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O Começo
Segunda-feira,
17/9/2001
Como tudo começou
Julio Daio Borges
+ de 6100 Acessos
O Digestivo Cultural começou como uma idéia a partir
de conceitos ruminados há tempos. Eu já vinha distribuindo
meus textos
desde 1997 e, portanto, havia acumulado algumas conclusões e
certa experiência. Consciente ou inconscientemente, essa "bagagem"
me foi muito útil na elaboração do que seria o
Digestivo Cultural.
Como o próprio
nome indica, eu pensei inicialmente numa forma "palatável"
de apresentar "cultura" ao leitor. A iniciativa talvez carregue
certo idealismo de minha parte, mas eu quis levar esse universo considerado
"difícil" e "inacessível" às
pessoas comuns, que não tinham tempo ou paciência para
acompanhar os eventos e acontecimentos.
Influenciado pelos
aforismos
de Nietzsche, estabeleci que o formato deveria ser breve
e conciso, adaptado às exigências da "vida moderna".
Pois, como disse o filósofo, o que ficam de grandes tratados,
estudos e ensaios críticos? Um parágrafo, uma frase, uma
expressão? Imaginei que as
notas diriam tudo o que eu não consegui dizer às pessoas
em três anos (em meus textos). E estava certo.
Defini dez temas:
literatura, cinema,
gastronomia, música,
internet, imprensa,
televisão, teatro,
artes e "além
do mais" (leia-se curinga). A intenção era a
de ser o mais abrangente possível, incluindo insistentemente
esses programas relegados a segundo ou terceiro plano, que as pessoas
em São Paulo não fazem ou por preguiça, ou por
desinteresse ou por causa do "difícil acesso": falo
de teatro e artes plásticas.
Decidi pesquisar
e tratar brevemente, todas as semanas, de cada um dos dez temas. Não
preciso dizer que, seis Digestivos
depois, a coisa ficou impraticável e eu parti para a alternância,
divulgando cinco notas de cada vez (até porque as pessoas não
lêem mais que isso).
Hoje, numa abordagem
que chamei de "down-to-Earth",
resolvi centrar fogo em cinco temas principais: música,
imprensa, cinema,
gastronomia e "além
do mais" (olha o curinga aí de novo). Por que esse "preconceito"
contra literatura,
internet, televisão,
teatro e artes?
Porque eu quis falar da "vida das pessoas" e, com exceção
de televisão (que eu mal assisto) e internet (que anda cansando
a beleza de todo mundo, como assunto), literatura, teatro e artes plásticas,
infelizmente, estão muito longe do "cotidiano" dos
leitores. (Mas os saudosos podem se tranqüilizar: esses temas reaparecerão
em "além do
mais".)
Colunistas
Mesmo com a "proposta"
do Digestivo Cultural, no fim do ano passado, eu percebi que
as pessoas (algumas delas) me cobravam um maior aprofundamento. Pois,
afinal, as minhas
notas despertavam grande curiosidade, mas quem quisesse mais do
que aquilo teria de se contentar com um link e nada mais.
Foi quando, por sugestão da Vera
Moreira e do Rafael Gomez (Arcano9),
eu tive a idéia de chamar os Colunistas.
Antes de eles serem
os Colunistas, eles eram (são) meus amigos mais inteligentes
e talentosos, no que se refere ao manejo da "palavra escrita".
Eles viriam para complementar a infinidade de coisas que eu não
disse e, ao mesmo tempo, encher o Digestivo Cultural de outras vozes
que não somente a minha. (Acabei me antecipando a um leitor exaltado
que, meses depois, veio me acusar de "super cérebro",
dadas as minhas pretensões de querer abraçar o mundo.)
Não lembro
em quem eu pensei primeiro (e seria uma injustiça evocar isso
agora, mesmo que eu me lembrasse). Bom, além do Arcano9
(que é quase meu amigo de infância, pois nos conhecemos
no colégio, em 1989) e da Vera
Moreira (que eu chamo de irmã-mais-velha, porque ela nasceu
um dia antes do que eu, e porque já conversamos sobre tudo, em
nossos arroubos por e-mail), eu convidei amigos da faculdade, da vida
e da internet.
O Rafael
Lima, por exemplo, eu conheci através da Web (embora ele
tenha sido colega, de colégio, de um amigo meu da faculdade,
veja que coincidência). E para dizer que a POLI (Politécnica
da USP) tem as suas exceções, de lá, eu chamei
o Marcelo
Brisac (que, pena, se deu bem profissionalmente em Nova York e só
escreveu
três textos). Ele fez questão de convidar o Fabio
Danesi Rossi (que eu conhecia de um jantar e da fama de haver trocado
faxes com o Diogo Mainardi). O Fabio fez questão de convidar
o Rafael
Azevedo que, segundo ele, era um grande conhecedor de História
e um dos fundadores do Pindorama.net.
Da vida, eu convidei
o Bruno Borgneth (também amigo de infância, da natação,
veja só que coisa). Ele igualmente "se deu bem" (com
Direito) e não escreveu mais que dois
textos sob o pseudônimo de Tyler Durden. O Juliano
Maesano era grande amigo do Bruno e escrevia uma coluna semanal
que chamava de "Update",
falando de coisas simples e diretas (ao contrário do que eu fazia
nos meus textos, o que produziria um "contraponto" interessante).
A Daniela
Sandler era amiga da Carol
(minha companheira inseparável) da FAU: Faculdade de Arquitetura
e Urbanismo da USP. Elas fizeram o curso juntas, embora a Dani fosse
dada às letras (escrevendo na célebre revista Caramelo
e se tornando mais tarde repórter
da Folha).
Agora os mais badalados
e festejados pelos leitores: Paulo
Polzonoff Jr. e Paulo
Salles. O Polzonoff era aquele sujeito que, junto comigo, foi citado
na coluna do Daniel Piza, e que a partir de então me mandava
quantidades sobre-humanas de escritos (às vezes mais de sete
por semana). O Paulo Salles eu conheci através do Arcano9. Eles
foram colegas de ECA (Escola de Comunicação e Artes da
USP). O Salles havia mudado para o Direito (também da USP) e
era o único sujeito no mundo que eu conhecia que havia lido o
Ulysses do James Joyce, no original, em "inglês"
- além de ter uma coluna divertidíssima chamada Avenida.
Last but not
least (tem gente que odeia essa expressão), a Adriana
Baggio, que apareceu um dia querendo escrever, contando que morava
em João Pessoa e que havia nascido em Curitiba (como o Polzonoff).
A Adri foi sempre tão prestativa e capaz que acabou conquistando
um lugar entre o rol dos Colunistas (também para mostrar
que nós não formamos um "clube fechado").
Convidei, claro,
outros amigos. Ou que mandaram um único texto (como o Spacca,
meu colega de Observatório
da Imprensa). Ou que ficaram de colaborar num futuro: o Pi (Pedro
Daldegan, da Poli e do cinema); o FKC (Fábio Kaufmann Castro,
do colégio e da música); o Daniel A. de André (Fix
What, do colégio e do videotexto); o Daniel Abdo Weishaupt (Anjo,
do cursinho e da literatura); e o Cadu Oliveira (Pixulim, do colégio
e do áudio-e-vídeo).
Eu e os Colunistas
já atravessamos fases de amor e de ódio. Mas eu sempre
morri de orgulho de todos eles. Às vezes, eu não concordo
e repreendo por causa de um ou outro texto, mas não conseguiria
descrever os momentos de enlevo e mais profundo encantamento quando
recebi algumas colunas deles. Eu quero que todos, absolutamente todos,
sejam ricos e famosos para poder se dedicar ao que visceralmente amam
(mesmo que, com o tempo, isso não tenha nada a ver com a "palavra
escrita").
Ser Editor dessa
turma é coisa muito fácil, por um lado, e difícil,
por outro. Fácil porque todos escrevem bem e eu quase não
tenho, efetivamente, o que "editar". E difícil porque,
como bons intelectuais (no melhor sentido da palavra), eles às
vezes são rebeldes e opõem certa resistência a conceitos
como o de deadline, por exemplo. Mas eu não posso reclamar.
Eles estão escrevendo cada dia melhor. Muito melhor do que eu,
aliás.
Convidados
Mesmo com o brilho
e as visões de mundo dos Colunistas, eu acho importante
chamar, de vez em quando, Convidados. Temos feito isso desde
o primeiro especial, o do Oscar
(quando o Fabio queria textos da Ilana
Mountian, que entrou no Politicamente
Incorreto). Agora, com quase todos os Colunistas escrevendo
semanalmente (alguns ainda permanecem no "esquema quinzenal"),
estamos sempre abrindo espaço para quem tem idéias e criatividade
para divulgar.
Já participaram
dessa seção: André
Pires (11/5), Rodrigo
Nunes (17/5), Ilana
Mountian (18/5), Marcelo
Guedes Nunes (3/7), Eduardo
Carvalho (16/7), George
Cantelli (17/7), Salvador
McNamara (23/7), Carlos
Benites (31/7), Nicole
Lima (1/8), Vicente
Tardin (2/8), Sol
Moras (14/8), Alexandre
Soares (17/8), Daniel
Couto (21/8), Sergio
Faria (5/9) e Airton
Gontow (10/9).
Ilustradoras
Complementando o
"time", recentemente temos o privilégio de contar com
o trabalho das Ilustradoras: Yara
Mitsuishi e Daniela
Mountian, que embelezam as colunas, com suas imagens que fazem pensar.
Elas vieram preencher uma tremenda lacuna, pois tivemos sempre enorme
dificuldade em encontrar as "ilustrações certas"
para as colunas, e para as mensagens que queríamos passar.
Leitores
São eles que fazem o Digestivo Cultural existir como idéia
e como iniciativa. Você, leitor, que tem nos apoiado desde o início,
desde antes.
Obrigado, mais uma vez, pelos elogios e pelas críticas que têm
feito o site crescer. Em breve, você terá novos mecanismos
para facilitar a interação com os Colunistas e
com o Editor. Por enquanto, sinta-se à vontade para escrever
conosco esta história de quase 12 meses. O Digestivo Cultural,
penhorado, agradece.
Julio Daio Borges
Segunda-feira,
17/9/2001
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