Chega de Escola | André Forastieri

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Segunda-feira, 31/1/2011
Chega de Escola
André Forastieri
+ de 18100 Acessos
+ 28 Comentário(s)

Eu detesto escola. É uma perda de tempo miserável. Minha mãe me ensinou a ler, escrever e fazer as quatro operações. O resto foi aos trancos e barrancos.

Fui bem na escola até o momento em que precisei começar a estudar ― dali para frente foi só o mínimo de nota para passar de ano (duas vezes, raspando).

Meu colegial ensinou a dar sinal de sete-copas, beber e fumar. O papel que gastei jogando batalha naval no fundão dava para reflorestar o deserto de Atacama. A besta do professor de português, em três anos, recomendou um único livro decente: O Apanhador no Campo de Centeio.

Detesto tanto escola que abandonei a faculdade na primeira semana. Cinco dias de recepção aos calouros por parte dos veteranos Libelu da ECA-USP e deu. Fui e voltei várias vezes. Assim que comecei a trabalhar, abandonei definitivamente. Voltei depois à ECA ― para dar palestra para os calouros, já tive até convite pra ser banca, quá-quá-quá.

No Yazigi foram sete anos e foi útil. Mas o inglês só deslanchou lendo Avengers e traduzindo o encarte do Sgt. Pepper's. Foi bom também para cantar bem alto aquele clássico do Alice Cooper, "School's out for summer, school's out forever, school's been blown to pieces".

Nada contra praticamente nenhum professor. Imagina, a maioria tinha muito boas intenções. Eu podia até estar naqueles anúncios da Fundação Victor Civita, ao lado de algum mestre bacana: dona Zélia, dona Aparecida, o carrasco do seu Salles. Mas é como você estar na cadeia e trombar um carcereiro gente fina: não refresca.

Pelo que percebia na minha época e percebo mais ainda agora, as melhores escolas do Brasil formam uma legião de cretinos semianalfa. As exceções se devem à influência de pais e amigos, uma ou outra escola, um ou outro professor, ou acidentes genéticos. Ninguém sabe de nada, ninguém lê, ninguém escreve direito, ninguém fala inglês, e pior: ninguém é curioso. As piores escolas, não quero nem imaginar, mas deve ser a mesma porcaria e com balas voando pra todo lado.

Minha teoria é que toda escola serve para esmagar o espírito e a imaginação do ser humano para que ele se torne um escravo zumbi da sociedade. É também um lugar para os pais estacionarem os filhos durante o horário comercial. Chega dessa idiotice.

A educação básica em qualquer lugar do mundo devia se limitar ao domínio da língua materna, da língua global (inglês!) e um mínimo da matemática. Dá pra resolver em, no máximo, quatro anos ― digamos, dos 8 aos 12 anos (antes dos 8 deixa os caras brincarem, pô).

Claro, é superlegal que a garotada aprenda física, química, geografia. Também é bacana ensinar a empinar pipa, andar de skate, nadar, reconhecer as constelações e plantar jabuticabeiras. Mas as escolas ensinam isso? Não. As escolas ensinam a decorar informações para a próxima prova. Então, chega de escola. Delenda magister (opa, ninguém me ensinou latim).

Dos 12 anos pra frente é sacanagem trancar a molecada nas salas de aula. Porque aí já é hora de enfrentar as questões fundamentais da existência. Aprender a transar, dirigir, ganhar dinheiro, cozinhar, ajudar o vizinho, se dar bem com a sogra e reconfigurar o acesso à Internet.

E o principal: aprender a se manter curioso. Quem é curioso lê e experimenta, pula muro, tem conversas estranhas, faz conexões, cria universos. Pensa com a própria cabeça. É o que interessa.

OK, existem escolas diferentes, mais experimentais, moderninhas e carinhas. Mas não comemore ainda, caro amigo de classe média alta. As alternativas ao sistema decoreba imbecilizante são tão preocupantes quanto. Domina aquele papo hippie de contato com a natureza, de isolar ao máximo a criançada da tecnologia, da mídia e da cultura pop.

Me arrepia os cabelinhos da nuca. Até porque sou da turma que aprendeu a desconfiar das "manipulações da mídia" lendo os infames e invejosos ataques de J. Jonah Jameson ao Homem-Aranha. E outro dia um amigo contou que virou roqueiro por causa daquele verso do Supla, "mas eu não sou nem quero ser igual a quem me diz que sendo igual eu posso ser feliz".

Por essas e por outras que mudei de opinião sobre o Guns N'Roses e outras bandas detestáveis. Qualquer um que escancarar para a molecada que o bacana é ser esquisito e encrenqueiro tem o meu apoio (aprendi isso com o Clash e os X-Men).

A tecnologia e a cultura pop são as grandes equalizadoras. Graças a elas é que vamos ficando mais iguais que diferentes, em cada canto do planeta, em cada ponta das classes sociais. Você já reparou que o conjunto de coisas que a gente tem que saber em 2011 é absurdamente maior que na juventude da sua avó? E quem foi que te ensinou a tirar dinheiro no caixa automático, programar o videocassete e reformatar o hard disk?

Está totalmente na cara que a rapaziada de todas as classes sociais está igualmente equipada para lidar com o mundo moderno. Especialmente no Brasil. Afinal, todo mundo por aqui vive a mesma experiência audiovisual/interativa. O moleque da periferia ouve música, assiste à televisão e joga videogame tanto quanto o filhinho de papai do condomínio. Ambos já estão com um pé dentro da economia digital. Em qualquer lugar do mundo é assim. E brasileiro, para completar, adora uma novidade e é apaixonado por televisão.

Se for para investir uma grana ensinando a rapaziada a lidar com tecnologia, recomendo subsidiar a compra de gameboys e distribuir para a juventude carente. Qualquer mestre Pokémon está pronto para ser estagiário da Microsoft.

E a formação clássica, uma base geral de ciências, artes e humanidades, não faz falta para lidar com o mundo moderno? Não, não faz nenhuma. Talvez faça para lidar com o mundo eterno ― mas aí, como dizia uma professora pernóstica que eu tive, estamos invadindo os limites do imponderável.

Não precisa saber tudo sobre tudo. Nem dá. O conhecimento total da humanidade, no momento, dobra a cada seis meses. O ritmo acelera loucamente. Um desses gênios do MIT garante que vai dobrar a cada segundo a partir de 2017. Num mundo desses, o que é formação clássica, o mínimo indispensável? Virgílio? Física de partículas?

O fato é que qualquer um que passe o fim de semana assistindo à Globo vai aprender mais sobre o mundo do que 99 por cento dos seres humanos que já viveram neste lindo planetinha. Enquanto isso, sociólogos e pedagogas garantem sua graninha com projetos paternalistas e esse punhetol de "resgatar a cidadania".

Li metade da Pedagogia do Oprimido aos 18 anos, não entendi um quarto, mas gostei. Aprendi que a educação tem de ser feita em cima da vida, dos interesses, sonhos e necessidades de cada um; que ninguém ensina nada, a gente é que aprende ou não; e que educação é uma ferramenta para você descobrir qual seu lugar no mundo, descobrir quem está te fodendo e reagir.

Ouvi falar que tem uma ONG usando o método do Paulo Freire para ensinar informática para favelados, com dinheiro de multinacionais da pesada. Parece ótimo, divertido e vai acabar dando uma boa briga. Vou descobrir mais ― se por acaso encontrar uma escola que presta para alguma coisa, aviso.

Nota do Editor
Texto gentilmente cedido pelo autor. Originalmente publicado na revista Caros Amigos, em fevereiro de 2001, e republicado no blog de André Forastieri, em junho de 2009 (atualmente no portal R7). (Leia também o Especial "Ensino Superior".)


André Forastieri
São Paulo, 31/1/2011
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* esta seção é livre, não refletindo necessariamente a opinião do site

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COMENTÁRIO(S) DOS LEITORES
26/1/2011
15h56min
"But the power of instruction is seldom of much efficacy, except in those happy dispositions where it is almost superfluous." (Gibbon) Em geral artigos da "Caros Amigos" dão a impressão de que o poder da instrução não era supérfluo.
[Leia outros Comentários de Felipe Pait]
31/1/2011
13h32min
Nu e cru. Vai direto na ferida. Muito bom, é um verdadeiro desabafo. Pena não poder ler para os colegas nas "produtivas reuniões de planejamento". Nem todos iam entender o espírito do texto.
[Leia outros Comentários de Laís Tavares]
4/2/2011
17h29min
Acho que a escola está mesmo em xeque e não dá para fingir que ela ficou obsoleta (ou que sempre foi...). Mas, de tudo o que diz, o que mais gostaria de ressaltar é a falta de curiosidade reinante. Inclusive dos próprios educadores.
[Leia outros Comentários de Ana Luísa Lacombe]
4/2/2011
23h40min
Sempre achei que escola é lugar para quem quer se ver livre de rebentos azucrinando o dia todo. Detestei escola dos 0 aos 28 anos, quando entrei para a universidade. Daí em diante a coisa não melhorou, mas alguma coisa me dizia que eu tinha que passar por aquilo. Depois de formado entendi que eu passei batido naqueles cinco anos. Bebi muito, arranjei uma nova companheira e aprofundei minhas leituras de outsiders e subterrâneos, minha redenção. Também apareceram um monte de poesias (estão lá todas no meu blog, parado uns 2 anos). É, André, você está certo: estamos produzindo legiões de não-curiosos. E haja pérolas do ENEM pipocando em nossas caixas de e-mails.
[Leia outros Comentários de Pepê Mattos]
5/2/2011
09h45min
Infelizmente, somos os nossos pais. Eles nos ensinam o que lhes ensinaram, que é ir para a escola, graduar-se, crescer, namorar, casar... bem, e ensinar. Ensinar?! Quem não é curioso, não aprende nada, e, na escola, é assim também. O que se pode fazer, excluindo a escola, e o tempo que se passa nela, com todo o gasto que isso requer aos bolsos dos pais, seria estar em férias permanentemente. Pelo menos aprenderíamos como auxiliar um garotinho que se machucou na brincadeira, com lições de vida e de primeiros socorros. Ou vamos fazer o que gostamos, realmente, uma profissão da qual nos orgulhamos. Bem, assim é a escola da vida. Depois de anos na escola "padrão" nos vemos assumindo outros papéis. Até de escritor (bravo pelo fato de não haver respeito). Quem não lê pouco serve para o escritor, que não escreve porque ninguem lê. Assim é a vida. Um desabafo, ao nascer, gritando e chorando até morrer, fazendo os outros entrar no mesmo choro. O primeiro deve ser de revolta.
[Leia outros Comentários de Cilas Medi]
6/2/2011
20h53min
Infelizmente não é tão simples assim. Concordei com algumas ideias, é a realidade mesmo, mas algumas críticas são extremamente aventureiras. Ah! Quem definiu que o idioma inglês deve ser global?
[Leia outros Comentários de Bruno Lopes]
8/2/2011
12h27min
De minha parte não acho que a Globo seja exatamente uma rede exemplar para se aprender sobre o mundo, haja vista programas como "Video Show", uma verdadeira propaganda dela mesma. E novelas também são bastante discutíveis. Big Brother, então, nem se fala...
[Leia outros Comentários de Alexandre Maia]
4/3/2011
07h54min
André, é cabível você dizer que não gosta da escola, falar de alguns professores que você não gostou (da sua época) e mostrar um pouco da realidade escolar, que, aliás, não é muito boa, concordo. Mas sua ironia me enoja: "Nada contra praticamente nenhum professor" e compara-os a carcereiros. "Existem escolas diferentes" mas todas esmagam os alunos e tiram seu precioso tempo; devo lembrar-lhe que "trancam a molecada nas salas de aula" por quarto horas ao dia, e o resto? Sinceramente, se você quer colocar a culpa de sua frustação e da situação de violência e desinformação atual não cite somente a escola. A escola é um reflexo da sociedade. Haja estômago para ler isso, melhoras para o Digestivo Cultural...
[Leia outros Comentários de Daniele Souza ]
4/3/2011
08h05min
Além disso, nem todos os filhos têm a sorte de aprender a ler, escrever e fazer as quatro operações com suas mães. Algumas nem sabem, outras empurram a responsabilidade de educar seus filhos para a escola que você tanto repudia.
[Leia outros Comentários de Daniele Souza]
4/3/2011
11h46min
Cara, concordo com 95% do que você disse. Aprendi a ler, a escrever e a fazer contas... em casa. E tudo o que aprendi, além disso, aprendi com a minha curiosidade. Não aprendi praticamente nada na escola. Tentaram inclusive me ensinar errado! (É uma história que pretendo contar algum dia.) Ruim na escola é que o professor é obrigado a andar a 1 quilômetro por hora, para que os alunos lerdos não percam o fio da meada. Ou então, quando você perde uma aula, adeus. Ninguém explica a aula anterior. Além disso, a luz refletida na lousa impede a leitura e dá sono. E os colegas... odeiam que você aprenda alguma coisa. Coitado de quem quer aprender: é hostilizado pela maioria burra.
[Leia outros Comentários de Roberto Valderramos]
4/3/2011
16h13min
Bacana a sua proposta: a educação ideal é a promovida pela Rede Globo. Gostei da frase que expressa bem o seu nível de curiosidade (iria dizer indigência intelectual, mas ficaria feio): "A tecnologia e a cultura pop são as grandes equalizadoras". Caramba, você levou um ano para chegar a esse raciocínio, não? Realmente, para transformar o pensamento em um deserto, ninguém precisa de escola. Talvez ela seja ainda necessária para a construção de uma crítica consistente às falhas que ela apresenta. Claro, isso exige argumentação, e isso dá trabalho. Melhor ficar assistindo TV o dia inteiro, escutando às músicas produzidas pelas grandes empresas do ramo e lendo textos-pop, entre anúncios e imagens velozes e estonteantes. Curiosidade em mudar de canal ou consumir novo brinquedinho eletrônico nunca foi inquietação. Por que será que a sua visão sobre a educação é a mesma dos nossos governantes corruptos e cheios de ódio contra a escola, os professores e o pensamento crítico?
[Leia outros Comentários de Zantonc]
10/3/2011
09h53min
É, cada um no seu galho. Eu semprei gostei de escola, não era nerd, mas prestava atenção nas aulas. Porque tinha disposição e interesse pra isso. Tem gente como o Forastieri que: porque fumou, bebeu, trepou, xingou e se ferrou, acha que tem a sabedoria do mundo na cachola. E eu fumo, bebo, trepo, xingo e me ferro também, tudo na medida do possível, e na verdade tenho pena de quem se acha O tal. Mente pequena, ou visão míope, talvez. Leitura não é pra todo mundo, na verdade é pra poucos, segundo Saramago e outros. Estendo a frase: discernimento, bom senso e semancol também.
[Leia outros Comentários de Marlon Vilhena]
10/3/2011
13h15min
Me identifico, em parte, com o autor. "Ninguém ensina nada. É a gente que aprende ou não." Fiquei longe da escola até os 15 anos de idade. Aprendi a ler e escrever praticamente sozinha, aporrinhando todo mundo com perguntas. O raciocínio lógico me levou a entender que se B+A é ba, B+E é be... e tanto perguntei a muitos, inclusive meus pais, que aos 6 anos lia e escrevia melhor que meus vizinhos de condomínio que já estavam na terceira série, e os ajudava com o dever de casa. Quando um namorado me convenceu de que só na escola eu conquistaria uma profissão, pedi para estudar. A secretaria da educação me fez entrar na 5ª série e zombou de mim questionando se eu viera da roça. Quase chorei na frente daquela mulher. Fui bem na prova e se recusaram a me avaliar melhor para saber se poderia entrar numa série mais adiantada. Aprendi nada na quinta série. Tudo era muito fácil. Os professores diziam que eu podia ter entrado direto no Ensino Médio pelo nível dos meus trabalhos.
[Leia outros Comentários de Débora Carvalho]
10/3/2011
13h23min
Minha frustração veio com a primeira prova de geografia: eram 5 capítulos do livro. Mas só cairam as perguntas dos questionários, igualzinho. "Pra que estudei os 5 capítulos se só iria cair os questionários do livro? Perdi tempo." O incrível era ter que explicar minhas respostas aos professores que corrigiam tudo pelo gabarito do livro do professor e só olhavam as palavras-chave. Eu escrevia com minhas palavras, e ia além. Ao pedir explicação para o meio certo, minha nota sempre mudava para 100% certo, com um elogio - você vai longe, menina. Você sabe pensar. Nas respostas dos deveres de casa era a mesma coisa. Terminei o Ensino Médio com trabalhos chamados de "nível superior" pelos professores. E minha monografia experimental na faculdade de jornalismo foi comparada a uma tese de mestrado. Na faculdade, só eu acertei a resenha de primeira porque só eu entendi o conceito de crítica dado pelo professor que quis conversar comigo para saber quem eu era - só por causa das minhas palavras...
[Leia outros Comentários de Débora Carvalho]
10/3/2011
13h30min
Ao saber que entrei na escola com 15 anos, ele disse: "Está explicado. Você não foi estragada pelo sistema engessado da escola. A escola não estragou sua forma de pensar, de aprender, de se comunicar. Seus pais foram muito corajosos. Agradeça a eles por isso." Perdi a vergonha de ter entrado na faculdade aos 21. Eu morria de vergonha de sempre estar com gente mais nova. Fiz muitos amigos, ajudava os colegas a passarem de ano com grupos de estudo - voluntariamente. Na faculdade - mesmo não a tendo concluído por falta de paciência (fiz 3 anos) - descobri a biblioteca do Ensino Superior, os autores que importam e o que eu precisaria saber para seguir na minha profissão. Aprendi a ter mais confiança em mim, na minha capacidade. Foi ótimo para minha independência, para a autoestima e para que eu tivesse certeza de estar no caminho certo. Esse feedback foi fundamental para mim. Do Fundamental o que fez a diferença foi o livro "Sonhando Alto", de Ben Carson.
[Leia outros Comentários de Débora Carvalho]
10/3/2011
13h34min
Por isso, eu acho que, por mais que a escola nada ensine, ela pode abrir a porta para o aprendizado. No meu caso, poderia ter estudado apenas o Ensino Médio e depois a faculdade, que para mim deveria ser de apenas 2 anos porque o resto é enrolação. Por saber como é a vida dentro e fora da escola, na condição de alguém que ficou do lado de fora até os 15 anos de idade, é que concordo em parte com o autor desse artigo. Até por concordar 100% com a frase: "Ninguém ensina nada. É a gente que aprende ou não." Então, se os alunos se prestam a passar tanto tempo na escola para aprender nada, talvez a culpa não seja dos professores. Eles podem até ensinar do jeito errado, arcaico... mas ao menos eles indicam algo para se aprender além de destruir o corpo, ser violento e fazer um monte de bobagens.
[Leia outros Comentários de Débora Carvalho]
11/3/2011
14h10min
Pra você ver como ensino formal é importante... o texto era para ser um ataque às escolas, mas o que ele acaba banalizando é a cultura como um todo, e não a educação! Vem estudar comigo, André Forastieri... te mostro como distinguir essas coisas.
[Leia outros Comentários de Suintila V. Pedreira]
11/3/2011
18h33min
Será que nada ensinou? E o convívio com os amigos? E a viagem da leitura? Nesse tempo todo de escola, será que não houve nenhum trabalho manual? Nenhuma experiência de ciências? Nenhuma brincadeira? Nenhuma piada? Nenhuma música? Será que não há nada de bom para lembrar? Eu vou contar: aprendi na escola o que meus pais não puderam me ensinar (porque meus pais tinham pouca escolaridade): aprendi a gostar dos livros na escola, aprendi a conviver com as pessoas na escola; pois onde morava era um sitião, só via mato e mais nada. Aprendi alguns trabalhinhos manuais, a ouvir músicas de qualidade (os meus professores adoravam música). Aprendi na escola a falar em público (os meus professores encorajavam os alunos a apresentarem seminários). Acho que tive mesmo sorte. Pois o que sou hoje devo, em parte, à escola. E, hoje, vejo aulas ótimas sendo elaboradas e aplicadas. Vejo professores ensinando a fazer pipa e a preparar uma horta. E há alunos em que o único momento feliz que vivenciam é na escola.
[Leia outros Comentários de Rosangila]
11/3/2011
23h24min
Quer saber? De "revolucionário" o texto não tem nada. Precisamos "repensar" o modelo de escola? Sim, mas sugerir a TV Globo para "antenar" a rapaziada? Superficial, hein? Textinho engraçadinho, poucas ideias... Fraquinho, hein?
[Leia outros Comentários de Roberta Resende]
12/3/2011
01h22min
Há alguma razão na acusação da miopia ao "resgate da cidadania" de muitos projetos, mas afirmar que a Globo e seus "instrutivos programas" contém muita instrução soa como se um assíduo leitor do "Planeta Bizarro" do G1 estivesse em vias de se tornar um antropólogo. Esta escrita punk do Forastieri tem o intuito de chocar, de um kitsch iconoclasta. Se ele é tão contra a hipocrisia do "resgate da cidadania" como pode ter gostado de Paulo Freire? O uso disto por "multinacionais da pesada" é tão sério quanto um Rage Against The Machine "protestar contra o sistema" enquanto que a subsidiária da Sony, a Epic Records, que edita seus álbuns, lucra com ações na Bolsa. A "boa briga" que vai surgir vai dar em nada, talvez apenas formar produtores de eventos de arte de rua contra a "opressão". Talvez ainda um evento de pichação travestido de arte contra a propriedade para depois gastarem com financiamento de lofts em que farão festinhas privés regadas a narcóticos contra a "caretice da família e dos...
[Leia outros Comentários de Anselmo Heidrich]
12/3/2011
01h41min
(...) e dos bons costumes". Mas se ele achar uma "boa escola" é bom que avise, pois saberei onde os alunos não deverão estudar.
[Leia outros Comentários de Anselmo Heidrich]
12/3/2011
08h53min
Interessante sua opinião, principalmente no que diz respeito aos conteúdos obrigatórios, o famoso "ele tem que saber isso". Esses conteúdos (de todas as disciplinas) têm de ser revistos. Por outro lado, o que você acha que um moleque de 13 anos vai fazer fora da escola? Estudar? Trabalhar? DIRIGIR!? Pense nisso. A escola está em maus lençóis? Está. Mas a sociedade toda está desencaminhada, a educação é apenas um reflexo.
[Leia outros Comentários de Renan O. Pacheco]
12/3/2011
14h55min
Devo dizer que, como professor, fiquei muito confuso depois de ler o seu texto. Por isso, então, digo que seu texto cumpriu brilhantemente com o seu objetivo comunicativo (questão hoje tão recorrente nas provas de interpretação de texto...) Fico tentado a concordar com tudo o que disse em seu texto (acho também que a escola é uma prisão, não apenas para manter encarcerados os filhos enquanto os pais trabalham, mas aprisionam, como você disse com tanta propriedade, aprisionam a curiosidade, afinal, eles escutam tantos "nãos", que seria impossí­vel deixar a curiosidade sair...) No entanto, não consigo pensar em uma alternativa não-anárquica, como a sua, para a educação neste país... De toda forma, valeu pela "pulga atrás da orelha". Vou ficar atento a ela na hora de planejar minhas aulas... afinal, como alguém que ainda faz parte do sistema, não tá dando pra incentivar ninguém a mandar rasgar páginas de livros, como fez o brilhante professor de "Sociedade dos Poetas Mortos"...
[Leia outros Comentários de Roberto Perobelli]
13/3/2011
15h57min
O que mais me impressiona é a capacidade interpretativa daqueles que discordaram do texto por ter citado a Globo (e não só) sem compreender o intuito metafórico da citação. Lamentável, e demonstra o quanto hoje a globalização aproximou a massa anencéfala da massa crítica. Quando se perde a compreensão da ironia, tudo está perdido.
[Leia outros Comentários de Alexsander]
14/3/2011
16h17min
O negócio é que, lendo certos textos, tem-se a impressão de que o autor não tem nada de importante a dizer, e, se tivesse, não saberia como fazê-lo. É nisso que dá detestar a escola.
[Leia outros Comentários de Gil Cleber]
11/5/2011
19h36min
Texto fantástico. Sou educador e concordo com tudo que está dito. Nós da classe de professores somos uns babacas arrogantes que achamos que podemos moldar os alunos. Chega disso. Precisamos de mais autonomia e de uma reformulação ou um fim para todo ensino. Parabéns, André.
[Leia outros Comentários de Vinícius Antunes da ]
17/7/2011
16h42min
Compreendi o que o autor quis dizer, mas achei o texto extremamente exagerado e arrogante. Na minha opnião a escola é necessária, sim, todo mundo precisa aprender matemática, português, ciências e blablablá. Talvez por você nunca ter freqüentado, de verdade, uma sala de aula, não sabe como o ensino abre os horizontes de qualquer pessoa. Não basta apenas saber viver o mundo lá fora, "aprender a transar, dirigir, ganhar dinheiro, cozinhar, ajudar o vizinho, se dar bem com a sogra e reconfigurar o acesso à Internet". A vida não se restringe a essa meia dúzia de coisas, ao dia a dia, ao banal.
[Leia outros Comentários de Guilherme Ferreira]
28/8/2011
22h49min
impressionante como, quase somente, mulheres defendem escola...talvez por isso cada vez mais o mundo tem a cara delas.. é muita responsabilidade.
[Leia outros Comentários de valmir marques]
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