar de não gostar do gênero suspense, vou até arriscar uma compra.
Sonia Pereira.