Jack Nickolson prova que tem talento de sobra para viver o personagem Warren Schmidt no seu mais recente filme, "As Confissões de Schmidt".
O ator de 66 anos (seu personagem tem, no filme, a mesma idade), não tem o que reclamar: sua atuação lhe rendeu o Globo de Ouro de melhor ator; e é provável que o Oscar também venha para as suas mãos pela terceira vez como ator principal (a primeira foi por "Um Estranho no Ninho" e a segunda por "Melhor é Impossível"). Sem contar que Nickolson recebeu um Oscar de ator coadjuvante, por "Laços de Ternura", e foi indicado 11 vezes pela Academia. Portanto, azões não faltam para vê-lo em tela grande.
"As Confissões de Schmidt" também recebeu o Globo de Ouro de melhor roteiro. Foi mais que merecido. Sem contar as indicações para melhor filme, diretor e atriz coadjuvante.
O filme é baseado no romance About Schmidt, de Louis Begley, lançado recentemente no brasil. Warren Schmidt é um homem comum que acabou de se aposentar de uma empresa de seguros, chamada Woodmen. É também casado e pai de uma filha. Tudo parece perfeito para ele, quando, de uma hora para outra, sua esposa (há 42 anos) morre e ele se vê completamente perdido e desamparado. Para completar, sua filha mora em outra cidade e está prestes a se casar com um sujeito de que ele não gosta.
A situação deixa Warren sem rumo na vida e ele tenta procurar nela um novo sentido. Então decide fazer uma viagem em seu moderno e confortável ônibus-trailer: uma viagem que ele havia planejado com sua falecida esposa. Pelo estado do Nebraska, seguindo até Denver, onde sua filha mora.
Durante a viagem, Warren vai parando em diversos lugares, conhecendo museus, etc. Retorna para cidade onde nasceu e até para o lugar onde era sua casa (agora uma loja de pneus).
Para contar todas as suas aventuras e desilusões, Warren escreve cartas para um menino órfão de seis anos da Tanzânia. Ndugu Umbo é adotado e sustentado por ele, com 22 dólares mensais, graças a um anúncio de uma organização chamada Childreach. (Uma curiosidade é que essa organização existe mesmo e ampara crianças por todo o mundo. Inclusive o menino, que participou como Ndugu, recebeu uma doação após o término do filme.)
Quando chega para a o casamento de sua filha em Denver, Warren não se conforma e quer, a todo custo impedir, que a cerimônia aconteça. A vontade de não querer a filha casada com um vendedor de colchões d'água (interpretado por Dermont Mulroney, que, aliás, está irreconhecível) aumenta quando Warren se assusta com o jeito liberal da mãe do rapaz (interpretada pela talentosa Kathy Bates), que tenta seduzi-lo.
Apesar do personagem estar passando por um momento difícil em sua vida, ganha vida graças ao trabalho de Nicholson. Que arranca igualmente muitas risadas: algo que divide o filme entre o drama e a comédia. Tem horas que o personagem se vê completamente solitário e aí ele começa a pensar o que será de sua vida. As caras e jeitos de Nicholson se impõem desde a primeira cena e seguem adiante no decorrer do filme, o que o deixa leve e muito divertido. Totalmente despretensioso. Ajudam o roteiro excelente e a trilha sonora deliciosa, que merece uma atenção especial.
"As Confissões de Schmidt" é um filme imperdível, que alegra e emociona ao mesmo tempo, e que pode ser considerado uma das melhores atuações de Jack Nicholson nos últimos anos.
(O filme entra em cartaz dia 28 de Fevereiro.)
Clarissa.Sua sugestão me parece boa,mas mencionar oscar,globo de ouro não resiste a menor análise.Há atores extraordinários no mundo,que nunca vão ganhar premios da INDÚSTRIA CULTURAL.Jack nem precisa disso.È um ator fantástico