Música ainda é profissão? | Pena Schmidt

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ENSAIOS

Segunda-feira, 3/5/2010
Música ainda é profissão?
Pena Schmidt
+ de 7500 Acessos
+ 3 Comentário(s)


LIANA TIMM© (http://timm.art.br/)

Se eu estivesse começando a carreira hoje, prestaria atenção em algumas coisas que podem fazer a diferença entre profissão ou passatempo. Como todo conselho dos mais velhos, pode ser interpretado apenas como ― preste atenção!

1) Música como um serviço, como a gastronomia, a fabricação de vinhos ou roupas. As pessoas que consomem este serviço são chamadas de "público", em vez de "clientes". Esta é uma relação simples e direta, artista e seu público. O público, se gosta, entra na cadeia produtiva e acha uma forma de pagar para consumir, para fruir e se deliciar com sua música, pagando por ingressos, comprando discos, CDs, LPs, downloads ou músicas no celular, tanto faz. Não fará mal nenhum ao artista que inicia sua carreira lembrar-se disto e assim buscar seu público, tratá-lo com carinho e, aos poucos, descobrir a maneira como seu público irá recompensá-lo financeiramente. O conceito principal é que haverá uma troca: sua arte, seu trabalho, pelo seu sustento e mais um pouco. Quem paga a conta é o público.

2) Como fazer negócio? Depois de 100 anos de um certo modelo único que servia para todo mundo, consagrado pelo nome "gravadora", quando este modelo fracassa pelo desgaste tecnológico, pela mudança de costumes e hábitos ― enfim, se desmancha de velho e gasto ―, é normal e compreensível que os artistas da música sintam falta de uma estrutura comum a todos, algo que simplificava a venda, na verdade tirava de perto do músico o "caixa", o trabalho comercial. Pior, neste momento, 2010, ninguém sabe como fazer funcionar de outra forma o negócio, essa troca entre público e artista. Cada caso é um caso, não há método nem vale a experiência. Não é uma questão de dinheiro, de empresas que sabem o que fazer, de caçadores de talento, curadores ou padrinhos. O que funciona para um pode funcionar apenas para ele. Portanto, faça o que o seu nariz manda você fazer. Seu negócio, entendeu? Uns vão procurar distância do trabalho comercial e vão delegar para gravadoras, vendedores, empresários, agentes, produtores. Ok, não é má idéia, é preciso tempo para ensaiar e compor, mas não perca o controle de qualidade, será o seu público, não deles. Certas pessoas têm este talento comercial e gostam da música e do seu ambiente, serão bons vendedores. Junte-se a eles, mas é preciso manter pulso firme para que os conceitos comerciais não determinem o rumo artístico. Mostre quem manda: a arte. Mesmo que se percam algumas oportunidades, virão outras. Se em seu caso você quer apenas tocar e não quer se preocupar com esse controle, essa responsabilidade, muito bem, sempre se pode conseguir emprego numa banda, numa orquestra e seguir o líder. Boa sorte e estude também para algum concurso público. Para seguir uma carreira na música é preciso lidar com estas responsabilidades e inseguranças, acreditar que irá conseguir criar um público a partir de sua arte, de sua maneira de ver o mundo e de usar a música para se expressar, inclusive até com letra, especialmente pela letra. Crie seu negócio a partir do que você enxerga na sua frente, seu público.

3) Um dos enigmas que você terá de resolver é o comportamento da tele-horda, essa multidão incontável e invisível que se conecta, diz algumas palavras, copia o que quer e some, sem deixar rastros ou contribuição. São o seu público, de forma sutil e esgarçada, mas suficiente para conversarem entre si e gerar reputação de forma melhor que a grande e velha mídia. Um boca a boca se espalha e cria pautas, cenas, tendências. A tele-horda, autônoma e sem cabeça, é poderosa na hora de gerar público para seu espetáculo, a melhor ferramenta de convencimento. Esta é a maravilha, a tele-presença, estar com eles, participar das conversações todas, no Twitter, no Orkut, onde eles estiverem. Alimente-os com músicas, remixes, fotos, textos, narrativas de viagem, opiniões, o tempo todo. Trate-os como indivíduos que gostam do que você faz, agradeça a gentileza. Eles se materializarão na sua frente, com uma nota de 50 na mão, querendo ter um pedaço seu de lembrança.

4) Isto é o começo e se você fosse um João Gilberto ou um Roberto Carlos começando hoje, poderia contar com a sorte de ter um talento extraordinário. Mas sabemos que os talentos extraordinários são óbvios só depois, muito depois. Portanto, agora rale! Quer saber o caminho para chegar ao Auditório Ibirapuera? Ensaie, ensaie e ensaie. Esta resposta não é minha. Há uma constatação de que após 10.000 horas de prática não se percebe diferença entre o gênio que nasce com o dom e o teimoso que persistiu, ambos demonstram o mesmo talento superior adquirido com as horas de estudo, repetição e atenção. Rale sem pensar em parar.

5) O que fazer com os direitos autorais nesse mundo em transformação? Boa pergunta e você terá também de achar esta resposta você mesmo. Dizem que artistas sempre viveram do seu trabalho e não de sua obra. Outros vivem de sua obra, os que ganham para representá-lo. Na prática o direito autoral está na mão de terceiros. Mas não deixe isto o afastar de nenhuma possibilidade de conseguir algum dinheiro pelo ECAD ou por alguém que o represente na hora de negociar trilha de filme ou de comercial, música pelo telefone ou qualquer outra modalidade de uso da obra que venha a ser inventada, onde se vende um pacote grande, onde entra um dinheiro. O direito autoral é interessante quando consegue transações maiores, significativas. Mas lembre-se de seu público e sua relação de amor intenso e desinteressado, não queira cobrar de seu público pelo desejo em ouvi-lo, não deixe que alguém pense em punir seu público, chamá-los de piratas, essas coisas sem noção, jamais. Junte-se a pessoas capazes de entender isto na hora de escolher quem vai representá-lo. Cobrar de quem tem interesse comercial. Talvez seja necessário estudar um pouco sobre isso, para ter uma opinião própria. Em breve será necessário mudar as leis que regem o Direito Autoral para adaptá-lo a esta nova realidade e você será chamado para dizer qual a sua posição a respeito. Por via das dúvidas, não perca o controle de sua obra, garanta que você pode despedir seu representante para cobrança dos direitos autorais quando quiser.

6) Andar em bandos é saudável e construtivo. Fazer juntos, de forma colaborativa, para conseguir vantagens para todos. Aprenda a fazer isto com a menor estrutura possível, sem engessar, criar instituições, essas coisas. Não é mais necessário ter sede própria ou fazer assembleia para conseguir unir as pessoas com as mesmas ideias, definir uma agenda de trabalho e mandar ver, trazer cada um sua parte no mutirão. Os coletivos realizam de forma natural e simples, com a ajuda destas coisas que chegaram agora, os lugares compartilhados na nuvem, os meios de comunicação gratuitos, as redes sociais. A música, especialmente, se beneficia muito, porque se constrói e gera riquezas e empregos a partir apenas de pessoas, de criatividade, de conteúdo, a partir de conversas, encontros, interação. Tudo isso é o que rola e circula pela rede e nas ferramentas, aproveitem bem.

7) Seja local para ser global, não é isso? Busque todos os recursos que podem existir no seu pedaço. Aproveite que ninguém mais sabe o que fazer com as rádios e invada! Vá frequentar as rádios e insista para que toquem sua música. Use as redes sociais e crie ondas para ligarem para o telefone das rádios, azucrinarem se tiverem Twitter ou Orkut, fazendo pressão para tocar suas músicas para seu público. Será uma vitória de seu fã clube! Com os jornais, a mesma coisa, descubra quem conhece os jornalistas, leve-os para seu palco onde ferve, mostre a verdade que existe entre você e seu público. É necessário que sua cena, o seu bando, os coletivos que você pertence, todos ocupem estes espaços. Vocês são as estrelas do seu bairro, os artistas de sua comunidade, os que irão mostrar ao mundo, depois disso, o valor que essa gente bronzeada tem.

Nota do Editor
Texto gentilmente cedido pelo autor. Parte integrante do Guia da Produção Cultural 2010, organizado por Edson Natale e Cristiane Olivieri. Pena Schmidt mantém o blog Peripécias do Pena.


Pena Schmidt
São Paulo, 3/5/2010
Quem leu este, também leu esse(s):
01. A soprano insaciável de Luís Antônio Giron


Mais Pena Schmidt
* esta seção é livre, não refletindo necessariamente a opinião do site

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COMENTÁRIO(S) DOS LEITORES
10/5/2010
00h32min
Excelente texto! É exatamente isso... Cada artista deve buscar aquilo que melhor representa seu trabalho diante de seu público, e não tentar impôr um ponto de vista decrépito e ultrapassado. Destaco, especialmente, as palavras relacionadas aos Direitos Autorais e uso da obra. Os artistas devem se preocupar com o uso comercial de sua obra, e saber o que realmente lhes traz lucro - tanto comercial quanto em divulgação.
[Leia outros Comentários de Jéfte Sinistro]
10/5/2010
04h02min
Quem desejar aplicar-se em música, é necessário cercar-se de bons profissionais, como empresários, pessoas ligadas ao palco, teatrólogos, bailarinos, pois hoje a música exige uma interpretação, que vai além do saber cantar ou tocar o instrumento. É preciso efeitos especiais, e o uso da tecnologia é fundamental.
[Leia outros Comentários de Manoel Messias Perei]
2/6/2010
15h37min
Uma verdadeira aula! Sinceramente, todos os pretensos artistas deveriam ler este seu texto. Hoje não se vendem mais discos, mudou a coisa, vendem-se shows! Os downloads de música envergaram a lei, estão aí... Se bem que, será preciso também mudanças na lei. Vou dar um exemplo de um cantor que vendeu muito disco, ganhou dinheiro, mas é pouco conhecido no Brasil, aliás aqui pouco viveu, só até meados da década de 70: Morris Albert, o maior vendedor de discos deste país, só com "Feelings" vendeu mais de 180 milhões, já chegando no total perto de 240 milhões no mundo todo. Hoje a maior renda é de shows e direitos autorais. Nossos tempos são outros e já se discute também a questão do domínio público e não do domínido DO público, já com ações em jurisprudência internacional. É preciso como você diz, estar atento, não basta experiência!
[Leia outros Comentários de Celito Medeiros]
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