O Último Sábado, de Orlando Bastos | Ricardo de Mattos | Digestivo Cultural

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Quinta-feira, 20/2/2003
O Último Sábado, de Orlando Bastos
Ricardo de Mattos
+ de 7500 Acessos

O Último Sábado, do escritor mineiro Orlando Bastos, é uma bandeja de pastéis de Santa Clara com a qual somos inesperadamente presenteados. A comparação é proposital: tanto o livro quanto o doce são pouco conhecidos e ambos agradam logo à primeira prova.

O volume é composto por doze contos e intitulado pelo primeiro deles. A capa trazendo Sol em um Quarto Vazio, do pintor americano Edward Hopper (1.882/ 1.967) serve como aviso da observação de interior que se seguirá. Apesar de algo ainda tentar permanecer obscuro, inútil fugir da devassa da luz. Pouca é a preocupação do autor com o meio no qual vivem seus personagens e disso resultam retratos em fundo neutro.

A linguagem adapta-se às personagens evidentes. Se é um fazendeiro rústico, será seu linguajar característico a predominar, quer na narração, quer obviamente nos diálogos. Enquanto Ela Agoniza - título a remeter-nos, intencionalmente ou não, ao Enquanto Agonizo de Faulkner - por exemplo: a cena na qual o fazendeiro manda sua empregada pegar a "caixa de forfe" (fósforos) vale o conto inteiro. Os neologismos são discretamente utilizados, devendo o leitor cuidar para não assim classificar todo o termo incomum encontrado. No conto O Passageiro de Caronte - cujo tema, se não inédito, recebe tratamento sui generis - deparamo-nos com o termo "defunturo". Não se apele a uma classificação fácil, nem se tente ler nele - através de uma poética rasteira - a somatória de "defunto" e "futuro". Se "nascituro" é aquele que nascerá, "defunturo" é aquele que morrerá, tornar-se-á defunto. Velho termo já constante do Offertorium da missa requiem. Nota-se uma escrita com minuciosa atenção na escolha das palavras. Em suma, os contos aceitam estes e outros discretos ornamentos - como o primeiro verso da cançoneta Quem Sabe? de Carlos Gomes adaptado em meio ao texto -, mas devem ser cuidadosamente apreciados, sem afobação. Esta leitura atenta resultará n'um melhor desfrute das narrativas e permitirá avaliar-lhes com maior segurança. Nem é aconselhável que se dê cabo do livro n'uma tarde.

N'este livrete de contos o indivíduo é mostrado em sua estupidez, ridículo e vileza. A mostra não é desacompanhada de certo humanismo. Todos tiveram seus motivos para o cometimento de seus erros, motivos que suas estreitas mentes aceitaram como suficientes. Não os julguemos precipitadamente. N'O Último Sábado acompanhamos três fases do raciocínio do personagem. Na primeira predomina a descoberta do adultério; unindo factos ele conclui pela traição. A segunda fase mostra a revolta pelo logro e maquinações vingativas. Logo inicia-se a terceira, na qual prefere manter as coisas como estão a provocar escândalos - sob a nova óptica - inúteis. Ser o rufião da própria mulher pode trazer vantagens a médio e longo prazo. Essas fases mencionadas tornam o título ambíguo no decorrer da leitura. Será o último sábado de uma série da qual se colocará fim, ou é apenas uma referência no tempo?

Sob o Signo de Jó nada esclarece de factos anteriores, mas referências esparsas adicionadas ao trágico desfecho fazem-nos imaginar algo de terrível. Aqui a suspeita de um crime; n'O Palmeirim das Gerais é um estupro a base do discurso santarrão do personagem. Não demora muito a trelência (de treler, tagarelar) revela um tipo ordinário a usar seu crime e o tempo passado na cadeia como argumentos para a venda de patuás. Se ao meio do conto duvidamos de sua regeneração, ao final propendemos pela conclusão negativa. Assemelha-se muitíssimo ao discurso barato dos seguidores de certas "religiões", a fazer hoje exactamente o que faziam antes, agora porém por "inspiração do Senhor Jesus".

A crueza cede lugar para o humor em A Marquesa, Missão Cumprida (mostrando a astúcia como filha da cobardia) e o quase inocente O Mágico de Óz. Contos mais leves, porém fiéis ao conjunto.

Para ir além





Ricardo de Mattos
Taubaté, 20/2/2003

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