STOP THE PRESS!
A justiça brasileira, inepta e corrupta, inocentou ambos os assassinos da atriz Daniela Perez, por motivos que dificilmente a razão pode compreender. Seus advogados encontraram brechas num código penal mal elaborado, penso eu, cá de baixo de meu desconhecimento; não entendo nada sobre as minúcias técnicas do assunto, confesso. Nunca padeci deste peculiar interesse que é o Direito, nem sofro desta mórbida vontade de entrar no mundo "legal"; mas sei muito bem quando alguma decisão ultrapassa os limites mínimos do bom senso, que já vêm "de fábrica" - ou deveriam - na grande maioria dos seres humanos. Pessoas que matam outras a tesouradas não poderiam ser liberadas de uma prisão com tão pouco tempo de cadeia, ou melhor - não poderiam ser liberadas com tempo algum de cadeia - mas, acima de tudo, não poderiam ter, em menos de seis meses, ter seu prontuário limpo, como se fossem réus primários. Não são réus primários, ponto - o que o juiz que tomou essa decisão tem a dizer? Realmente gostaria, por mais peculiar que isso possa parecer - como aquele cientista louquinho que estuda excrementos de camelo - de saber o que pensa alguém que inocenta uma pessoa que assassinou de maneira tão brutal outra. A imprensa não ajuda a esclarecer.
pietas aut vanitas?
Qual o porquê deste misterioso “lobby” contra a prisão perpétua, que envolve políticos, advogados, entidades de defesa dos direitos humanos e jornalistas? A grande maioria ignora o assunto, e, quando o aborda, ainda que levemente, o faz com um misto de desprezo e descaso, como se fosse uma idéia disparatada, algo fora de cogitação. É difícil entender, não importa o esforço. Outro dia vi o lombrosiano presidente da OAB, sujeito incapaz de concatenar a frase mais elementar, declarar na imprensa a torto e a direito que era contra a pena perpétua, afirmando que a pena máxima de 30 anos prevista no código penal brasileiro (uma obra-prima de que nos devemos orgulhar, decerto; esse “teto” de 30 anos é um dos maiores absurdos jurídicos que tenho conhecimento na história ocidental) já equivalia a uma prisão perpétua. Não, “doutor”, 30 anos são 30 anos – prisão perpétua é uma vida inteira. Parece que por mais acaciana que a frase soe, ela ainda tem de ser dita para alguns... depois de 30 anos num xilindró fétido, o que a sociedade ganha com a liberação do tal criminoso? De maneira alguma ele conseguirá ter um papel produtivo na sociedade, que fará valer a pena o “perdão” do grave delito que cometeu - apenas ocorrerá o mais provável, que este indivíduo, que uma ou mais vezes já demonstrou ter uma condição moral duvidosa, será solto da prisão praticamente um vegetal, inapto a qualquer atividade lícita, e muito provavelmente incorrerá em delitos e crimes para prover seu sustento. Qual a justificativa para não se isolar uma pessoa assim da sociedade para sempre?
Não encontrei a resposta no discurso de nenhum dos que se opõem à prisão dita perpétua. Pelo contrário, apenas vejo pulhas egocêntricos posando de altruístas, bons samaritanos, como se ao defender o mal elas estivessem automaticamente promovendo o bem.
Além disso, esse limite absurdo de 30 anos dificilmente é cumprido a contento, graças à notória incompetência, ou muitas vezes canalhice, de muitos dos juízes, advogados, e demais responsáveis pelo assunto no país. Criminoso algum acaba cumprindo essa pena ainda que, muito eventualmente, possa ser condenados a ela.
Medidas emergenciais.
Pessoalmente, sou a favor da pena de morte. E vou adiante: numa situação emergencial, como a que vivemos, acredito em soluções emergenciais; por exemplo, execução pública de seqüestradores e assassinos, em plena praça da Sé, com transmissão em cadeia nacional no horário nobre. Sempre que externo tal idéia, mentes mais infantis se espantam com a “crueldade” - como se condenar alguém ao Carandiru fosse menos cruel - enquanto outros, mais pedantes, avisam-me das impossibilidades jurídicas do ato.
Até reconheço, de certa maneira, ousadia e polêmica nesta opinião, e a sua inviabilidade neste desprezível mundo bundão em que vivemos, tão alheio a mim, onde direitos dos criminosos têm mais defensores que os direitos da sociedade. Não é agradável ter de matar outros seres humanos, mas em situações extremas, como guerras, é a única solução – o mal menor. Há de se escolher entre certas vidas; algumas delas valem sim, mais do que as outras. Alguém que seqüestra outra pessoa e a metralha na frente de sua casa não pode valer o mesmo que eu, ou você leitor.
Mas existem pessoas que insistem no contrário. Pegue-se o caso dos EUA, por exemplo, onde o governo tem encontrado sistemática oposição ao tratamento que tem dispensado aos integrantes da Al-Qaeda na base de Guantanamo – vinda da imprensa, como sempre (de onde virá esse eterno cacoete esquerdista das redações?) e de organizações e entidades em sua maioria européias, como não podia deixar de ser (não chego ao extremo de dizer, como Nelson Rodrigues, que a Europa é uma burrice aparelhada de museus – mas que de vez em quando dá vontade, dá...). Não é exagero – li em algum jornal inglês uma mulher afirmar que com este tratamento hediondo, ou seja, uma roupa especial, algemas, vendas, máscaras e botas especiais que evitem o carregamento de quaisquer tipos de armas de fogo, ou explosivos, os pobres prisioneirinhos poderiam ter crises nervosas e sonhos desagradáveis.... quer dizer, os americanos prendem e retiram de circulação pessoas prontas a se explodir em nome de Alá (ou qualquer outra causa que inventem ser justa), levando consigo quem estiver ao lado, e ainda têm de tomar cuidado para não lhes causar “pesadelos”? Escapa, sinceramente, à minha compreensão.
Engajamento compulsório
Vários meios de comunicação brasileiros vêm noticiando, desde os recentes assassinatos de prefeitos no estado de São Paulo, a existência de uma certa FARB, que viria ameaçando políticos do Partido dos Trabalhadores. Esta seria uma organização de esquerda que, frustrada pela guinada que o PT vem dando para longe da esquerda radical, teria assumido a autoria destes ataques recentes. Claramente não são eles mesmo os autores destes assassinatos - me parecem muito mais um bando de gatos pingados (muitos deles alunos e dejetos universitários, aposto) se aproveitando da notoriedade que a situação vem obtendo. Mas, nos últimos dois dias, muitos órgãos de imprensa vêm noticiando, com uma certeza que escapa o bom senso, que essa tal organização seria na verdade formada por pessoas da “extrema direita” interessadas em acabar com o crescimento do PT. Quem o afirma? Os próprios políticos do partido, citados como fontes indiscutíveis imbuídas do mais nobre caráter e da mais “notória” e sacrossanta veracidade. Entre eles José Dirceu, que foi com Lula ao Planalto pedir ao Fernando Henrique uma investigação séria e uma punição severa aos assassinos do prefeito de Santo André... acho engraçado alguém que foi libertado da prisão por um seqüestrador pedir punições maiores a outro – que é isso, companheiro?
Tenho notado essa tendência cada vez mais forte e visível no jornalismo feito no Brasil de engajamento, em especial no que diz respeito à defesa de “valores” e personalidades ligadas à esquerda. O curioso é que isso ocorre simultaneamente a um crescimento nos clamores por imparcialidade – há uma insistência imensa nas faculdades de jornalismo, e mesmo nas redações, por uma suposta isenção que o jornalista deve ter, por essa tal da “imparcialidade”. Tenho uma novidade pra vocês, rapazes: essa imparcialidade NÃO existe. A partir do momento em que você se predispõe a sentar em frente de uma tela de computador e escrever sobre algo, é inevitável que você tome alguma postura. Tentando mudar, artificialmente, essa qualidade, ou falta disso, no ser humano, transformando a todos em frios robôs, dificilmente é obtida qualquer imparcialidade; ao contrário, o mais provável é que isso leve ao estado das coisas que temos por aí hoje: campanhas coordenadas (inconscientes ou não), orquestradas visando um ou mais alvos em particular, e mascaradas sob esta suposta isenção de valores – o que só acentua a intensidade desta orquestração. O que é feito em segredo é sempre mais perigoso.
Seria conveniente também lembrar que existe uma diferença muito grande entre uma matéria jornalística opinativa, crítica, e uma informativa – algo que ainda parece ser amplamente desconhecido por aqui. Peguemos por exemplo um jornal sério como o New York Times; será impossível, ou pelo menos muito difícil, encontrar alguma agenda ideológica nas suas reportagens, nas suas matérias “comuns”, por assim dizer – há ali simplesmente informação em estado bruto (algo que por sinal fazem muito, mas muito melhor do que seus counterparts tupiniquins). Já os colunistas e articulistas ficam encarregados das opiniões, críticas e ressalvas em geral. Aqui fez-se o contrário – as matérias gerais ficam inundadas de subentendidos, mensagens interlineares, enquanto os articulistas se dizem imparciais e se esforçam por demonstrar esta tão utópica e inatingível isenção. É uma inversão de valores perigosa, e assustadora – e pode incorrer no que mencionei antes, o equivalente jornalístico do terrorismo.
pois é...
"Não há melhor maneira de exercitar a imaginação do que estudar direito. Nenhum poeta jamais interpretou a natureza com tanta liberdade quanto um jurista interpreta a verdade."
- Jean Giraudoux
Calma lá!
"Primeira coisa a fazer: matar todos os advogados."
- Good Ol' Bill Shakespeare
Engraçado, sempre pensei as mesmas coisas... Parece que a voz do Boris Casoy, dos babacas dos "direitos humanos" e dos jornalistas da Rede Globo são a voz do povo brasileiro, condenando qualquer "tapinha" dado em bandido. Não sei porque os veículos de comunicação e os malditos políticos não representam o real sentimento de mais de 50% da população: PENA DE MORTE JÁ!
Como você bem explicou, parece óbvio que um bandido vale muito menos que um cidadão honesto, ele fez essa escolha sim, por mais difícil que a vida tenha sido lhe apresentada. A hipocrisia de alguns coitados idiotas é o que nos faz enfrentar essa situação que NUNCA terá fim. NUNCA! Pois somos um país cheio de covardes, bundões e babacas.
Rafael
Não sou advogado e meu conhecimento de Direito é muito pouco. Mas, deste pouco que eu sei, fico com a impressão que quem escreveu o código penal brasileiro escreveu pensando em si e não nos criminosos, ou seja, pensando em quais direitos eles gostariam de ter se fossem presos. Ou melhor, talvez tenham pedido contribuições a alguma Associação de Mães de Presidiários. É como eu consigo explicar tanta benevolência com os criminosos.
Saudações.
Antônio Lacerda
São Paulo - SP
Rafael e leitores: leiam a coluna que o João Mellão publicou hoje (25/01) no Estado de São Paulo. Ele conta que aqui em São Paulo se chegou ao cúmulo de criar comissões de detentos para co-gerir os presídios! É mole? No Brasil a justiça tarda, mas não chega, como já disse alguém.
Ah, não estamos sozinhos, povo brasileiro!!! Existe sim um jornalista que parece não viver apenas trancafiado em sua redação tentando ser um bom menino e um defensor dos ''direitos humanos''! Muito Obrigado Sr. Azevedo por esse artigo que vem consolar os brasileiros que já não confiam na polícia, no governo, na justiça e já estavam começando a não mais acreditar em nossa tão culta imprensa.