COMENTÁRIO(S) DOS LEITORES
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26/4/2002 | | |
11h55min | |
| Alexandre, se um livro é uma cabana, uma teoria com a qual eu concordo plenamente, então você é um arquiteto dos mais talentosos. Além de ser um general vitorioso e um ser humano do melhor estofo. Escuta, você ainda não mandou fazer um busto com seu rosto não? Quero encomendar um para minha estante! sue recruta fiel e fã ardorosa! De carteirinha mesmo! Assumida! Hip, hip, hooray! Hehehehehe... Desculpe o excesso, general, é o seu texto que faz isso... Beijos da Sue
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26/4/2002 | | |
15h08min | |
| Com tanto texto bom aqui meu blog (http://www.pradomacedo.blogspot.com) tá ficando parecido com a antesala do Digestivo Cultural: cheio de portas prá cá.
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26/4/2002 | | |
15h16min | |
| Sue, Sue, eu era tão encantadoramente modesto, antes da sua mensagem...Culpa sua, já encomendei o busto...Você me estragou de vez...;>) Obrigado, e beijos- Alexandre
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26/4/2002 | | |
15h28min | |
| Rogério, parabéns pelo blog, que leio desde alguns meses atrás quando você entrou no meu fórum e discordou de mim da maneira mais educada possível; e obrigado pelo link nele. E te apóio desde já sempre que quiser dar umas bengaladas nesses poetas que andam em bandos. Me chame, quando fizer isso...
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26/4/2002 | | |
16h04min | |
| Grande Alexandre! Sensacional sua coluna! Bravo, bravíssimo! Mas eu discordo um bocadinho de algumas coisas. Deixo pra discutir por email ou pessoalmente com você essas discordâncias, mas por enquanto fique com esse trecho de Morte em Veneza, e me diga o que acha, se puder e quiser.
"Gustav von Aschenbach era de estatura pouco abaixo da média, moreno, barbeado. Sua cabeça parecia um pouco grande demais em relação ao corpo quase delicado. Seu cabelo penteado para trás, ralo na risca, nas fontes bem cheio e fortemente encanecido, emodulrava uma testa alta, alcantilada e como que cheia de cicatrizes. A asa dos óculos de ouro, com lentes sem aro, cortava a raiz do curto e nobremente arqueado nariz. A boca era grande, muitas vezes frouxa, muitas vezes, repentinamente, estreita e esticada; a parte das faces, magra e sulcada, o queixo bem formado, delicadamente partido. Consideráveis destinos pareciam ter passado por esta cabeça geralmente sofredora, ligeiramente inclinada para o lado; no entanto, tinha sido a arte que assumira aqui aquela formação fisionômica que, em outros, é obra de uma vida pesada e movimentada. Atrás desta testa nasceram as relampejantes réplicas da palestra sobre a guerra entre Voltaire e o rei; estes olhos, cansados e olhando profundamente através dos óculos, tinham visto o inferno sangrento dos hospitais da Guerra dos Sete Anos. também do lado pessoal a arte afinal é uma vida elevada. Ela torna mais profundamente feliz, ela consome mais rapidamente. Ela sulca no rosto de seu criado os rastos de aventuras imaginárias e espirituais e ela produz, com o decorrer do tempo, mesmo em monástico silêncio de existência exterior, um ânimo, uma supersensibilidade, um cansaço e uma curiosidade dos nervos que uma vida cheia de dissolutas paixões e prazeres quase não consegue produzir."
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26/4/2002 | | |
16h32min | |
| Fábio, não dá para colocar um comentário destes e pedir para apenas o Alexandre responder! A isca é tentadora demais! Mas você e Alexandre não estão em caminhos tão diversos quanto você imagina... Visualizo essa cabana não como algo que tenha apenas saída para o mundo do cotidiano, mas quando entramos neste mundo QUIETO, afastado do que nos ocupa os dias de modo mais mundano, algo realmente acontece dentro de nós, nosso mundo interior começa a dialogar conosco. Deixo também uma citação, do meu professor o escritor e jornalista Olavo de Carvalho: "O escritor tem, portanto, aparentemente mais recursos (e denomino escritor não somente aquele que escreve por ofício, mas também todo aquele que tenha os meios de fazê-lo ainda que não o faça). Ele sabe dizer o que os outros não sabem. Ele pode registrar por escrito impressões fugazes, nuances, sutilezas, insights que as outras pessoas só podem vivenciar como estado mudos, incomunicáveis e sem forma. Mas o escritor não usa palavras só para escrever livros, e sim também para falar consigo mesmo. Daí que a diferença entre ele e o outro não seja só de meios expressivos, mas também de nível e estofo de consciência. Tudo aquilo que no outro, por falta de registro, foi se perdendo, se dissolvendo no esquecimento, cavando um abismo entre a consciência presente, verbal, e a consciência não-verbal, nele se conserva e está presente a cada momento: é a sua constelação interior, o seu mundo onde as coisas têm nomes, um mundo onde tudo fala e responde.
Por isso ser escritor é uma forma superior e mais intensa de vida, que aqueles que a obtiveram devem agradecer aos céus. Por isso o aprendizado das artes da palavra é, segundo o entendo, o primeiro passo na educação da autoconsciência, na preparação para a filosofia." Fábio, você e Alexandre estão a falar dos dois hemisférios de um único mundo. Beijos da sue
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26/4/2002 | | |
18h46min | |
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Caro Alexandre,
Não sei se ao certo a teoria do alto da montanha traduz, pelo menos tão bem minha sensação porque gosto tanto de ler. Quem tem prazer em ler um bom livro é ser humano curioso cheios de inquietudes que só são caladas e acomodadas na nossa razão quando essa curiosidade transforma-se em conhecimento, mesmo que débil. Creio que a leitura da oportunidade de ver o mundo não com nossos olhos, mas como você bem frisou, do autor.
Lá de cima, com um bínocolo apropriado a gente vê a cidade diferente e com outras distorções, o mundo é mais divertido.
Mas sem um bom binócolo a montanha perde a vista.
Abração
Otávio
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26/4/2002 | | |
21h16min | |
| Cada vez mais fico com inveja dele. E cada vez mais fico contente quando encontro alguém do mesmo batalhão. Ultimamente, em certas ocasiões, fico com vontade de ter minha torre circular, com inscrições latinas e gregas espalhadas pelas vigas. Se não tenho a torre, tenho as cabanas!
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27/4/2002 | | |
01h52min | |
| Ah, mas é claro, Fabio- essa é uma das melhores passagens de "Morte em Veneza". Nos meus olhos também, acho, se pode ver que estive em Tlön, em Kadath, em Kairoulla e em Borodino. Quer dizer, ninguém pode ver isso de verdade, mas eu gosto de imaginar que sim. Mas me deixe só acrescentar isto ao que a Sue falou: que se Aschenbach tivesse lutado de fato na Guerra dos Sete Anos, ao invés de ter sido simplesmente o autor da "clara e imponente prosa-epopéia da vida de Frederico da Prússia", poderia ter trazido no rosto um sinal mais evidente disso do que o simples olhar- poderia ter perdido o nariz, o queixo, os olhos...Mas longe de mim valorizar mais a vida vivida do que a vida sonhada- só digo que a vida sonhada é mais suave, que uma machadada num livro dói menos do que uma machadada na Mooca. Mas é verdade que a vida sonhada pode deixar marcas que a vida "de fato" é incapaz de deixar. Eu, por exemplo, tive umas colegas de classe das quais me esqueci- mas de Natasha Rostov eu nunca vou me esquecer. Não sei se me expliquei, só posso dizer que nós dois devemos estar um pouquinho certos, e um pouquinho errados...E, como diz a Sue, mais de acordo do que imaginamos...Um abraço e obrigado, grande FDR.
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27/4/2002 | | |
02h41min | |
| Otavio, concordo com você que às vezes o prazer de ler está mais relacionado com curiosidade do que com esse estado meditativo que eu tentei descrever. Depende do tipo de livro, e do tipo de leitor e autor (e do momento, sim, do momento). Mas acho que de modo geral a teoria é válida para romances, contos, poesia. Não, certamente, para um outro tipo de livro - os livros "de conhecimento": manuais de botânica, numismática, cirurgia...- Um abraço- Alexandre. E não esqueça os binóculos...
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27/4/2002 | | |
03h02min | |
| Ricardo, invejo Montaigne também- entre outras coisas, porque ele dizia que não era "inimigo da agitação das cortes"; eu sou, e por isso mereço mais a torre circular dele do que ele mesmo. Afinal, ele só passou, acho, uns dois anos na torre, e eu passaria mais, se pudesse. Você também não se sente assim? Quanto à inscrição latina, eu mandaria inscrever, entre as que já estão lá, a que se pode ver quando se passa o cursor pelo desenho do homem lendo com uma cobra aos pés, logo acima. É uma inscrição feita num retrato de Thomas A. Kempis: "No canto, com um livrinho". Mas, enfim- enquanto a torre não vem, podemos imaginá-la... Um abraço, Ricardo, e obrigado pelo que disse -Alexandre.
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1/5/2002 | | |
17h01min | |
| Alguns livros, nos convidam ao conhecimento, outros aos prazeres de vivenciar novas "Cabanas". Seu texto foi um belo passeio, como num "Tapete Voador" além do permetido. Quanto as "Janelas", gosto muito das Indiscretas do Hitchcock.
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1/5/2002 | | |
17h17min | |
| Sabemos que quem mais lê mais sabe. Por isso vale a pena subir ao Topo da Serra, que embora custoso, agora dá pra ver o vale todo verde, ou a incógnita do mar. Li e gostei.
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1/5/2002 | | |
23h27min | |
| Fabio e Alexandre, achei um poema do Manuel Bandeira chamado "Resposta a Vinícius"... essa "conversa" entre dois poetas me lembrou a posição de vocês em relação à cabana na montanha, concordando achando que discordam... Olha ele aqui de presentinho para meus dois oficiais mais queridos do exército de Pedro! "Poeta sou; pai, pouco; irmão, mais./Lúcido, sim; eleito, não./ E bem triste de tantos ais/ Que me enchem a imaginação.// Com que sonho? Não sei bem não./ Talvez com me bastar, feliz/ -- Ah, feliz como jamais fui! --,/Arrancando do coração/ -- Arrancando pela raiz -- / Esse anseio infinito e vão / De possuir o que me possui."
É lá do alto da cabana, Fábio, que o Manézinho enxerga essas coisas todas, e sofre... E é o silêncio mesmo da cabana que o consola... Beijos da Sue
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3/5/2002 | | |
02h09min | |
| Sérgio, Abílio, e Sue: gostaram mesmo da vista? Estão vendo aquelas ilhas ali? E a cidade, ali? Não querem beber alguma coisa, enquanto olham a paisagem? Não? Então me deixem só dizer uma coisa, e já voltamos a escutar o silêncio: obrigado por terem vindo, obrigado por terem assinado o livro de hóspedes com palavras tão gentis- e voltem sempre.
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