A Crise da música ― Parte 3/3 | Rafael Fernandes | Digestivo Cultural

busca | avançada
111 mil/dia
2,5 milhões/mês
Mais Recentes
>>> Cia Truks comemora 35 anos com Serei Sereia?, peça inédita sobre inclusão e acessibilidade
>>> Lançamento do livro Escorreguei, mas não cai! Aprendi, traz 31 cases de comunicação intergeracional
>>> “A Descoberta de Orfeu” viabiliza roteiro para filme sobre Breno Mello
>>> Exposição Negra Arte Sacra celebra 75 Anos de resistência e cultura no Axé Ilê Obá
>>> Com Patricya Travassos e Eduardo Moscovis, “DUETOS, A Comédia de Peter Quilter” volta ao RJ
* clique para encaminhar
Mais Recentes
>>> A vida, a morte e a burocracia
>>> O nome da Roza
>>> Dinamite Pura, vinil de Bernardo Pellegrini
>>> Do lumpemproletariado ao jet set almofadinha...
>>> A Espada da Justiça, de Kleiton Ferreira
>>> Left Lovers, de Pedro Castilho: poesia-melancolia
>>> Por que não perguntei antes ao CatPt?
>>> Marcelo Mirisola e o açougue virtual do Tinder
>>> A pulsão Oblómov
>>> O Big Brother e a legião de Trumans
Colunistas
Últimos Posts
>>> O MCP da Anthropic
>>> Lygia Maria sobre a liberdade de expressão (2025)
>>> Brasil atualmente é espécie de experimento social
>>> Filha de Elon Musk vem a público (2025)
>>> Pedro Doria sobre a pena da cabelereira
>>> William Waack sobre o recuo do STF
>>> O concerto para dois pianos de Poulenc
>>> Professor HOC sobre o cessar-fogo (2025)
>>> Suicide Blonde (1997)
>>> Love In An Elevator (1997)
Últimos Posts
>>> O Drama
>>> Encontro em Ipanema (e outras histórias)
>>> Jurado número 2, quando a incerteza é a lei
>>> Nosferatu, a sombra que não esconde mais
>>> Teatro: Jacó Timbau no Redemunho da Terra
>>> Teatro: O Pequeno Senhor do Tempo, em Campinas
>>> PoloAC lança campanha da Visibilidade Trans
>>> O Poeta do Cordel: comédia chega a Campinas
>>> Estágios da Solidão estreia em Campinas
>>> Transforme histórias em experiências lucrativas
Blogueiros
Mais Recentes
>>> Led Zeppelin Vídeos
>>> Francis Ford Coppola
>>> Retrato em branco e preto
>>> Marcha Sobre a Cidade
>>> Canto Infantil Nº 2: A Hora do Amor
>>> Osesp, 01/06 - Bruckner
>>> Eu quero é rosetar
>>> O Velho e o Grande Cinturão dos Peso-Pesados
>>> George Sand faz 200 anos
>>> Riobaldo
Mais Recentes
>>> Heroinas Negras Brasileiras - Em 15 Cordeis de Jarid Arraes pela Seguinte (2020)
>>> Diário De Um Zumbi Do Minecraft - Parceiros E Rivais de Ana Ban pela Sextante (2015)
>>> Comunicação Entre Pais E Filhos de Maria Tereza Maldonado pela Integrare (2008)
>>> Memorias De Um Sargento De Milicias de Manuel Antônio De Almeida pela Ateliê Editorial (2006)
>>> Mercado de Opções - Conceitos e Estratégias de Luiz Mauricio da Silva pela Halip (2008)
>>> O Príncipe Medroso E Outros Contos Africanos de Anna Soler-pont pela Companhia Das Letras (2009)
>>> French Liberalism From Montesquieu To The Present Day (hardcover) de Raf Geenens - Helena Rosenblatt pela Cambridge University Press (2012)
>>> Naruto Gold - Vol.8 de Masashi Kishimoto pela Panini (2016)
>>> Naruto Gold - Vol 7 de Masashi Kishimoto pela Panini (2016)
>>> Naruto Gold - Vol.9 de Masashi Kishimoto pela Panini (2016)
>>> O Apanhador No Campo De Centeio de J. D. Salinger pela Editora Do Autor (2012)
>>> Os Ratos de Dyonelio Machado pela Planeta (2010)
>>> Venha Ver o por do Sol e Outros Contos (edição escolar - suplemento de leitura) de Lygia Fagundes Telles pela Atica (2018)
>>> Claro Enigma de Carlos Drummond De Andrade pela Companhia Das Letras (2012)
>>> Tudo Depende De Como Você Vê As Coisas de Norton Juster pela Companhia Das Letras (1999)
>>> Adeus, China: O Ultimo Bailarino De Mao de Li Cunxin pela Fundamento (2010)
>>> Escravidão de Laurentino Gomes pela Globo Livros (2019)
>>> Gerenciamento De Ativos E De Passivos de Jean Dermine e Yousset F. Bissada pela Atlas (2005)
>>> Enquanto O Dia Não Chega de Ana María Machado pela Alfaguara (2013)
>>> Vivendo Perigosamente de Osho pela Alaúde (2015)
>>> Raízes: Os Princípios Da Fé de Marcos Paulo Ferreira e Igor Storck Da Silva pela A. D. Santos (2009)
>>> Onde Foi Que Eu Acertei de Francisco Daudt Da Veiga pela Casa Da Palavra (2009)
>>> Bagagem Para Mães De Primeira Viagem de Laura Florence e Ana Paula Guerra pela Jaboticaba (2004)
>>> Persépolis de Marjane Satrapi pela Quadrinhos Na Cia (2007)
>>> Ensina-me A Rezar de Padre Juarez De Castro pela Petra (2015)
COLUNAS >>> Especial Crise

Quarta-feira, 8/7/2009
A Crise da música ― Parte 3/3
Rafael Fernandes
+ de 9400 Acessos

Música em videogames
Uma das fontes de renda para bandas atualmente é a inclusão de músicas em jogos de videogame, como Guitar Hero ou Rock Band. Isso seria inimaginável há alguns anos, mas é assim que as coisas acontecem agora. Já existem até competições e "shows" com gente "tocando" os jogos. Não é loucura imaginar que próximo passo pode ser os jogadores criando suas próprias músicas a partir dos comandos aprendidos e distribuindo isso na rede. Esse tipo de estratégia é parte do que é chamado de "sincronização": a inclusão de músicas em filmes, séries etc. Não é algo absolutamente novo, mas tem ganhado destaque como mais uma forma de receita para os músicos.

Celulares
Cada vez mais são nosso centro de entretenimento e comunicação ― não foi à toa que Steve Jobs lançou o iPhone. Há dez anos, precisávamos de aparelhos de som, TV, video-cassete/DVD, computador, telefone fixo, máquina fotográfica, filmadora, videogame e computador. Agora, esse conteúdo migra para o que achávamos ser apenas um telefone móvel. No caso da música, vários são os sinais da sua importância: as operadoras já têm suas lojas de MP3 e há alguns anos têm sido lançados aparelhos temáticos com conteúdo de artistas, de High School Musical a U2. O Nine Inch Nails lançou recentemente uma aplicação para iPhone.

Investimento
Um artista que quer viver de sua música deve encarar a carreira como outro empreendimento qualquer ― como uma padaria ou um café. É preciso planejar, investir tempo e dinheiro e esperar o retorno ― que demora. Primeiro, há a preocupação em fazer uma música memorável e honesta: a criação artística deve ser intocável. A partir daí, é negócio. Então, só vai funcionar em vendas em grande escala ou num nicho que explore a diferenciação, para se ganhar em valor. Senão, tenha um outro trabalho e faça música no seu tempo livre ― a teoria do "sex & cash" de Hugh McLeod. Se você é produtor, ache um artista ou um modelo que venda. O governo pode ajudar em algum ponto, mas ele não pode e nem deve te salvar. Se você tem a síndrome de gênio incompreendido, achando sua "arte" é especial... Bem, pense de novo. Há milhões de outros "artistas" por aí. E ninguém se importa com você até que faça algo que preste.

Artista igual pedreiro
"Artista igual pedreiro" é a versão atual e brasileira do "do it yourself". É o título do álbum de estreia da boa banda Macaco Bong, de Cuiabá. Que é o conceito ― que eles usam ― do artista correr atrás, suar e fazer as coisas acontecerem, construindo tijolo por tijolo sua trajetória. Algo que também acontece com a Dani Gurgel, que está gravando seu disco novo via ArtistShare, e muitos outros da nova geração. O artista tem que se virar, além da parte artística em si: precisa ser o produtor, o vendedor de shows, o divulgador; deve saber criar orçamentos, escrever uma proposta de patrocínio, controlar dinheiro etc. Não adianta ficar esperando apoio ou produtores. Ajuda externa é sempre bem-vinda e num dado momento pode ser necessária. Porém, com o mercado duro e saturado, se o artista não andar com as próprias pernas e se não jogar nas 11 nada acontece. Tem que ser como o Didi naquele filme com o Pelé: cobrar escanteio e correr para a área para cabecear.

Shows?
Uma tendência comentada, quase unânime, é de que os artistas agora vão ganhar com shows. Correto. Mas há ao menos dois problemas:
1) Isso, obviamente, há anos já é uma fonte de renda dos músicos. Para muitos, inclusive, também há tempos a principal fonte de receita. A partir daqui, portanto, os músicos continuam com seu dinheiro das apresentações, mas não conseguem substituir as receitas perdidas com venda dos discos.
2) Qual a consequência? Maior concorrência para espetáculos musicais. Isso deve gerar um aumento de custos de produção, na tentativa de diferenciação e numa possível diminuição de valor dos ingressos. Um ponto positivo é que, diferente do que ocorre com um disco, quanto melhor e mais concorrido for seu show, mais é possível cobrar por ele. A questão é como chegar num nível em que se possa fazer um bom número de concertos com ingressos valorizados.

Esqueça do disco (ou quase isso)
Um álbum em formato físico não é mais o centro do negócio. Deve sobreviver, mas seu valor pode ser o mesmo que vender uma camiseta: só vai atender a um certo tipo de público. É claro que se ainda tiver demanda que justifique uma prensagem, o artista deve lançar. Como colocar suas músicas em sites como iMúsica, iTunes, eMusic etc.: a receita pode ser irrisória, mas é melhor ter do que não. Alguém pode argumentar que o CD é interessante para discos conceituais, que tenham uma história, ou algo assim. Mas o disco é uma limitação tecnológica: não é necessário para criar um conceito. O artista pode lançar uma música por mês, em datas significativas, a cada estação do ano, junto com um livro de fotos ou com uma camiseta ― as possibilidades são incontáveis. O Nine Inch Nails tem usado bem o disco como divulgação da turnê: em 2008 lançou The Slip de graça na internet (divulgando também versões físicas pagas) e anunciou as datas em seguida. Neste ano acertou uma série de shows com o Jane's Addiction e com o Street Sweeper Social Club (nova banda de Tom Morello). Juntos lançaram um EP com seis músicas, sendo duas músicas inéditas de cada banda. Também pode fazer sentido uma boa variedade de merchandising (se houver demanda) e edições especias (vide o próprio NIN, Dream Theater e Franz Ferdinand): se a venda em escala de um só produto está em queda, novos produtos podem valer à pena.

Contestando padrões
É preciso lembrar que houve um tempo em que a música só era executada ao vivo, em concertos. Depois, o negócio da música virou a edição de partituras. Em seguida, apareceram as jukeboxes. Daí os discos. Com isso o formato da música popular se difundiu nos três minutos de duração porque era o que cabia no disco, ou seja, uma limitação tecnológica. Quando eles ficaram com mais capacidade, começaram os lançamentos de coletâneas de músicas de diferentes artistas. Daí prum disco inteiro de apenas um músico foi um pulo. E desde então isso é tido como regra, mas é apenas uma limitação e um padrão de tecnologia. É preciso um rompimento para a descoberta do que funciona para cada artista. Por que é preciso juntar algumas músicas e lançar um disco? Por que é preciso repetir sempre o ciclo disco -> turnê de um ou dois anos? Por que é preciso fazer músicas de três minutos? Por que preciso de uma gravadora ou de um selo? Ou de uma distribuidora? Como posso fazer um show diferente? Como posso divulgar minha música de outra forma? Por mais tolas que pareçam ser essas perguntas, é necessário ampliar nossas visões, desatar os nós que o mercado um dia amarrou.

Finalmentes
Já é considerado falido o antigo modelo. Todos estão procurando outras formas de criar, divulgar e vender a música. É preciso mudar a mentalidade ao analisar esse mercado, deixando para trás boa parte dos conceitos de outrora. O momento, como no caso do jornalismo, é de apreensão: o que se conhecia como padrão, ruiu. O novo ainda é incerto e disperso. O que não muda: se você vai montar uma banda ou gravar algumas músicas, trabalhe duro, seja diferenciado e memorável. Como já disse Seth Godin: "Se as pessoas não falam de você é porque você é chato". Seja criativo, ofereça às pessoas algo que valha a pena e cuide bem de seus fãs. Apareça e deixe a música fluir e ser compartilhada, mas sem avacalhar e permitir que ela seja banalizada: valorize seu trabalho.

Leituras recomendadas
Há muitas ideias interessantes sendo trocadas na internet sobre o mercado da música. A leitura de sites, blogs, PDFs e afins ajuda a clarear as ideias. Eis alguns sites e pessoas que tenho acompanhado.

10 PDFs sobre música (em inglês)
Derek Silvers (criador do CDBaby)
Future of music
Hypebot
Media Futurist
Music Think Tank
Música LíquidaPena Schmidt
― Pedro Alexandre Sanches, no blog auto-intitulado e no Ruído. Destaque para entrevistas de categoria com o Pena Schimdt e com o André Midani
Remixtures
Seth Godin
Think Tank brasileiro


Rafael Fernandes
São Paulo, 8/7/2009

Quem leu este, também leu esse(s):
01. Meu Primeiro Livro de Julio Daio Borges
02. As ruas não estão pintadas. E daí? de Duanne Ribeiro
03. As Aventuras de Pi de Duanne Ribeiro
04. Contos de imaginação e mistério de Gian Danton
05. Em defesa das calçadas de Eduardo Carvalho


Mais Rafael Fernandes
Mais Acessadas de Rafael Fernandes em 2009
01. 10 músicas: Michael Jackson - 22/7/2009
02. A Crise da música ― Parte 1/3 - 25/3/2009
03. Chinese Democracy: grande disco - 25/2/2009
04. A Crise da música ― Parte 2/3 - 29/4/2009
05. A Crise da música ― Parte 3/3 - 8/7/2009


Mais Especial Crise
* esta seção é livre, não refletindo necessariamente a opinião do site



Digestivo Cultural
Histórico
Quem faz

Conteúdo
Quer publicar no site?
Quer sugerir uma pauta?

Comercial
Quer anunciar no site?
Quer vender pelo site?

Newsletter | Disparo
* Twitter e Facebook
LIVROS




Lucky Luke - Lucky Luke contre pat poker
Morris e outro
Dupuis
(1953)



C/ Autografo Inferno E Paradiso: As Representacoes Do Juizo Final Na Pintura Toscana Do Seculo Xiv
Tamara Quirico
Unicamp
(2014)



Os Pensadores - Berkeley/ Hume
George Berkeley & David Hume
Abril cultural
(1973)



Trans Comunicação
Clóvis S. Nunes
Edicel
(1990)



Bíblia Sagrada Leão Yeshua Acf Letra Maior
João Ferreira de Almeida
Geográfica
(2020)



Chemisch-technische Vorschriften
Dr. Otto Lange
Springer Berlin (verlag)
(1920)



O Código da Montanha
Atila Barros
Papel Virtual
(2005)



O Que é Jazz,Rock e Música Sertaneja
Vários Autores
Círculo do Livro
(1995)



Materializações Luminosa
R. A. Ranieri
Feesp
(1981)



Comunicação Com os Anjos e os Devas
Dorothy Maclean
Pensamento
(1993)





busca | avançada
111 mil/dia
2,5 milhões/mês