Minha mulher me conta que, quando ela e a família moravam no interior, havia um objeto que jamais faltava na casa: o radinho de pilha. Era por ele que chegavam as informações sobre o que estava acontecendo no Estado, no país e no mundo. A história demonstra uma característica essencial do ser humano: a necessidade de informação.
Não importa como (internet, rádio, jornal, televisão), estamos sempre procurando novidades, querendo sair do marasmo do "nada de novo".
Essa necessidade é claramente visível nas crianças. O bebê que leva um objeto à boca está, a seu jeito, procurando informações sobre aquele objeto. É duro? Mole? Gostoso? Amargo? Doce?
Talvez eu seja um exagerado, mas acredito, sinceramente, que todos os grandes projetos da humanidade foram motivados pela busca da novidade.
Por que Colombo descobriu a América? Porque a curiosidade o impelia.
E os portugueses? Por que navegavam? Porque eles buscavam o novo, o diferente, o inusitado. A necessidade de informação era tão grande que eles desafiavam todo e qualquer perigo, real ou imaginário e perseveraram em suas viagens ao redor da costa Africana. Como dizia o poeta, "Navegar é preciso, viver não é preciso".
Sim, eu sei. Muitos discordarão, argumentando que as grandes navegações tinham como objetivo a busca de riquezas. Verdade. Mas será que riqueza era a única coisa que impelia aventureiros como Cristóvão Colombo? Além disso, para que serve a riqueza? Para comprar novidades. Um vestido novo é uma novidade e, portanto, informação. Nunca ouvi falar de alguém são que pretendesse ficar rico para viver enclausurado em um quarto vazio.
Quero dar um exemplo recente: a chegada do homem à Lua. Os EUA gastaram milhões de dólares para quê? Para matar a curiosidade humana. O que há lá em cima? Como será andar na lua?
Claro, havia a guerra fria, que dava um grande incentivo ao programa espacial norte-americano. Mas será que foi a guerra fria que fez com que milhões de pessoas acompanhassem os passos de Neil Armstrong? Não. Foi a curiosidade. Todos queriam saber como seria a chegada da nave à Lua, o que aconteceria com os destemidos astronautas...
Essa é a razão pela qual a profissão de jornalista é tão importante: a matéria-prima do jornalismo é a informação. É o jornalista que leva as novidades às pessoas, seja através da internet, da televisão, do jornal ou de um radinho de pilha em uma casinha na beira do rio...
Eu tenho uma visão um pouco diferente. Não acho que a motivação que levava a família de sua esposa a ter este radinho de pilha, "objeto que jamais faltava na casa", seja a mesma que move os bebes, os grandes navegadores, os cientistas ou os "astronautas".
"O bebê que leva um objeto à boca está", a meu ver, tentando entender o mundo que o cerca, o que, com certeza, não é o mesmo que estarmos "sempre procurando novidades, querendo sair do marasmo do "nada de novo"". Da mesma forma o fazem os grandes cientistas, imbuídos ainda pelo desejo de produzir melhorias para a humanidade.
Já os grandes navegadores, para fazermos afirmações sobre suas motivações, devemos nos ater em seus financiadores, já estes que foram os primeiros projetos do homem que necessitavam de grande financiamento (à exceção de pirâmides, jardins da babilônia, e outros, que obviamente não possuíam motivação semelhante). E estes financiadores eram, em sua maioria, BANQUEIROS GENOVESES E VENEZIANOS. Acho que não é preciso falar sobre suas motivações, seus fins.
E ainda sobre a "conquista do espaço", minha simples opnião é que, um projeto que demande centenas de BILHÕES de dólares para sua realização (ou não, já que se diz até hoje que o homem não teria pisado na Lua) pode ser realizado por qualquer motivo que não por curiosidade, ou para "sair do marasmo do "nada de novo"".
Um abraço.