COMENTÁRIO(S) DOS LEITORES
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30/6/2010 | | |
09h17min | |
| Perdoe-me o vocabulário que eu vier a empregar, mas foi você pisou no meu calo. É porque sou Escritor (com E). E justamente por ser escritor que sinto uma verdadeira náusea (ler Sartre) tremenda por ver tantos impostores em pleno ato de impostura, dentro de um território sagrado: o mundo das palavras. E nenhum ofício pode se deixar contaminar por impostores. Nem mesmo a prostituição. Prostituta que se preze não se põe a rodar a bolsa no calçadão. Tem que ter classe, elegância, estar na moda, ser cliente do Boticário. Do contrário será uma simples puta, daquelas que lotam os bordéis de periferia, e que se vendem por míseros trocados. Para ser escritor também é preciso ter classe. Não se pode sair ajuntando palavras atrás de palavras com o intuito de iludir alguém. Tem que saber fazer amor com as palavras. Eu disse amor e não sexo. Escritor que se preze dá a sua vida pelo seu texto, inventa as palavras que forem necessárias, tece com elas um amor também Divino. Isso é ser Escritor!!!
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30/6/2010 | | |
11h14min | |
| Roberto, obrigado pelo comentário! Como disse, o escrito aqui não é nenhuma verdade científica, mas uma opinião pessoal. Toda opinião, no entanto, é construída a partir de alguma coisa. A minha foi construída sob o olhar de um rapaz interiorano viajante de um mundo de leituras. Falo neste texto sobre a arte de escrever. E como em toda arte (inclusive a do sexo, já que você cita este exemplo) só o amor não basta. Quando você diz que o escritor precisa ter classe, creio eu que isso está contemplado na primeira "condição" que eu cito. Porque escrever bem - pra mim - não é simplesmente reunir um bocado de palavras bonitas e colocá-las em um balaio a ser entregue nas mãos de uma editora. É dominar a dimensão das frases, discutir consigo mesmo, demorar a ficar satisfeito com o produto da escrita... Escrever é uma arte, repito. As obras de artes não são feitas sem trabalho. Escrever dá trabalho... Neste texto está uma opinião, reforço, e, como tal, aberta a debates. Abraço.
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30/6/2010 | | |
17h18min | |
| Fernando, gostei muito do seu texto e compartilho inteiramente da sua opinião. Não pude deixar de pensar no Paulo Coelho em algumas passagens, e, aproveitando para colocar minha opinião, é triste concebê-lo como o grande nome da literatura brasileira na atualidade (levo em consideração a influência e abrangência geográfica dos seus livros). Dito isto, gostaria de te propor duas perguntas. Primeiro, qual sua opinião sobre esse escritor? E segundo, dentre aquelas condições que citaste, eu incluiria talvez a capacidade de unir diversas referências para criar uma ideia nova. Ou seja, o escritor não pode deixar também de ser um grande leitor e está entre suas virtudes a capacidade de interpretar e discutir as obras que lhe influenciarem. Quais são os escritores (vivos!) que na sua opinião são boas referências?
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2/7/2010 | | |
14h43min | |
| Texto bem lúcido. É uma discussão que vai longe, mas que tem muita gente boa na blogosfera, tem.
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3/7/2010 | | |
01h06min | |
| Olá, Miguel, obrigado pela sua opinião. Olha, concordo contigo. É muito importante ter uma boa referência para poder escrever. Academicamente falando, quando se apresenta um artigo ou um trabalho monográfico em que não se encontra citação de nenhum outro autor a banca provavelmente vai, no mínimo, questionar os autores. Um escritor tem que ser um leitor. Não apenas da palavra escrita, mas do que acontece à sua volta. Tem que ser um leitor e interpretador dos fatos. Tem que fazer, além da leitura da palavra, a leitura de mundo, como diria Paulo Freire. Aprendemos a falar porque ouvimos os outros falando. É por isso que os surdos são chamados de surdos e não de mudos, embora não falem. Porque eles só não falam porque não ouvem. Quem não lê terá muita dificuldade em escrever, isto é fato. Paulo Coelho... Confesso que li pouco dele. Li um livro e não acreditei que aquele podia ser o "gênio" tão celebrado e li outro, pra tentar redimir o autor. Daí pra frente não li mais... (continua)
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3/7/2010 | | |
01h07min | |
| Se me perguntasse o que escritores como Saramago e García Márquez têm de especial eu não saberia responder com palavras, por falta de aprofundamento no estudo da teoria literária mesmo. Se perguntares o que falta em escritores como Paulo Coelho te direi sinceramente que também não sei, pela mesma falta de aprofundamento no estudo da teoria literária. Como leitor, a única coisa que posso dizer é "gosto; não gosto". No entanto, está se diminuindo a cada dia mais a genialidade requerida para ser considerado grande escritor. Em verdade, está se requerendo cada vez menos genialidade pra ser considerado artista de qualquer natureza. Veja as músicas que fazem sucesso hoje em dia... (ainda tem mais)
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3/7/2010 | | |
01h08min | |
| Quanto a escritores admirados, já citei dois. Um que morreu muito recentemente, o José Saramago, que eu também comecei a admirar muito recentemente, porque só então tive acesso à sua obra; e Gabriel García Márquez. Dois prêmios Nobel, portanto. Os brasileiros a quem sempre admirei são os que mais contribuíram na minha formação como leitor e como ser humano, ao longo da vida. Ana Maria Machado, Ruth Rocha, Luis Fernando Verissimo e Millôr Fernandes. Não são necessariamente romancistas, mas os considero gênios, pela sensibilidade na escrita e pelo domínio que têm sobre seus textos de acordo com a área a que os direcionam. Estes são os vivos que mais admiro, embora eu admire muito mais escritores, vivos e mortos, que têm sua contribuição na minha formação humana. E, creio, isto que faz o artista ser artista. A contribuição que a sua arte dá para a formação humana do sujeito... Demasiei... Abração!
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4/7/2010 | | |
07h56min | |
| Olá, Fernando. Muito apropriado seu comentário sobre esse mercado editorial e seus valores. As editoras (e livrarias) estão abarrotadas de não-talentos, de livros de celebridades, de inúmeros títulos de autoajuda, de como fazer isto ou aquilo etc. Enquanto isso, muitos talentos são deixados em segundo plano, mas continuam na luta. Como você, também protagonizo a mesma situação. Publiquei, em 2005, uma ficção intitulada "Desconstrução", por uma editora relativamente pequena de São Paulo. Foi uma publicação experimental com poucos exemplares. Antes disso fui ignorado por outras editoras, mas continuo na luta e reitero suas palavras. É bom saber que há pessoas, como você, conscientes desses movimentos no mundo das letras desse país. Quanto à ABL, também não gosto daqueles caras. Abraços.
FERNÃO GOMES
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9/7/2010 | | |
16h52min | |
| Você não imagina a minha surpresa quando abri minha caixa de e-mails e vi o seu artigo. Explico: sou estudante de comunicação social e minha monografia é justamente sobre esta discussão - o modo pelo qual o novo escritor do século XXI utiliza-se do blog para divulgar-se. Seja para mostrar um trabalho novo, com esse "romantismo" do qual falaste de sonhar em ser descoberto e publicado em papel (coisa que, apesar da internet, ainda não está relegada ao esquecimento, e, pelo contrário, ganha agora maior valor), há uma noção de que o reconhecimento real só chega quando se tem um livro impresso. Por outro lado, observa-se também, ainda na questão do distanciamento desses novos escritores do mundo editorial glamuroso, que estes sujeitos veem no blog literário uma ferramenta bastante eficaz para divulgarem suas obras publicadas de forma independente, istó é, aquelas que fizeram seus livros e pagaram para ser editado. Belo artigo. Grande abraço.
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