Arquitetura de informação | Rafael Lima | Digestivo Cultural

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COLUNAS

Terça-feira, 11/12/2001
Arquitetura de informação
Rafael Lima
+ de 8800 Acessos
+ 5 Comentário(s)

Duas ou três coisas que eu sei sobre internet
Textos pequenos, frases curtas; poder de síntese. Clareza, concisão e conteúdo. Todas as recomendações que se fazem relativas ao estilo de redação para internet não tem nada de diferente comparadas à linguagem jornalística moderna. Na maioria dos espaços da rede ocupados pelo mundo corporativo, não é possível distinguir seus produtos analógicos dos correspondentes virtuais. Um grande erro. Enquanto o suporte do jornal ainda é o papel, bidimensional, e na maior parte, monocromático, a internet se vale da multimídia: cabem numa homepage todas as formas de dados digitalizados: imagens (em movimento ou não), sons, texto. Só por aqui já seria possível perceber o tamanho da distância entre os meios de comunicação e a internet, meio de todos os meios, mas é imprescindível anotar esta diferença: apenas na internet existe o diálogo direto e franco com consumidor, espectador ou leitor na relação de um-para-um com o criador, o "fornecedor de conteúdo". Aqui mesmo no Digestivo o leitor pode discordar do que eu falo e me desmoralizar no formulário ali embaixo. Agora, vá escrever uma carta para o cineasta criticando seu filme - é esperar sentado que ele vá exibir os seus termos projetados na tela ao fim da sessão, seguidos pela resposta dele...

Essa abundância de informação querendo mostrar as pernas - informação quer liberdade - cria outro problema que os mesmos portais corporativos também não souberam resolver: como articular essa massa de dados. A tendência nos portais de notícias tem sido a de enxergar a internet como um jornal na tela, ou pior, como rádio na tela do monitor, talvez porque a gerência desses portais tem sido entregues a jornalistas de nome e carreira - gente que domina a prática jornalística, no entanto, mal e mal tem intimidade com computador, que dirá internet, a qual cismam colocar sob a luz de alguma analogia, quando a internet é que deveria ser o paradigma. A divisão de assuntos em categorias estanques, como se não houvesse interação entre eles, é o sintoma mais claro dessa falta de intimidade - algo não sentido pelas alcatéias de pós-adolescentes nerds que cresceram vendo televisão e jogando videogame, portanto com altas reatividade sensorial e capacidade de lidar com enormes quantidades de dados não processados, os verdadeiros surfistas do ciberespaço.

Por exemplo, se você entra na "programação da cidade" do site de um jornal procurando pelo espetáculo da Intrépida Trupe, simplesmente não encontra, porque o que eles fazem não pode ser enquadrado nas categorias estanques de dança, teatro ou circo: é uma fusão, uma mistura nova entre elas, e como os 15 baluartes sentados em torno da mesa na hora que criaram as categorias não se lembraram das exceções, e como a programação visual da página não permite variações, o que acontece é que você simplesmente não encontra o local nem o horário das apresentações da Intrépida Trupe, a menos que utilize o mecanismo de busca do próprio jornal. Navegabilidade não é só colocar um botão [próxima] ao lado de um [voltar] embaixo da página. Separar os assuntos em categorias estanques engessa demais a mobilidade do leitor dentro do espaço virtual, custo exagerado que se paga para acelerar seu acesso às reportagens.

Internet é hipertexto, é fazer links - e compor um texto com links é muito diferente de apenas escrever um texto onde, ocasionalmente, serão adicionados hyperlinks. Nas duas alcunhas pelas quais a rede ficou mais conhecida (internet e World Wide Web) existe o conceito de rede, seja em net, rede, como as que cobrem as traves de futebol, seja em web, teia, que nem a da aranha. O que caracteriza uma rede (ou teia) são os nós, pontos comuns que aparecem quando dois fios se cruzam; no espaço virtual, um nó corresponde a um link, e é onde/quando pode-se mudar de caminho, de página, de parágrafo. Um hipertexto bem composto, ou seja, com links bem colocados, apresenta um problema interessante: como manter o leitor concentrado até o fim do texto, sem deixá-lo fugir por um dos links, saracotear aqui e ali entre os escombros do terremoto de informação e acabar esquecendo de voltar para terminar o que tinha começado a ler (mesmo problema de um escritor de romance policial, que não pode impedir a leitora de ler antes o final)? A resposta é simples: não há como. O link subverte a hierarquia tradicional de percepção de informação da leitura de página ocidental, da esquerda para direita e de cima para baixo; o leitor segue o que lhe interessar mais. Pelo lado do "fornecedor de conteúdo", fica mais fácil enriquecer um texto ao adicionar links para temas específicos de seu texto explorados com mais detalhe do que seu espaço ou conhecimento ou direito permitem, ao custo do compartilhamento de dados. Corolário intrigante: se, pela lei de ouro, "temos total direito àquilo que criamos totalmente", o direito autoral fica em maus lençóis toda vez que se fizer link para algum texto alheio. Um "fornecedor de conteúdo" pode ignorar solenemente os hyperlinks e os textos alheios e continuar redigindo, desenhando ou editando como se para uma revista mensal, mas estará arriscado a ser posto a nu muito mais facilmente, dado o imenso manancial de opiniões e dados na internet. Num espaço onde a diversidade de vozes impera, é muito difícil se fazer ouvir só pelo volume do som.

Ainda não se "inventou" uma maneira não hierarquizada de distribuir informação relacionada a um mesmo tema, e a essa tarefa de selecionar e dispor na tela o que se quer apresentar, equilibrando forma & conteúdo com um determinado objetivo, é que a plebe ignara chama de arquitetura de informação. O que há mais próximo são as listas de discussão (newsgroups) e os blogs, que aglutinam a opinião de uma ou mais pessoas sobre um círculo de assuntos sem hierarquia e limite aparentes, mas cuja unidade, com o passar do tempo, fica cada vez mais evidente (no caso dos newsgroups, o limite é predeterminado). Ainda que sejam excelentes mecanismos de geração e armazenamento de dados, os dois ainda pecam em um ponto: como acessar apenas a informação relativa a um tópico específico? Como encontrar aquele arquivo que você sabe que tem sua resposta, mas está perdido em algum lugar do seu HD ou alguma U.R.L. não anotada? Os search tools, Altavista, Google, Yahoo, atacaram esse problema fazendo uma janelinha a partir de onde se digita(m) palavra(s)-chave, mas eu li uma idéia que resolveria o problema: associar a cada arquivo de dados - ilustração, planilha, memória de cálculo, etc. - além de seu tipo (.doc, .jpg, .xls) um número de palavras-chave conceituais: "casa", "alimentação", "cinema", "pelada" e na hora de fazer a busca, o usuário apenas combinaria os filtros desejados em cada busca: "computador, procure-me todas as fotos de mulher pelada com seios grandes". O mecanismo serviria inclusive serviria para descobrir redundâncias no sistema: ao ver que todas as fotos salvas no CD eram de mulheres peitudas, o usuário descobriria que é provavelmente um fetichista, e passaria a se focar em outras formas anatômicas.

Claro, isso tudo é especulação, e o próprio fato desse texto ter sido composto sem links é uma prova de que a maioria ainda prefere ver sua informação já lavadinha, separada, desossada e embalada para consumo ao invés de catucar atrás dela.

Nota: Li a idéia desse mecanismo de busca orientado por meta-dado num blog há algum tempo atrás, não sei quando, não me lembro onde, não anotei. Se foi você quem teve essa idéia e leu esse texto, identifique-se que e será incluído de bom grado aqui no texto. A idéia não é minha, mas é muito boa :)


Anotações para um futuro bate-boca
- E vê pára com esse negócio de 'positivo' e 'negativo' que eu não tenho cara de pilha, para ficar procurando polaridade!

Thomas Edison perde
Enfim revelado: A Coisa (the It), a invenção que iria revolucionar os conceitos de transporte e energia no meio urbano era, na verdade, apenas um super patinete. Mas quem já usou sabe que revolucionário mesmo é o Mussumgrapher.

If I was a frog
I'm a Pixie Frog!
O Sapo-boi africano é um dos maiores sapos da África do Sul. Geralmente, eles vivem em pastos, perto de poças de lama. Quando ameaçados, estes sapos enchem-se como balões para assustar o intruso! Na estação seca, eles se enfiam no solo. Esses caras comem pencas de insetos grandes, peixes, ratos, lagartos e até mesmo outros sapos.
Que tipo de sapo você é ?


Lamúrias (ou: tentativa frustrada número 457 de tentar virar cult, nem que seja na marra)
atollo rulez!! Tudo bem, mas o que eu queria mesmo é fazer storyboards como Bill Plympton. Era desenhar naquele estilo abstrato do Mario AV. Bolar logotipos como Tom-B. Desenhar histórias em quadrinhos como Jules Feiffer. Passar uma tarde inteira lendo a ficção científica do Moebius, e de noite dançar ao som de Fela Anikulapo-Kuti & África '70. E largar tudo para brincar com aqueles bloquinhos da Atollo.


Rafael Lima
Rio de Janeiro, 11/12/2001

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* esta seção é livre, não refletindo necessariamente a opinião do site

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COMENTÁRIO(S) DOS LEITORES
11/12/2001
17h14min
Rafael, Muito bom, meu caro. Só uma coisa: Há um meio de trazer de volta o leitor, mesmo que ele fuja por um dos links (dos sapinhos, por ex): Escrever tão bem que ele (leitor) queira ler seu artigo até o fim...Viu? A "fidelidade" depende (quase sempre) da "qualidade". Abraços, Ana
[Leia outros Comentários de Ana Veras]
12/12/2001
09h16min
Obrigado, Ana, mas escrever muuuuito bem só vai ajudar a prender a atenção do leitor; não impedir que ele saia pulando de link em link. Estou falando de gente com atenção absolutamente dispersa, ou antes, concentrada em mil coisas ao mesmo tempo. Encontra-se muita gente assim mexendo com internet. Em termos de televisão, seria aquela pesssoa que fica mudando de canal incessantemente com o controle remoto, e parece que acompanha todos os programas ao mesmo tempo. Aposto que você conhece o tipo...
[Leia outros Comentários de Rafael Lima]
12/12/2001
13h52min
Sim, Rafael, eu conheço o tipo. Mas neste caso é patológico, né? Nada a fazer...Porém, mesmo os mais "normais" podem ser "perdidos" para um link se seu texto não está mais interessante...A propósito, gosto muito quando vc escreve sobre Internet, sempre tem algo interessante a acrescentar...Abraços, Ana.
[Leia outros Comentários de Ana Veras]
12/12/2001
18h14min
Patológico, Ana, somos nós que precisamos desses casos patológicos para absorver, filtrar e separar as erupções de informação que nos cercam, pois são os que melhor conseguem lidar com elas... E entenda isso: "perder" o leitor em um link não é problema na Internet. No duro, está mais para uma solução. Isso aqui não é uma Tv a te empurrar o que você quer e o que você não quer ver.
[Leia outros Comentários de Rafael Lima]
12/12/2001
18h28min
É, Rafael, acho que vc tem razão. Este pessoal parece estar muito mais adaptado à esta realidade. Cada um, com seu próprio critério, separando o joio do trigo e indo por aí, surfando, como dizem...Pra acompanhá-los eu precisaria de slow motion...Ah, e a comparação com a TV é perfeita...Aqui, vc faz o seu caminho...THANKS GOD!...Abraços, Ana.
[Leia outros Comentários de Ana Veras]
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