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Segunda-feira,
22/8/2011
Caipiras sobre Rodas
Daniel Bushatsky
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Ele aceitou o convite para a entrevista. Chegou ao hotel na hora, reclamou do trânsito e do manobrista e, entre uma abastecida e uma calibrada, relaxou para conversarmos.
Bonito, charmoso e com sobrenome de classe, despertava olhares por onde passava. Cabeças viravam para observar, talvez com um pouco de exagero e indiscrição, aquela obra prima.
A alta sociedade concorda: quando chega a uma festa, logo é o mais cobiçado! As pessoas fazem fila para falar com ele e as mulheres não disfarçam, comentam entre elas sobre aquele partidão.
Não é para menos. A sua potência e virilidade lhe dão fama e são suficientes para deixar a maioria dos concorrentes para trás. Na corrida, com aquele corpo atlético e bem desenhado, sempre é o primeiro.
As roupas então, nem se fala.... couro de primeira qualidade. Costura fina. Design alemão. Tudo feito especialmente para ele conquistar o primeiro lugar. Ele foi criado para isto, não é?
Seu irmão, vale o parênteses, é o contrário. Foi criado para o Funk e o Forró. Faz parte das massas e não se destaca, nem se investir muito no visual. Apesar dos comentários não houve discriminação pelo pai, Ferdinand, de origem aristocrática e elitizada. Os irmãos fazem uma grande dupla: complementam um ao outro, se dão bem! Em outra oportunidade convidaremos o irmão, não menos interessante, para outra entrevista.
CR: Primeiramente, muito obrigado por receber a revista "Caipiras sobre Rodas" para esta entrevista. Como é lidar com o assédio?
911 Carrera: Desde a criação do primeiro 911, nós fomos treinados para lidar com o assédio dos fãs e o ciúme das outras famílias.
CR: Como assim outras famílias? Que tipo de problemas?
911 Carrera: A Ferrari, por exemplo, ou o Aston Martin estão sempre tentando copiar a gente ou diminuir os nossos novos membros, como o Boxer (Porsche que recebeu inúmeras críticas quando nasceu). Isto acaba criando um clima de competitividade ruim.
CR: Sabemos que apesar da sua origem alemã, você conhece o mundo, é verdade?
911 Carrera: Sim. Tive a oportunidade de rodar em vários países do mundo. Tenho primos do Japão ao Brasil.?
CR: Qual é o melhor país para andar?
911 Carrera: Na Alemanha com as autobans (estradas sem limites de velocidade) somadas a motoristas responsáveis, temos um belo desempenho.
CR: E os Estados Unidos, que é onde se concentra a maior parte da sua família?
911 Carrera: As estradas e ruas são bem asfaltadas, e a variedade de modelos de outras famílias, algumas até bem desconhecidas, também impressionam. O problema lá é que não tem divertimento. Tudo muito certinho!
CR: Falando em certinho, você ficou sabendo do acidente de um primo seu em São Paulo? Ele estava em um bairro movimentado a mais de 150 quilômetros por hora e acabou destruindo um membro de uma família emergente coreana.
911 Carrera: Ele foi inconseqüente. Não respeitou as leis do nosso clã, as leis de trânsito e, pior, quase criou uma guerra com a família coreana, que está enviando descendentes para vários lugares do mundo.
CR: Este tipo de acidente só acontece no Brasil?
911 Carrera: Acidentes sempre irão ocorrer. O problema é que países como o Brasil não possuem ruas que comportem nossa estirpe. Para piorar, a relação dos brasileiros com a gente beira o fanatismo.
CR: Não entendi...
911 Carrera: O brasileiro diz nos amar. Eu vejo um fanatismo, que acaba se sobrepondo as leis e a razão. Só assim podemos explicar tantos acidentes em tão pouco tempo. Irresponsabilidade e prepotência geram esse fanatismo.
CR: Você acha que nós não temos condição de freqüentar esta elite?
911 Carrera: Nós, os Rovers, os Bens, os Ws (BMW), nos reunimos muito para discutir onde e como mandaremos representantes. Talvez foi precipitado enviar nossos filhos com maior potência para vocês. Teria sido melhor enviar crianças, que poderiam fazer suas trapalhadas, sem grandes conseqüências. É como dizem: as crianças têm um anjo especial para cuidar delas....
CR: Falta cultura?
911 Carrera: Falta educação.
CR: Obrigado pela nossa conversa.
911 Carrera: Obrigado pela oportunidade que a "Caipiras sobre Rodas" me deu para falar sobre nossa família e pedir desculpas pelo nosso primo. Foi um prazer!
Daniel Bushatsky
São Paulo,
22/8/2011
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