COMENTÁRIO(S) DOS LEITORES
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21/8/2008 | | |
17h52min | |
| Essa pesquisa da FGV e do economista são, como disse uma senhora na Folha de São Paulo, uma balela. Como uma mulher que ganha 1.200 reais por mês, trabalha o dia inteiro e não tem tempo para o lazer pode ser classe média? Classe média sem lazer não é classe média. Concordo com ela. Abraços!
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21/8/2008 | | |
18h34min | |
| Sim, as estatísticas estão aí, dizem que não mentem, contudo amparadas certamente em caquéticos conceitos sociológicos e/ou da antropologia social. Penso que numa sociedade de massas de exclusão acelerada, o tema possa somente adquirir visibilidade por meio de uma reflexão a partir da paisagem de, por exemplo, uma região metropolitana, local onde aliás resido. O que vejo? Inúmeros condomínios residenciais e apartamentos luxuosos nos quais uma classe média (?!) se esconde. Os antigos bairros transformados em centros comerciais; o centro da cidade ocupado por desempregados e miseráveis, e o resto da população (Classe C?) ocupando os bairros periféricos. Quanto aos ricos: a eles pertencem latifúndios, praias particulares; residem em Paris etc. Ah!: eu e inúmeros amigos somos professores universitários (classe média? detemos o poder simbólico?): estamos todos desempregados!!! Fomos excluídos até mesmo dos quadros estatísticos?!
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21/8/2008 | | |
20h31min | |
| Sabe como é. As pesquisas às vezes são um bocado imprecisas para determinar a qual extrato social pertence o cidadão. Mas tem uma definição precisa para a gente não ficar na dúvida: a classe média é aquela que está um pouco acima da classe baixa e muito abaixo da classe alta. Agora, segundo as novas pesquisas, podemos dar uma definição ainda mais rigorosa. A classe média é aquela que tem cultura um pouco acima da classe baixa e muitíssimo abaixo da classe culta.
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22/8/2008 | | |
07h41min | |
| Parabéns. Vou indicar este texto. Quanto aos comentários, a maioria acima já apontou boa parte do que eu diria. Como crente convicta na "conspiração da mediocridade", só acrescentaria que essa confusão entre poder aquisitivo e classe "média" é deveras cômoda. Não é perigoso se você ganha um pouco mais, ao contrário, serve para calar a boca; perigoso é desenvolver capacidade de reflexão - coisa que o acesso à cultura (cultura mesmo, não a dança do créu, ou BBB) pode proporcionar...
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22/8/2008 | | |
13h56min | |
| Penso que não são 500,00 a mais no mês que fariam a diferença e sim a vontade de conhecer e vivenciar uma cultura. Quinhentas pilas a mais são 10 bons livros, mas também dá pra queimar tudo em CDs de funk, shows e afins... E a vontade é uma coisa que depende tão somente de cada um, embora seja influenciada pelo meio.
| | [Leia outros Comentários de Kelly] |
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26/8/2008 | | |
09h35min | |
| A questão é que cada classe social brasileira imita as aspirações da classe inferior norte-americana. Por exemplo, a classe média alta assiste corrida de carro, que na América do Norte é coisa de operário. E sonha com férias na Disneylândia. Então não sobra quase ninguém para ler literatura. A teoria do Bourdieu pode valer nas Europas, mas para as Américas ela é falsa. Falar um português castiço, ou um inglês perfeito, não dá poder nenhum aqui no Novo Mundo. Nem econômico, nem cultural.
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27/8/2008 | | |
22h15min | |
| Concordo inteiramente com o que disse o Mauro. Como uma pessoa que ganha 1.200/1.500 reais por mês, trabalha o dia inteiro e não tem tempo para o lazer pode ser classe média? Isso é ridículo! Um grande abraço e parabéns pelo texto!
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29/8/2008 | | |
16h22min | |
| Meu Deus!!! Ainda estamos naquela de que matar a fome basta! Então, agora, os que ganham mais de R$ 1.000,00 foram para a classe C?! Ora, não adianta subir na pirâmide social se a pobreza de arte, cultura, leitura e educação continua a mesma!!!
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11/9/2008 | | |
08h08min | |
| Enquanto os teatros e cinemas forem transformados em agências para a venda de terrenos no céu, e suas maiores estrelas, aquelas que atraem multidôes, forem os "salvadores" de almas e espíritos, a possibilidade de se ter algum desenvolvimento cultural é bem remota. Livros normais vendem pouco. Livros "religiosos" vendem aos montes. A porcaria produzida pelos "ministros" e "reverendos" não encalha. São espetáculos, CDs, DVDs, revistas, jornais, livros, panfletos, etc. E não é, apenas, o pessoal de verba curta que compra essa "produção cultural" de padrecos e pastores. O público está com medo do inferno e vai tentando se garantir, financiando a vigarice. Esta praga é que, juntamente, com o lixo funkeiro, pagodeiro, e outras denominações, alem da "vanguarda de araque", afasta o cidadão normal dos livros, museus e exposições. Mas verba oficial não falta! O Ministerio da Cultura segue distribuindo um bocado de dinheiro para oferecer "cultura ao povo"...
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11/9/2008 | | |
11h33min | |
| Um país que privilegia o "se dar bem na vida" a qualquer custo, em vez da criação de um "projeto de vida pessoal", baseado na constância da leitura e no estudo; onde o mau exemplo vem da maioria dos pais, que mentem, enganam e são dissimulados para com os filhos; um país que culturalmente incentiva a polarização dos seus cidadãos entre "espertos" e "manés"; que não protege seu meio ambiente; que produz um eleitor que não sabe em quem votou nas últimas eleições; elege governantes desqualificados, que têm o interesse em perpetuar o status quo vigente degradado, que o geriu, mantém e privilegia. Esse país nos leva a sucumbir e merecer o que temos, embora não aceitemos. E ainda nos deixa a todos culpados pela falta de atitude. Talvez só as novas gerações (que temos a incumbência de educar) possam salvar nosso país. Ainda assim, é preciso que saibamos como educar. Educação começa no exemplo e na ação. A reflexão que você propõe é um bom exemplo de educação. Somos aprendizes de ensinar.
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11/9/2008 | | |
12h32min | |
| "Segundo Bourdieu, a posse do capital econômico confere, aos que o possuem, poder sobre os desprovidos, mas é pelo controle do capital simbólico que os dominantes impõem aos dominados seu arbitrário cultural, as hierarquias...". Bem, em se tratando do Brasil, isto é meia-verdade. Vejamos: o Abílio Diniz gasta horas em uma academia fazendo ginástica (classe dominante), os netos e filhos da alta burguesia freqüentam escolas onde o livro e a formação humanística não representam valor: os intelectuais ou próximos disso não são a elite econômica do Brasil, porque fora todo o refugo produzido pela TV, artistas e escritores estão à mercê, então o que nos resta? O filódofo francês está falando de uma sociedade européia e não uma sociedade tupiniquim. Não dá para comparar e tentar transpor ao pé da letra. Não temos problemas de falta de dinheiro para comprar livros, o que não temos é o apetite para lê-los. Porque está determinado pela cultura grosseira de massa que não é preciso estudar.
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11/9/2008 | | |
19h35min | |
| Primeiro: descobriram que a Terra é redonda. Segundo: duvido que alguém, passando por uma loja de celulares agora mesmo, não vá encontrar a mesma abarrotada de gente. Pra porcaria o brasileiro tem grana. Só não gasta com livro porque não quer.
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12/9/2008 | | |
02h28min | |
| Infelizmente, o que fez "crescer" nossa classe média foi seu rebaixamento. Classe média até certo tempo atrás não significava equilibrar-se precariamente à beira da pobreza. No entanto, a nossa sociedade em termos culturais até que é solidária; pois a "elite" cultural do país também não é lá essas coisas. Pelo menos, enquanto estrato social, pessoas cultas e consumidoras de cultura, que realmente frequentam museus, teatros e lêem e quantidade e qualidade, representam um traço estatístico - honrosas exceções. E, surpreendentemente, estes casos nem sempre são determinados por sua classe sócio-econômica. Triste, triste. Pois se nossos desafios econômicos e sociais são imensos, é desalentador reconhecer que, cada vez mais, nos falta uma elite visionária e realizadora - ou uma classe média ambiciosa e questionadora.
Parecemos presos a um circulo vicioso de mediocridade, autocomplacência e acomodação.
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6/2/2009 | | |
03h27min | |
| Concordo com seu ótimo texto. Dou aulas para alunos de graduação de primeiro semestre em uma universidade americana. Eles leem em média oitenta paginas por semana, só para minha aula. Quando dava aulas em um dos melhores cursos de letras de uma universidade pública no Brasil, os alunos não liam nem cinco. Isso pode mudar, mas muito gradualmente. Conversando ano passado com um casal de amigos de classe média percebi que eles lamentavam que o filho adolescente não era capaz de ler sequer um conto curto para a escola. São pessoas que exercem atividades culturais [fotografia e música], são pessoas inteligentes e interessantes, mas nenhum dos dois lê muito. No Brasil, o arquiteto, o engenheiro, o médico, o administrador [gente de classe média alta] acham que "não precisam" ler, às vezes nem para seus oficios!
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2/7/2009 | | |
14h04min | |
| Isso realmente me assusta, não sei se é porque moro em uma grande capital (SP) ou porque gosto muito de ler e gosto muito de consumir cultura. Há muita peça de graça, museu, exposição. Acho que as pessoas não têm informação ou é acomodação. Ficar sentado na frente da TV é mais fácil. Lamentável. Mesmo assim, é necessário incentivar.
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