COMENTÁRIO(S) DOS LEITORES
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28/10/2008 | | |
00h34min | |
| Sem discutir o processo de colonização ou a degração do povo português, o fato é que a tal reforma é completamente desnecessária. Convivemos muito bem com as regras vigentes. Sinceramente, não ouvi este clamor todo por simplificação de regras. E outra, pra citar Raul também: qualquer língua é uma "metamorfose ambulante", logo, não só no Brasil o português é diferente: em Angola, Moçambique, Cabo Verde etc, o português falado também é esquisitão e só falado lá. Querer forçar a barra por uma unificação é um erro terrível, uma vez que a evolução natural das línguas longe de suas origens é a separação. Se foi assim com as línguas latinas, por que seria diferente com nosso querido português, com um oceano de distância? E outra, tenho certeza que se lingüístas e revisores fossem consultados, a reforma não sairia. Não dessa forma esdrúxula!
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28/10/2008 | | |
15h10min | |
| Como escritor, manifesto-me desde já sobre o hífen. Desobedecerei. Em meus próximos livros, impedirei os revisores de "arrumá-los". E conclamo meus colegas de ofício a fazerem o mesmo. Prefiro acreditar no discernimento das pessoas, que vem através do hábito de leitura, a ficar limitando suas escolhas. Se o sujeito quer escrever super-homem que o faça. Se quiser, super homem, também. Se desejar autodidata ou auto-didata, tudo bem e, até, auto didata. Contrabaixo, contra-baixo e contra baixo; supracitado, supra-citado ou supra citado. O hífen deve ser uma escolha estilística, definido por senso e gosto, apurados pela leitura. Ninguém cria norma para regrar a sensibilidade, mas todos sabem quando uma pessoa escreve uma frase elegante, concisa ou bela. (Embora conselhos sejam bem vindos). Para sermos livres, precisamos exercitar a liberdade e pagar pelos erros inevitáveis do aprendizado. Escritores, uni-vos. A cada vez que ignoramos uma regrinha desnecessária, resgatamos mil excluídos da cultura.
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28/10/2008 | | |
18h11min | |
| Bravo, Pilar! Outro texto breve, coerente e divertido!
Pilar, você tocou o dedo na ferida: êta povo reclamão! O mais insensato é que não reclamam do fundamental, isto é, dessa democracia que "deu de galho" no país: imagina só, ficar satisfeito em depositar de 2 em 2 anos um votinho na urna /rsrs/. Ora, ora, doxas são doxas! e ainda procedentes do espaço privado, não público, ou melhor: não político! é o mesmo que chover no molhado.
Abraços do
Sílvio Medeiros.
Campinas, é outubro de 2008.
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29/10/2008 | | |
12h13min | |
| Caro Sílvio. Satisfazer-se com essa reforminha caça-níqueis é um comportamento tão insensato quanto acreditar que vivemos em uma democracia. E se é pra discutir democracia, ou "reclamar", vamos lá. Podíamos começar sugerindo uma reforma em todo o sistema educacional público, que a muito tempo está falido. Muito mais importante do que essa tal reforma ortográfica, ou não?
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29/10/2008 | | |
14h29min | |
| Caro Fernando, sugerir uma reforma em todo o sistema educacional público? Fernando, como tomar, afinal, a nosso cargo, a atitude de formular opiniões e procurar verdades em caminhos abertos isoladamente? Para que uma sociedade prospere democraticamente é preciso que todos os cidadãos estejam reunidos e centrados JUNTOS (na esfera pública) em torno de algumas idéias principais, pois sem idéias comuns, não há ação comum!
Fernando, o que me preocupa é -na qualidade de cidadãos (?!)- a nossa fragilidade e insignificância política. Um fato sombrio: resido na periferia (cerca de 400 mil habs.) de uma metrópole. Nas últimas eleições, tão logo apresentados os resultados das urnas, uma impressionante profusão de fogos de artifício, seguida de distribuição de drogas pelas esquinas dos bairros. Vitória dos vereadores que apoiam ou estão envolvidos com o tráfico de drogas, o crime organizado! CREIA, FERNANDO! Na política, estamos a reboque desta barbárie!
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30/10/2008 | | |
17h46min | |
| Nisso concordamos plenamente. Estamos completamente a reboque. Enfim, minha real crença é a de que a democracia, como nos é apresentada hoje, é uma completa farsa e, sinceramente, vejo um horizonte nada favorável para constituirmos uma sociedade minimamente humana. O círculo da barbárie (pra usar sua expressão) está muito solidificado. Quanto a consenso (todos os cidadãos juntos em torno de idéias comuns): isso é simplesmente uma utopia. E, ainda bem, uma utopia bem distante de alcançarmos, ou viveríamos em um mundo completamente sem graça, ainda mais padronizado do que o que vivemos: seria um "Brave New World", lembra? Nem essa discussão teríamos. Mas como ainda temos o direito à divergência, e para voltar ao assunto inicial, o que penso é que existem assuntos muito mais importantes, inclusive ligados ao mundo das letras, do que uma reforma completamente desnecassária.
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1/11/2008 | | |
07h44min | |
| Caro Fernando Lima, penso que você já leu algo sobre as confusões que um e-mail ou comentários podem promover em virtude da velocidade ou pouco espaço para esclarecimentos mais longos. Quando me refiro a "cidadãos juntos", estou pautado em leituras da filósofa Hannah Arendt, sobretudo das lições provindas de "A Condição Humana", no qual Arendt trabalha com os conceitos aristotélicos de mundos do labor, do trabalho e da política (agir "entre iguais"). Deixo, aqui, a sugestão no que se refere à apresentação de uma resenha e/ou artigo do/sobre o referido livro por um dos articulistas do Digestivo Cultural: talvez ponto de partida para uma série de discussões sobre os problemas que mais nos afligem no contemporâneo. Abraços do Sílvio Medeiros.
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6/11/2008 | | |
11h06min | |
| Pilar, gosto muito de seus textos e já o disse a você uma vez. Permita-me fazer algumas considerações. Estudei Semiótica, formei-me e graduei-me no estudo das linguagens... e não é possível concordar com este equívoco quanto à prosódia: "O voo do pássaro também ficou mais leve, assim como as ideias e as jiboias, que não serão propriamente um problema para os mineiros, já que por aqui os sons são naturalmente mais abertos. Os paulistas, por outro lado, vão ficar tentados a fechar o som dessas vogais e, mesmo que não confessem, mentalmente vão ouvir uma voz inconformada dizer 'idêias', 'jibôias'." Desculpe-me, mas o paulista jamais falaria idêias ou jibôias. Este grupo sonoro é consenso no Brasil inteiro. O que se tem é diferente: se o carioca fala "e aí, mérrrmão!" (E aí, meu irmão?), o paulistano fala "e aí, mêrmão" - deu para perceber a diferença? Mas o exemplo que colocou está deslocado de uma possível prosódia em qualquer parte do Brasil. Sempre será idéia e jibóia, mesmo. Abraço!
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6/11/2008 | | |
11h13min | |
| Parte dois: quando se trocou pharmácia por farmácia, foi um alívio, creio. Mas não tem sentido alterar o credelevê, nem suprimir o trema (que vai interferir para pior na prosódia) - não só não tem sentido, como haverá um problema de lógica na explicação para as crianças quando começarem a ser alfabetizadas. Algumas normas são bem-vindas, outras aparecem de maneira ditatória, ou seja, de cima para baixo e sem respeitar as mudanças naturais da língua. É o caso da supressão do acento em vôo etc. Passa-se por cima da musicalidade da língua de uma maneira brutal! Enfim, essa reforma veio em má hora e lugar e, para mim, além de absurda e de mediocrizar a língua, é coisa de quem não tinha o que fazer. Abraço!
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7/11/2008 | | |
11h57min | |
| Eu já havia palpitado, num comentário sobre um texto da Adriana Baggio, que o trema nunca serviu para nada, além de ser apenas bonitinho. Eu sempre desobedeci a regra, nunca usei, por achá-lo absolutamente desnecessário. Já o hífen, não. São muito feios, usando seus exemplos, 'contrarregra' e 'antissemita'. Não sei por que, mas... não são horríveis? E, olha, eu sou paulista e paulistano, e acho que nenhum paulista vai falar jibôia ou idêia. Não sei de onde você tirou isso. De qualquer maneira, daqui a algum tempo tudo vai ficar normal e 'assembléia' vai ficar tão estranho como é hoje 'êle', com acento.
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