De novo, guerra. De novo, a guerra vira uma historinha simplista e maniqueísta, sem memória, sem análise profunda, sem coragem, encaixando seus personagens no esquema raso e estereotipado do "vilão" e da "vítima", do certo e do errado. A imprensa, a ONU, a Igreja, a opinião pública, os abaixo-assinados eletrônicos, os militantes políticos de esquerda, os militantes pacifistas supostamente apolíticos, os democratas moderados, os acadêmicos, os camponeses, e agora até mesmo os neo-liberais: todos são coniventes com a versão unânime e dominante dos fatos, produzida e reproduzida no vídeo e nas conversas de bar.
Todo mundo - o âncora e veterano repórter de guerra Peter Jennings, o secretário-geral da ONU, o presidente dos Estados Unidos, e o bando de universitários engajados ao meu redor - todo mundo crê possuir o saber claro e certeiro sobre o atual esquema de forças no Oriente Médio. É óbvio. A tevê mostra os tanques esmigalhando carros em ruas empoeiradas; os corpos feridos, estendidos ou mortos dos palestinos; suas mulheres chorando sob os véus, mãos ao céu; os helicópteros lançando bombas à noite, fogo e fumaça. A tevê mostra os soldados israelenses, bruscos, grossos, mandando jornalistas embora e brandindo rifles. George W. Bush dá bronca em Ariel Sharon. Tony Blair apóia. Colin Powell desembarca em Israel para ver se o castigo será obedecido. O papa condena a ofensiva israelense. Kofi Annan pede que Israel pare imediamente suas agressões.
Raciocínio pueril
Todo mundo crê saber com certeza o que se deve fazer, e como se deve julgar: há uma equação, seus lados são mutuamente exclusivos; criticar um dos elementos é aliar-se ao outro, o oponente. O que ninguém parece perceber é que, enquanto o conflito for tratado como uma oposição dualista, não importa qual dos lados se escolha para defender: a relação de poder, a guerra, a opressão irão se perpetuar. É preciso desfazer a equação por completo. É preciso abandonar o raciocínio pueril do "quem começou".
Para evitar conclusões precipitadas, declaro aqui que sou contra a política agressiva, opressora e violenta de Israel, não apenas nesta guerra (nestes tempos de reducionismo inflamado, é preciso ser didática). Mas condenar a política israelense não significa necessariamente defender os palestinos, como tem acontecido nas representações da imprensa e nas figurações da opinião pública. Essa postura ignora dois aspectos fundamentais. Em primeiro lugar, ignora os antecedentes do conflito, os atos pelos quais os palestinos são responsáveis, e a agenda política palestina de modo geral. Em segundo lugar, ignora o complexo jogo de forças no Oriente Médio, em que há muitos outros países e, dentro de cada país, várias organizações cujos interesses são múltiplos, contraditórios e cambiantes.
Sofás de ponta-cabeça
A vitimização dos palestinos na mídia ocidental, em especial aqui nos Estados Unidos, pode ser considerada novidade. A tevê tem bombardeado imagens da destruição de cidades palestinas, incluindo detalhes nos interiores das casas revistadas pelos israelenses - sofás de ponta-cabeça, armários revirados -
acompanhados pela narração que "explica" a mãe chorando, as crianças e idosos famintos, os combatentes mortos, a proibição da passagem de ambulâncias.
Em contraposição, os ataques suicidas que motivaram a intensificação da ofensiva israelense, quando noticiados nas últimas semanas, ganharam imagens descarnadas e impessoais: um salão de jantar em ruínas, uma equipe de pronto-socorro mostrada de relance. Desnecessário dizer que esses ataques quase não são mencionados agora. Após sua extensa reportagem sobre a destruição nos territórios palestinos, a rede ABC reserva aos civis israelenses apenas uma frase, a última: "Por aqui, os israelenses não estão preocupados com a reprovação internacional. Desde que a ofensiva começou, os ataques suicidas à população pararam, e, para eles, é isso o que importa".
O repórter disse a frase contra o pano-de-fundo de uma pacífica Jerusalém à noite, com entonação de reprovação. É como se a segurança interna não fosse um direito legítimo dos israelenses, como se houvesse algo de torpe no alívio dos cidadãos. As mesmas autoridades que pedem o recuo de Israel não fizeram nenhum apelo semelhante aos terroristas palestinos. O subtexto parece dizer que tanques e helicópteros são "errados", mas ataques suicidas, snipers e armadilhas (como a que matou treze israelenses ontem, em Jenin) são válidos.
Barril de pólvora e cegueira
O caso é que o alarme internacional em torno do conflito, motivado por seu acirramento e pelo envolvimento de países vizinhos (o Egito, por exemplo, cortou relações diplomáticas com Israel), aparece como inocente "defesa da paz", entendida como valor abstrato, universal, quase religioso. Por que a comunidade internacional não se manifestou antes, quando o barril de pólvora ainda não tinha explodido? Esse período de hostilidades entre israelenses e palestinos já dura dezoito meses, mas, ao que parece, suas manifestações não eram violentas o bastante para ganhar manchetes e sessões da ONU.
Aí está o erro - a cegueira para as provocações mútuas e continuadas, a opressão e o terror rotineiros: a presença dos colonos israelenses (muitos dos quais são imigrantes norte-americanos) em territórios palestinos; os ataques suicidas em ônibus, bares e mercados de Israel. É fácil condenar a violência berrante dos tanques, mas eles não são a causa do problema. Teria sido muito mais útil pressionar Israel a retirar seus assentamentos (em vez de expandi-los), que violam os termos do acordo de paz e buscam ocupar forçadamente terras palestinas com a tática do fato consumado. Teria sido mais útil, e mais fácil.
Assim como teria sido mais útil cobrar de Iasser Arafat mais rigor e eficiência no combate ao terrorismo palestino, que ele condena publicamente, mas se diz impotente para controlar. Se ele está mentindo, se é de fato conivente ou apenas incompetente, é outra questão independentemente disso, a "comunidade internacional" teria o direito de exigir, como condição para o processo de paz, que a Autoridade Palestina se responsabilizasse pela conduta terrorista de seus membros. Mas isso implicaria, por coerência, exigir o mesmo de estados estabelecidos como o Líbano, que abriga o grupo terrorista Hezbollah.
Mas, antes da deflagração da guerra, as notícias de atos violentos, narradas com frieza e distanciamento, expressavam essa espécie de indiferença em relação ao Oriente Médio. Por um lado, é como se a sucessão de ataques tivesse acostumado a opinião pública à violência da região, que, banalizada, virou notícia velha, não-notícia. Mas essa indiferença é fabricada, conveniente, confortável. Ninguém quer mexer no vespeiro - é melhor deixar que eles se matem, contanto que o suprimento de petróleo mundial seja garantido. E, apesar das mortes e tensão, enquanto formalmente podia se falar em "paz", na prática garantia-se a estabilidade produtiva.
Comparação espúria
A demonização israelense também é problemática por assumir que todos os israelenses concordam com a política de seu governo. Como observou o jornal The Chicago Tribune, a imprensa israelense tem sido mais crítica do que a imprensa internacional em relação à ofensiva militar liderada por Sharon. Há um movimento no exército israelense de "desertores conscientes", que se recusam a servir por discordar da política opressiva de seu país. Grupos de israelenses organizaram passeatas de oposição - mas as câmeras se concentraram nos soldados que reprimiram os manifestantes, mais uma vez reforçando sua imagem malévola, em vez de dar atenção aos opositores.
Justiça seja feita, essa demonização é recente nos Estados Unidos, o maior aliado político e militar de Israel (oficialmente e extra-oficialmente). Mas essa visão, sempre acompanhada da representação dos palestinos como povo oprimido (sem vítima não há vilão), não é novidade em círculos intelectuais ou politizados, judeus e não-judeus, pacifistas ou radicais. É freqüente a comparação da situação dos palestinos à dos judeus durante o Nazismo, aguçada certamente pela ironia histórica que fez das vítimas opressores, implicitamente comparando Israel à Alemanha nazista.
Essa idéia não é de hoje, como o demonstra um evento realizado em Berlim, em 1983, que debateu os cinqüenta anos da tomada de poder da Alemanha pelos nazistas. O evento, antinazista, contou com sobreviventes de campos de concentração e heróis da resistência. A guitarrista de um trio de música folclórica que apresentava canções em iídiche dedicou a última canção, escrita em um gueto polonês em 1942, como uma "prece para o povo palestino, e para a liberdade em geral". A dedicatória ignora solenemente o fato de que alguns dos grupos mais poderosos entre os palestinos, como a organização terrorista Hamas, não estão interessados em "liberdade em geral", muito menos em convivência pacífica com os israelenses (daí também a dificuldade de Iasser Arafat em controlar o terrorismo palestino).
O episódio foi relatado pela filósofa norte-americana Susan Neiman em sua autobiografia Slow Fire. Neiman qualificou a dedicatória como "Iluminismo fácil". Fácil, para consumo de massas, não-problemático, indolor e de rápida aplicação. Pois só mesmo a ansiedade por respostas imediatas e definidas leva à comparação de dois grupos historicamente tão distintos quanto palestinos no fim do século 20 e judeus durante o Holocausto. É preciso ignorar todas as especificidades de tempo, geografia, política, sociedade, cultura, religião, interesses internacionais e nacionais, além da organização e motivações de cada um desses grupos, para usá-los como variáveis intercambiáveis de uma mesma equação. Que, para começo de conversa, nem é a mesma equação.
Pacifismo desinteressado?
Nesse redemoinho de emoção, e pouca reflexão, poucos parecem ligar o interesse intenso, apressado e unânime da "comunidade internacional" ao fato de que o suprimento de petróleo mundial está em jogo e já está sendo usado como arma política por países do Oriente Médio. Saddam Husseim cortou a exportação de petróleo e fez o preço do barril subir segundo analistas, menos pelo impacto do Iraque (que produz apenas 4% do petróleo mundial) do que pelo medo de que os demais países produtores de petróleo sigam seu exemplo. Em outras palavras, o interesse "pacifista" na região é também econômico.
Além disso, para negociar a sua ofensiva no Afeganistão - uma ação militar classificada vagamente como "guerra contra o terrorismo" e movida, na prática, contra um país que, como entidade nacional, não fez agressões -, os Estados Unidos tiveram de pisar sobre ovos nos últimos seis meses, tentando equilibrar o espinhoso jogo de forças da região e conquistar simpatias em todos os lados. No ano passado, quando as hostilidades entre Israel e os palestinos aumentaram, os Estados Unidos viram-se obrigados pela primeira vez a condenar seu país protegido, para não desagradar o muçulmano Paquistão, base estratégica de suas operações.
O próprio Bush não parece se dar conta de sua contradição, condenando Israel por responder a atos terroristas em seu território nacional. Afinal, foi esse mesmo Bush quem repetiu, após o ataque ao World Trade Center, que iria "caçar e punir os responsáveis" pelo ato de terror nos Estados Unidos.
Prospecção histórica
Para que haja alguma chance de paz no futuro da região, é preciso que se enfrentem com coragem as suas complicações passadas e presentes. É preciso reconhecer que boa parte dos palestinos, assim como vários países ao redor, são contrários à presença de Israel na região o que vem sendo demonstrado, ao longo dos anos, em inúmeros ataques terroristas até mesmo quando a política israelense se abre para negociações de paz (foi o que ocorreu, aliás, neste último "Massacre de Pessach").
É preciso reconhecer que muitos israelenses também são hostis ao processo de paz, como os colonos assentados nos territórios palestinos e aquele lamentável personagem, Yigal Amir, que assassinou Yitzhak Rabin em 1995, quando a paz na região não parecia tão distante. É necessário condenar os assentamentos israelenses como opressão silenciosa, mas não menos violenta; mas é necessário também condenar a proteção oficial e não-oficial de vários países a grupos terroristas.
E não se pode falar da região sem considerar seu passado recente e não-tão-recente, a desastrosa ocupação britânica, e o mito mentiroso de que a Grã-Bretanha "deu" o Estado de Israel aos judeus por sentimento de culpa diante do Holocausto. Entre 1945 e 1948, a Inglaterra ainda estava atirando em judeus que tentavam imigrar para a região clandestinamente, pois os britânicos haviam imposto um estrito limite ao número de judeus que podiam imigrar legalmente para a Palestina.
Foi graças a lutas, pressão e atos terroristas, além do apoio decisivo dos Estados Unidos, que os militantes sionistas conseguiram fundar o Estado israelense. Devemos, portanto, receber com ceticismo as palavras de Tony Blair, que, em apoio a Bush, disse que "Israel levou a sério a recomendação do presidente norte-americano". Pegando carona na manifestação do norte-americano, Blair se eximiu da tarefa de fazer seu próprio pronunciamento, e também escapou de ter de reconhecer a responsabilidade de seu próprio país sobre a bagunça da região.
Determinismo fatalista
Também não é solução entregar ao determinismo fatalista o destino do Oriente Médio, como se os seus povos estivessem fadados a se engalfinhar em lutas sem fim - a idéia de que há algo fundamentalmente sanguinário e autodestrutivo nas populações dessa área. Tudo o que tem sido dito a respeito do Taliban - que a opressão sócio-econômica da maioria da população, aliada à censura e à doutrinação religiosa e ideológica, são terreno fértil para a mentalidade suicida e beligerante de seus "soldados" - é válido para os demais países da área.
Esse ponto é demonstrado com clareza pelo excelente documentário Um Dia em Setembro, sobre o atentado aos atletas israelenses nas Olimpíadas de Munique, em 1972. Um dos terroristas narra sua infância em campos de refugiados palestinos - favelas em terra estrangeira, em que, além de miseráveis, os refugiados sofrem também a discriminação nacional em países cujas sociedades resistem à sua integração. O terrorista conta ter crescido ouvindo Israel ser apontado como culpado por sua situação miserável (explicação simplista, que ignora tanto a opressão da elite palestina como a cerrada rejeição por parte dos demais países árabes). Diante dessa miséria que parece não ter fim, explodir o próprio corpo não parece tão ruim.
Os conflitos no Oriente Médio têm motivações e origens em circunstâncias específicas, que incluem as condições materiais presentes, as relações políticas e econômicas de diversos grupos sociais e nacionais, além de uma complicada herança histórica, temperada por mitologias religiosas e culturais. Não há solução simples ou imediata. A retirada das tropas israelenses, ainda que necessária (antes que a região toda vá para o buraco), não vai resolver os conflitos locais. Como o próprio Powell observou, ainda haverá ataques suicidas, e o recuo de Israel será apenas o início da negociação do processo de paz. Nenhum dos lados é inocente, mas nenhum dos lados está condenado eternamente.
Para quem se interessa
Um Dia em Setembro (Ein Tag im September, Kevin Mcdonald, Alemanha, 1999) - Documentário
Neiman, Susan. Slow Fire - Jewish Notes in Berlin. Nova York: Schocken Books, 1992
Daniela, teu texto pareceu-me razoavelmente equilibrado , faltou contudo um posicionamento mais claro , o relativismo q faz com q não exista “razão” sempre favorece o opressor.
Toda a aparente complexidade da situação é , a meu ver , falaciosa. A situação em sua essência é bastante simples . Nada de muito novo ocorre na região. A palavra chave é colonização. Tudo se resume a 2 grandes arbitrariedades:primeiro da ONU contra a comunidade árabe e segundo de Israel contra os palestinos. Por mais q nós ocidentais queiramos tergiversar, a ONU simplesmente não tinha o direito de expropriar 78% da palestina e entregar aos judeus. Isso só foi posível devidoa ótica colonialista ainda vigente , se bem q já ferida de morte, à época. Imaginar q algum dia os árabes vão “se conformar” com isso é rematada tolice. Foi um ato colonialista, e só pela força será mantido. Em essência: uma arbitrariedade. Inútil tentar justificar, só dá para explicar.
No entanto isso hojé já é história. Depois de tentarem inutilmente opor-se pela força, a meu ver legítimamente, contra a 1a arbitrariedade, os arábes deram-se por vencidos. Não tem outra opção, são a parte mais fraca. Sempre foi assim (escrevo esse texto em território Tupinambá, conquistados pelos meus manes da mesma forma). Os árabes já ofereceram a aceitação do “status quo” definido pela 1a arbitrariedade, a da ONU. Renderam-se finalmente. A Segunda arbitrariedade, essa extemporânea e “fora de moda”, cometeu o estado judeu tentando colonizar os 22% q sobraram aos palestinos. Compreendo perfeitamente a ocupação militar da Cisjordania, quando da tentativa árabe de retomar pela força suas terras (como compreendendo, e acho razoável, a própria tentativa árabe em si). Assim sempre foram as guerras de definição de território. Israel tinha mesmo q ocupar a Cisjordania e lá permanecer até atingir seus objetivos “legais”.
Agora, tentar colonizar as terras q ocupou para se defender da justa tentativa dos ex-donos de “joga-los ao mar” é q é o “x” do problema. Foi aí, quando começou a “colonizar a Cisjordania” é q Israel cometeu o crime q ainda hoje a pôe “fora da lei”. Em resumo, a primeira arbitrariedade já está consolidada, é história. A segunda, terá q esperar os mesmo 50 anos da primeira para se legitimar. No momento ainda “não é história”. Na lógica do 3o milênio Israel está errado!
Como a comunidade árabe já desistiu de usar a força militar, cabe aos palestinos resistir a seu modo , com pedras e essa pseudo novidade q tem até tradução em japones: Kamikase. Ou render-se. Nada de novo entre o céu e a terra. Fosse ha 100 anos e a extrema direita judia já teria “jogado os palestinos prá lá do Jordão”, q é sua politica oficial e assumida.
É fácil Israel “ficar com a razão”. Basta propor devolver 100% do q não é seu ao preço dos palestinos acatarem a 1a arbitrariedade ONU (acho q eles topam). Talvez não mudasse nada “de fato”, mas mudaria “de direito”. Compreendo q só proponham devolver 95%, pois teriam q “ matar os seus proprios kamikases” (literalmente) e não existe clima político para isso no momento. Mas aí é “problema deles”.Estamos no 3o milênio. Colonização agora só no espaço sideral. Eles estão errados!
Parabéns, Daniela. Mais uma vez admiro sua sensatez e inteligência e a forma brilhante com que você as expressa. Apenas uma ressalva: você diz que o Afeganistão, como "entidade nacional", não cometeu agressões a outros países. Well, na minha modesta opinião, financiar e proteger grupos terroristas é evidentemente uma agressão. Um beijo, Fabio.
Cara Daniela
O seu artigo é tão abrangente que para comenta-lo seria necessário outro. Parabéns, a sua visão do conflito é bem equilibrada e imagino como você se sente aí em Rochester com este ambiente como você descreve. Aqui no Brasil também o clima é mais ou menos igual. Lamentavelmente nosso Presidente fez declarações muito graves ontem. Aonde? Em Foz do Iguaçú, conhecido reduto de Palestinos radicais nos três lados da fronteira. Inclusive os Serviços Secretos Argentinos descobriram que o ataque à Sinagoga em Buenos Aires foi areuitetado lá e delá sairam os terroristas, avisaram ao Brasil que fez o que? Rigorosamente nada! O nosso Chanceler declarou, contra todas as normas diplomáticas, que o povo israelense não merece Sharon! Ao que eu saiba, só eu protestei em carta ao Globo, que a redação mutilou mas ao menos o esencial saiu. O título do seu artigo é 'iluminante' pois é disto mesmo que se trata: ninguém tem idéia da história recente, muito menos da antiga, daquela região. É de irritar ver como não se consegue mostrar nada diferente.
Comparar Israel com os Nazistas é uma ironia de humor negro da pior espécie, um escárnio contra todos os que pereceram sem poder esboçar um gesto de protesto.
Para finalizar, acho que a história conturbada da região deve ser introduzida e pretendo faze-lo mas isto não modificará nada. Combater o 'iluminismo' fácilmente consumivel deste tipo é quase impossivel. Mas a repercussão que eu tive ao meu artigo de ontem aqui no Digestivo me animou, muitas pessoas estão ávidas de luz verdadeira e nisto você está de parabéns. Seguimos?
Um grande abraço do Heitor
Daniela
Eu fiquei muito feliz de ler o que escrevestes , pois tenho notado uma pequena reaçao das pessoas em relaçao ao agora evidente odio a existencia de Israel.É impressionante como tanta gente se sente bem de finalmente poder se extrebuchar de falar mal de Israel sem ter medo de ser politicamente incorreto.É um momento esquisito, mas certamente artigos como o teu sao fundamentais no minimo para dois tipos de pessoas:os que querem refletir sobre nossa condiçao precaria e instavel de civilizados e para aqueles que , como pude ver pelos comentarios ao seu texto, se sentem bem em exibir finalmente o odio que sempre sentiram aos judeus.Fique com um abraço meu e continue escrevendo, pois esta cada vez melhor.Jacques
Caro Jacques, como fui eu o único a criticar a posição de Israel nesse espaço, naturalmente coloquei a carapuça q vc lançou na tela.
Minhas posições são nítidas e não envolvem ódio nenhum a Israel ou a sua existência. Pensei ter sido bem claro: discutir a existência de Israel é, hoje, tolice e falta de visão histórica. Naturalmente q isso vale para mim, vc e qq um q não seja árabe. Eles tem e continuarão a ter o direito de sonhar em um dia poderem "joga-los ao mar". Foi um ato espúrio(pelo ótica atual!) a 1a arbitrariedade da ONU e só poderá ser mantida "manu militatri". Contudo assinaria ,hoje, embaixo da assinatura de Oswaldo Aranha. Já é história, "rien a faire" .
Agora, condeno fortemente, com todas as forças q estiverem a minha disposição, a tentativa extemporânea, anacrônica e , em meu entender fadada ao insucesso, da direita israelense de colonizar terras alheias em pleno século XXI.Insisto ser "rematada tolice" pensar diferente e desafio qq um a provar o contrário.
Se apoia essa colonização, ou se pensa como extrema direita deles, que lugar de palestino é "pra lá do Jordão", ao menos tenha o brio de afirmar isso abertamente e defender sua posição, como eles o fazem (vais acabar tendo de citar a bíblia). Não se esconda atrás do suposto anti-semitismo de qq um q se atreva a acusar Israel de "fora da lei".
Estão errados sim! J'acuse!
Cara Daniela você nao concorda mas ja estava na hora de alguem revelar alguma parcialidade a favor dos palestinos.Se houve algum povo humilhado,escorraçado, espoliado esmagado ante poderes muito maiores, se houveram vozes caladas, gemidos sufocados, destinos perdidos neste seculo que findou essas vozes esses destinos esse povo e o povo palestino.É engraçado voce falar de complô mundial contra Israel um povo que sempre contou com o apoio do ocidente.É curioso voce questionar os papeis de vitima e de vilao como maniqueismo simplista, maniqueismo ou nao os israelences tem tanques,tratores para demolir casas, um eficiente e inescrupuloso serviço secreto,aviões e helicopteros,e mais importante,sao amigos de Roma e de Cesar.Os americanos podem aprovar uma resolução aqui,pressionar Sharon ali mais são e continuarao a ser aliados de israel façca este o que fizer.Em suma, contrariando a sua versão da historia se há alguem desamparado, sem futuro e esperança é povo palestino.
É interessante que para o Sr. jacques não se pode pensar diferente dele sem odiar Israel e ser um anti-semita recalcado que resolveu sair do armario.Criticar Israel é um dever humanitario, um dever moral e um dever intelectual.O que não significa ser incondicionalmente pró-palestino mas entender suas frustracões e desalento.Admitir que a condicão de Israel é muitissimo mais confortavél, e, sobretudo, nao entender por que Daniela Sandler dedica um artigo inteiro para falar das vicissitudes de Israel, um pais forte e bem relacionado, quando é patente que se há alguem em situacao periclitante são os palestinos que um belo dia podem acordar com um trator em sua porta apenas porque alguem resolveu que seria um bom lugar para um kibutz, ou, se mandarem sua filha a escola ela pode morrer despedaçada na rua por um missil cirurgico endereçado a algum carro proximo por que o tal carro conduz um terrorista.
É preciso Wer para crer.Você esta tomado de um simplismo que eu só posso creditar a sua idade. Fique com um abraço, quando tiver mais tempo respondo melhor. Um abraço, Jacques.
Estamos testemunhando nesta lista de discussão o microcosmo da realidade sobre o problema em questão. Dentro de cada perspectiva pessoal adotada justificam-se as atitudes, num plano mais realista, um resolve se explodir no meio de pessoas inocentes outros resolvem humilhar e ameaçar a vida, se é que podemos chamar de vida, de uma legião de pobres coitados. Curioso e ao mesmo tempo aterrorizante, não consigo sofrer com algo que não me diz respeito, longe de minhas origens, de meu país, mas consigo imaginar pedaços de pessoas sendo lançados longe numa explosão, ou uma criança acuada vendo seu pai morrer com tiros sem ao menos poder correr ou gritar. Fatos que justificariam qualquer uma das partes a adotarem posições radicais e unilaterais. E quando me pego a quilômetros de distância lendo todas essas opinões a respeito, encontro um discurso velado e incipiente demonstrando que em outras esferas os lados teriam atitudes semelhantes. Ou seja, fazer sua vontade e opinião valer a qualquer custo. “EU TENHO RAZÃO”!. Não cabe aqui discursos demagógicos ou do tipo “paz e amor”, trata-se de questões muito mais complexas, envolvendo a história e cultura da civilização humana. Há quantos milhares de anos os Hebreus reivindicam aquele pedaço árido de chão? E há quantos milhares de anos os Palestinos povoam a região?
Até o Bush chegar acreditávamos que todas as fronteiras políticas seriam rompidas por força da nova ordem mundial, com isso talvez aboliríamos os preconceitos e diferenças e compartilharíamos das diferenças entre as culturas para distribuir melhor riqueza e desenvolvimento. Tínhamos afinal que reconhecer a vitória da ordem capitalista sobre a Terra. Mas e agora? O ambiente hostil e vingativo reina no nosso planeta favorecendo toda a forma de imposição de força por parte dos EUA e de seus aliados. Que exemplo foi dado para a humanidade...alguém derrubou nossas torres....alguém tem que pagar! Israel copiou o discurso, somou isto a sua utopia cultural e histórica de terra prometida, alimentou a raiva do “vizinho”, que por sua vez deu razão a um exercito de fundamentalistas traficantes e machistas afoitos por guerras e que a qualquer hora explodem uma bomba nuclear na cabeça de inocentes. É isso ai, o teatro está montado, vamos esperar para assistir, afinal é mais confortável criticar a peça, e esquecer que estamos assistindo-a de cima do palco.
Eduardo. Voce esta de parabéns ao abordar um conflito antigo e complexo com a complexidade e insaturação que o tema exige. Simplificaçoes nesse momento só podem atender a necessidades pessoais, as vezes muito distante do tema em questão. Um abraço, Jacques
Caros Jaques e Eduardo
Complicar o q é simples, é uma técnica bastante antiga quando não se encontram argumentos para defender uma tese errada.
Se vc não consegue convencer com seus argumentos, confunda com complexidades.
A outra técnica, também velha como a serra morena, é desqualificar o opositor, para ver se suas teses ficam também desqualificadas por extensão.
O tema em questão é: colonização," manu malitari", da Cisjordânia, contra a aprovação da ONU , de toda a comunidade das nações e de parte da comunidade israelense (inclusive parte da diáspora). Ariel criou mais 34 colônias, além das q já encontrou montadas e a política da direita israelense é essa mesmo: colonizar a Cisjordania. Não dá nem para explicar, é roubo mesmo, a mão armada. Então a saída é imaginar outras intenções de quem crítica ou ve se ele está sem crédito no SPC ou algo equivalente para dizer q seus argumentos não valem.
Já desafiei e acusei, e só recebo de volta insinuações. Não dá para defender em campo aberto a tese da colonização salvo com razões religiosas ou "realpolitic".
Insisto, é tudo muito simples, nada de novo entre o céu e a terra. Meus bisavós fizeram o mesmo com os tupinambás, só q há 500 anos. Israel ainda está no século 19. Larga o osso sharon, acorda, o 3o milênio já surgiu. Cumpra as resoluções da ONU. Não vai dar para conseguir 1% a mais q os 78% da palestina "dados" pela ONU. A palestina será construída nos 22% restantes e se as colônias judaicas não forem desmontadas pelo exèrcito israelense o será pelo americano, por incrível , ou complexo, q possa parecer a quem não quer enxergar.Tiro de canhão é simples, complexo é tentar defende-los.
Caro Pedro
Quanto as colonias ja disse que concordo com voce, mas porque voce insiste em ver isso de forma isolada? Como eu posso ver voce é uma pessoa culta. Porque nao considera o que esta acontecendo agora no contexto muito mais amplo e complexo que vem no minimo desde a criaçao do Estado de Israel? Voce acha que os arabes foram sacaneados com a criçao do Estado de Israel e que agora entao Israel enlouqueceu de vez e que tudo que Israel fez com o apoio da ONU e contra os arabes foi pegar e manter a força territorios e tudo mais?!!Pedro , voce nao percebe a imensa simplificaçao que voce esta fazendo? As coisas nao sao bem assim, elas vem vindo e incluem coisas que eu duvido que voce e eu saibamos. Voce gosta muito de acreditar na agencias de noticias , pois fique atento, voce pode se desiludir um dia. Fique com um abraço e entenda que eu nao quero outra coisa senao manter a questao insaturada e respeitando os fatos conhecidos e desconhecidos, enquanto eu vejo voce e o outros usando!
a questao para mostrar um imenso desejo (por isso me pareceu muito imaturo) de saber tudo e ter certezas.Um abraço, Jacques.
JS
Caro Jaques
Já te respondi particularmente, mas não sabia q esse texto constava aqui do digestivo. Só para não deixar em branco repito.
A invasão da Cisjordânia foi um fato militar válido e civilizado. Foi uma resposta ao inconformismo árabe (q me parece meridianamemte compreensível) e q apelou à força.
Já a montagem de colônias, viabilizadas por essa invasão é um fato espúrio. É uma evidente estratégia para "roubar" o resto da palestina. Só o tempo irá demonstrar se a direita israelense é cega aos sinais dos tempos, ou se sou eu q penso q essa fase de conquista de "espaço vital" já passou.
O dia em q Israel oferecer a devolução de 100% da Cisjordânia em troca do reconhecimento de sua existência (incluso o não retorno dos exilados para Israel) então voltaresmo ao q vc chama de "legalismo". Até lá a política judaica, lamento , lembra claramenre a política expansionista do socialismo nacionalista germânico no final dos anos 30.
pedro (o chato)
Pedroservio, achei curiosa a afirmação de que o Brasil ("tupinambaquistão" como talvez você prefira) foi invadido pelos colonizadores manés, da mesma forma que a Palestina o foi por colonos vindos da Europa. Tanto quanto o meu escasso gauchês me permite depreender, o termo "mané" se refere aos imigrantes açorianos que nos séculos dezoito e dezenove, com coragem e desprendimento, aportaram nos então insalubres e despovoados vales do que são hoje Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Se algum índio havia por lá na ocasião (e em que quantidade, o que até hoje é discutido), creio que foi é beneficiado com o alargamento de consciência trazido pelos históricos manés. Comparar o povoamento daquelas terras com o contexto político da Palestina do pós-guerra decididamente não se afigura razoável. Na verdade não desejo lhe convencer de nada, pois algum tipo de ideologia hegemônica parece que foi mais rápida... Acho apenas que um pouco de informação... ah, a informação, sempre ajuda. Um abraço.
Toni
Toni
Os "manes" q eu citei se referem a meus antepassados, colocados na alta situação de deuses tutelares.
Não há nenhuma conotação negativa e nem tem nada a ver com "manés".
pedro