Primeiros dias de janeiro. Muita gente fica aliviada com o fim do período de festas, e com a volta à rotina. Eu me sinto assim. Por melhores que sejam as comemorações de Natal e Ano Novo, chega uma hora que tira a gente do eixo. No final do ano comemos e bebemos mais do que devíamos, gastamos mais do que temos, somos bons e generosos mais do que estamos acostumados. Não é exagero chegar em janeiro com a vida em estado caótico. Não agüento nem pensar em chester, uva e pêssego. Quero distância de malas, bagagens, aviões, aeroportos. O que mais quero agora é voltar a minha vidinha besta de todos os dias. Que saudades de ter horário para levantar! Que saudades da comida normal, básica, simples. Que saudades do meu peso de antes das festas...
É claro que estou adorando esta volta ao normal porque meu fim de ano foi maravilhoso. Vi minha família, a maioria dos meus amigos, meus ex-cachorros, minha adorada cidade, meus bares, minhas ruas preferidas. Comi e bebi nababescamente. Fui à praia, consegui em Santa Catarina o bronze que João Pessoa nunca me deu. Ganhei presentes e fui até mimada. Ou seja, posso me dar ao luxo de receber a rotina de braços abertos.
Será que mais alguém pensa assim? Faz uns dois ou três finais de ano que tenho o mesmo sentimento, mas só nesse último decidi assumir. Deve ser porque já cumpri – com sucesso! – uma das minhas resoluções de Ano Novo. A outra só não cumpri ainda porque o objeto da resolução por enquanto não deu as caras. Nãnaninanã. Não vou contar o que/quem é! O que importa é que, com o cumprimento da resolução, o novo ano torna-se mais palpável, presente, e dá para tocar a vida com mais entusiasmo.
O bom de começar o ano em paz é ter energia para a arrumação. Arrumação do quê? Da vida, do armário, do guarda-roupa, dos documentos. Faz muito bem, a gente sente-se no controle da situação. O dia ideal para fazer isso é domingo. Se estiver chovendo, então, não tem nem o que pensar. Vocês nem imaginam o que já fiz neste paraibano domingo chuvoso! Desinstalei a antena da DirecTV, que estava há meses sem uso. Fiz isso SOZINHA, sem nenhum homem (infelizmente...) para me ajudar a desparafusar aquele trambolho da parede (aliás, se alguém souber o que a gente faz com essas antenas, por favor me diga!). Também limpei a máquina de lavar roupa POR DENTRO. O quê, você não sabia que tem que limpar? Pois é, precisa, está escrito no manual. Vocês não imaginam como é nojento o reservatório de amaciante quando a máquina fica mais de um ano sem limpeza, como era o caso da minha. Depois de limpar os reservatórios, é preciso colocar água sanitária e ligar a máquina no programa completo. Mas não vá se empolgar e lavar sua máquina sem olhar o manual. Pode ser que na sua o caso seja diferente (caros fabricantes de lavadoras de roupa, mediante pequena taxa de merchandising, na próxima coluna escrevo a marca da minha máquina!). Aproveitei a empolgação para colocar um pôster e instalar uma espécie de castiçal em forma de lampião, ambos na parede, usando instrumentos complexos e perigosos como PREGOS e MARTELO! E para descansar de todos esses trabalhos pesados, organizei meus cartões de visita, as fotos da viagem, as roupas de inverno que ficaram espalhadas para arejar e ainda fiz alguns servicinhos domésticos (argh!!!).
Depois de toda essa arrumação, sinto-me preparada para encarar meu primeiro dia útil do ano. Anseio pela segunda-feira, que vai me pegar descansada, ativa, poderosa, vitaminada! Sou dona da minha vida! Minha máquina de lavar não tem mais os reservatórios sujos e gosmentos! Martelo, pregos e chaves de fenda não são completos estranhos para mim! Sou capaz de discernir quais cartões de visita devo guardar! Minha vida já começa a se organizar nas páginas da agenda! E o mais importante de tudo: minha primeira resolução de Ano Novo foi cumprida! É ou não é motivo para começar bem 2002? Se eu fosse escrever um livro de auto-ajuda, seria mais ou menos algo como O PODER E A CURA DAS RESOLUÇÕES E ARRUMAÇÕES DE ANO NOVO - A FELICIDADE AO SEU ALCANCE.
Sei que uma de minhas colunas já foi útil para uma leitora, que através da descrição que fiz de um casamento tirou idéias para a decoração da sua própria cerimônia. Fiquei satisfeita porque, se além do prazer da leitura o texto ainda consegue agregar algum benefício prático, é aproveitamento em dobro. Existem músicas, filmes, livros, imagens que têm o poder de me levar à ação, mesmo quando não é esse o objetivo (todas as vezes que assisti Flashdance, no dia seguinte me matriculava numa academia de dança...). Sem querer exagerar na pretensão, espero que este texto contribua para despertar em você o entusiasmo para o novo ano, caso ele tenha começado meio apático. Já que a gente tem que botar ordem na vida mesmo, porque não agora? Encare estes primeiros dias de 2002 como uma grande segunda-feira, e tome as rédeas da sua existência!
Desculpem esse estilo Lair Ribeiro, mas depois de tantas tarefas cumpridas com sucesso, esta colunista está impossível! Um Feliz 2002 para todos vocês!
Você já era assim, aos cinco anos de idade, quando ficava doente e precisava tomar injeção. Andava na minha frente, chorando, dizendo que então ia tomar aquela injeção já.
Te conheço melhor agora, mais distante dos meus instintos protetores e tenho inveja desse seu lado.
Beijos
Baggio (para os outros saberem, o pai orgulhoso)
De tão coruja, a mensagem apareceu 3 vezes!
Obrigada, pai, pelo elogio público! Estou orgulhosa e com um pouquinho vergonhada, porque, acreditem, sou tímida!
Ah! Eu odiava tomar injeção!