Na falta de algum grande artilheiro, craque cem por cento em forma ou da confirmação de alguma promessa para o futebol, o grande fato da seleção brasileira continua sendo a não convocação do Romário. Em entrevista recente para um canal de Tv a cabo, o jogador afirmou que vai poder contar para seu filho que conseguiu com que seu nome fosse pedido pela vox populi. Da geração recente, Romário é o único nome que ultrapassou a mera condição de craque - transcendeu-a, virando verbete de enciclopédia, estatística, referência de banco de dados. Não bastassem os números que acompanham sua carreira, Romário também é o tipo de atleta que chama atenção pelo que diz e pelo que faz. A mesma matreirice dos dribles se manifesta em petardos verbais sob medida para a mitologia futebolística. A minha tirada favorita foi a justificativa que ele deu quando vieram lhe cobrar satisfações pelo despejo de alguns inquilinos de apartamentos seus, na verdade parentes distantes que não estavam pagando o aluguel: "quem tem filho grande é elefante".
Romário não foi convocado, entre vários motivos, por falta de timming. Em tempos de exaltação governamental à responsabilidade com as obrigações, aos compromissos firmados, à - segurem firme, lá vai clichê - seriedade na atitude, ele teimava em emular além da conta características do futebol romântico nas quais ninguém mais via graça, e às quais, de certa forma, atribuíam-se os fracassos em copas: a preguiça para treinar (naquela mesma entrevista, Romário contou que, juvenil, levado a fazer o aquecimento correndo ao redor da lagoa Rodrigo de Freitas, esperava passar um ônibus circular, dava calote e saltava um pouco na frente, evitando assim o exercício físico. Pouco depois, Romário chega a confessar que, em alguns jogos, corre menos até que o juiz), a falta de aplicação tática dentro de campo, a indisciplina nas concentrações. Foi o suficiente para ser vetado por Luiz Felipe Scolari. Resta saber até que ponto esse tipo de disciplina, organização, método, seja lá o que for, será eficiente para ganhar títulos com o futebol da seleção brasileira, que conquistou três deles sem se preocupar muito com isso. Em 94 o Brasil foi campeão com a pior equipe, tecnicamente falando, em 30 anos, ainda que tivesse compensado isso sendo a mais disciplinada taticamente, com mais seriedade e jogo de conjunto - além de um certo ás na manga: Romário, no auge.
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Assisti ao primeiro jogo, contra a Turquia, na casa de um amigo recém chegado de uma pós graduação nos E.U.A. Reforçando a torcida brasileira estava um colega dele coreano que não só vestiu a camisa nova da seleção - aquela coisa horrível que a Nike fez - como ainda vibrou junto. Lá pelas tantas, em algum momento de marasmo no segundo tempo, fez uma observação hilariante, que eu até já tinha visto na internet: o Roberto Carlos é a cara do Mini-Me, vilão do filme Austin Powers. Antes que se acuse o coreano de traíra, posto que ele poderia torcer para sua própria seleção na Copa, notem que ele recordou que a Coréia já tinha disputado umas 14 ou 15 partidas em copas do mundo, das quais empatou 3 ou 4 e perdeu todas as outras. O jogo do dia seguinte, contra a Polônia, seria a primeira tentativa de vitória. Me senti um esbanjador com 4 títulos mundiais e 2 vices... Mas fiz questão de lembrar-lhe um momento marcante, talvez o mais próximo da vitória coreana que eu soubesse: em 1966, na Copa da Inglaterra, o primeiro tempo de Portugal e Coréia terminou 3 a 0 para o bravo time oriental. Só que o placar final foi 5 a 3 para Portugal. Foi exatamente esse jogo que motivou o espanto de muitos torcedores para com João Saldanha, já naquela época respeitado comentarista. Questionado protocolarmente no intervalo, João Sem Medo teria dito sem se coçar: - Tá mole para Portugal. Vira fácil. !!!
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Uma amiga minha que mora em outro estado escolheu exatamente o dia e o horário do jogo do Brasil contra a China para viajar de avião. Ligado nessa sobreposição inesperada, avisei-a que dificilmente minhas chances de vê-la seriam grandes (ainda que fosse grande a vontade de encontrá-la). Ela respondeu dizendo que daria tempo, era só eu assistir ao jogo, depois pegar um avião e ir vê-la em São Paulo, sua escala. Matematicamente perfeito, ou seja, quase nada, em se tratando do jogo cuja alcunha é "uma caixinha de surpresas". Porque jogo, jogo que não seja de decisão, demora tanto quanto qualquer outro: dois tempos de 45 mais os descontos de sua senhoria. Só que o ritual do jogo é bem mais longo: tem início por volta de uma semana antes, com os telefonemas nos quais se combina o local onde o jogo será visto (que pode ser desde a casa daquele cara que tem uma 29 polegadas até, ora pois!, o próprio estádio, se o seu time estiver precisando de uma força do 12º jogador), o grupo que se reunirá (por favor, Copa do Mundo é coisa séria: só gente que entenda e goste de futebol; é a hora certa de vetar os chatos, os parvos, os inconvenientes, e sobretudo aqueles que costuma dizer quando perguntados sobre seu time, "eu não assisto futebol, só gosto de copa do mundo"), os comes e bebes que irão embalar o ritual (onde já se viu ritual sem seu alimento sagrado? Tem espaço para gelar a cerveja?) e o que mais necessário for para a boa apreciação da partida; e só termina sabe-se lá quanto tempo depois, quando os gritos de fim de jogo já soaram, quando a adrenalina já abaixou (em caso de final de campeonato - e praticamente qualquer jogo de Copa), quando esgotaram-se as incansáveis repetições de jingles e refrões insultando o time, o técnico, o dirigente e a torcida adversárias, quando todo o estoque de bebidas se esgotou, quando a rouquidão é fato.
E ela queria que eu, acabado o jogo, fleumaticamente me despedisse, rumasse para uma emocionante fila de check in no aeroporto para vê-la. Eu me pergunto quando vai chegar o dia em que as mulheres terão sensibilidade suficiente para curtir o futebol, veja bem, curtir!, não assistir aos jogos à cata das pernas mais bonitas em campo.
Olha Rafael que generalizações são sempre perigosas...
Eu moro aqui na Bélgica e tenho assistido a todos os jogos que posso (também tenho que trabalhar...) e pode crer que curto o futebol. As belas pernas, é claro, estão incluídas mas não são o fundamental. Aqui em casa é o quartel general e aqui torcemos pro Brasil, Bélgica e Portugal. Nosso grupo é composto de três mulheres (eu, uma Húngara que mora no Brasil há uns 15 anos e já se sente brasileira e uma portuguesa) e só um homem (meu marido que é belga). Brasil jogará com a Bélgica na segunda e terei um breve divórcio, pois na segunda só vai dar Brasil! Acabamos de ver Portugal perder prá Coréia, ah foi triste, muito triste.. Tô aqui rouca de tanto torcer de manhã prá a Bélgica e à tarde prá Portugal, agora é recuperar a voz prá gritar bem alto BRASIL e agarrar a bandeira! Um abraço.
Quanta asneira. Quando vc se propuser a escrever sobre futebol, escreva sobre futebol. A proposito, que que tem a ver o seu amigo que fez pós graduação nos EUA, com o resto da baboseira que vc escreveu?
estou plenamente de acordo com a Tânia
Nara, pois sendo flamenguista doente, assim como todos da família, entendo e discuto tanto quanto os homens, sendo que meu irmão está exatamente em Bruxelas, tendo até alugado uma tv para assistir aos jogo, devidamente paramentado com camisa e bandeira.
Quanto ao Romário, muitas vezes irritáva-me assisti no Maracanã, suas inúmeras banheiras, e para que sua atuação fosse pífia, bastava apenas que o marcassem fortemente.Quanto ao Antonio o que baboseira para uns não é para outros, e ele ganharia mais em ter ficado na dele.