Filhos de Francis | Alexandre Soares Silva | Digestivo Cultural

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COLUNAS

Sexta-feira, 15/11/2002
Filhos de Francis
Alexandre Soares Silva
+ de 38400 Acessos
+ 105 Comentário(s)

- (ou: Eu odeio o Hugo Bidê)

Quando Paulo Francis passou da esquerda para a direita, fez com que toda a inteligência brasileira viesse com ele. Há pessoas inteligentes na esquerda, eu sei (ou imagino). Mas são todas pessoas de cinquenta, sessenta anos. Qualquer pessoa inteligente que tenha lido Paulo Francis na adolescência veio com ele para o lado liberal da força.

É o caso de todos os blogueiros com algum talento. Todos, todos. Foram todos influenciados por Paulo Francis quando tinham dezesseis, dezessete anos - ou alguma outra idade igualmente influenciável. Em alguns casos a influência é evidente, em outros não - mas são todos filhos de Francis. Fabio Danesi é capaz de citar vários trechos escritos pelo Paulo Fancis, de cor. Rafael Azevedo sempre relê seus recortes do Estado de S.Paulo, e sustenta, contra a opinião de Daniel Piza, que late Francis (Nova Iorque) é melhor que early Francis (Ipanema). Todos eles, em algum momento ou outro, se declararam publicamente anti-Lula.

Mas é realmente difícil apontar um só blogueiro inteligente que seja de esquerda. Por este simples motivo: se era jovem quando Francis escrevia na Folha ou no Estado, só a burrice pode ter feito com que escapasse da influência dele. Devia ser um daqueles que ridicularizavam o modo com que Francis falava na Globo (o último exemplo de dicção aristocrática no Brasil, substituída pela perfeita dicção das classes esforçadas). Devia ter preguiça de passar da terceira linha de qualquer texto de Paulo Francis. Um burro. Perdão, não há outra palavra: um burro. É como ter sido jovem em Nova Iorque nos anos 20, e não gostar de Mencken, e continuar batista e anti-evolucionista.

Veja mesmo o caso do Digestivo. Leitores já reclamaram muitas vezes contra o que parece ser uma "ideologia" deste site: seríamos todos de direita. Isso já foi mais verdade do que é agora, mas façamos a concessão - digamos que sim, é um site de direita. Resta saber o motivo disso. É porque o editor recusa a entrada de qualquer um que seja de esquerda? Não - quando eu entrei, em nenhum momento ele perguntou qual a minha opinião política. Nem perguntou a ninguém. Coincidentemente, os colunistas eram anti-petistas, quase todos. Ou melhor, não coincidentemente - não, não há nada de coincidência nisso - mas pelo simples motivo de que é quase impossível encontrar pessoas de esquerda, com vinte e poucos anos, que escrevam bem. Eis tudo.

Esta é uma fase de ouro, na verdade, de escritores de oposição anti-Lula. Mais tarde veremos com saudade esta época em que gente como Juliana Lemos, Dennis, Martim Vasques, Fabio Danesi, Rafael Azevedo, Felipe Ortiz, Evandro Ferreira, Félix Felícato, Maria Inês de Carvalho, e outros, escreviam de graça, todas as semanas, e em alguns casos todos os dias, na Internet. É a sombra de Paulo Francis projetada na Internet, que ele odiava. Me agrada pensar que ele gostaria desses escritores.

(Há um em especial que não citei - dois, na verdade. Não menciono os nomes deles porque são almas discretas, que seriam capazes de me pagar para não receber links. Mas, aos curiosos, basta pesquisar com calma as seções de links nos blogs já mencionados. Não são muitos os blogs inteligentes, acredite - e os mesmos vinte nomes acabam aparecendo sempre - com os dois que não mencionei misturados ali).

Enquanto isso, com patética incompetência, os editores dos jornais impressos ignoram esses nomes, e preferem continuar publicando mais uma croniquinha de Mário Prata, mais uma reminiscência de Carlos Heitor Cony, ou mais um jornalista carioca contando, pela ducentésima vez, a história de quando o Antonio's foi assaltado e Hugo Bidê ficou trancado no banheiro. Ou qualquer coisa assim.

Pessoalmente, não aguento mais ouvir histórias de Hugo Bidê. Acho que ninguém mais aguenta. É só um jornalista da velha guarda abrir a boca, ou abrir o Word no computador, e lá lhe vem a tentação de usar o Hugo Bidê como se fosse o Ulisses da epopéia nacional. Sério, nos jornais já se escreveu mais sobre o Hugo Bidê do que sobre Aquiles. Nem sei direito quem foi o Hugo Bidê, mas eu o detesto, e acho que a menção do seu nome devia ser proibida em textos de cronistas sexagenários de passado boêmio. Começa o sujeito a escrever: "Me lembro que estávamos eu, o Antônio Mária, Sérgio Porto e Zizi Montparnasse numa mesa do Antonio's quando vimos vindo o Hugo Bidê..."- e pronto, perdeu o emprego. Patrulha contra Hugo Bidê. Muda de assunto, caramba!

Ah, sim, a esquerda. Estava falando da esquerda. Desculpem, mas como a esquerda é chata, preferi até falar do Hugo Bidê ("O porre canta, Musa, de Hugo..."). Bem, achem um escritor de esquerda, de vinte e tantos anos, que escreva bem. Não há. E no entanto acredite, a esquerda, representada por senhores de quarenta anos ou mais, continua pensando como se pensava na época heróica em que Vinícius de Moraes broxava e Hugo Bidê se trancava no banheiro: que todo humor é de esquerda, toda decência é de esquerda, e até mesmo que toda inteligência é de esquerda. Continuam presos num punhado de meses da década de setenta, quando Paulo Francis nem havia atingido o auge, as mulheres usavam um penteado ridículo, e opalas, fuscas e mavericks enfeiavam mais a orla de Ipanema do que todos os prédios atuais juntos.

Linhagens
Na verdade há uma divisão, nesses vinte e tantos blogs que mencionei, entre aqueles que foram diretamente influenciados por Paulo Francis, e aqueles que foram diretamente influenciados pelo filósofo Olavo de Carvalho. Mas mesmo os que foram influenciados por Olavo de Carvalho foram influenciados, indiretamente, por Paulo Francis.

Quem não foi influenciado por Paulo Francis? Os que eram burros demais para receber a influência. E os próprios amigos ou contemporâneos de Francis - que, se por acaso se esquecessem de quem foi Paulo Francis, e calhassem de ler as colunas velhas dele achando que se trata de um blogueiro qualquer, ficariam, sem dúvida, indignadíssimos. Rasgariam o jornal. Chutariam o computador. Reclamariam da falta de talento (e de coração) "dessa juventude alienada", que só quer falar de Wagner e Matisse e parece não dar valor "à inegável sinceridade de Lula".

Não consigo, na verdade, imaginar Paulo Francis arranjando um emprego em jornal, hoje. Na primeira dinâmica de grupo da Folha, assim que alguém jogasse uma bola gigante de plástico na direção dele, Francis levantaria, diria algo ininteligível à psicóloga mal-ajambrada (começando com "Olha aqui, minha filha...") e iria embora. Teria que escrever - adivinhe - em blogs.

Declaração de Princípios
Todo mundo deveria, em algum ponto da vida, fazer uma lista de pessoas que abomina. Serve como uma declaração de princípios. A minha é esta:

Hebe Camargo, Ivete Sangalo, Athaíde Patreze, Marcos Mion, Vampeta, Wanderley Luxemburgo, Lair Ribeiro, Núbia de Oliveira, Alexandre Frota, Eri Johnson, Roberto Cabrini, Maluf, Lula, Popó, Gugú, Sílvio Santos, Maurício Manieri, Nélida Piñon, Edir Macedo, Netinho, Ratinho, Oliver Stone, Sylvester Stallone, as Ninjas todas, Fernanda Torres, Miguel Falabella, Luciano Huck, Otávio Mesquita, Alicinha Cavalcanti, Narcisa Tamborindeguy - e você, aí, atrás da cortina.

Uma frase de Cioran
"O direito de suprimir todos aqueles que nos desagradam deveria figurar em primeiro lugar na constituição da Cidade ideal."

(Le droit de supprimer tous ceux qui nous agacent devrait figurer en première place dans la constitution de la Cité idéale.)

(no livro "Do Inconveniente de ter Nascido")



Alexandre Soares Silva
São Paulo, 15/11/2002

Quem leu este, também leu esse(s):
01. O Presépio e o Artesanato Figureiro de Taubaté de Ricardo de Mattos
02. A primeira batalha do resto da guerra de Rafael Azevedo
03. Na terra de Asterix (e na de Hércules também) de Rafael Lima


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* esta seção é livre, não refletindo necessariamente a opinião do site

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COMENTÁRIO(S) DOS LEITORES
14/11/2002
10h50min
Estimado Alexandre, como sei que este texto vai ser bastante lido, - se me dá licença - venho reparar algumas injustiças aqui cometidas. Em primeiro lugar, acho apressado generalizar toda a "inteligência", na nossa geração, como "de direita" - e, por conseqüência (o que é mais grave), toda a "burrice", mais uma vez na nossa geração, como "de esquerda". Para ficar no rol dos ex-Colunistas (já que falou no Fabio Danesi Rossi e no Rafael Azevedo), cito a Daniela Sandler e o Rafael Lima. Ambos "de esquerda" e ambos "inteligentes". E, em se tratando dos nossos atuais colegas (Colunistas), talvez você não saiba mas o Marcelo Barbão, o Lucas Rodrigues Pires e o Rodrigo Gurgel podem ser classificados como "de esquerda" (embora o último não seja exatamente da nossa geração) e também podem ser classificados como "inteligentes". Lembre-se sempre de uma frase do próprio Paulo Francis (que eu citei recentemente): "Todo intelectual deve ser livre e imprevisível". Se for "de direita" ou "de esquerda", restritiva e teimosamente, está perdido. (Sobre os blogs, você sabe o que eu penso: não são tudo isso.) Leve meu abraço e minha admiração, sempre, Julio. [P.S. - Longe de mim querer ter razão, mas eu achava que isso precisava ser dito.]
[Leia outros Comentários de Julio Daio Borges]
14/11/2002
13h12min
Ah, mas se você me tira o direito de generalizar descabidamente, metade da graça de escrever vai embora, Júlio! Está certo, os nomes que você citou - são o oposto de burros. E deve haver outros, que eu nem conheço. Ça va sans dire. Mas resta a pergunta: por quê tantos colunistas "de direita"? Como eu disse, me lembro bem que você nunca me perguntou de que lado eu era, quando me convidou para entrar - eu podia ser um trotskista picareta, da corrente Frieda Kahlo ainda por cima, for all you knew. Duvido que tenha perguntado aos outros colunistas. E no entanto a proporção de colunistas de esquerda foi sempre pequena. Qual o motivo? As pessoas de esquerda dirão que é porque há poucas pessoas de esquerda, e ponto. Isso me parece absurdo. Mas a eles parece absurdo dizer que "quase não há pessoas de esquerda que escrevam bem". No entanto, sustento o "quase"...Um abraço - Alexandre.
[Leia outros Comentários de Alexandre Soares]
15/11/2002
00h50min
Alê, meu querido... Eu ABOMINO Paulo Francis, entre outros (também tenho minha listinha), mas há uma frase dele que merece ser citada: "Quem não lê não pensa e quem não pensa será para sempre um servo". Quanto aos blogs, nunca me preocupei em ser ou não da esquerda, da direita, de trás ou da frente, mas acredito que todos os blogs têm um certo fascínio... Eles nos fazem rir ou chorar (às vezes chorar de tanto rir), porque é lá onde as pessoas refletem suas idéias e até sua personalidade. Aliás, estou curiosa para saber que tipo de textos você irá postar no seu! Ou já desistiu da idéia? Como prometi, até faço o layout e cuido da parte de design para você. Mas os textos... Ah, os textos! Será que as pessoas irão te julgar como "burro"?! Eu duvido, mas lembre-se que na vida tudo é relativo... Grande beijo.
[Leia outros Comentários de *Roberta*]
15/11/2002
08h20min
Grande Alexandre: Seu texto coloca alguns pingos nos is, como recuperar a influência de Francis numa nova geração de intelectuais. Contudo, há um aspecto que discordo completamente: ao falar que esta geração é "de direita", você cai no erro terrível da ideologia - aliás, o mesmo erro da esquerda petista. A nova geração de intelectuais - influenciada ou não por Francis ou Olavo de Carvalho - não pode ser rotulada em hipótese nenhuma. Eles são, isto sim, indivíduos, que tentam pensar por conta própria numa nação que esqueceu o que é isso. Eu, pessoalmente, não sou "da direita" porque, na verdade, nunca exisitiu uma "direita". O único movimento ideológico que exisitiu foi o "da esquerda" - que inventou "o da direita" para domesticar os imbecis que pululam por aí. Assim, quando sou classificado como "da direita", você simplesmente não captou a verdadeira dedicação do meu trabalho e dos meus escritos. Não sou nem "da direita", nem "da esquerda", nem "do centro" - estou acima delas. Qualquer ideologia deforma a nossa percepção da realidade e é nosso dever, como a nova geração de intelectuais que ainda resisite à ascensão da lulidade, restaurar a experiência de uma abertura da alma às coisas que realmente importam, como a salvação da alma e a eternidade. No final da vida, Francis pensava a mesma coisa, mesmo sendo um cético dos diabos. E, por aqui, Olavo de Carvalho tenta fazer o mesmo - mesmo com meio mundo achando que ele é uma variação do mccarthismo (não é porque McCarthy era um tremendo incompetente). Perdemos a noção dos assuntos que importam - e é nosso dever recuperá-los para que essa droga chamada Brasil tenha algum futuro. Abraços, Martim. P.S. Escrevi sobre este perigo de cair na vala da ideologia no meu ensaio "A Geração Corrompida", publicado no jornal "O Indivíduo" (www.oindividuo.com).
[Leia outros Comentários de Martim Vasques]
15/11/2002
12h51min
Alexandre, Apesar de não achar muito correto postar comentários inter-colunistas, vou abrir uma exceção. Principalmente porque tenho uma resposta para sua dúvida. Em primeiro lugar não acredito que vários dos "escritores e intelectuais" que pululam pela Internet possam ser considerados de direita. São mais "polemistas fáceis", que vivem da quantidade de comentários (agressivos ou bajuladores) que seus "ensaios" provocam. É mais um caso psicológico que político. É claro que eu também estou me reservando o direito de generalizar descabidamente, isso não pode ser somente um direito seu. Segundo, eu passei um pouco do ponto. Estou nos meus 30 e poucos. Mas como ainda me lembro dos meus 20 e poucos (é evidente que essa questão geracional não tem a mínima importância, mas como você a trata como essencial, vamos estudá-la), posso dizer que a abundância de "bons escritores de direita", acontece por uma verdadeira e total incompetência da própria direita. Vejamos, quando eu tinha 10 e poucos anos, estava participando ativamente da redemocratização deste país, quando tinha 20 e poucos anos construía em bairros e comunidades o Partido dos Trabalhadores, além de ajudar na retomada de sindicatos dos pelegos impostos pela ditadura. Mais no fim dos meus 20 e poucos anos, estava construindo um dos principais partidos de extrema-esquerda do mundo, o PSTU, escrevendo no seu jornal e dirigindo sua Secretaria Internacional. Por outro lado, a direita, em toda a América Latina,foi sempre incapaz de construir qualquer movimento ou partido minimamente coerente, que tivesse coragem de apresentar suas propostas à sociedade de cara aberta, criando uma base social perene. Quando a direita aparece, precisa se travestir de populista ou partir para a violência pura e simples. Por isso, para a juventude "de direita" , só restam os blogs. Ficar comentando o mundo, sem qualquer repercussão concreta, é a isto que está condenada a juventude "de direita". Quanto ao Paulo Francis, eu gostava de ler sua coluna bem no começo quando ele estava na Folha (será que essa geração de 20 e poucos sabia que ele já havia sido de esquerda e morreu debaixo de um retrato do Trotsky), mas depois que eu aprendi inglês e descobri a New Yorker, preferi ler os comentários no original.
[Leia outros Comentários de marcelo]
15/11/2002
13h26min
Ah, desculpem-me por ser tão chato. Mas, esqueci um pequeno detalhe. O Alexandre nunca poderia ser um trostkista da corrente de Frida Kahlo (ela mesmo abandonou o "e" de Frieda), porque a grande artista mexicana voltou ao PCM em 1948.
[Leia outros Comentários de marcelo]
15/11/2002
16h06min
Quem sabe, quaquer dia desses, algum cervejólogo de pés inchados e bronzeados (metidos em sandálias pestilentas) resolva se inspirar em Madame Tussaud e fundar o "Museu de Cera Hugo Bidê"? Claro que haverá uma eficiente refrigeração, a fim de que não se derretam as estátuas de ipanemenses famosos (e do Baixo Leblon, claro!), todas feitas com cera dos ouvidos do pessoal de esquerda (coletadas e doadas nas praias, pois ninguém é de ferro). Não duvide, meu caro! Ah, que falta nos faz o Francis!Principalmente agora, nestes tempos da "Sagração do Populacho", onde tudo o que for autenticamente retrógrado, simplório e demagógico será louvado, e com mística reverência. Francis almoçaria, jantaria e defecaria esses imbecis. Foi ele, o Francis, o primeiro cronista que vi realizar impiedosos e deliciosos desmontes do "politicamente correto". Ele era cruel, sim, mas sua crueldade jamais foi vã. Ele mostrava que lixo é lixo, não adianta tentar disfarçar, dar banho de ouro, enfeitar com penachos de faisão. Lixo é lixo e o lugar de lixo é na lata de lixo! Viva Francis! Viva Mozart! A escuridão dará lugar à luz... basta ter paciência e manter a despensa sob controle. Alexandre, obrigado pela referência ao meu blog. Tentarei não decair, prometo! Abração!
[Leia outros Comentários de Dennis]
15/11/2002
20h13min
Alexandre, Embora eu tenha gostado, como sempre, de seu texto, gostaria de fazer uma ressalva: não sou de direita! Embora também não possa ser considerado como pertencente a uma esquerda petista. Na verdade, estou mais para a boa e velha acracia. Falando de Paulo Fancis, tenho ainda guardados recortes dele falando de George Orwell, um escritor que ele amava até os últimos dias e ainda deve estar amando no céu ou no inferno, onde quer que esteja. E devemos nos lembrar que George Orwell era um socialista crítico, que escreveu Revolução dos Bichos para denunciar as distorções da revolução comunista, e 1984 para nos alertar contra os sistemas autoritários, tanto de esquerda quanto de direita.
[Leia outros Comentários de Gian Danton]
16/11/2002
05h41min
...passionate intensity.
Engraçado como os esquerdóides, do alto de suas havaianas e mesas de boteco, têm a firme convicção de que mudam o mundo. Bom, vá lá, talvez até possam ter contribuído para mudar - foram responsáveis pela instauração dos regimes mais assassinos e hipócritas da história da humanidade, espalharam a ignorância e a falta de gosto pelo mundo, além de terem eleito um torneiro mecânico analfabeto para a presidência do maior país da América Latina. Se tudo é isso é "mudar o mundo", oh Deus, prefiria tanto viver num mundo estagnado, imutável! Parabéns pela coluna, Alexandre, e obrigado pela citação, mas como diriam Wayne e Garth (!) - I'm not worthy!
[Leia outros Comentários de Rafael Azevedo]
16/11/2002
08h18min
Sr. Alexandre. O descobrimento: alguém me enviou o endereço do Digestivo, tenho lido sempre que preciso desinfetar as traças do meu humor. Seus artigos são bárbaros, formidáveis mesmo. Aliás, acho os "francinetes" uma graça! Gostaria de saber onde posso encontrar A Coisa não-Deu, de sua autoria. Tentei encontrar via sistema de busca, mas a lista de resultados maciçamente apresentou o endereço do Digestivo. Surgiram alguns blogs, mas nenhum deles indica em que prateleira posso encontrar o livro citado. Atenciosamente, Ana
[Leia outros Comentários de Ana]
16/11/2002
12h07min
É verdade, Rafael, concordo que os regimes comunistas foram assassinos e cruéis. Mas eles tiveram uma razão para ser assim. Afinal, cada vez que uma tentativa de se instaurar um regime socialista democrático, como o de Allende, era feita, os direitistas raivosos e babões se organizavam para dar golpes, assassinar, destruir as organizações populares e coisas assim. São todos gente boa. Quanto aos regimes de direita, podemos dizer, com certeza, que foram todos construtivos e "espalharam o bom gosto" pelo mundo. Vamos citar alguns: Pinochet, Videla, os 80 e poucos anos do PRI, Mobutu Sese Seko, Idi Amin Dada, o apartheid, General Franco, Salazar, os regimes árabes (quase todos, principalmente os reis sauditas e os xeques kuaitianos), Saddam Hussein (sim, ele é de direita), os fundamentalistas islâmicos, o ayatollahs iranianos, o próprio Taleban era um regime de extrema-direita (nenhum direitista de verdade pode afirmar que não torcia por eles quando lutavam contra os soviéticos), até mesmo o Khmer Rouge que era supostamente comunista mas financiado, armado e protegido pelos EUA. Entre outros, muitos outros regimes bastante construtivos e valorosos para a humanidade. Nem vou citar o Bush atual ou os clássicos Mussolini e Hitler (ah, esqueci, alguém tentou provar que esses eram regimes de esquerda, não é mesmo? E você acreditou, não é mesmo? Que tolice). Os neo-direitistas são tao pouco sérios que não são capazes de assumir seus governos, seus regimes. Para isso se escondem numa suposta dicotomia autoritário-libertário. Por quê? Por medo de assumir seus mortos. Eu assumo. As revoluções que ocorreram na Rússia, China, etc, foram de esquerda, tiveram seus acertos e erros. É preciso aprender e aprimorar. Vocês se escondem atrás de máscaras de liberais-conservadores e lavam suas mãos dos erros cometidos pelos "seus" governos ou inventam teorias mirabolantes que só são aceitas por esse pequeno grupo. É muito fácil se dizer de direita quando "esquecem" que a diferença entre o Taleban e os republicanos cristãos dos EUA é meramente retórica. Ou esquecer que a democracia norte-americana não passa da ditadura de um partido único, com duas facções. Quanto ao Lula, é como já disseram aqui mesmo no Digestivo, a democracia leva a essas coisas. A conclusão daquele colunista foi que a democracia não serve. É sempre bom ver a direita tirando a máscara. Melhor que o discurso hipócrita de quem não tem coragem de se assumir.
[Leia outros Comentários de marcelo]
16/11/2002
12h35min
Alexandre, meu caro, muito obrigado pela generosa referência ao meu blog, ao lado de tão boas companhias. As influências de Paulo Francis e de Olavo de Carvalho sobre nós são um excelente assunto. Mês que vem, quando eu tiver um pouco mais de tempo, vou escrever umas considerações pessoais a respeito. Outro assunto que também vale um artigo são as correlações entre política e literatura que você rastreou, e que o leitor Marcelo (que, segundo entendi, é o colunista Marcelo Barbão) questionou. Minhas impressões são as seguintes: não tenho dúvidas de que a esquerda, no Brasil pelo menos, é politicamente muito mais bem organizada do que a direita. Nisso o Marcelo tem toda razão. Considerem a disciplina tática de um PT, que enfim elegeu seu candidato à Presidência após uma persistente campanha de quase vinte anos (Lula é, aberta ou veladamente, o candidato oficial e permanente do PT desde as Diretas-Já). E comparem com a inconsistência de um PFL, há várias eleições sem candidato próprio, mais comprometido com esquemas patrimonialistas do que com as bandeiras liberais - e para tanto disposto inclusive a compor, durante oito anos, com um partido de esquerda moderada como o PSDB. É claro que o socialismo petista é sincero, ao contrário do liberalismo pefelista. E essa sinceridade tem sido o motor do permanente crescimento do PT na política nacional. Acontece que as razões desse fiasco político do liberalismo são diferentes das que o Marcelo aponta. O verdadeiro motivo são as diferenças de valores. Um esquerdista vê na igualdade o valor fundamental. Essa igualdade não pode surgir de forma espontânea nas relações sociais, que se dão entre pessoas não só conjunturalmente desiguais, pelas suas heranças, mas também naturalmente desiguais por seus talentos e méritos; as relações livres entre desiguais tenderão portanto a premiar e perpetuar essa desigualdade. A igualdade só pode ser imposta pela coerção estatal. É compreensível, portanto, que os esquerdistas tendam a ser tão interessados pela participação política, pela "construção" de partidos e "movimentos sociais" e pela tomada e manutenção do poder. Tirem de um esquerdista todas as possibilidades de ascensão ao poder e de reforma do mundo conforme seus planos igualitários e vocês verão um ser angustiado, destituído do sentido de sua vida, talvez propenso ao suicídio. Um liberal tem uma tábua de valores completamente diferente. Para ele, fundamental é a liberdade. Que se manifesta no exercício de seus atributos pessoais - ou, em outras palavras, no uso, fruição e disposição de sua propriedade (o termo é aceitável se o empregamos num sentido mais vasto, abrangendo todas as possibilidades de ação de um indivíduo que tenham a si próprio como fim). Um liberal, portanto, está ocupado essencialmente com a atualização de suas potências e com a persecução de seus próprios fins, com seus próprios meios. Daí podemos deduzir a existência de dois tipos de liberal: aquele que preocupa-se essencialmente com os fins - o uso de sua "propriedade" - e aquele que prefere dedicar suas energias aos meios - acumular mais e mais "propriedade", não raro às expensas dos outros. É claro que este último não é propriamente um liberal, mas um simples e imaturo egoísta. Este provavelmente gosta de política, um ótimo meio de se expropriar as outras pessoas. É o pefelista de carteirinha típico, sem dúvida um patrimonialista ardoroso - nessa categoria recaem todas as ditaduras supostamente "liberais" que o Marcelo mencionou. Já o primeiro é um liberal no sentido próprio do termo. Não quer expropriar ninguém, só não admite ser expropriado. Despreza a política e o poder. Importante para ele é "fruir sua propriedade" - por exemplo, mantendo blogs na Internet, dedicando-se à filosofia, à literatura, à história, às ciências puras, à arte, a tudo aquilo que seja atualização pura das potências propriamente humanas. É esse o ponto. Um esquerdista vê um liberal aprimorando seu estilo num blog, ensaiando os livros que futuramente escreverá - e só consegue enxergar nele um frívolo, um simples contemplador inerte e incapaz de impulsionar um "novo estágio das forças produtivas". O liberal devolve o olhar ao esquerdista, que está todo afobado com os mil e um compromissos políticos ativos que este assumiu - e se compadece desse pobre-diabo, tão crente de que pode "transformar a realidade", e que não compreendeu que a contemplação é o fim último da vida e o único modo de vida propriamente humano. Aí está o conflito: nos valores. Cada um dos dois faz - e tende a fazer bem - aquilo que lhe parece essencial. É compreensível, portanto, que tenhamos ótimas mentes táticas e revolucionárias em partidos de esquerda cada vez mais ativos - e brilhantes mentes contemplativas em blogs "de direita" cada vez melhores, à medida que seus autores amadurecem suas idéias e seu estilo. Nesse rumo, não é impossível que o futuro do Brasil seja uma espécie de União Soviética, uma máquina feroz (e, no curto e médio prazos, eficiente) de controle ditatorial da vida individual, movida pela busca obstinada por igualdade - e descrita, "ad perpetuam rei memoriam", nos romances e poemas de brilhantes gerações de escritores, todos exilados e todos "de direita". Os novos Nabokovs e Soljenitsins talvez estejam nascendo nos blogs da Internet brasileira. Tal como os nossos Stalins e Brejnevs já estão no ventre dos PT, do PSTU, do MST e de outros movimentos do tipo. Para finalizar esse enorme comentário, uma dica: uma maravilhosa exposição do liberalismo (e que por isso mesmo quase não fala de política, mas de valores) está no livrinho "O Saber dos Antigos", do filósofo italiano Giovanni Reale, Ed. Loyola. Estou recomendando-o para todo mundo: não custa nem vinte reais e marca fundo qualquer consciência. Esse, sim, é "revolucionário": pode mudar uma vida.
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16/11/2002
13h54min
Já falei muito mais do que convinha, mas me perdoem: preciso fazer uma correção. Eu disse aí em cima que todas as ditaduras de direita apontadas pelo Marcelo eram falsamente liberais. Fui injusto. Quase todas. É que algumas não tinham nem o mero discurso liberal. Ah, Marcelo, não tente empurrar para o nosso lado os revolucionários mexicanos do PRI, Saddam Hussein, Muammar Kadhafi, o Khmer Vermelho (juro que não acreditei quando li...), Yasser Arafat e os terroristas palestinos em geral, que isso não vai colar não. Esses pratos foram vocês que sujaram. Quer discutir? Vamos discutir; mas sem insultos à inteligência e à memória, por favor.
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16/11/2002
16h12min
Discutir com os neo-direitistas é muito divertido. O Felipe Ortiz chama o PFL de "traidor do liberalismo". O partido mais arraigado ao estatismo e ao clientelismo que já se viu no mundo. E não foi uma mudança nos "ideais" do partido, eles sempre foram assim. Grande análise. Depois, ele continua afirmando que existem dois liberais: os exploradores e os "dândis". Ou seja, existem aqueles que exploram a mais-valia e a usam para adquirir mais propriedades e ficar mais rico, e há outros que exploram a mais-valia e a usam para adquirir livros e escrever blogs. Isso é considerado "atualizar as potências humanas". Ironicamente (e longe da verdade), este ser dandesco que do alto de sua torre observa e comenta o mundo, segundo Felipe, não gosta de política e nem do poder. Mesmo assim, os blogs de direita citam mais o nome do Lula, do MST, do PT e de outros esquerdistas, do que qualquer jornal e site "normais" (não-claramente de direita, quero dizer). Que contradição é essa? Por que o choro dos vencidos, dos incapazes e dos hipócritas precisa ser tão alto, se nenhum de vocês gosta de política ou do poder? Parem de chorar e comecem a agir como adultos! O comentário do Felipe me lembra aquelas discussões infantis. Uma criança tenta fazer alguma coisa e não consegue, assim, para responder à zombaria das outras crianças, responde: mas eu não queria mesmo! Patético. A direita é incompetente e inepta. E qual é a resposta? "Ah, a gente prefere ficar contemplando o mundo, não queria brincar mesmo!!!". Cuidado, futuros Nabokovs, lembrem-se que o pai do escritor, foi assassinado por direitistas insanos. Infelizmente, nestes blogs gestam-se os novos Pinochets, Videlas e Pedro Carmonas. Porque ninguém acredita nestas baboseiras contemplativas, mas todo mundo sabe que a direita atua conspirativamente, na calada da noite mais covarde, prendendo, matando, jogando bombas. Como sempre fizeram, aliás. Ah, Rafael, eu nunca falei que os regimes de direita eram liberais, aliás, nem você acredita nisso. Eu falei que eram de direita. E a direita traveste-se da ideologia que mais lhe serve. Porque, em geral, só visa à manutenção de seus privilégios e do lucro de suas empresas e, para consegui-lo, a ideologia é o que menos importa. Saddam, Kadhafi, Arafat, são todos felizes defensores do capitalismo. No caso de Saddam, sempre foi um feliz aliado dos EUA até o final dos anos 80. Kadhafi fez as pazes com as potências ocidentais e todos felizes exploram petróleo e as riquezas naturais da Líbia numa explosão de capitalismo liberal (para eles, pelo menos), os fundamentalistas islâmicos têm as mesmas posições da direita americana em relação às minorias, aos gays, às mulheres, ao aborto e aos estrangeiros, chamá-los de esquerdistas é brincadeira de quem não ver a realidade. Também querem um capitalismo liberal para os muçulmanos, assim como os direitistas americanos querem muito liberalismo para os EUA. O Hamas, por exemplo, que nasceu financiado por Israel, ataca e mata os militantes comunistas palestinos. Quanto aos "institucionais" do PRI mexicano, foram eles que iniciaram a abertura liberal, assinaram o NAFTA, por que não seriam de direita? Por que você não quer? Não se preocupe, você é jovem e aprende: todo direitista é liberal quando fora do poder e um estatista quando sente o gosto das tetas do Estado. Você chega lá. O Khmer Rouge instaurou um governo de terror que, em nenhuma das suas medidas lembra nem vagamente o que falava Marx (ah, como Paulo Francis faz falta, ele, pelo menos havia lido Trotsky e entendia um pouco da coisa, seus pupilos por outro lado...), sem falar que tudo isso era de conhecimento e fora aprovado pelos EUA e pelas potências ocidentais. A situação foi tão calamitosa que a loucura só foi parada com a invasão dos "assassinos sanguinários" vietnamitas. Sim, aqueles comunistas horrorosos que derrotaram os americanos, tiveram que invadir o Camboja para derrubar o Khmer pró-americano e acabar com o genocídio. Viva os liberais dos EUA! Sem me estender muito: só uma palavra para esta falsa e anacrônica dicotomia entre igualdade e desigualdade - solidariedade. Por fim, perdoe-me se falar a verdade insulta sua inteligência e memória.
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16/11/2002
21h21min
Parece-me que o Alexandre fez uma descrição interessante, mas pecou na análise. Por que essa nova geração de escritores é mais de direita? Tenho a teoria de que toda geração se define em oposição à geração anterior. A geração romântica surge em oposição ao racionalismo do neo-clássico e do iluminismo de Voltaire. Minha geração era libertária e de esquerda porque a geração anterior era de direita e ditatorial. Na eleição de 1989, meu tio passeava de carro pela cidade, vendo onde tinha boca de urna do Lula e chamando a polícia... Claro que eu só poderia ser de esquerda. Aliás, falou-se muito que a esquerda preza a igualdade e a direita preza a liberdade (afinal, o Alexandre está falando de direita ou de neo-liberalismo?). Mas há a opção anarquista, que preza tanto a igualdade quanto a liberdade...
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16/11/2002
22h16min
Parece que a estratégia de escrever artigos polêmicos continua funcionando. Até quando? Só que desta vez o intelectualoide escreveu asneiras demais.E olhe apesar de não comungar com o estilo do Francis, convivi com ele aqui em NY, e tenho certeza ele não gostaria da maioria dos dublês de escritores que vc citou.
[Leia outros Comentários de Antonio Castellane]
17/11/2002
01h40min
Obrigada pela menção, Alexandre. Não sou de maneira alguma uma “escritora” – mas o título não cairia mal num país em que a Marilena Chauí é considerada uma .... filósofa!!! O outro porém: o Martim tem razão. Ser "de direita" é falar exatamente a língua da "esquerda". Talvez eu seja “de direita” - mas a "direita" de que talvez façamos parte – me recuso a pensar que somos uma “comunidade” - é incompreensível ao Marcelo Barbão, por exemplo, que insiste em nos martelar com "fatos" nos quais um dia já tivemos a inocência - disfarçada de argúcia - de acreditar, assim como próprio Francis. Como já ouvi dizer por aí, quem nunca foi "de esquerda" não tem coração. Quem continua na esquerda acaba por ficar sem cérebro. O Marcelo insiste em dizer que a "direita" (ardilosos vampiros do mal e seres das trevas) trabalha na calada da noite. Risível, risível. A esquerda,esta sim – ainda segundo o Marcelo - trabalha às claras, de martelo e foice na mão, revolucionando o mundo. Podemos deduzir dos argumentos do Marcelo que a esquerda não precisa usar desses artifícios subversivos para “mudar o mundo”. Não dá pra acreditar é em tamanha inocência, Marcelo. A esquerda, em sua tradição marxista, sempre foi a melhor nos truques do esconde-esconde, do newspeak, da sutil lavagem lingüística e ideológica. E, sim, o pai do Nabokov foi assassinado por um “direitista” insano - só que parece que mais uma vez você varre fatos para debaixo do tapete. O tiro que matou Vladimir Dmitrievich Nabokov não o fez senão por acaso. O alvo era o amigo que Nabokov tentara proteger, Pavel Nikolaevich Milyukov, também um antidéspota – título que para você, imagino, deve automaticamente ser equiparado a “ser de esquerda”, assim como deve ter sido automática sua conclusão de que os novos “escritores” de blog serão Pinochets e Pedro Carmonas no futuro. Milyukov era historiador e escreveu sobre o perigo que os Bolcheviques representavam. O sonho dos Kadets, ao instituir o “Pervaya Duma”, ou Primeiro Parlamento, era fazer da Rússia uma República ou uma monarquia constitucional como a Inglaterra. Sob o paradoxal regime tzarista, o pai de Nabokov foi proibido de participar nas eleições públicas, mas podia ainda trabalhar em publicações “esquerdistas”. Como disse o próprio escritor, àquela época “justice and public opinion could still prevail occasionally in old Rússia; they had only five years to go” ou, ainda, “The history of Russia could be considered from two points of view: first, as the evolution of the police (a curiously impersonal and detached force, sometimes working in a kind of void, sometimes helpless, and at other times outdoing the government in brutal persecution); and second, as the development of a marvelous culture. Under the Tsars, despite the fundamentally inept and ferocious character of their rule, a freedom-loving Russian had had incomparably more means of expressing himself, and used to run incomparably less risk in doing so, than under Lenin”. Mas claro que todo mundo prefere entender errado. Você parece ser outro que prefere acreditar no mundo cor-de-rosa dos esquerdistas bonzinhos e sonhadores contra direitistas malvados e inescrupulosos. O pai de Nabokov não era um “esquerdista” no fétido sentido – redolente aos que salivam de emoção romântica ao ver o “filho do povo” chegar à Presidência, tão semelhantes aos servos hipnotizados por um Lenin, um Hitler, um Mao, um Stalin – que a esquerda brasileira imprime à coisa. E veja que curioso: o assassino do pai de Nabokov era tão “de direita” que foi nomeado por Hitler como o administrador da “busca” alemã aos eventuais emigrés que deixassem a Rússia – gente, por exemplo, como Véra Nabokov, judia, e nada menos que a mulher do escritor cujo pai fora assassinado. Claro que você, como defensor da sacrossanta esquerda, acredita que o Nazismo era “um regime de direita”, não é mesmo? Ah, sim: meu caro Antonio Castellane, se conviveu mesmo com o Francis, dele não aprendeu nada. Aliás, para ter convivido com Francis, você tem de ter pelo menos uns 30 anos de idade – o que estranhamente não condiz com seu infantil hábito de mandar e-mails a pessoas que desconhece, chamando-as de “apple-polisher”. Vai lustrar o sapato do Jabor que você lucra mais, meu filho.
[Leia outros Comentários de Juliana]
17/11/2002
01h53min
Risível os argumentos que se repetem. Como um mantra. Apesar de cair em contradições, a Juliana, embotada neste discurso insosso, não percebe e segue em frente. O assassino do pai de Nabokov era de direita e participou do governo de Hitler que, segundo você, não era de direita. Bonito isso. Depois ela vai querer justificar isso, dizendo que foi uma ironia, são tão previsíveis. Quanto ao perigo dos bolcheviques, vários escreveram sobre isso e com muito mais autoridade, inclusive Bakunin, Makhno e Rosa Luxemburgo. Uma só folheada em qualquer livro deles já ajudaria muito a pensar direito. Era o perigo da realização de uma revolução socialista em um país atrasado como a Rússia. Aliás, existem vários textos do próprio Lenin e do Trotsky falando sobre a mesma coisa. Se você quisesse fazer análises honestas, poderia lê.los. Tudo bem que, para alguém que é incapaz de entender o que é socialismo, portanto afirma que o nazismo é um regime de esquerda (sem apontar sequer uma medida socializante de Hitler, comparando-a com a URSS de Lenin), será de pouca valia tentar explicar o que são e pensam os trotskistas ou os anarquistas, por exemplo. Como já falei, eu não fecho os olhos e nem tenho medo de discutir abertamente os erros e os acertos da esquerda. Não fujo ao debate. Sim, os regimes comandados por Stalin e seus clones no mundo inteiro cometeram erros e mataram muita gente. Não nego nada disso. Agora, causa riso, como vocês, dandis, ficam se escondendo dos seus próprios mortos e dos seus regimes assassinos. Seriam menos patéticos se tivessem a coragem de assumir seus erros e não inventar histórias da carochinha que só a sua "comunidade" acredita. Já que o ídolo de vocês leu e estudou Trotsky e não cometia tantos despautérios, vocês deveriam seguir o exemplo. Mas para quê, não é mesmo? O objetivo é a polêmica por si mesma. Pelo menos o Francis era inteligente. Vendeu sua alma mas ganhava em dólares, vocês ainda pagam o acesso à Internet. Realmente no meu último comentário, eu exagerei um pouco. Vocês não se tornarão Carmonas e Pinochets, é preciso mais capacidade. Para terminar, Juliana, para mim o Jabor é tão de direita quanto você.
[Leia outros Comentários de marcelo]
17/11/2002
03h26min
Eu adoro Paulo Francis, tenho 31 anos e voto em Lula desde 1989, e daí?! qual é o problema?? precisa ser de direita para se gostar de alguém como Francis?
[Leia outros Comentários de Anderson]
17/11/2002
07h53min
Marcelo, se sou "de direita", o sou por acreditar num sistema de governo que preze acima de tudo a liberdade - política e econômica. Capitalismo, meu caro, pleno (não essa palhaçada que temos no Brasil, graças à intervenção das esquerdas), aliado à democracia - só assim algum país é capaz de prosperar, e qualquer pessoa de bom senso sabe disso. Somente uma mente muito alterada por drogas ou propaganda rasteira pode acreditar no intervencionismo babão pregado pelas esquerdas. Se sou de direita, o sou justamente graças a pessoas como Paulo Francis, Roberto Campos, Milton Friedman, e por acreditar em países como EUA (ditadura de partido único!!! Meu Deus, how low can you go?) e Inglaterra, Alemanha, onde se vê que o lucro e o dinheiro não fazem mal, como os ressentidos pregam. Ah, claro, mas pra vocês bom é Cuba. Ou Pyongyang.
Agora é engraçado como na tacanha mentalidade da esquerda brasileira quem desaprova Lênin e Stálin tem de necessariamente venerar Hitler e Pinochet. Quem disse que todas essas ditaduras militares são "de direita" e, ainda que o fossem, o que o faz pensar que eu as aprovo? Não sou dominado por ideologias, ao contrário de vocês, mas sim pela razão; obedeço somente à fria constatação dos fatos, e não sigo nenhuma cartilha ou livro vermelho. Submeto-me apenas a essa coisa, tão desagradável pra vocês, chamada realidade, e tenho este hábito tão estranho para alguns de não conseguir viver fora dela.
Por falar em tirar a máscara, vejo com certo pesar e temor que a carapuça lhe serve também. Você abre seu texto justificando o uso da força pelos regimes de esquerda com argumentos absurdos, que só revelam no fundo vocês não passarem de sonhadores invejosos e infantis com delírios de grandeza, ávidos por controlar a vida dos outros e colocar as garras em riquezas que não lhes pertencem. Que esperar de gente com os valores e a moral tão deturpados por anos de lavagem cerebral esquerdista que minimizam os regimes responsáveis pelos maiores genocídios da história da humanidade, dizendo que as revoluções russa e chinesa "tiveram seus acertos"?
[Leia outros Comentários de Rafael Azevedo]
17/11/2002
09h36min
Durante o governo Ribamar Sarney, apareceu o Pérsio Arida na televisão, defendendo um daqueles planos econômicos. O Francis comentou que o Arida falava um inglês direitinho e que tinha idéias direitinhas, mas que naquela idade, ele, Francis, estava se encharcando de bebida e fazendo bobagem nas noitadas cariocas. É o caso dos blogueiros citados aí: meninos bem comportados, posando de aristocratas, deslumbradinhos com suas leituras (todas devidamente catalogadas, previsíveis e sem nenhum traço de ousadia). Um desses aí, tido como "inteligente", até faz questão de ser chamado de "senhor" e horrorizou-se quando foi apresentado à filha do "famoso" (quá-quá-quá) jornalista Mino Carta, chamou-a de senhora, e foi destratado. Diz-se preocupado com "respeito, gentileza, preocupação com o bem estar alheio" mas, livresco, e pedante como é, não se dá conta que pode ser imensamente incômodo ao insistir num tratamento pernóstico. Comentando o bacharelismo brasileiro, Gilberto Freyre lembrava um diplomata genovês que, no final do século XVI, escreveu um relatório onde comentava o estranho hábito português de todos se tratarem mutuamente por senhor e senhora, sem que fossem senhores ou senhoras de coisa alguma no mundo. É por aí. E nessa levada, o tal senhor blogueiro (ou seria senhor doutor blogueiro?) ainda se horroriza com a namoradinha de um amigo, que ficou constrangida quando ele foi abrir a porta do carro para ela. E daí? Fosse um sujeito inteirado do mundo ao redor, saberia que há n variedades de mulheres, que uma jamais é igual a outra, e que, portanto, o tratamento jamais poderá ser normatizado. Se ela não quer que abra, é fácil. Basta não abrir. Depois, o citado senhor doutor blogueiro ainda "deita elogios" (sic) à "fantástica" (sic) "iniciativa" (sic) de um certo Bruno, para encerrar com um "Parabéns!" (sic). Nada contra o Bruno, mas um amontoado de clichês como esse foi redigido por alguém "inteligente" e "que sabe escrever"? Qual é a idade mental dessa pessoa? No romance "Cabeça de Papel", havia um poeta bêbado e boêmio que, meio no embalo, celebrava "imitadores baratos que lhe copiam os manerismos, substituindo o que, no original, se autogerara nas entranhas, pelo arremedo de salão" (p. 117). Bingo. A produção dos senhores doutores blogueiros citados não passa disso, de um arremedo de salão, cínico e descontextualizado, da obra do Francis. Um esnobismo de desajustados e invertidos. Paulo Francis trataria esses jovens assépticos a facão.
[Leia outros Comentários de Irã Dudeque]
17/11/2002
12h18min
Queria me desculpar por ter sido tão rude. Agora, depois do comentário do Irã, percebi que não tratei nenhum de vocês com o devido respeito, senhores. Parece uma Revolta dos Dândis. Pena que sem a sensibilidade e a genialidade de um Oscar Wilde. Rafael, se você é de direita, é porque nasceu privilegiado e quer ter a liberdade de não ter nenhuma preocupação social, a liberdade de não se preocupar com os erros tremendos que sua elite cometeu, quer ter a liberdade de pagar salários baixíssimos, a liberdade de ser um explorador e coisas assim. Vocês são muito previsíveis em suas opiniões. Roberto Campos é um dos seus heróis? E como, então, não concluir que você apoiou a ditadura militar? Que acha Maluf uma boa pessoa? Que foi contra as eleições diretas? Que é um hipócrita já que xinga as estatais em seu blog, as mesmas que foram criadas durante o período em que Bob Fields foi Ministro? Criou o BNDE mas é contra a participação do governo? Ou seja, é liberal com forte intervenção do Estado? Bonito isso. Aliás, este é o mesmo tipo de liberalismo que existe nos EUA: nenhuma estatal mas uma forte presença do governo nas empresas. Ou vice-versa. Nunca existiu governo mais privatizado no mundo. São esses mesmos governos hipócritas que sustentam ditaduras fascínoras como a Pinochet, patrocinam golpes de elites senis que estão morrendo de medo de perder seus privilégios como na Venezuela (felizmente derrotados pelo povo - essa entidade horrível e fedida). Sim, foram os governos dos liberais EUA e da aristocrática Inglaterra que promoveram e sustentaram as ditaduras sangrentas da América do Sul. A tal ponto que na Guerra das Malvinas foram usadas quase que exclusivamente armas inglesas. E ainda por cima se esquece de toda a rede de proteção que existe em quase todos os países da Europa, algo que vai contra seu liberalismo fajuto. Mas, é claro, você não é dirigido por nenhuma ideologia. Nem seus ídolos. A única ideologia que os move é a do dinheiro, da exploração e do lucro. Mas, como já falei antes, seus ídolos eram inteligentes, vocês, nem tanto. Todos se venderam e mudaram de camisa de acordo com quem pagava mais. Bob Fields passou de criador de estatais para defensor das privatizações de acordo com o valor das consultorias que prestava. Privatizações, aliás, bancadas pelo dinheiro do BNDES, é claro. Francis passou da esquerda para a direita assim que viu as ofertas salariais dos periódicos. Já, para vocês, restam os blogs. Agora, bonito mesmo, é descobrir que o Rafael não só é capaz de fazer citações em inglês, mas até ser poético. "How low can you go?" é lindo. Um verdadeiro dândi.
[Leia outros Comentários de marcelo]
17/11/2002
12h33min
Mestre Soares, este site é lido por gente de direita sim. Em alguns casos, uma direita pavorosa. Penso que o idealizador do site seja um "between", admirador do Sergio Augusto, logo alguem que analisa primeiro, depois afirma. Paulo Francis também foi importante quando tinha 14 anos. Todavia, o episódio Suzane tem nos mostrado que superar a adolescência é fundamental. Este direitismo juvenil é inútil. Da mesma forma que execro as pessoas de esquerda que só leem Hobsbawn (que tem um livro fraqinho sobre jazz), não tenho particular admiração por pessoas que odeiam Saramargo porque ele fala besteiras inomináveis sobre Israel. Vivemos um momento crítico. O Brasil produz música instrumental de qualidade que não é difundida. Ser artista é um exercício de teimosia enorme. Foco e maturidade. Deixemos os fantasmas do passado descansando. Francis como farsa, o chichê do dia.
[Leia outros Comentários de José M SIlveira]
17/11/2002
24. Ufa!
16h31min
Sabe, é graças ao Júlio que vou continuar leitor deste sítio. Ele não é intolerante! Além do mais, se eu deixar de ler, acho que o Alexandre terá me (con)vencido.
[Leia outros Comentários de André Lima]
17/11/2002
22h56min
Pelo amor dos meus filhinhos (que um dia hei de ter), realmente essa coluna é muito polêmica! Comentam o texto do Alexandre, então comentam os comentários dos outros, depois até comentam seus próprios comentários... Isso aqui é um paraíso! Começou com um conflito entre direita e esquerda, passou por uma comparação com A Revolta dos Dândis e chegou até ao caso Suzane Richthofen! Ufa... O que mais nos agüarda????
[Leia outros Comentários de *Roberta*]
18/11/2002
00h43min
Reparo já faz um bom tempo - eu diria de 2 a 3 anos - que um a um, fui descobrindo através das leituras diárias todos os aqui citados por este excelente colunista. Agradeço sempre aquele bendito dia que tive o prazer de ler a entrevista com o grande Olavo de Carvalho. O resto vocês todos já podem imaginar... Descobri: Janer Cristaldo, J.O. de Meira Penna, o brilhante e espirituoso Martim Vasques da Cunha, Mario Ferreira dos Santos, Rene Girard, Dennis Rosenfield, Maria Victor Barbosa, o Cristão Nivaldo Cordeiro, Sandro Guidalli, Diogo Chiuso, Alexandre Soares Silva, julio Lemos, a inteligente e gentil Inês de Carvalho -não nos abandone com o seu blog - e tantos outros que dispensam comentários - desculpe não ter citado todos. Gosto da pluralidade de idéias e primo pelo desenvolvimento do espírito acima de tudo. Esbarramos inevitávelmente com os assuntos mais banais - como a política direita/esquerda - mas acima disto existe a trancendência do homem através da humildade e determinação. Acredito que mais do que debater a direita ou esquerda tais pessoas mostraram-me - obrigado amigos - que somos capazes de pensarmos HONESTAMENTE e que o espírito só se eleva através do conhecimento - muitas vezes árduo e solitário. Portanto, independente das escolhas partidárias/ideológicas creio que todos aqui citados são estudiosos e devoradores de bons livros, o que é fundamental. Faço das palavras de Martim Vasques da Cunha as minhas: Ele faz o possível, e nós temos que fazer o possível também para que a unidade do espírito possa se manifestar. SÁBIAS PALAVRAS, pois no fim todos os caminhos nos levam a experimentar Deus. Como? Qual o caminho? Através da elevação do nosso espírito.
[Leia outros Comentários de Sidney Vida]
18/11/2002
04h53min
Isso mesmo Marcelo! Você está certo, nós "direitistas", somos canalhas, crápulas insensíveis que só pensamos no dinheiro, e em lucrar em cima dos pobres e de suas criancinhas famintas, enquanto vocês esquerdistas são a mais pura encarnação da bondade humana, sempre empenhados em resolver os problemas alheios e trazer felicidade aos outros seres que habitam a Terra. Vocês conhecem com invejável precisão a história do mundo, proferindo sempre opiniões exatas e precisas sobre história, política, economia, e dando julgamentos definitivos sobre tudo e todos, enquanto eu tenho essas minhas opiniões tão precipitadas, pusilânimes, recheadas de preconceito e frivolidade.
Já você, Marcelo, é um escritor de talento, wit, charme e humor refinados, que com sutis ironias destrói seus adversários, mestre de sua arte - afinal contribui para importantes publicações, como as revistas Geek e Hacker, enquanto eu, pobre de mim, tenho que me contentar apenas com meu mísero blog. Eu, que sou um membro dessa elite sanguinária, insensível, que despreza e pisa no povo, enquanto você é um paladino defensor de seus ideais, tal qual São Lula da Silva, padroeiro das esquerdas. Eu, coitado, tenho que me contentar apenas com fatos, argumentos, enquanto você tem refinada argúcia e a mais fina ironia do seu lado, para me ridicularizar ao seu bel-prazer. Que resta a um capitalista hediondo como eu, diante de tão nobre alma?
Permita-me apenas perturbar sua tão nobre e elevada existência com uma pergunta tão insignificante quanto este seu humilde interlocutor - o que significam "10 e poucos anos"? E o que uma pessoa de "10 e poucos anos" pode fazer para contribuir para participar ativamente da redemocratização de um país? Distribuir as figurinhas que ganhou no bafo para os pobres? Combater os milicos com estilingue, montado num patinete?

Quanto aos ataques de um sujeito chamado "Irã", o que responder? Os pais dele fizeram um trabalho muito pior do que qualquer ofensa, xingamento ou réplica que eu pudesse fazer, lhe dando um nome desses. Só me resta dizer uma coisa - estarei em São Paulo no mês de dezembro, e me ofereço para encontrá-lo pessoalmente e ver se ele me chama, na minha cara, de invertido, ou foi só um daqueles arroubos de "coragem virtual" tão típico dos geeks que pululam pela internet. Adoraria enfiar essa minha mão de invertido na sua fuça.
[Leia outros Comentários de Rafael Azevedo]
18/11/2002
09h02min
Sabe, Julio, até que você faz um blog divertido. De vez em quando, se quebra a monótona seqüência de citações e congratulações mútuas entre os direitistas e aparece algum debate de verdade. Pelo menos entre os colunistas, não aconteceram ainda – até agora - as insinuações quanto ao que este esquerdista está fazendo no horário de trabalho, ou os insultos e ameaças ao discordante. Bem, já houve uma ameaça de soco por um rapaz que vestiu a carapuça de invertido. Quando quem não é do clube intervém, as coisas não são tão amenas. Enfim, mesquinharias típicas de direita, de uma gente que nega ser dessa posição política mas que se alvoroça histérica com qualquer crítica à mesma. Que cultiva ídolos e cita submissa suas frases de efeito. Que tem uma cultura de frases soltas, citando ditos isolados de Francis sem conhecer sua trajetória política e intelectual. Que considera Nelson Rodrigues apenas como um anti-esquerdista, ignorando o seu anticonservadorismo. Que se deleita com a última leitura indicada pelo guru e se faz de superior porque os outros supostamente a ignoram. Que repete com submissão as palavras daquele boneco de corda que você puxa e ele repete “Fórum São Paulo, Fórum São Paulo, Fórum São Paulo...”. Enfim: deve ser mesmo um complô do esquerdismo internacional para mostrar de uma vez por todas que na direita não tem gente que pensa de forma autônoma. Pelo menos nos blogs de direita, isso é artigo raro. E parabéns ao Marcelo por afrontar o Pensamento (quase) Único do Digestivo.
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18/11/2002
10h50min
Caro Rafael, faça as contas. Em 1982, eu tinha 15 anos (daí veio a brincadeira dos "10 e poucos anos" que você não compreendeu) foi a primeira eleição livre desde o começo da década de 60. Eu participei dela distribuindo santinhos e fazendo boca de urna, apesar das ameaças de repressão. Em 1984, com 17 anos, estava na praça da Sé exigindo diretas-já. Você devia ser muito criancinha para participar dessas coisas. E, mesmo agora, é incapaz de entendê-las. Quanto a suas ameaças contra o Irã, só provam o funcionamento da direita, quando acabam os argumentos, parte-se para a violência. Sempre foi assim e sempre será.
[Leia outros Comentários de marcelo]
18/11/2002
11h18min
Sou fã do Francis e, por recomendação de um amigo, dei uma olhada nesse debate e nos blogs dos "intelectuais" citados. E aí quase caí da cadeira. Veja-se, por exemplo, o blog de Rafael Azevedo e sua coleção de aberrações: para quem ia votar no Lula, Rafael Azevedo prometia "um murro nos dentes". Para os magistrados, Rafael Azevedo propõe a guilhotina (ou ainda que sejam "pendurados de ponta cabeça numa árvore"). Para resolver as divergências do "ocidente civilizado" com o oriente, Rafael Azevedo propõe uma "limpeza" étnica e mais "uma bomba nuclear em cada capital desses caras". Para quem gostou do filme "Cidade de Deus", Rafael Azevedo promete "um murro no meio da boca, e um chute entre as pernas." Para Rafael Azevedo, as pessoas "mais repulsivas" do mundo são advogados e defensores dos direitos humanos; estes são "a escória do universo" (abaixo dos neo-nazistas, por exemplo - afinal, Rafael Azevedo defende uma "limpeza" no oriente). Quanto à democracia, o pensador político Rafael Azevedo é anglófilo no seu parecer "Thank God I'm outta here!". Além disso, Rafael Azevedo é contra TODOS os advogados. Agora, naquilo que foi um debate sobre o Paulo Francis, Rafael Azevedo comete mais uma série de atos "intelectuais": Primeiro, destrata o debatedor Marcelo porque este escreve em revistas como Geek e Hacker, enaqunto "eu [Rafael Azevedo] tenho que me contentar com fatos e argumentos". Só isso já seria suficiente para situar a posição intelectual de Rafael Azevedo, pois a invocação peremptória a "fatos e argumentos" guarda um quê do ranço positivista. Depois Rafael Azevedo parte para um ataque pessoal contra um "sujeito chamado Irã", pois com um nome desses (árabe?), ele seria indigno de um debate. Ao que tudo indica, Rafael Azevedo (belo nome!) defende que só pessoas com nomes apropriados tenham direito ao debate. Num primeiro momento, devemos banir alguém chamado Irã, depois talvez devamos abolir as opiniões e os escritos de pessoas intituladas Ezra, Millôr ou ainda o pobre indiano Vikran Seth (ainda bem que eu me chamo Leonardo!). Feita a restrição ao nome de Irã (árabe?) Rafael parte para a agressão de fato, e convoca o dito cujo para um duelo (São Paulo, dezembro), quando promete-lhe "enfiar a mão na fuça". Intelectualizadíssimo, o Rafael Azevedo. Porém, apesar de tão disparatadas idéias, Rafael Azevedo é ídolo de Alexandre Soares Silva, que, aparentemente, considera-o um grande pensador. Talvez porque Rafael Azevedo seja mais furioso nas suas soluções de "limpeza", enquanto Alexandre Soares Silva sai-se com ideiazinhas irresponsáveis como as que "os fuscas e os mavericks [dos anos 70] enfeiavam mais a orla de Ipanema do que todos os prédios atuais juntos" (viva a especulação imobiliária, por ser menos nociva que os mavericks!). Então, que tal juntar admirados e admiradores numa campanha, digamos, em prol da volta da dinastia Bourbon ao trono da França, com direito a um rei que curasse escrófula? Talvez sobrasse algum viscondado para gente como Rafael Soares. Ou uma campanha pelo reconhecimento público de Torquemada? Talvez sobrasse algum cargo de inquisidor para gente como Rafael Soares, adepto de "limpezas". Ou ainda, que tal a criação de um centro para a divulgação das idéias de Adolf Hitler? Peço desculpas aos outros escritores citados nesta página se cito em demasia o nome de Rafael Azevedo. Divulgo tal nome para essas nobres ocupações, pois entendo que nelas Rafael Azevedo poderia mostrar um resumo dos seus argumentos "intelectuais", argumentos que envolvem murros nos dentes, guilhotina, limpeza étnica, bomba nuclear, chutes entre as pernas, mão na fuça e, the last but not the least, música erudita (ah, o efeito cenográfico de bombas atômicas atiradas ao som da Cavalgada das Valquírias; Rafael Azevedo é um esteta). Divulgo o nome de Rafael Azevedo pois ele tem a cabeça talhada para tanto. Uma cabeça dividida entre o Ocidente pré-Iluminismo e Munique, 1936 (música erudita, por favor!). Ou, talvez, eu esteja sendo meio genérico. Tomo o irabundo Rafael Azevedo como exemplo, por ser o exemplo mais aberrante. O mais provável é que não só a cabeça de Rafael Azevedo, mas as de todos os outros produtores de blogs citados nesta página, estejam situadas em um endereço mais específico: Rua Maranhão, em São Paulo, sede da TFP. Ou, ainda, em algum Centro Positivista. Eu, da minha parte, continuarei lendo revistas como Geek, e me preocuparei com nazistinhas agressivos e semi-alfabetizados como Rafael Azevedo, apenas para evitar que um reacionário vulgar como ele faça alguma outra coisa na vida além de redigir suas insanidades num blog.
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18/11/2002
11h30min
Lave sua boca antes de pronunciar meu nome novamente, "irabundo" rapazola. Ele não é pro teu bico.
Ao menos algo me deixa feliz - é que adoro despertar a ira em seres inferiores, é bom ver que tenho conseguido meu intento. Protozoários do mundo inteiro, uni-vos!
[Leia outros Comentários de Rafael Azevedo]
18/11/2002
11h34min
Marcelo, eu "compreendi" sim os "10 e poucos anos". Só não achei engraçado, witty, ou qualquer outra coisa. Estúpido e idiota, talvez, como tudo o que já tive o desprazer de ler de você. E todo mundo que se diz esquerdista. Qualquer pessoa que passa seus 15 anos de idade entregando panfletos na praça da Sé definitivamente não bate bem da cachola.
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18/11/2002
12h06min
Nossa, eu não vou mais postar nenhum comentário aqui. Estou com medo do Rafael. Ele é muito malvado. Na verdade, foi bastante divertido, mas acho que os egos deles já estão bastante inflados, já fiz minha parte deixando algumas crianças felizes.
[Leia outros Comentários de marcelo]
18/11/2002
12h38min
Leonardo, você como fã do Francis deve saber que a essa altura ele já virou hélice rodando na tumba a cada vez que algum dos blogueiros citados se autoproclama seu seguidor. Quanto ao rapaz nervosinho, você agora me clareou: trata-se - quem sabe - do mesmo que cometeu furibundo artigo sobre o Chavez há alguns meses atrás no Digestivo, e que provocou tamanha celeuma com os coleguinhas defendendo-o que, após o mesmo, tanto ele quanto os coleguinhas “sumiram” daqui do Digestivo. Quero crer que o Julio Borges fez a sua própria “limpeza étnica” de então. No fundo, a culpa foi do Alexandre, apontou como de direita um pessoal que se envergonha de reconhecê-lo (“a gente semos liberal”) e deu atenção a eles. É que nem criança que gosta de se exibir: eles logo logo perdem o limite e mostram quem são de verdade. O Alexandre, quando fala dos blogueiros “de talento”, os únicos inteligentes de sua geração, deve saber que ele, na sua finura, está nesta bela companhia. Pretendentes a Paulo Francis que estão mais para uma cruza de Ratinho com Amaral Netto.
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18/11/2002
13h33min
***1) A definição "Cruza de Ratinho com Amaral Netto" é perfeita. ***2) Se esses aí são os mais inteligentes e os que melhor escrevem nessa geração (como modestamente se definem), imaginem os piores? ***3) O e-mail de autoria de Leonardo Marques é de minha lavra (como pode ser verificado pelo número da CPU). Já que o meu nome é indigno de debate nada como alguém com nome e sobrenome adequado, ah, ah, ah; para um Rafael, um Leonardo; para um Azevedo, um Marques. ***4) (PASSO DO GANSO) seres inferiores (UM-DOIS-UM-DOIS) protozoários do mundo (ESTE É UM PAÍS QUE VAI PRÁ FRENTE, Ô, Ô, Ô, Ô, Ô) distribuir panfleto é coisa de quem não bate bem da cachola (EUGENIA, EUGENIA, JÁ) o desprazer de ler todo mundo que se diz esquerdista (HEIL! HEIL!) qualquer pessoa que passa seus 15 anos de idade entregando panfletos na praça da Sé (MINHA GENTE) definitivamente não bate bem da cachola (AME-O OU DEIXE-O! AME-O OU DEIXE-O!) o desprazer de ler todo mundo que se diz esquerdista (HEIL! REICH VON TAUSEND JARE)definitivamente não bate bem da cachola (O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, APÓS CONSULTA AO CONSELHO DE SEGURANÇA NACIONAL) adoro despertar a ira em seres inferiores (DECIDE BAIXAR ATO INSTITUCIONAL) seres inferiores (MINHA GENTE) o desprazer de ler todo mundo que se diz esquerdista (TRADIÇÃO) o desprazer de ler (FAMÍLIA) todo mundo que se diz esquerdista (PROPRIEDADE) que se diz esquerdista (PASSO DO GANSO; UM-DOIS-UM-DOIS-UM-DOIS...
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18/11/2002
36. errata
14h23min
Onde se grafou "Se esses aí são os mais inteligentes e os que melhor escrevem nessa geração (como modestamente se definem), imaginem os piores?", leia-se "***2) Se esses aí são os mais inteligentes e os que melhor escrevem nessa geração (como modestamente se definem), imaginem os piores..."
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18/11/2002
16h02min
Só um esclarecimento ao mentiroso patológico do Hélion - professor universitário, claro, como não podia deixar de ser alguém que usa as palavras "furibundo", "celeuma", e se auto-proclama esquerdista e defensor de ditadores como Chávez e Castro (eu que sou o autoritário nazista depois!): quem saiu do Digestivo fui eu, por livre e espontânea vontade, não fui "limpo" pelo Julio Daio Borges, como o próprio pode confirmar. É que não me apraz a idéia de escrever para uma massa ignorante como vocês, comunistas de botequim da Vila Madá, funcionários públicos e universiotários em geral. Além do mais, fere meu bom gosto, é-me por demais penoso ter que abrir a caixa postal e me deparar com nomes como Hélion, Irã, Brabão... quais eram os desígnios de seus genitores ao fazerem isso? Muita crueldade!
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18/11/2002
16h28min
Não me autoproclamo esquerdista: sou mesmo de esquerda, ao contrário de quem tem vergonha do que é. Não tenho nada contra as palavras mencionadas entre aspas, estão em qualquer bom dicionário de português, ao contrário de certas citações colonizadas em inglês de lanchonete. Não defendo ditadores e não sei o que é Vila Madá. Quanto às razões da saída de R.A. e amiguinhos, não sei quais foram, mas sem dúvida o Digestivo só tem a ganhar em qualidade com a ausência de boxeadores virtuais de desafetos e do idioma. Calma, calma, quem não chegar a Paulo Francis, chega pelo menos a Benevides Paixão.
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18/11/2002
16h31min
Ah, a gentil Arte de Fazer Inimigos! Gente, gente! Viajei e, na volta, percebo com desgosto que a minha simples mensagem de amor e humildade foi tão mal-compreendida. Como sofre quem só quer trazer ao mundo a paz e a tolerância! Não posso responder mensagem por mensagem, mas me deixem fazer uns comentários, uns comentários só...Me deixem dizer que minha reação foi parecida com a do Rafael. Ao descer o texto e ver o nome "Irã Dudeque" subindo tela acima, tive a mesma reação de incredulidade e horror que Macbeth deve ter sentido ao ver a floresta de Dunsinane se aproximando. Meu Deus, meu Deus, é típico da malevolência da esquerda procurar alguém com esse nome, só porque tem esse nome, e mandá-lo chamar os outros de invertidos. O que anda acontecendo com os nomes das pessoas de esquerda? Mas o que me chama mesmo a atenção...(continua)
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18/11/2002
16h47min
Ô Corção, Plínio Salgado, Adolfão, todo o pessoal/// Manda descer pra ver Filhos de Francis/// Malufão, vai malufá, chama Le Pen, Bushinho também/// Manda descer pra ver Filhos de Francis/// Anauê, meu Anauá, Cavaleiro do Reichstag, todo o pessoal/// Manda descer pra ver Filhos de Francis/// Senhor da UniverCidade, faz um favor pra mim, chama o pessoal/// Manda descer pra ver Filhos de Francis/// Ai Sinhô, essa esquerdinha me faz mal, chama o pessoal/// Manda descer pra ver Filhos de Francis///
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18/11/2002
17h29min
(continuação)...o que me chamou a atenção, mesmo, é a afirmação do Marcelo de que, aos “10 e poucos anos, estava participando ativamente da redemocratização deste país, quando tinha 20 e poucos anos construía em bairros e comunidades o Partido dos Trabalhadores, além de ajudar na retomada de sindicatos dos pelegos impostos pela ditadura. Mais no fim dos meus 20 e poucos anos, estava construindo um dos principais partidos de extrema-esquerda do mundo, o PSTU”...Que vida horrível! Que juventude desgraçada! Marcelo, ainda há tempo! Ainda há tempo! Alugue “Ninotchka”!

Confesso que não entendi sua repetida acusação de que eu sou um dândi. Essa calúnia de que me visto muito bem é uma lamentável queda de nível da sua parte. Preferia quando você estava justificando os crimes da esquerda. E também não entendi muito bem sua referência ao pai de Nabokov - a menos que você esteja insinuando veladamente que eu o matei. Marcelo, Marcelo, se esse for o caso, eu pagarei na mesma moeda e o acusarei veladamente de ter matado Maiakóvski. E, por favor, não peça desculpas por ser chato. Never apologize! Never explain! Abraços, Alexandre. (esperem, continua)
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18/11/2002
17h30min
Antonio, pode bem ser que eu tenha neste texto escrito asneiras demais. Mas por que diabos então você não me disse, nos textos anteriores, que eu tinha escrito besteiras de menos? Ah, tenho que concordar com a Juliana e dizer que não gosto muito do seu hábito de mandar emails xingando pessoas que você nem conhece, e sem colocar o seu nome, ainda por cima. Acho que nem você deve gostar disso. Para quê então continuar com um hábito que deve enchê-lo de vergonha cada vez que se olha no espelho? Ânimo, Antonio, e não faça isso. Agora, coragem, e leia a próxima mensagem, que é a mais importante de todas.
[Leia outros Comentários de Alexandre Soares]
18/11/2002
17h31min
Muito obrigado a todos, independentemente de me detestarem ou me amarem ou de assumirem uma atitude de fanática e apaixonada indiferença a mim. Tenho a vaga impressão de que o problema de quem está certo, a esquerda ou a direita ou nenhuma das duas, não será resolvido exatamente no fórum do Digestivo. Ms quem sabe? Continuem tentando. A mim só me dá prazer – mas me parece que desvia a atenção do que mais importa, que é avisar a todos (e em especial à Ana) que o meu livro “A Coisa Não-Deus” pode ser comprado aqui, na Saraiva virtual (onde também existe a informação, muito útil aos planejadores do Plano contra a Fome, de que o meu livro não é comestível – confiram, por favor). Com tantos amigos novos que fiz com este texto, estou confiante que a edição vai esgotar! Corram! Corram! Você também, Helion! Abraços a todos, e voltem sempre. (Menos o Irã. Tolerância social tem limites, por Júpiter!)
[Leia outros Comentários de Alexandre Soares]
18/11/2002
18h17min
Boa, sensacional, rachei o bico com o fla-flu fascistinhas frouxolinos X sanguinários comunistas sem deus. Eu, como alguém aí, também votava no PT e lia o Francis! Não sabia o quando me auto-enganava! Obrigado e continuem sempre assim rapazes!
[Leia outros Comentários de André Forastieri]
18/11/2002
18h27min
Ai, que gente sem-graça. Um texto tão sincero que provoca reações tão bobinhas. Do "eu não sou direita" até o "ser esquerda é bom e inteligente" fechando no "Stálin era stalinista e não comunista" não faltou nenhum lugar-comum político nas mensagens postadas. Pois segue o meu comentário. Ótimo texto. Acho o falecido Paulo Francis genial, Olavo também e eu gosto de vários blogs citados. PS.: Deus é bem legal. Fez o mundo e depois mandou seu filho pra avisar-nos que tem uma eternidade nos esperando. Quem se leva a sério demais neste mundo esqueceu do outro.
[Leia outros Comentários de Pablo Cabistani]
18/11/2002
19h01min
Ops. Fui redundante em meu comentário acima. Assino embaixo de tudo que o sr. Sidney Vida (#26) escreveu.
[Leia outros Comentários de Pablo Cabistani]
18/11/2002
19h50min
Alexandre, já percebeu como o Hélion quer sempre ter a última palavra? Qual é a desse cara? Deve ser uma característica típica de quem venera Castro, Che Guevara, Hugo Chávez... essa ânsia por calar a boca dos oponentes, e sempre poder encerrar a discussão. O mais engraçado é que ele diz nos odiar, e desprezar o que escrevemos, mas não sai de nossas colunas! Que fizemos para merecer tanta fidelidade dessa figura?
Agora duro mesmo é saber que um cara desse é pago com o nosso dinheiro.. pagamos um sujeito desses para desinformar dezenas de alunos por ano, enchendo-lhes de sub-propaganda marxista e ensinando-lhes a usar palavras como "furibundo" (deve ter acabado de aprendê-la no dicionário, eis o porquê da insistência). Com certeza meu dinheiro poderia ser melhor aproveitado se eu o jogasse no lixo. Mas fazer o quê, universidade pública no Brasil é refúgio de gente assim. Emprego mole, mole, pra gente que às 3 da tarde já tá tomando chopinho na beira da praia.
Quanto ao inglês de lanchonete... que diabos isso quer dizer? A expressão é muito, muito fraquinha. E, sinceramente, associar lanchonete com inglês é coisa do século passado, digna da cartilha do Mao Tsé-Tung. Será que você é um daqueles nacionalistas fervorosos que apedreja McDonald's, e quer traduzir o nome dos sanduíches? Ou preferia que as citações fossem en español, la lengua del comandante? Russo ou chinês, quem sabe? Talvez coreano? No dialeto da Coréia do Norte, bem entendido...
[Leia outros Comentários de Rafael Azevedo]
19/11/2002
00h53min
Um dos assuntos que mais apareceu nos comentários foi à discussão direita/esquerda, os direitistas sempre saem em desvantagem nessa discussão, já que quem decide o que é o que são sempre os esquerdistas. O ideal seria que no começo da discussão fosse definido o que é direita, já que esquerda já tem seu significado bem conhecido, ou pelo menos nunca vi ninguém discordar da definição de esquerda... Se direita é sinônimo de liberalismo, que seja dito logo, já que depois de dito isso não se pode mais falar em "ditaduras de direita", pois uma ditadura nunca poderia ser liberal. E ainda seria praticamente impossível apontar algum governo atual "de direita"... Se direita é alguma outra coisa que não liberal, então que se defina exatamente o que é essa coisa, para que depois o "direitista" possa verificar se essa definição está de acordo com o que ele "é". A maior vantagem dos esquerdistas está exatamente em não definir quem é quem no começo, e depois ele lista varias coisas do seu lado, e outras no "lado oposto", e assim ele consegue relacionar coisas que sem essa listagem inicial não fariam sentido - como ditadura e liberalismo. Alguns comentários criticaram a atitude de "não assumir o que realmente é", particularmente acho que essa atitude é a mais correta possível: "eu sou o que sou e se quiser inventar um nome para o que sou coloque o meu nome". Eu me considero direitista, apenas por estar do lado oposto da esquerda, acredito no indivíduo, e acho que todos são diferentes entre si e sendo assim qualquer discurso coletivista e "igualitário" perde o sentido, também acho que a única coisa que difere o ser humano dos animais "irracionais" (não que todos seres humanos sejam racionais) é exatamente a sua individualidade. Sou liberal? Acredito que sim, ainda tenho muito o que estudar sobre o assunto, mas se tem uma coisa que com certeza vou demorar para encontrar é um significado ruim para a palavra "liberdade".
[Leia outros Comentários de Giovani MacDonald]
19/11/2002
10h17min
Giovanni (m. 48), no fórum em que agora debatemos não é verdade que os esquerdistas tenham definido de início o que é a direita. Volte ao topo e você verá que foi o Alexandre quem estabeleceu quem é de direita e que apenas esses são talentosos e inteligentes. Ao longo do debate aqui no fórum, a direita se auto-definiu por duas de suas características: 1, envergonhar-se do que é; 2, argumentar de forma truculenta exibindo preconceito. Em tese, ser liberal não implica necessariamente nisso. Mas, na prática, os liberais uniram-se e unem-se à direita mais rasteira. Como o grande objetivo é “derrotar a esquerda”, tampam o nariz e vão fundo. Nesse fórum, quem pretende usar argumentos – como você, me parece - precisa tolerar a companhia e a adesão de gente encarregada de fazer o “trabalho sujo”. Acho que esta situação define quase que perfeitamente o dilema dos liberais. Algo como abominar a violência física mas ter ao lado um pit-bull solto.
[Leia outros Comentários de Helion]
19/11/2002
10h20min
Mais uma observação sobre o comentário do Giovanni: também acho que num fórum de discussões todos temos a ganhar com cada colunista exercendo, no limite do possível, a sua individualidade, sem partir e nem chegar numa rotulação de esquerda ou de direita. Não vamos mudar o mundo aqui nessas páginas. Aliás, comecei a ler o Digestivo exatamente buscando esse tipo de texto, de impressões individuais sobre cultura e comportamento. Porém, se você observar a maior parte das colunas que provocaram polêmica, verá que foi justamente porque o articulista iniciou um ataque aos “esquerdistas”, seguiram-se críticas, e aí um grupo (cuja composição não foge muito da lista fornecida pelo Alexandre) passou a elogiar e defender o coleguinha criticado, muitas vezes com bastante agressividade. Então, acho que a definição inicial do Alexandre está correta, quando estabelece uma “identidade” para a direita política aqui no Digestivo e nos outros blogs: todos eles têm determinados mentores, ídolos ou inspiradores, todos eles agem com espírito de grupo, se citando e elogiando mutuamente, todos eles agem em bloco contra qualquer crítica a um dos membros. Uma manifestação de insegurança, talvez. De qualquer maneira, é bom que a direita se manifeste e demonstre ter um programa de idéias, raridade no Brasil. A única coisa esquizofrênica nessa história é o fato do Julio Borges afirmar que não pretende ter um blog ideologicamente fechado – e argumentar que há outras posições – mas os direitistas considerarem o blog como “coisa sua”, e tratarem os esquerdistas como intrusos.
[Leia outros Comentários de Helion]
19/11/2002
13h59min
Helion (sobre a m.50), o que eu quis dizer não é que a esquerda define o que é direita, eu quis dizer exatamente o contrário (desculpe se não consegui me expressar direito, nunca fui muito bom nisso), a esquerda primeiro define quem é de direita sem nunca definir o que é a direita, para poder, dependendo da situação, somar a ela características na maioria das vezes incompatíveis. Sendo assim, se a pessoa "assume" que é de direita, ela acaba tomando para si características que só passarão a fazer parte "da direita" no meio da discussão. Eu particularmente não tenho medo de assumir, sou de direita, mas sei que sempre que entrar em uma discussão terei primeiro que discutir a definição de "direita", discussão essa que pode durar eternamente...
[Leia outros Comentários de Giovani MacDonald]
19/11/2002
20h01min
Helion, você diz que "é bom que a direita se manifeste e demonstre ter um programa de idéias". Programa de idéias? Esses caras? Eles podiam estar citando intelectuais conservadores e requintadíssimos como o Raymond Aron, por exemplo, mas estão fazendo o que? Prometendo murros nos dentes, guilhotina, limpeza étnica, bomba nuclear em cada capital árabe, chutes entre as pernas, fechamento de tribunais, mão na fuça, fechamento das Universidades Públicas. Isso é um "programa de idéias"? Isso aí é uma baderna mental que mistura positivismo, impressionismo intelectual e esnobismo. E além do mais, são uns sujeitos muito esquisitos. Afirmou-se por aqui que os caras são trogloditas, sub-intelectualizados, "literatos" semi-alfabetizados, irresponsáveis, pré-iluministas, que escrevem sobre o que não entendem, que sequer leram o Francis, e eles se fixam no quê? No adjetivo invertido (adjetivo, aliás, que eu aprendi com o Francis, que o usava a torto e a direito).
[Leia outros Comentários de irã dudeque]
19/11/2002
20h46min
Enfim, Hélion, ao deixar tudo sem resposta, esses caras estão, tacitamente, aceitando que são trogloditas, sub-intelectualizados, "literatos" semi-alfabetizados, irresponsáveis, pré-iluministas, que escrevem sobre o que não entendem e que - o pior dos piores nessas alturas - sequer conhecem a obra do Francis. Não existe programa de idéias. Nem idéias. Só frases soltas, desconexas, citações sacadas a esmo e sem a menor necessidade. Na falta de talento e capacidade para formular análises estruturais, submergem num mundo de arremedos, de simulacros, paródias e caricaturas. E isso só pode ser entendido como um "programa" se tomarmos a palavra "programa" no mesmo sentido em que é utilizada por prostitutas. Ou seja, um conjunto de posições definidas ad hoc e cujo objetivo é um êxtase momentâneo e, quiçá, bem-remunerado.
[Leia outros Comentários de irã dudeque]
19/11/2002
21h27min
Isso mesmo, "Irã". Meus parabéns. Você nos dissecou, psicologicamente e intelectualmente. Fomos desmascarados. Que será de nós, impiedosos nazistas? Teremos de viver pelas sombras, escondidos, envergonhados, neste mundo maravilhoso de esquerdistas bondosos e piedosos, gênios altruístas (que, de tão preocupados em fazer o bem para os outros esquecem-se que não passam de um amontoado de idéias alheias sustentadas por dinheiro alheio). Meu Deus, só agora percebi - tudo o que falo são frases soltas! Não tenho um programa de idéias! Vivo numa baderna mental! Nem mesmo ler Francis, que eu pensava ter feito, li! Que São Lula me proteja! Que me conceda um quinto do talento de Hiram, o arquiteto de Jerusalém, ou Helion, o professor do Bracarense, ou um décimo da capacidade de argumentação brilhante deles! Ah, partilhar do sarcasmo, da ironia, da habilidade que o senhor Dudeca tem com as palavras!
[Leia outros Comentários de Rafael Azevedo]
19/11/2002
23h28min
Inicialmente disposto ao debate de idéias, dele desisti completamente assim que meu interlocutor Marcelo Barbão iniciou sua "argumentação" chamando Aristóteles de babaca. O projeto de vida contemplativa a que me referi, dezenas de comentários atrás, como o modo de vida liberal por excelência, é o da "Ética a Nicômaco" (livro X, cap. 8), sumariamente desclassificado pelo sr. Marcelo Barbão como um conjunto de "baboseiras nas quais ninguém acredita". É interessante lembrar que é justamente este filósofo grego - e exatamente esta obra (livro V, cap. 5) - que Karl Marx cita logo no capítulo I (!), seção 3, letra A, subitem 3 ("A Forma Equivalente") do "Capital", dedicando ao Estagirita adjetivos como "grande" e "genial", raramente arrancados de sua pena. Aristóteles era, na opinião de Marx, o maior de todos os pensadores antigos, maior ainda do que Heráclito (Carta a Ferdinand Lassale, 21 de dezembro de 1857). Para mim, isto é perfeitamente compreensível. Afinal, Marx ainda era um filósofo - perdido em equívocos fundamentais, mas ainda um filósofo, e não dos menores, perfeitamente capaz de reconhecer-se entre os seus. Se ele entendeu bem Aristóteles é outra história, mas ele ao menos o leu, com atenção. Já seus seguidores, como o jornalista Marcelo Barbão, são apenas ideólogos. Recuso-me a acreditar que, se Marcelo Barbão tivesse passado das primeiras páginas do "Capital" e estudado as idéias e autores que Marx considerava importantes, ele teria feito os ridículos comentários que me afastaram daqui. (E depois somos nós quem não lemos ou não compreendemos os autores que admiramos, como Francis, no nosso caso.) Recuso-me ainda mais a crer que nossos interlocutores de esquerda, ignorantes de seu próprio pensamento, conheçam o pensamento liberal e estejam em condições de discuti-lo.
[Leia outros Comentários de Felipe Ortiz]
20/11/2002
01h52min
Quanto ao prof. Helion e a Irã Dudeque, faltam-lhes os requisitos morais mínimos para a participação num debate. O prof. Helion, esse mestre da novilíngua, gasta a maior parte de seus comentários queixando-se da "truculência" e da "hipocrisia" de seus interlocutores, distraindo o leitor da verdadeira motivação de seus comentários, revelada em frases cautelosamente isoladas e breves, mas constantes: ora se mostra frustrado com o que chama de "pensamento (quase) único" do Digestivo Cultural, ora parabeniza o editor Júlio Daio Borges pela "limpeza étnica" supostamente dirigida aos colunistas "de direita", ora cobra do mesmo editor uma definição para a "situação esquizofrênica" em que vive este jornal, afirmando antes que este site "só tem a ganhar" com a saída desses colunistas... Prof. Helion, da próxima vez, iguale-se ao menos a Salomé: seja franco e direto ao pedir a cabeça de Alexandre Soares Silva. Restou o inacreditável Irã Dudeque, cujo comentário mais relevante foi a divulgação dos resultados de seu teste de Rorschach, apagado pelo editor do site - que percebeu, melhor do que o comentarista, que suas projeções mentais em forma de pirulito eram de interesse exclusivo do autor e de seu psicólogo. Sem conhecimento e boa-fé, não houve e não haverá qualquer debate de idéias neste fórum - apenas esta interminável e chatíssima festa de insultos, às vezes quebrada por uma ou outra mensagem honesta ou bem-humorada.
[Leia outros Comentários de Felipe Ortiz]
20/11/2002
07h55min
Antes, o colunista Alexandre Silva tentou me desqualificar para o debate devido ao meu nome (cf. comentário 39). Agora, lendo o comentário do acreditável Felipe Ortiz, percebo que fui censurado. Diante de tais atitudes, percebo que neste "Digestivo" a liberdade de opiniões funciona em apenas um sentido. Assim sendo, retiro-me deste debate, entregando-o às louvações recíprocas e ao pensamento único.
[Leia outros Comentários de Irã Dudeque]
20/11/2002
10h18min
A ausência de Raymond Aron (m. 52) deve ter uma explicação muito simples: aguardam a sua inclusão na lista dos 1O Mais exaltados e recomendados pelo Grande Astrólogo. Como os direitutchos rejeitam o saber acadêmico “tomado pelo esquerdismo” e consideram que todas as editoras só fazem ecoar o pensamento comuna, em que irão se basear, a não ser naquelas indicações? Você pode achar que essa direita não tem um programa de idéias, mas uma coisa eles poderiam ter: um pensamento autônomo. Ah sim, e não se levar excessivamente a sério. Tomam o Francis como guru, quando a sua característica era a irreverência e a provocação. Ele era de um grupo que criou o Pasquim, enfrentando pelo humor o conservadorismo de então. Como pode compreender essa irreverência quem é leitor do Mídia sem Máscara ou do Ternuma? E ainda se achar seu seguidor? Waal, como diria o próprio.
[Leia outros Comentários de Helion]
20/11/2002
10h52min
Giovanni, obrigado pela sua resposta. Continuo achando que, num site como esse, o debate entre esquerdistas e direitistas é perfeitamente possível. E ninguém precisa se definir previamente, pois as diferenças aparecem ao longo do debate. Desde que se esteja disposto a debater e não a colocar em prática o binômio maniqueísta de argumentos que o mestre ensinou. Francis riria disso, já que era um sujeito inteligente. Já outros...
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20/11/2002
13h38min
Venho do Paraíso, onde há pouco tomei café com Paulo Francis (ele continua não bebendo - pelo menos não às quartas-feiras) e conforme desejo expresso repetidamente por ele, peço licença para, em seu nome, citar De Tocqueville, grande sujeito que há muito tempo percebeu que a democracia, como instituição essencialmente individualista, entrava em contradição frontal com o socialismo:
"A democracia amplia a esfera da liberdade individual, o socialismo a restringe. A democracia atribui a cada homem o valor máximo; o socialismo faz de cada homem um mero agente, um simples número. Democracia e socialismo nada têm em comum exceto uma palavra: igualdade. Mas observe-se a diferença: enquanto a democracia procura a igualdade na liberdade, o socialismo procura a igualdade na repressão e na servidão."
Paulo Francis também pediu para dizer ao Helion "que irreventente é a pata que o lambeu". Sobre o Irã, recusou-se sequer a admitir sua existência "física ou espiritual", o que é uma pena, pois idiotas como este rapaz podem servir de trampolim à comentários inteligentes e engraçados.
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20/11/2002
13h58min
O "professor" não pára! Ele enlouqueceu de vez!!!
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20/11/2002
14h29min
Jorge Hernández Fonseca, cubano radicado no Brasil, escreveu um artigo interessantíssimo, publicado na seção “Tribuna Abierta”, do site “cubanuestra” (fácil de pesquisar). No primeiro parágrafo ele escreve (tradução minha): “A esquerda latinoamericana atual já não luta contra o “capitalismo explorador” como o fazia antes; a derrota do socialismo, em escala planetária - e a adoção do capitalismo de estado pela China comunista e por uma Cuba de Fidel Castro - ao deixá-los sem bandeiras, fez com que eles [todos da esquerda latinoamericana] redirecionassem seus ataques; agora materializam seus esforços contra o que eles denominam “o modelo neoliberal.” A observação de Jorge Hernández Fonseca não é novidade, mas – ainda assim - merece ser analisada com atenção. Antes, a ameaça vinha do capitalismo explorador, hoje vem do modelo neoliberal, amanhã virá das “forças ocultas”, as mesmas que foram responsáveis pela renúncia de Jânio Quadros (outro líder populista que admirava o pulso de ferro de Fidel). Curioso (ao menos para mim, que sou um pobre ignorante) é o fato de que a esquerda não sobrevive senão à sombra de um grande inimigo, e que este é sempre muito mais abstrato do que concreto, muito mais de natureza simbólica do que objetiva. O mundo só não é perfeito por culpa dos abjetos capitalistas, dos sórdidos neoliberais, do Armínio Fraga, etc... Agora teremos um governo brasileiro de esquerda, não teremos? Portanto, os esquerdistas deveriam estar imersos em tépida serenidade, vocês não acham? Afinal eles terão a chance de demonstrar sua competência, a eficácia de seus ideários socialistas. Entretanto... o pessoal de esquerda não me parece tão feliz quanto deveria estar. Por que será? Será aquele maldito cacoete, aquele sestro renitente de sempre apontar o dedo indicador para um pretenso culpado? Será que, mesmo estando na situação, no poder, eles ainda não conseguirão um só dia de paz? Helion, Irã, Marcelo e seus confrades parecem ser pessoas inteligentes, perseverantes, com um tipo de humor (ora voluntário, ora involuntário) que faz sucesso; então eu me pergunto: “Por que eles estão assim nervosos?” Por quê? Relaxem, criaturas! O Brasil é de vocês! Todinho de vocês! Aproveitem para reformar e dar uma mão de tinta látex nas suas fortalezas ideológicas! Sim, claro que Lula fará um governo honesto, progressista, justo e redentor! Claro que todos os loucos que duvidam da capacidade do PT ficarão rubros de vergonha e consumidos pelo remorso. Lula é o primeiro presidente cujo governo já está sendo considerado “ótimo” antes mesmo de iniciar. Diante disso, por favor (eu suplico), sejam mais serenos e tenham um pouco de compaixão. Apenas os loucos, os ignorantes e os cegos de espírito... ainda teimam em não acreditar na Wonderland de Alice Inácio da Silva. Tenham compaixão! Tenham grandeza d’alma! A estrela há de guiar os pastores e os reis ao lugar luminoso onde o messias será coroado. Carlinhos Brown e seus refinados músicos tocarão o hino nacional... incontáveis lágrimas de emoção rolaram... tudo é festa! Tudo é alegria! “Chegou a horaaaaa, chegou, chegooooou!” (Lembram dessa musiquinha?).
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20/11/2002
15h22min
Ops! Errata: "incontáveis lágrimas de emoção rolarão..." Claro, claro, nem sei como fui colocar no passado a cerimônia de coroação do messias. Sorry, deve ter sido ato falho.
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20/11/2002
23h39min
Irã, também acho que não conhecem o Francis. Tanto que fazem uma paródia dele (m. 60) e na última frase metem uma crase “à” antes de palavra masculina plural. O Francis já abandonou o chazinho com o Hayek para vir puxar o pé do autor. Mas é por aí: humor, rapazes. Para quem ainda quer tentar conhecer o Francis mais além das frases soltas: “O afeto que se encerra”, memórias. Civilização Brasileira, 1980. Lendo-as, dá para entender porque o Francis um dia achou Roberto Campos um dos maiores torturadores e assassinos de nossa história (p. 104). Pode-se também perceber como ele tinha realmente um comportamento que horrorizaria os bons meninos de hoje e um pensamento sem amarras, tal como o Julio Borges citou fora de contexto. Os amarradinhos daqui dificilmente o compreenderão.
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20/11/2002
23h50min
onde está 43, leia-se mensagem 53
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21/11/2002
00h44min
Tenho a impressão que o Helion (que visualizo um pouco como um bandido de filme mudo, com bigodes de guidão e uma capa preta) gostaria muito se pudesse desenterrar Paulo Francis para girar os seus ossos neste fórum, nos nocauteando aos gritos de "Eis aqui o herói de vocês! Vocês não chegam aos pés dele!" Depois, exausto, se sentaria abraçado aos ossos, chorando e dizendo que amava Francis, e que "ninguém mais o compreende. Ninguém, Francis, ninguém!". Depois de um minuto, me recobro, verifico que não estou sangrando, e vou até ele. Digo ao Helion: "Helion, devolva o corpo. Helion, não faça cena. Deixa disso, Helion. Lembra que ele achava que quem vota no Lula não toma banho. Que quem vota no Lula não absorveu as proteínas todas na infância". "Não! Não! Frases isoladas, fora de contexto! Nós nos amávamos! Nos amávamos!". As pessoas o cercam, fico embaraçado. "Helion", digo eu, "Helion, está bem, você tem razão. Mas larga os ossos. Larga." Helion seca as lágrimas, sorri - "É isso que você quer, não é? Ele odiava Roberto Campos! Ele te odiaria também, se soubesse quem você é!" "Helion, Helion, isso foi uma fase dele. Ele mudou, amadureceu, Helion. Ficou muito amigo de Roberto Campos, eles tinham longas conversas. Disse que Roberto Campos era o maior intelectual do Brasil". "Bobagens! Frases isoladas! Citações fora de contexto!". Antonio se aproxima, lento como um zumbi. "Eu convivi com Paulo Francis...", ele diz. Todos o ignoram. Finalmente, ante a aproximação dos autores das mensagens 19 e 44 (que também começam a gritar que amavam Francis, e que Francis, se voltasse à vida, seria amigo deles e não meu), suspiro, pego um jornal velho que guardei no bolso justamente para esse momento, e leio: "Adonias Filho, o romancista com quem trabalhei no Serviço Nacional de Teatro, dizia que era inacreditável que eu citasse Shakespeare e Eliot de cabeça, e gostasse, e fosse de esquerda. Ele tinha razão." Levanto a cabeça e digo, quase com pena: "Sabe quem disse isso, Helion?" Ele ri: "Frase isolada, cultura de almanaque..." Olho na direção dos outros esquerdistas e vejo que agora estão desenterrando Roberto Campos. Agora eles amam Roberto Campos. Roberto Campos ao menos era inteligente e culto, eu não chego aos pés de Roberto Campos...Ah, eles sempre gostaram de Roberto Campos, sempre...Claro que ele precisa ser entendido dentro de um contexto, não em frases isoladas...
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21/11/2002
00h56min
Digestivo Cultural, Auf Wiedersehen!
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21/11/2002
02h29min
Alexandre, lamento que eu esteja a povoar seus pesadelos, bigodudo e de capa preta. Prometo melhorar. Mas, enfim, estamos voltando ao tema do seu artigo. As diversas opiniões do Francis sobre Roberto Campos existiram, não podem ser renegadas. Ele mudou de opinião sobre o economista porque era mesmo alguém com abertura para tal. Não defendo qual o “verdadeiro” ou o “falso” Francis. Digo apenas que quem tem opinião servil sobre um determinado autor jamais poderá fazer uma autocrítica honesta. E o Francis não era um cara servil: admirava Trotsky como crítico, não como guru. Depois passou a admirar os liberais. Também não era intolerante: gostava de provocar sobre os “petelhos” mas tinha amigos nessa condição. Se achasse mesmo que não tomavam banho não conviveria com eles de jeito nenhum. A sugestão para ler a autobiografia do Francis - na qual ele já critica a esquerda - é justamente uma sugestão para se fugir das frases isoladas. E enfim: ainda bem que um pouco de humor aparece numa discussão tão marcada por simplismos e xingamentos.
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21/11/2002
02h34min
Bom, mas é impossível não ter amigos petistas. Pelo simples fato de que hoje todo mundo é petista. Todo mundo. Saia na rua, jogue um tijolo ao longe, e certamente atingirá alguém com uma estrela vermelha na lapela. Sei disso porque vivo repetindo essa experiência, é divertido. Só uma vez atingi alguém que tinha votado no Serra e, juro, pedi desculpas. É claro que eu tenho amigos petistas! São inteligentes, sim. Mas a esquerda, mesmo quando é inteligente, é inteligente de uma maneira burra. Esse é o problema... Por exemplo: passada a tempestade que foi este fórum - limpo o sangue, arrumadas as cadeiras - depois de quase setenta comentários, na maioria de gente de esquerda, furiosos, xingando, tremendo, justificando os crimes de Stálin, ou simplesmente rindo com um sinistro som de pato (mens. 21) - constato, um tanto embaraçado, que ninguém me citou um único blog bom de esquerda. Nenhum. E esse era o assunto central do texto. Todos aceitaram a minha afirmação exagerada de que não há blogs bons de esquerda. Até o Marcelo aceitou isso e simplesmente tentou explicar o motivo. Todos aceitaram isso como verdade indiscutível. Aceitaram com exagerada passividade, até. Pedi que me citassem um bom blog de esquerda, e todos desconversaram, falaram de Hitler, de invertidos, da NAFTA, e até do crime da Suzane Richthofen - mas ninguém respondeu ao meu desafio. Ora, já que ninguém fez isso, faço eu: há pelo menos este blog de esquerda, que é bom. Não é vergonhoso que vocês dependam da minha generosidade em apontar esse blog? Por que motivo vocês aceitaram tão rapidamente que não há blogs bons de esquerda? Vocês não lêem esses blogs, porque mal sabem ligar um computador -ou sabem, bem lá no fundo - até por experiência em fóruns do Digestivo - que quase todo mundo que escreve bem é anti-Lula? E qual seria o motivo disso? O Marcelo (mens. 5) parece querer dizer que há bons escritores "de direita" porque eles não conseguiram fundar um partido, nem se elegeram deputados federais. Pelo menos foi isso que eu entendi. Mas acho mais fácil acreditar que a esquerda é burra. Abraços a todos (mais uma vez, menos ao Irã Dudeque), Alexandre Soares.
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21/11/2002
06h56min
Alexandre, já que a concórdia e os bons sentimentos prometem se instalar, aproveito para responder ao Felipe (m. 56) que jamais sugeri a saída de ninguém daqui, como ele verá caso leia minha mensagem com atenção e um mínimo de acuidade. Ao contrário da afirmação dele, também não pedi a sua cabeça (o que seria de péssimo gosto). Inclusive acho que as suas mensagens estão, pelo humor, quilômetros além de certos ataques pessoais aqui ocorridos. Também acho que você observou, em seu artigo, as filiações dos direitistas de uma forma que nenhum deles ousara até agora. Discordo da sua valoração de direita e esquerda, mas te aplaudo pela coragem. Sim: a sua contabilidade de uma maioria de posts por esquerdistas furiosos está capenga: contei no máximo 29 mensagens que poderiam ser enquadradas na esquerda. E conheço o blog do Rafael Lima, sim. Como conheço muitos outros. Mas não os organizo nas minhas preferências como “direita” ou “esquerda”. Aliás, ao contrário do que foi afirmado, a polêmica ideológica entre essas duas tendências quase nunca tem sido iniciada, no Digestivo, pela esquerda. Basta ler e comprovar.
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21/11/2002
10h04min
Como sou austríaco, ainda não domino suficientemente bem o português e me atrapalho com as crases. Mas reconheço um jumento pelo seu relincho e não tenho dúvidas de que o Helião é da ordem dos perissodáctilos - opinião, aliás, compartilhada por Paulo Francis. Ontem mesmo jantei com ele - com o Paulo Francis, não com o Equuos asinus - e ele comentou: "E eu lá me preocupo com crases! Me preocupo com idéias, e se você, meu bom Hayek, tem crases demais, o Helião tem idéias de menos". Disse que gostaria de fazer como o McLuhan naquele filme do Woody Allen: surgir do nada para dizer que o Helião não entende patavinas da obra dele e que o Alexandre e o Rafael estão corretos. Mas nesta semana Mozart está promovendo uma série de concertos em homenagem a Haydn e Paulo Francis não poderá descer ao mundo dos que se consideram, talvez ironicamente, vivos.
Lamento que Equuos asinus, Irã dã e Marcelo Brabão se recusem a discutir idéias, preferindo insultos e acusações. Cá estou, disposto a abandonar por alguns minutos o paraíso e discutir socialismo e liberalismo com estes nobres "companheiros" (discussão já abandonada nos lugares civilizados, mas enfim, o Brasil está sempre atrasado).
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21/11/2002
72. errata
10h42min
Ok, escrevi equuos em vez de equus. Meu latim e meu português andam péssimos. Mas diabos, no paraíso só falamos em francês!
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21/11/2002
18h11min
Esses comentários estão me lembrando um daqueles filmes do "Batman"... Alexandre, eu te disse que preferia nem me "meter" nessa confusão generalizada que viraram os comentários do seu texto, mas não deu... Crianças, pra quê tanto ódio em seus coraçõezinhos?! E Alê... Me esclareça novamente: Sobre o quê é exatamente esse texto mesmo? Sobre política? Sobre a Língüa Portuguesa? Sobre o caso Suzane? ... Julgando pelos comentários, parece que é sobre tudo, menos Blogs! Parabéns, parece que gerar polêmica é o seu forte! Grande "smack" para você.
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22/11/2002
00h09min
Discordo. Se Paulo Francis fosse jovem hoje, teria uma coluna na veja e moraria em Veneza. Um doce para quem advinhar de quem estou falando.
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22/11/2002
09h57min
Alê, meu amor... Reli todos os comentários e cheguei à conclusão que posso estar me tornando uma pessoa bastante triste, pois do jeito que isso aqui está indo (com tanta gente querendo te matar) posso ficar viúva antes mesmo do casamento! He, he... Pense nisso e tente criar uma discussão mais "leve" a partir do seu próximo texto, Ok?! Um pedido em vão, já que te conheço o suficiente para saber que é mesmo essa polêmica que te diverte... Ainda assim, cuidado! Pois qualquer hora estaremos passeando pelo shopping e um os seus leitores aparecerá com uma barra de ferro para tacar na tua cabeça!!! Então o título do meu próximo livro será: "O Amor Interrompido Pela Esquerda!" Tenha dó... Beijos.
[Leia outros Comentários de *Roberta*]
22/11/2002
12h14min
Parabéns ao contrário, Alexandre! Você conseguiu despertar a fúria de todos. Até o André Forastieri apareceu. Deve ter vindo tomar umas aulinhas de caos aqui nesse forum, para poder melhor editar sua "Coleção Baderna", pela inacreditável editora Conrad. Mas, sinceramente, não tenho mais paciência para ler tantas mensagens. O Felipe tentou até iniciar um diálogo! Meu Deus, que esperança! Confesso que, ao ler algumas mensagens, senti aquele ímpeto de explicar algumas coisas, mas os argumentos repetiam tão enfadonhamente os hábitos típicos da esquerda (como o de dizer que a direita não consegue se organizar, ou fazer coisas "úteis", ao invés de ficar escrevendo, ou dizer que o comunismo não deu certo por causa do cerco capitalista de que foi vítima), que nem me animei. Mas ao menos uma coisa eu vou dizer: se eu sobrevivesse de polêmicas, como afirmou alguém sobre os "bloguistas", ah... que pobre de espírito eu seria... Não, não, nós bloguistas não sobrevivemos de polêmicas. Nós abrimos nossos blogs e fazemos muitas amizades e descobrimos livros e sites por indicação, e formamos uma corrente de relações de trabalho, lazer e enriquecimento cultural (sim! isto existe!) que dá frutos bastante reais. Enquanto os inteligentes de sempre ficam tentando descobrir o sentido dos blogs, nós já estamos lendo o trigésimo livro, que descobrimos no centésimo blog que lemos. E entre um livro e outro, entre uma amizade e outra, recebemos visitas de levas de imbecis (sempre afetando surpresa e indignação), que sempre vêm em bando a levantar de uma vez os gráficos do Nedstat, e depois se vão como o vento, não sem antes negar que sejam asnos coletivizados. E não acho importante, como alguns, afirmar que não sou adepto de ideologia nenhuma. Quem quiser rotular, que o faça. Isso se chama livre-arbítrio. Já estou naquela de me lixar pra tudo isso. Honestamente, Alexandre, não acho que vale a pena. Ainda assim, apreciei o texto, muito espirituoso, irônico e bem humorado! E das reações que provocou, vejo que daqui a pouco um texto como esse precisará ser antecedido de uma advertência aos estraga-prazeres: "Aviso: este texto não quer ser científico e bem fundamentado". Abraços.
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23/11/2002
17h28min
Quando dois filhos de Francis se encontram Passemos agora ao artigo do senhor Alexandre Soares Silva. Escrevi muito, para ver se aparece alguma coisa boa. "Quando Paulo Francis passou da esquerda para a direita, fez com que toda a inteligência brasileira viesse com ele." Uma boa frase. Não sei o que o senhor Alexandre Soares Silva quis dizer com isso mas é uma boa frase. Errada. Nem toda a inteligência estava com Paulo Francis na esquerda nem toda a inteligência de esquerda seguiu Paulo Francis. E que história é essa dele ter passado para a esquerda? Ele morreu social-democrata, darwinista, anti-olicarga, sem entusiasmo pela democracia representativa mas também sem poder imaginar nada melhor, admirador de Galbraith, de Keynes, de Bertrand Russell... Isso é ser direita? Bom, continuemos: "Há pessoas inteligentes na esquerda, eu sei (ou imagino). Mas são todas pessoas de cinqüenta, sessenta anos. Qualquer pessoa inteligente que tenha lido Paulo Francis na adolescência veio com ele para o lado liberal da força." Aí o senhor Alexandre Soares Silva define melhor o que ele entende por direita, O QUE ESTÁ LONGE DE SER UM CONSENSO: o "lado liberal". Em economia? Não exatamente, acreditar que o capitalismo é o único sistema viável não quer dizer acreditar no liberalismo. Temos o exemplo de Keynes, etc. Paulo Francis detestava o planejamento estatal, é verdade. Mas ele não tinha o entusiasmo louco pelo capitalismo, apenas aceitou este como um mal menor. Inclusive detestava os efeitos culturais da cultura de propaganda do capitalismo. Acho que ele preferia o feudalismo ( chegou a elogiar a escravidão ), mas sabendo que isso é inviável, a volta ao feudalismo, então, vá lá, ele aceita o capitalismo. "É o caso de todos os blogueiros com algum talento. Todos, todos. Foram todos influenciados por Paulo Francis quando tinham dezesseis, dezessete anos – ou alguma outra idade igualmente influenciável. Em alguns casos a influência é evidente, em outros não – mas são todos filhos de Francis. Fábio Danesi é capaz de citar vários trechos escritos pelo Paulo Fancis, de cor. Rafael Azevedo sempre relê seus recortes do Estado de S.Paulo, e sustenta, contra a opinião de Daniel Piza, que late Francis (Nova Iorque) é melhor que early Francis (Ipanema)." Meu blog favorito é o perplexos, do Martim Vasques da Cunha, do Evandro Ferreira, e etc. Talvez tenha influência do Paulo Francis, em alguns membros, mas, tomando por base o senhor Martim Vasques da Cunha, ( digamos, por hipótese, que ele seja representativo ), posso dizer que: a) um é católico, outro era ateu; b) um detesta Freud, outro era admirador de Freud; c) um chorou a vitória do PT, o outro choraria de rir com a vitória do PT; d) um é escrupuloso com as informações, o outro era leviano com as informações; e) um deseja o capitalismo com entusiasmo, o outro aceitava o capitalismo como um mal menor; f) um acredita que a ameaça comunista foi o fator decisivo para o contragolpe ( como eu chamo ) de 1964, o outro acreditava que o fator decisivo foi o ressentimento de uma classe média liberal, soberba e snobe; g) um vê Nietzche com reservas, o outro considerava Niestzche um dos maiores filósofos da história; h) um considera Sartre um mistificador, o outro admirava, ainda que com restrições, Sartre; i) não sei o que o senhor Martim Vasques da Cunha pensa de Bertrand Russell, mas tenho a impressão que ele tampouco concordava com Paulo Francis, que chamava Russell "Gênio sem restrições"; j) um nunca escreveria um ensaio sobre Raymond Chandler, e o outro nunca escreveria um ensaio sobre Tolkein; k) Não acredito que o senhor Martim Vasques da Cunha tenha algum apreço pela obra de Ferreira Goulart, ou Vinícius de Morais, ao contrário de Paulo Francis; l) Paulo Francis nunca cursaria um curso de jornalismo; m) Paulo Francis nunca escreveria sobre rock, a não ser para lamentar; n) Paulo Francis nunca escreveria um ensaio sobre algum cineasta, a não ser Glauber Rocha ( poderia escrever artigos, sobre Babenco, e que fim levou Hector Babenco, por falar nisso? ); o) Paulo Francis admirava Jorge Amado, e nem Martim Vasques da Cunha nem nenhum blogueiro, que eu saiba ( verdade que não conheço muitos ), sente algum tipo de apreço por Jorge Amado; p) Paulo Francis se lembrava do tempo em que o Rio era a capital e vivia malhando Brasília, e nenhum blogueiro, que eu saiba, ( repito que não conheço etc. ... ) tem alguma coisa a dizer quanto ao fato da capital ser Brasília; q) Paulo Francis detestava a internet, e também os computadores em geral; r) o Paulo Francis não acreditava que valesse a pena brigar com um amigo por causa de política, embora no fim da vida tenha aberto uma exceção para atacar Antônio Huaiss ( mas neste caso Huaiss passou dos limites, querendo ganhar fama e fortuna a custas de regimes marxistas que oprimiam os povos de Angola e Moçambique, bem como a custas da tolice brasileira ); s) o Paulo Francis achava o terrorismo de Maringhella e outros um mero pretexto para o AI-5, os "blogueiros" que conheço, os que pensam no assunto, acham que foi o motivo decisivo; t) Paulo Francis admirava, com restrições, o Marxismo, sobretudo sua explicação materialista para o comportamento humano, e os blogueiros que conheço rejeitam toda a filosofia marxista, mas principalmente esse aspecto; u) Paulo Francis adorava Bossa Nova, e achava Chico Buarque um bom poeta, enquanto nenhum blogueiro que conheço tem algum apreço pela MPB, em nenhuma de suas fases; v) Paulo Francis era matreiro na escolha de seus adversários: quando o adversário era fraco, ele caia com tudo em cima da pessoa, quando era forte, ele fingia levar na brincadeira, fingia ignorar... já os "blogueiros", quanto mais consagrado e articulado for o adversário, mais corajosamente o atacam ( isso não quer dizer que sejam um bando de Dons Quixotes não. Acho que se trata de uma estratégia para ganhar fama. Por mim, acho isso perfeitamente legitimo ) w) Paulo Francis achava o cinema uma boa diversão, o Martim Vasques da Cunha e outros acham o cinema "a sétima arte" ( e quanto a mim, acho que quem faz um bom site ou um bom blog é muito mais artista que qualquer diretor de cinema. O Evandro Ferreira, para mim, pelo trabalho dele em "Outonos", é mais artista que Alfred Hitchicock ). y) Paulo Francis, embora soubesse e divulgasse de vez em quando que Cuba era um desastre, achava que apesar de tudo Fidel Castro era bom para os cubanos, o tipo de gente que cubano é... ( aliás, a social-democracia do primeiro mundo, a que pertencia Paulo Francis, é profundamente racista. Não é agressiva mas é racista. Eles detestavam e festejaram a queda do comunismo na Europa Oriental, mas para a América latina, África e Ásia, comunismo é bom, segundo eles. Não acreditam que os subdesenvolvidos tenham condições genéticas de viver sob um regime democrático e capitalista, essa é que é a verdade. Não sei se eles estão errados... ), enquanto todos os bloqueiros que eu conheço, o que inclui alguns de esquerda, acham o marxismo-leninismo de Fidel Castro uma maldição, sem nada de positivo; e z) Paulo Francis era bem pornográfico. Duvido que um dia eu leia um palavrão em Martim Vasques da Cunha, ou em qualquer blogueiro do "perplexos", a não ser talvez em algum conto, quando se trata de criar uma linguagem que caracterize um personagem, ou uma situação. Seria bem diferente do Francis, que gostava de palavrões para tudo, principalmente piadas e trocadilhos. Na verdade, há alguma semelhança sim, e muitas diferenças ( lembrando sempre que não conheço todos os blogueiros, afinal de contas! ). Para dizer que foram influenciados seria preciso dizer com todas as letras: o que fulano faz seria diferente, se não fosse a influência de Paulo Francis - e isso não se pode dizer no caso de Martim Vasques da Cunha ou de Evandro Ferreira, pelo menos. Pode-se afirmar que há afinidades, influência não. "Todos eles, em algum momento ou outro, se declararam publicamente anti-Lula." E isso é ser influenciado pelo Paulo Francis? Pobre juventude, se precisa de Paulo Francis ou de quem quer que seja para saber que o senhor Luiz Inácio Lula da Silva é péssimo! E eu sou insuspeito para falar, porque votei no senhor Luiz Inácio Lula da Silva. E fiz isso por achar que se ele será um mal presidente, o senhor José Serra seria pior ainda. "Mas é realmente difícil apontar um só blogueiro inteligente que seja de esquerda. Por este simples motivo: se era jovem quando Francis escrevia na Folha ou no Estado, só a burrice pode ter feito com que escapasse da influência dele. Devia ser um daqueles que ridicularizavam o modo com que Francis falava na Globo (o último exemplo de dicção aristocrática no Brasil, substituída pela perfeita dicção das classes esforçadas). Devia ter preguiça de passar da terceira linha de qualquer texto de Paulo Francis. Um burro. Perdão, não há outra palavra: um burro. É como ter sido jovem em Nova Iorque nos anos 20, e não gostar de Mencken, e continuar batista e anti-evolucionista." Bem, e o que o senhor Alexandre Soares Silva entende por esquerda? Um leitor fiel do Paulo Francis pode muito bem acreditar que implantar o capitalismo é única maneira para desenvolver um país, mas uma vez desenvolvido é hora de partir para a social-democracia. Que fazer concessões para atrair o capital estrangeiro é melhor que criar uma estatal, em muitos casos. Que se deve haver plena liberdade sexual. Que as drogas devem ser legalizadas. Que os homossexuais têm todo o direito a terem o sexo que quiserem e até o de casarem, mas não o de incomodar os outros. Que a Igreja deve se modernizar, sem abdicar de suas crenças essenciais. Que não se deve haver nenhum tipo de censura à arte, e que se o preço a pagar for o dilúvio de pornografia que assistimos, ainda assim é o mal menor. Que o voto não deve ser obrigatório. Que a ciência é necessariamente incompatível com qualquer idéia de religião, principalmente o cristianismo. Que uma ditadora seria uma boa opção para o Brasil, se o ditador alimentar o povo. Tudo isso pode muito bem se conciliar com a esquerda. Na verdade, não há nada no parágrafo acima que seja realmente incompatível com o programa do PT, para estas ultimas eleições, pelo menos. A dicção do Paulo Francis, para mim, sempre foi uma excentricidade dele, não vejo nada de especial. "Veja mesmo o caso do Digestivo. Leitores já reclamaram muitas vezes contra o que parece ser uma "ideologia" deste site: seríamos todos de direita. Isso já foi mais verdade do que é agora, mas façamos a concessão – digamos que sim, é um site de direita. Resta saber o motivo disso. É porque o editor recusa a entrada de qualquer um que seja de esquerda? Não – quando eu entrei, em nenhum momento ele perguntou qual a minha opinião política. Nem perguntou a ninguém. Coincidentemente, os colunistas eram anti-petistas, quase todos. Ou melhor, não coincidentemente – não, não há nada de coincidência nisso - mas pelo simples motivo de que é quase impossível encontrar pessoas de esquerda, com vinte e poucos anos, que escrevam bem. Eis tudo." Os colunistas deviam ser mais anti-petistas que anti-outros-partidos, eu creio. Eu não gosto muito do PT, na verdade, mas isso não quer dizer que eu ache que os outros partidos sejam melhores. O senhor Luiz Inácio Lula da Silva, eu imagino, e posso muito bem estar errado, vai querer governar como um funcionário público: o funcionário público não quer revolução. Quer ficar na vida mansa, só que ganhando um aumento de vez em quando. Se precisar trabalhar para mostrar serviço e não ser demitido ( "exonerado", como gostam de dizer ), faz isso, mas só se precisar mesmo... Bom, o problema é que se o funcionário público trabalha pouco e quer ganhar muito, é preciso tirar dinheiro de algum lugar. De onde o senhor Luiz Inácio Lula da Silva vai tirar o dinheiro? "Esta é uma fase de ouro, na verdade, de escritores de oposição anti-Lula." De oposição à moda, ao poder vigente, ao consenso que tem aversão a discutir, a se aprofundar, a debater, que aceita lugares comuns sem imaginação como fundamentos profundos da filosofia, da teologia, da sociologia, da economia, da psicologia, sei lá mais que ia... uma pessoa sem talento, mas com um mínimo de instrução e bom senso ( as duas coisas têm que vir juntas, no caso ) não pode deixar de lamentar esta época e combatê-la. Eu não vejo em que isso implica necessariamente em ser anti-Lula. O senhor Luiz Inácio da Silva não é a solução, claro que não, mas ele também não é o problema. Mas o senhor Luiz Inácio Lula da Silva não é assunto deste comentário, voltemos ao parente distante dele, o senhor Alexandre Soares Silva. "Mais tarde veremos com saudade esta época em que gente como Juliana Lemos, Dennis, Martim Vasques, Fabio Danesi, Rafael Azevedo, Felipe Ortiz, Evandro Ferreira, Félix Felícato, Maria Inês de Carvalho, e outros, escreviam de graça, todas as semanas, e em alguns casos todos os dias, na Internet. É a sombra de Paulo Francis projetada na Internet, que ele odiava. Me agrada pensar que ele gostaria desses escritores." Falando mais de Paulo Francis e menos de Lula ( sempre uma boa troca ), me lembro que ele disse uma vez que no Brasil as pessoas não entendem gostar com restrições, ou se é 100% a favor de alguém ou alguma coisa, ou 100% contra. O exagerado prestígio de Paulo Francis se deve a ele ser o único polemista a se dedicar a alta cultura na imprensa brasileira em uma linguagem acessível. O sucesso de Paulo Francis é uma prova da pobreza da cultura brasileira. E a adoração que o senhor Alexandre Soares Silva sente pela turma do "Olie" é outra. De minha parte, espero e muito que os senhores citados ganhem muito dinheiro na internet um dia, merecem, apesar do único que pode ser chamado gênio a altura do Paulo Francis ou do "Olie" ser o senhor Martim Vasques da Cunha. "(Há um em especial que não citei – dois, na verdade. Não menciono os nomes deles porque são almas discretas, que seriam capazes de me pagar para não receber links. Mas, aos curiosos, basta pesquisar com calma as seções de links nos blogs já mencionados. Não são muitos os blogs inteligentes, acredite – e os mesmos vinte nomes acabam aparecendo sempre – com os dois que não mencionei misturados ali)." Obrigado pela dica, senhor Alexandre Soares Silva. Vou pesquisar quando tiver tempo. Acho que o senhor entende que o tempo é curto e não para de passar, como dizia o poeta. "Enquanto isso, com patética incompetência, os editores dos jornais impressos ignoram esses nomes, e preferem continuar publicando mais uma croniquinha de Mário Prata, mais uma reminiscência de Carlos Heitor Cony, ou mais um jornalista carioca contando, pela ducentésima vez, a história de quando o Antonio’s foi assaltado e Hugo Bidê ficou trancado no banheiro. Ou qualquer coisa assim." Agora começa a choradeira... coisa feia, francamente. Eu sei que os senhores citados têm seus bons momentos, mas o Carlos Heitor Cony, o Mário Prata, e o esquecido Ivan Lessa também têm. Eu juro uma coisa: se eu tivesse muito capital para investir, criava o meu jornal, contratava o senhor Martim Vasques da Cunha, mandava ele para Nova York, pagava um grande salário por duas colunas e uns dez artigos semanais, e fazia só dois pedidos: 1) não me indique ninguém para trabalhar aqui, eu é que sei o que fazer do meu jornal, e afinal de contas, se criticamos nos velhos o espírito de clube deles, não vamos repetir o erro, não é?; e 2) não queira imitar de jeito nenhum o Paulo Francis. Se sair parecido, que seja coincidência. Mas é um vício brasileiro: até os mais liberais acham que os jornais devem contratar os jornalistas que eles gostam, os festivais de cinema devem indicar e premiar os filmes que eles gostam, os sites devem ter os escritores que eles gostam, etc. ... bom, os críticos de Nova York, minha fonte é o Paulo Francis, ficaram com "aquilo roxo" cheio porque o Eugene O'Neill ou o Tenesse Willians nunca ganhava o prêmio Pullitzer, e resolveram criar seu próprio clube, para premiar seus artistas favoritos. Quanto dinheiro seria preciso para criar e manter um jornal diário em uma cidade brasileira de médio porte? Não, quanto dinheiro seria preciso para manter um jornal diário em Nova York ( se for para sonhar, que seja grande... )? Bom, podemos nas trocas de e-mails resolver este assunto depois. Por ora nos ocupemos do senhor Alexandre Soares Silva. "Pessoalmente, não agüento mais ouvir histórias de Hugo Bidê. Acho que ninguém mais agüenta." Eu nunca ouvi, então não sei se agüento ou não. "É só um jornalista da velha guarda abrir a boca, ou abrir o Word no computador, e lá lhe vem a tentação de usar o Hugo Bidê como se fosse o Ulisses da epopéia nacional." A julgar pelo que o Brasil é, acho que deve ser mesmo - mesmo nada sabendo sobre este Hugo Bidê. "Sério, nos jornais já se escreveu mais sobre o Hugo Bidê do que sobre Aquiles. Nem sei direito quem foi o Hugo Bidê, mas eu o detesto, e acho que a menção do seu nome devia ser proibida em textos de cronistas sexagenários de passado boêmio." Caro senhor Alexandre Soares Silva, já que o senhor é admirador de E.M. Cioran, deve se lembrar do que ele disse uma vez: "nem todos têm a sorte de morrerem jovens." "Começa o sujeito a escrever: "Me lembro que estávamos eu, o Antônio Maria, Sérgio Porto e Zizi Montparnasse numa mesa do Antonio’s quando vimos vindo o Hugo Bidê..."- e pronto, perdeu o emprego. Patrulha contra Hugo Bidê. Muda de assunto, caramba!" Não seria mais fácil o senhor mudar de jornal? Eu lia muito e não leio mais jornais do Rio e nem de São Paulo ( moro no grande erro de Juscelino Kubistchek ), jornais locais, de vez em quando e só a parte dos crimes e a coluna do Cláudio Humberto. Posso garantir que não sinto falta nenhuma. "Ah, sim, a esquerda. Estava falando da esquerda. Desculpem, mas como a esquerda é chata, preferi até falar do Hugo Bidê ("O porre canta, Musa, de Hugo...")." Não é a esquerda em si, mas todo obsessivo com alguma coisa. Gore Vidal, que não é nenhum petista, mas prevendo a queda do império americano o tempo todo acabou ficando bem chato. O chato na esquerda é eles acharem que tudo é social, tudo tem causa social, então tudo deve ter uma solução social... isso é chato mesmo... bom, eu já disse como o Paulo Francis poderia ser de esquerda para muita gente. Depende do que se considera direita ou esquerda. "Bem, achem um escritor de esquerda, de vinte e tantos anos, que escreva bem. Não há." Na verdade, o único talento de vinte e tantos anos que não é de esquerda é o Martim Vasques da Cunha. O resto, escreve bem por esforço, por se dedicar, como colegiais dedicados, é só. Nada que um esquerdista, com algum interesse na técnica ou na forma não possa fazer igual. Claro que para mim escrever bem não é escrever coisas geniais, eu penso na forma, não no conteúdo. Mesmo aí, o único excepcional é o Martim Vasques da Cunha. Os outros são muito aplicados, mas dispensáveis. "E no entanto acredite, a esquerda, representada por senhores de quarenta anos ou mais, continua pensando como se pensava na época heróica em que Vinícius de Moraes broxava e Hugo Bidê se trancava no banheiro: que todo humor é de esquerda, toda decência é de esquerda, e até mesmo que toda inteligência é de esquerda. Continuam presos num punhado de meses da década de setenta, quando Paulo Francis nem havia atingido o auge, as mulheres usavam um penteado ridículo, e opalas, fuscas e mavericks enfeiavam mais a orla de Ipanema do que todos os prédios atuais juntos." Bom, o Pasquim, disponível na internet, mas não vou indicar o link, vou poupá-los, já era nostalgia dos anos cinqüenta. Vinícius de Moraes foi um grande poeta quando era intregalista, depois foi um folclórico conquistador de mulheres mais interessantes que ele próprio. H.B. não sei quem foi. Paulo Francis não estava no auge, mas com certeza estava muito melhor que nos últimos anos, no Estadão ( é só ler os livros com os artigos que ele escreveu na época, "Paulo Francis nu e cru" e "Certezas da dúvida" ), embora ele fosse muito melhor que o resto da imprensa brasileira na ultima fase, no Estadão ( pobre país carente de cultura o nosso! ), não acho o penteado da época ridículo não, é com certeza melhor que os piercings que se vê por aí, e decididamente, com toda certeza, os opalas, fuscas e mavericks enfeiavam mais a orla de Ipanema que os prédios atuais ( mas que dificuldade em admitir alguma coisa ruim no capitalismo, na verdade! ). "Na verdade há uma divisão, nesses vinte e tantos blogs que mencionei, entre aqueles que foram diretamente influenciados por Paulo Francis, e aqueles que foram diretamente influenciados pelo filósofo Olavo de Carvalho. Mas mesmo os que foram influenciados por Olavo de Carvalho foram influenciados, indiretamente, por Paulo Francis." Pois eu digo que não saberia distinguir em um blog influenciado pelo "Olie" o que pode ser influencia direta ou indireta do Paulo Francis ( tenho certeza, pelo que conheço dos dois homens, que muita coisa tida como de um pode muito bem vir de outro, e é claro que nada impede que venha de um terceiro ). Poderá o senhor Alexandre Soares Silva me mostrar um blog "paulofrancista"? Quem é quem? Dê nome aos bois! E nestes Blogs "paulofrancistas", tem analises, comentários e influência da filosofia de Nietzche, ou da de Bertrand Russell, do teatro de Bernard Shaw, da economia de Keynes, da socialdemocrácia europeia, dos palpites ( porque é este o nome ) de Sigmund Freud, da crítica de Edmund Wilson, da poesia de T.S. Eliot, da vida e obra de Trotsky? Me desculpe o senhor Alexandre Soares Silva, mas mesmo admitindo que devem ser blogs muito bem feitos e agradáveis, eu não os considerarei "paulofrancistas", se não tiverem nada disso. "Quem não foi influenciado por Paulo Francis? Os que eram burros demais para receber a influência. E os próprios amigos ou contemporâneos de Francis – que, se por acaso se esquecessem de quem foi Paulo Francis, e calhassem de ler as colunas velhas dele achando que se trata de um blogueiro qualquer, ficariam, sem dúvida, indignadíssimos. Rasgariam o jornal. Chutariam o computador. Reclamariam da falta de talento (e de coração) "dessa juventude alienada", que só quer falar de Wagner e Matisse e parece não dar valor "à inegável sinceridade de Lula"." Toda a verdade, somente a verdade e nada mais senão a verdade. O outro lado também foi influenciado pelo Paulo Francis ( o próprio Lula começou na política por causa do Paulo Francis ). E não há só "paulofrancistas" do lado anti-lula. Já disse e repito, Paulo Francis teve muitos méritos sim, mas o prestígio dele é uma prova da nossa carência. "Não consigo, na verdade, imaginar Paulo Francis arranjando um emprego em jornal, hoje. Na primeira dinâmica de grupo da Folha, assim que alguém jogasse uma bola gigante de plástico na direção dele, Francis levantaria, diria algo ininteligível à psicóloga mal-ajambrada (começando com "Olha aqui, minha filha...") e iria embora. Teria que escrever – adivinhe – em blogs." Meu caro senhor Alexandre Soares Silva, já que vamos falar dos filhos do Paulo Francis, falemos de todos então: se Paulo Francis escrevesse hoje, não começaria num jornal de São Paulo. Ele começou num jornal quase de bairro do Rio de Janeiro ( o velho Diário de Notícias, mas não vou falar dele, o senhor Alexandre Soares Silva está com "aquilo roxo" cheio da velha geração ). Mas o filho dele mais bem sucedido, do ponto de vista da carreira, arranjaria muito bem um emprego num jornal. Este filho que o senhor não quis comentar mora em Veneza e escreve na Veja. Mas concordo com o senhor numa coisa: também não consigo imaginar como o "clone de Veneza" conseguiu emprego na veja ( mas isso não deve ser considerado uma contradição com o que eu escrevi no meu artigo "Diogo Mainardi", que não vou dar uma de spam e mostrar o link, não sem a permissão do webmaster. Se o Paulo Francis dos últimos anos não teve muita coisa a ver com D.M., o dos primeiros era muito parecido, descontando é claro a grande diferença entre morar no Rio dos anos cinqüenta e morar em Veneza. E mais: com D.M. se pode confiar que uma informação é correta. Na verdade, quase tudo que o Paulo Francis informava era falso ). Parabéns pelo prazer que me proporcionou pelo seu artigo, e espero ( sem muita esperança ) nada ter dito que me faça entrar na sua lista. Cordialmente Flamarion Daia Júnior
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24/11/2002
02h54min
Caro Flamarion. Se formos seguir sua definição de "influência" ninguém jamais foi influenciado por ninguém no mundo. Não é preciso seguir alguém ponto-por-ponto para ter sido influenciado por esse alguém (não posso perdoá-lo muito por me obrigar a dizer essa obviedade). Mencken foi influenciado por Nietzsche, mas não escreveu livros sobre filosfia pré-socrática, nem ficou maluco abraçando um cavalo. Borges foi influenciado por Robert Louis Stevenson, mas não escreveu livros de aventuras para adolescentes, nem morreu numa ilha do Sul. É bom que você tenha tocado no assunto, porque muitas pessoas falaram de "copiadores" ou "imitadores" de Paulo Francis. Pessoalmente não conheço nenhum copiador de Paulo Francis. Falei apenas de influência. Influenciados somos todos nós, o tempo todo. Da minha parte fui inflenciado não só por Paulo Francis, como por Mencken, Chesterton, Nabokov, Borges, C.S. Lewis, P.G. Wodehouse, Evelyn Waugh. São pessoas tão diferentes que algumas delas não falariam entre si. (Atores também - fico sempre esperando pelo dia em que alguém diga que o meu estilo foi inflenciado por Cary Grant. Oh well.) Quanto à influência que o Martim Vasques recebeu de Paulo Francis, perguntei a ele por email antes de escrever o artigo, e ele confirmou - acrescentando a palavra "indiretamente". Debata com ele, e tenho certeza que você o convencerá do contrário. Quanto a você (ao contrário de mim) gostar do penteado da década de setenta - só com isso, claro, você acabou com toda a minha cuidadosa e científica argumentação. Mas quanto ao resto da mensagem... Desculpe, mas tenho a opção de ler a sua mensagem inteira ou ver "Charade", um filme com Cary Grant e Audrey Hepburn que tenho que devolver para a locadora amanhã. A vida é (dizem) curta. Mas como não li sua mensagem inteira, estou disposto a aceitar, de mão beijada e graciosamente, que você está errado e eu certo. Ou qualquer coisa assim. Abraços, volte sempre - Alexandre Soares.
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24/11/2002
11h10min
Caro senhor Alexandre Soares Silva Aceitando seu convite, estou de volta. Vejo que o senhor tem o hábito de dormir tarde, pelo menos sábado. Melhor assim. Podemos conversar sem peru ( no bom sentido, figurado mas bom ) de fora. Seja o perdão uma grandeza qualitativa, e não quantitativa ( existe meio-perdão? ): nesse caso, eu o perdôo totalmente por não ter dado muita atenção ao meu texto. É mesmo grande. Mas prefiro assim, que deixar alguma coisa de fora, entre admitir mil besteiras e ser seletivo e deixar algo importante de fora, prefiro a primeira alternativa. Reconhecendo porém que meu texto é mesmo longo demais, eu o perdôo. Certamente que o Martim Vasques da Cunha não precisa repetir tudo o que Paulo Francis dizia - nesse caso, para que ele escreveria alguma coisa, para começar? MAS EM ALGUMA COISA IMPORTANTE, PELO MENOS, O MARTIM VASQUES DA CUNHA DEVERIA CONCORDAR COM O PAULO FRANCIS PARA SER INFLUENCIADO POR ELE. Se Nietzsche lesse o que Mencken escreveu sobre a democracia, concordaria em gênero, numero e grau. Se Robert Louis Stevenson lesse o que Borges escreveu sobre cinema, concordaria em gênero, número e grau ( não havia cinema no tempo de R.L.S, graças a Deus, senão perderíamos alguns contos e novelas razoáveis e ganharíamos ótimos roteiros para filmes - o que na minha humilde opinião seria uma péssima troca ). O MARTIM VASQUES DA CUNHA NÃO CONCORDA COM O PAULO FRANCIS EM NADA IMPORTANTE. NADA, NADA, NADA, NADA! Serei no entanto condescendente, e admito que o senhor queira dizer por influência uma certa maneira de pensar, irreverente, debochada, auto confiante... não seja o Martim Vasques um "paulofrancista", mas um livre pensador, que ficou assim por influência do Paulo Francis. Então, aí sim, eu admito influência do Paulo Francis. Mas nada que na minha opinião, sempre humilde, não acabasse aparecendo, por outra fonte, o "Olie", por exemplo, ou o José Guilherme Melquior. Quanto ao senhor, vejo que o senhor tem bom gosto para escolher modelos. Parabéns. Não quero convencer o senhor Martim Vasques da Cunha de nada, quero que ele continue sendo o que é, que assim está ótimo ( vos sois o sal da terra! Se o sal perde o sabor, como poderá dar sabor? ). Mas se a influência é indireta, convenhamos, então não é importante. PODE O SENHOR OU QUALQUER PESSOA ME MOSTRAR UM TEXTO DO MARTIM VASQUES DA CUNHA E DIZER:"SE ELE NÃO TIVESSE LIDO PAULO FRANCIS, O TEXTO SERIA DIFERENTE."? Se puder, mudo de opinião. Eu não conheço o penteado da década de 1970, não me lembro de nada especial nas fotos da época, mas adoro o jeito da Vera Fischer dos anos 1970. O penteado dela é típico daqueles tempos? Tenho certeza que o senhor há de concordar comigo que debater sobre o penteado ( e otras cositas más! ) da Vera Fischer é muito melhor que analisar as diferenças entre a barba do seu parente distante, o senhor Luíz Inácio Lula da Silva, e a barba do senhor Fidel Castro. Mas devo dizer que nunca disse que gosto do penteado dos anos 1970 ou de qualquer época, apenas disse que com certeza é melhor que o "piercing". Isso com certeza não é gostar, assim como achar que o senhor Luíz Inácio Lula da Silva fará um mal governo não é ser influenciado pelo Paulo Francis ( e como ele estaria rindo agora! ). Bem, quando o senhor achar que é hora de ler o resto da minha mensagem, e achar que alguma coisa lá há que valha a pena ser comentada, eu então lhe darei satisfação. Espero que o senhor e sua namorada tenham uma agradável noite de sábado, vendo "Charade" - porque é evidente que o senhor estará acompanhando da sua namorada. A única razão que eu encontro para ir ao cinema, ou alugar um filme, é para minha namorada ver comigo e eu ter um pretexto para ficar sozinho com ela em casa, ou sair com ela, se para ir ao cinema ( onde sempre se pode fazer alguma coisa, estando com a namorada, se o filme for chato demais ). Espero sinceramente que o senhor e sua namorada tenham uma agradabilíssima noite de sábado. Cordialmente, Flamarion Daia Júnior
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24/11/2002
80. Errata
11h16min
Onde escrevi "noite de sábado", leia-se "madrugada de domingo"
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24/11/2002
21h08min
Prezado Alexandre, seu texto é formidavelmente contra tudo o que eu acredito! Mas respeito, afinal há a liberdade de expressão. Cheguei aqui por indicação de um amigo, em seu blog, e pretendo voltar mais vezes mesmo discordando de certas coisas em seu texto. Uma pergunta: Existe algo sobre política em "Charade"? Abraços.
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24/11/2002
21h44min
Caro senhores Há um texto do senhor Alexandre Soares Silva que sumiu. Há um texto da senhora *Roberta* que sumiu, e há um texto meu respondendo ao texto da senhora *Roberta* que sumiu. É impressão minha, é defeito deste site, é defeito no meu micro, Ou é censura? Sinceramente, prefiro mil vezes que meu micro tenha um defeito. Se há algo que não quero de jeito nenhum é que os textos sumam. Flamarion Daia Júnior
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24/11/2002
22h11min
Caro senhor, Em vez de ironizar sobre mensagens sumindo (mensagens tediosas sobre a vida particular de outras pessoas que o senhor instigou), porque voce nao vai meditar nao extensao da sua propria chatice e na sua inabilidade em escrever coisas construtivas?
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24/11/2002
22h25min
* O Digestivo Cultural se reserva o direito de ignorar comentários que se utilizem de linguagem chula, difamatória ou ilegal!!!!!!!!!!!!!! Sr. Flamarion, o Sr. chegou a ler este PS no final da página? Não li tais comentários, mas acredito que o site os excluiu por causa de algum (ou alguns) desses itens. Concorda? Estou achando interessante este site.
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24/11/2002
22h50min
Meus caros senhores O episódio dos textos que somem me lembrou uma frase do Paulo Francis, que para não ofender os brios puritanos deste site e seus sensíveis frequentadores, eu vou adaptar as circusntâncias: "Para saber se um texto é ou não pornográfico, é só ler em voz altas perante um grupo de homens, e depois mandar eles baixarem as calças: se houver endurecimento das partes intimas, é porque o texto é pornográfico". Sempre é bom se lembrar do Paulo Francis! Espero que os senhores zhaan e Guilherme Reckena não desmaiem com o choque, de ouvir falar em "endurecimento das partes íntimas" ( ai, meus sais! ). Não descarto a possibilidade dos senhores Zhaan e Guilherme Reckena terem sentido algum "endurecimento nas partes intimas" ao lerem meus textos, e por isso tenham resolvido pedir que meus textos sejam retirados. Bem, não foram apenas textos meus que sumiram: houve um do senhor Alexandre Soares Silva e outro da senhora *Roberta*, além de dois meus, e eles não tinham nada de pornográfico ou chulo, por mais sensíveis que o senhor zhaan e o senhor Guilherme Reckena ( este ao menos se reconhece um novato... ). Espero que não seja censura política, porque não vejo como possa ser sexual. Aguardo explicações Flamarion Daia Júnior
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24/11/2002
23h02min
Senhores, senhores. Não briguem. O Mistério das Mensagens Desaparecidas é um tanto pífio. Boas em si mesmas, divertidas e bem-escritas, eram no entanto mensagens que só diziam respeito a três pessoas. Essas três pessoas (eu incluído) podem muito bem continuar a conversa por email. Isso não é propriamente censura; é mais o que antigamente se chamava de "discrição". Mas enfim, vamos ao que interessa. Flamarion: o tom ranzinza de trechos da minha mensagem de número 79 se deve apenas, acredite, a um Tandoori Machi mal-digerido. Agora li sua mensagem inteira. Dou razão quanto ao penteado da Vera Fischer. Quanto à importância de uma influência indireta - bem, a luz da lua caindo no rosto de uma heroína de Poe é uma influência indireta do sol; e veja a importância dela quando cai "...Upon the upturned faces of a thousand / Roses that grew in an enchanted garden"... Mas divago. Não, você não merece aparecer na minha lista de abominações. Não ao lado de Hebe Camargo e Narcisa Tamborindeguy. Não, não. E volte sempre - mesmo que seja para tentar pôr abaixo o meu castelo de cartas, tão bonito quanto precário. Sério, volte sempre. E Guilherme, vamos discordar, é divertido. Quanto a haver política em "Charada" - graças a Deus, muito pouca. Há uma piadinha sobre "C.I.A." parecer nome de companhia aérea. Só isso... E nem muita moral, aliás: Audrey Hepburn parece que fica um pouco desapontada quando descobre que Cary Grant, ao invés de ser um ladrão, é na verdade funcionário do governo... Abraços a todos - também à Palpiteira, à Roberta, ao Evandro, e a todos que deixaram palavras gentis por aqui. Ah, mas não resisto: ao André da mensagem 24, perdida lá atrás (voltem lá) - Isso, André, não se deixe abater! Enquanto houver Esperança e Amor no seu coração puro, eu jamais vencerei! - Abraços, Alexandre.
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24/11/2002
87. Errata
23h05min
Errei: Houve dois textos da senhorita ( como ela prefere ) *Roberta* que sumiram. Nenhum deles era pornográfico, como nenhum texto meu. Como também não era pornográfico o texto do senhor Alexandre Soares Silva.
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25/11/2002
13h17min
Alexandre, infelizmente não tive o prazer de ler tais comentários, mas concordo com a parte da discrição. Afinal de contas, quer dizer que (a julgar pelo que li até agora) Paulo Francias acabou adentrando em sua vida pessoal? Perdo-me a brincadeira, mas agora estou imaginando você com sua namorada, naquele intervalinho quando se dá um "Pause" na fita de vídeo para fazer um lanche ou mesmo ir ao banheiro, discutindo sobre a influência de P. Francis na opinião sobre política das pessoas. Novamente, perdoe-me, mas isso acontece? Não espero (honestamente) uma resposta, já que olha eu tocando em assuntos pessoais que já foram devidamente banidos daqui! Abraços.
[Leia outros Comentários de Guilherme Reckena]
25/11/2002
16h15min
Numa mensagem anterior, o colunista Alexandre diz: "Desculpe, mas tenho a opção de ler a sua mensagem inteira ou ver "Charade", um filme com Cary Grant e Audrey Hepburn que tenho que devolver para a locadora amanhã." Que debate é esse? Que colunista é esse? Ele se auto-denomina um gênio dos bloguers, mas, afinal, o que é um blog? Ele se auto-denomina um gênio da escritura, mas seu livro "A coisa que era deus" é ilegível, por um pedantismo e falta de foco que tenta se safar na basede "referências" a isso e aquilo; e, aliás, são tantas as referências "cultas" que podemos parafrasear Franz Paul Heilborn, vulgo Paulo Francis: "O livro é uma merda, mas o autor é genial" (não por acaso, o livro só foi elogiado pelos mesmos sujeitos que agora o elogiam neste espaço). Como debatedor é uma piada. Cada vez que a coisa esquenta e sua ignorância é exposta, sai-se com uma tiradinha marota do tipo "não li seu texto porque estava vendo um filme", "viajei", "no fundo somos todos amigos", "não gosto do seu nome", "hoje estou cansado", "gosto de simplificações". Como teórico político, a que se propôs ao escrever o artigo em questão, é um vácuo completo, sem leitura, sem sutileza, resolvendo tudo na base de "gosto de simplificações". E, pior, quando tudo está errado, utiliza-se de pseudônimos muito mal disfarçados (como a "Palpiteira") para se auto-elogiar. Aí, diretoria do Digestivo Cultural: o Alexandre Soares não tem nível para realizar as propostas a que se propõem! O sujeito é uma farsa. E, com colaboradores deste nível, a fama deste Digestivo vai na mesma toada.
[Leia outros Comentários de Renato Ameida]
25/11/2002
20h00min
Caro Alexandre Soares Silva Bem, aceito suas explicações. O que não quer dizer que eu concorde. Mas quem sou eu para mandar neste site? Este site é que me faz um favor, cedendo este espaço, que uso e abuso ( and how! ). Não me ofendi tampouco pelo tom ranzinza, na verdade isso me incentiva a produzir. Se fomos aceitar sua definição de influência, na verdade todos nós fomos influenciados por tudo o que encontramos na vida. Eu até concordo, lembrando que há uma diferença de grau ( não sei se quantitativa ou qualitativa ) - É claro que existem seres que influenciam mais do que outros. Muitos castelos de cartas já foram derrubados, pelo ritmo vertiginoso da internet, o seu não será o primeiro. Portanto, antes disso acontecer, deixarei minha marca nas muralhas. Cordialmente, Flamarion Daia Júnior P.S. Porque ninguém falou do que é tido mas não havido, pelo menos para mim, como o mais famoso Filho da P... Desculpe, de Francis, O Veneziano da Veja?
[Leia outros Comentários de Flamarion Daia Júnio]
25/11/2002
22h02min
Bom, antes que algum leitor inventado por mim me defenda, me defenderei (suspiro). Renato - se você me permite - não posso ter me "auto-denominado um gênio dos bloguers" (sic), uma vez que sequer tenho um blog. Quando tiver, certamente serei um gênio dos blogs, mas antes é impossível - até mesmo para mim. Quanto ao meu livro ser ilegível para quem tem algum problema de leitura, bem sei. Realmente acredito que você tentou lê-lo, mexendo os lábios de maneira encantadora, e muito compreensivelmente desistiu. Eu também desistiria, se tivesse problemas de leitura. Recomendo para você a leitura de livros mais fáceis, como o clássico esquecido "O Caminho das Borboletas", de Adriane Galisteu. Mas me deixe dizer uma coisa.

Acho engraçado quando uma visita sobe na mesa e reclama, com uma certa truculência, porque o anfitrião foi viajar, ou ver um filme, ou cochilou numa cadeira ao invés de ficar "debatendo" com ele. Algum motivo o bom e paciente anfitrião deve ter. Pense bem, pense bem. Você nunca parou para pensar que é muita coincidência que, em todas as visitas que você faça, o anfitrião esteja justamente de saída para uma viagem, ou indo ver um filme, ou cochilando numa poltrona? Renato, este é um dos fóruns mais chatos dos quais já tive o desprazer de participar. De vez em quando faço uma aparição pro-forma, ilumino a sala com a aura do meu charme, distribuo alguns witticisms, ignoro os urros para que eu fique e "debata", digo ta-ta e volto para a varanda, onde as visitas não chegam e eu leio Max Beerbohm. Nesses momentos, é tão inútil debater comigo como seria para um militante pró-aborto tentar "debater" com o Papa, quando ele aparece no balcão da Basílica de São Pedro e acena. O máximo que se pode fazer é urrar - mas até para urrar é preciso um mínimo de graça. Sinto muito, mas se vocês não se esforçarem um pouquinho mais para me divertir, vou continuar viajando, vendo filmes, e cochilando ao mesmo tempo. Um abraço, Alexandre Soares. PS: Excluo o Flamarion da lista de chatos, é claro. (Vocês vão ficar felizes de saber que a minha digestão foi restaurada. O mundo volta a sorrir). Na verdade por aqui passaram pelo menos meia dúzia de pessoas muito interessantes - algumas das quais discordaram de mim da maneira mais polida possível. Ah, Palpiteira, não a culpo. Há uma saída secreta que é acionada quando se aperta o tampo da cabeça do busto de Bernard Shaw. Volte sempre!
[Leia outros Comentários de Alexandre Soares]
26/11/2002
09h18min
minha lista de odiáveis tem uma pessoa e o grupo a que pertence. a maria mijona do Pato-Fu(dido). para quem ouviu rolling stones é duro viver no mesmo planeta que esta maria mijona que se pretente cantora pop.
[Leia outros Comentários de jardel]
26/11/2002
14h07min
Nem todo mundo tem a mesma opiniao sobre o Pato Fu.... http://www.terra.com.br/diversao/2001/09/27/008.htm
[Leia outros Comentários de Zhaan]
26/11/2002
15h58min
Flamarion, no meio do Guerra e Paz II que você escreveu aqui neste forum, encontrei a segunte afirmação: "Na verdade, quase tudo que o Paulo Francis informava era falso." Comentei com o Paulo Francis, que riu a bandeiras despregadas e expressou o desejo de reler cada uma dessas informações falsas. Você poderia fazer a enorme gentileza de publicar neste forum uma lista com elas?
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26/11/2002
23h17min
Caro senhor Hayek Para se informar, o Paulo Francis não era confiável. Ele era uma pessoa muito charmosa, que encantava se exibindo, e um homem inteligentíssimo e dedicado a alta cultura - coisa que não há na imprensa brasileira. Por isso Paulo Francis, na hora de informar, era muitas vezes leviano, negligente, snobe e desinteressado de conferir suas informações, ou de fazer pesquisas por conta própria. Ele tinha muitos preconceitos contra a classe política, e quando as informações confirmavam seus preconceitos ele não se dava ao trabalho de checá-las. Por outro lado, ele não gostava de comentar a política brasileira, e muitas vezes parecia querer se livrar do assunto, quando escrevia. Essas coisas reais prejudicaram e muito seu trabalho. Há que se considerar ainda que muitos brasileiros não sabiam realmente do que Paulo Francis falava, e portanto ele não tinha que temer cobranças, o que lhe permitia agir irresponsavelmente ( o Olie vai pelo mesmo caminho. Daqui a alguns anos, se ele ainda tiver uma coluna no Globo, o que é duvidoso, veremos uma mancada atrás da outra... ). Já disse e repito: o prestígio de Paulo Francis é uma prova do mal estado da cultura brasileira ( bem que Paulo Francis lutou contra isso. Ele sabia que não merecia o destaque todo que tinha... ). Até aqui, para explicar o que eu penso ter sido a origem dos erros do Paulo Francis. Agora, vamos aos erros.
[Leia outros Comentários de Flamarion Daia Junio]
26/11/2002
23h44min
Ate agora o comentario #95, do Flamarion foi o que mais se aproximou do que realmente era o Francis.Que o digam os diretores da Petrobras.
[Leia outros Comentários de Antonio]
26/11/2002
23h47min
creio que faltou uma virgula depois do Flamarion.
[Leia outros Comentários de Antonio]
27/11/2002
03h47min
Vamos fazer o seguinte, Flamarion. Tente mais uma vez. Se não conseguir, mande a mensagem para mim, que eu a coloco aqui. Mas uma dica: experimente clicar no botão de "Enviar" duas vezes. Um abraço - Alexandre Soares.
[Leia outros Comentários de Alexandre Soares]
27/11/2002
10h29min
Flamarion, o senhor é muito chato, sabia? Alguém já lhe disse isso???? Alexandre, quando você atualizará sua coluna? Porque acho que já perdeu o sentido, toda essa confusão. Abraços.
[Leia outros Comentários de Guilherme Reckena]
27/11/2002
11h27min
Caro Alexandre, eu tentei seguir seu conselho, mas não deu certo. Bom, vou mandar pelo e-mail. Abraços, Flamarion Daia Júnior
[Leia outros Comentários de Flamarion Daia Junio]
29/11/2002
101. Convite
00h03min
Guilherme, há um texto novo meu nesta sexta, dia 29. Na verdade queria convidar todos os que passaram por aqui (alguns dos quais estão dormindo debaixo das mesas) para que leiam o texto; é um tanto relacionado com o que se passou aqui... Abraços, Alexandre.
[Leia outros Comentários de Alexandre Soares]
7/12/2002
102. Adoro
13h26min
Adoro esses comentários!Roberta, os seus foram os mais divertidos , no meio de tanta gente sem UMA GOTA de senso de humor!Queridos,pretendo imprimi-los todos, ir ao São João Batista e deixá-los no túmulo do meu amado Francis...posso ouvir até o desaforo ( ou a gargalhada?Mais provável...)subindo das profundezas.
[Leia outros Comentários de Mayte]
26/12/2002
08h15min
Divertido e sensacional, não me expressaria melhor (se ao menos tentasse). Da primeira linha a última, passando brilhante pela lista de pessoas odiáveis (fui na igreja no Natal e até lá, no meio de toda santidade, fui obrigado a ouvir o nome do presidente crustáceo) irretocável. Porém a cada crítica negativa eu penso: será crime expressar uma opinião de descrétido e desconfiança a futura gestão política brasileira ?
[Leia outros Comentários de Marcelo Castellani]
5/8/2008
18h53min
Lembro com saudades do Paulo Francis e de seus comentários no Jornal da Globo.
[Leia outros Comentários de Luzinete]
7/3/2013
12h44min
'4 patas bom, 2 patas ruim' ... em terra de bovinos a involução sempre vence!
[Leia outros Comentários de itibere muarrek]
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