COMENTÁRIO(S) DOS LEITORES
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18/1/2011 | | |
08h17min | |
| Parabéns pelo artigo inteligente. Vamos acabar como em "Desonra", de Coetzee, vítimas do ressentimento?
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18/1/2011 | | |
14h27min | |
| Sempre achei que a história do homem tem alguma coisa errada, e por isso escrevi um livro que foi editado mas não divulgado, estão ainda debaixo de minha cama. Mandei um para o Mel Gibson - em português, mas acho que ele não tem tradutor - e pedi para ele fazer um filme sem violência. Imagine um lugar onde só exista uma raça, diferenciada pelo formato dos olhos, e não pela cor, e onde todos vivem juntos em paz e harmonia... Isso até os eventos catastróficos da separação dos continentes, quando então começa a odisseia do homem... Viajei em um sonho. Gostaria que todos viajassem também.
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18/1/2011 | | |
15h40min | |
| Engraçado, não me lembro desse alvoroço todo quando o mundo, por diversas vezes, viu a Cleópatra sendo interpretada por uma atriz branca. Até em "Roma" (seriado da HBO), que a coloca como herança de Alexandria. E mais: alguém se lembra de "A Cabana do Pai Tomás", a primeira novela com negros protagonistas, na qual o personagem principal era branco, embora sua pele tenha recebido tinta preta? A memória é uma coisa que, se não acionamos, acaba ficando no esquecimento. Só estou dizendo isso porque não é de hoje que Orixás, ícones negros, personalidades da cultura africana negra ou de outros matizes são paulatinamente substituídos por atores brancos. Veja em "Caminho das Índias": os índios são ou não africanos? Não compõem a África negra, mas suas peles não são claras como a da Juliana Paes. Veja em "O Clone": os árabes são ou não africanos? Também podem não compor a África negra, mas não têm a cor da pele da Giovanna Antonelli ou de qualquer outro ator branco que pegou os personagens. (Errei: a Índia não está na África. Na verdade, a questão é: os indianos são brancos como são constantemente retratados pela televisão.)
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19/1/2011 | | |
10h07min | |
| Túlio, em relação à Cleópatra ou aos indianos, não existe uma tensão histórica comparável à que existe entre negros e "brancos", então é difícil colocar essas duas coisas no mesmo páreo. Não é uma exigência de filiação étnica estrita, como você quer (que africanos representem africanos, que árabes representem árabes). Mas é claro que podemos pensar em como essas, por assim dizer, minorias aparecem na mídia. Quando o canal do governo coloca uma nordestina para apresentar um jornal, trazendo outro sotaque e outra geografia que não o do sudeste, isso também é um ato político importante. Seria relevante se "Caminho das Índias" colocasse indianos como indianos?
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21/1/2011 | | |
17h09min | |
| Olá, Caro Duanne. Para quem sabe ler, meia palavra basta. Cleópatra era negra? O ato político do apagamento desta memória de um negro, ao inserir um branco neste papel, afetou os negros? Afetou os negros brasileiros o ato político de opacização de uma civilização historicamente superior à Grega e à Romana, como foi a Egípcia? Estou falando, sim, de política. Mas da política da boa vizinhança. Estou dizendo que já fizeram com o negro e continuam fazendo com o indiano, o árabe, o negro brasileiro, e fazem todos os dias com os nordestinos (ao opacizá-los conforme sua explanação). Mas agora me pergunto: por que a dor é maior ao se tratar da cultura nórdica? Ou você também concorda com os antropologistas sociais do século XVIII, XIX e até parte do XX, de que a cultura deles e a "raça" deles é superior? Acredito que a questão é mais complexa do que parece, e que já passou da hora de evitarmos pisar nesses ovos, senão nunca comeremos esse omelete, não é mesmo?
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23/1/2011 | | |
15h55min | |
| Túlio, não sei bem se entendi o que você quis dizer. Não é uma questão da dor ser maior porque se trata da cultura nórdica, ou de supor que essa cultura seja superior; estamos avaliando o caso do "Thor" porque é um caso recente, o mais recente de uma série de outros imbróglios que refletem a questão racial. Não sei por que insiste na Cleopátra ou na civilização egípcia; insisto: a tensão entre "brancos" e negros é totalmente diferente da que há em relação a indianos e egípcios. Hollywood tem mesmo motivações comerciais para retratar indianos. Você também pergunta: esse ato afetou os negros? A ideia é que sim, que excluí-los do universo midiático cria problemas em cadeia. Você discorda?
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24/1/2011 | | |
11h08min | |
| Vou entrar, nessa discussão, com a seguinte regra, bem conhecida. A cor branca é a matiz de todas as outras, misturadas. Portanto, somos descendentes das "naturais". E, nesse caso, seremos a "maioria" em pouco tempo, no mundo. Assim se fará uma única "raça". Quem mandou estipular que somos diferentes por causa da cor? Por ela, também, será assim no futuro. E pode ser qualquer uma, não importa mesmo. E vamos parar de discutir exterior e nos "consolar" com a verdade. Por dentro e depois de morto, é tudo igual. Não é mesmo uma grande "Verdade!!!"? Haja inspiração e provocação. Abraços, Duanne. Bom ter deuses de todas as cores. Assim se forma o arco-íris.
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14/2/2011 | | |
17h57min | |
| Mas Cleopatra não era negra. Era descendente de Ptolomeu, cuja dinastia se perpetuou por casamentos entre irmãos e irmãs. Até o nome dela é um nome grego, um dos mais antigos. Nenhuma violência é feita contra a memória de povo algum ao retratá-la como branca. Loirinha como foi retratada na HBO ela provavelmente não era; mas nesse caso específico não houve "ato político do apagamento da memória de um negro".
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