Acabou o reality show macabro de sua vida. Nenhum fã vai poder aplaudir de novo quando ela chegar ao palco bêbada, ou quando esfregar as costas da mão no nariz, como se tivesse acabado de dar um teco.
A mãe de Amy, Janis, disse aos jornais: "A morte dela era apenas uma questão de tempo". Pouco depois, a família Winehouse divulgou uma nota à imprensa, pedindo "privacidade".
Curioso: a mesma família que pede privacidade é a que passou os últimos anos dando entrevistas a programas de TV sensacionalistas, como fez o pai de Amy, Mitchell.
A verdade é que a vida de Amy Winehouse foi uma espécie de farsa trágica, acompanhada em tempo real pelos fãs e pela mídia.
Amy não foi uma vítima. Era maior de idade e sabia muito bem o que estava fazendo.
Era uma pessoa doente e que precisava de tratamento.
Infelizmente, muita gente dependia dela. Celebridades não têm tempo para se tratar, porque não podem simplesmente desaparecer.
Uma das coisas mais sensatas que ouvi sobre o caso de Amy veio do médico norte-americano Drew Pinsky, especialista em tratamento de viciados. "Uma pessoa que chega ao estágio em que Amy chegou precisa de muitos meses de tratamento só para recuperar a consciência de que precisa se tratar", disse. "Só que ela é uma celebridade, de quem muitas pessoas dependem para ganhar dinheiro, e parar de trabalhar é a última prioridade".
Pisnky citou, como caso de recuperação bem sucedida, o ator Robert Downey Jr.: "Ele fez o certo: sumiu de cena por dois ou três anos, completou seu tratamento, e depois retornou à vida pública".
Ironicamente, Pinsky é apresentador de Celebrity Rehab with Doctor Drew, um programa de TV dos mais apelativos, em que subcelebridades tentam se livrar do vício em drogas e álcool.
Diz muito sobre nós que a pessoa convidada para "iluminar" o caso de uma celebridade junkie seja, ela mesma, uma celebridade.
Sempre defendi aqui que a mídia é um espelho da sociedade. A mídia não cria, ela replica o sentimento coletivo.
Se existem repórteres e paparazzi que viviam perseguindo Amy, é porque há uma multidão de consumidores, babando por informações sobre a cantora, por mais inócuas que sejam.
André, a mídia reflete o que deve ser dito, e quem determina, o que deve ser história, é quem têm o poder. Já as manifestações sociais (seja o fanatismo ou o modismo), recebem ajuda da mídia, mas fazem parte do comportamento de "boiada", característico de animais, da população de fácil manipulação, seja por falta de educação, ou a busca de inclusão social. Mas nem todos seguem na direção da matilha. Por acaso você ouve Justin Beaber? Sou médica. O caso de Amy foi homicídio culposo, da parte de seus representantes legais. Vejamos: alguém colocaria no palco um cantor com um sangramento, que o levasse ao choque hemorrágico e o mesmo perdesse a lucidez? Quando um ser possui uma doença, seja psiquiátrica ou física, onde o mesmo perde a lucidez, é a hora da interdição judicial, pois se torna inimputável, ou seja , não é capaz de responder por si, não importava mais sua vontade, não se obedece a loucos. No caso de Amy, seus familiares e seus produtores foram omissos e culposos.
André, não é contraditório dizer "Amy não foi uma vítima. Era maior de idade e sabia muito bem o que estava fazendo. [...] Era uma pessoa doente e que precisava de tratamento."??? Ela já não sabia o que fazia mais, estava com o corpo/cérebro deteriorado... imagine o absurdo porque colocavam "no palco um cantor com um sangramento, que o levasse ao choque hemorrágico e o mesmo perdesse a lucidez", conforme comentário de Juliana (eu não sabia disso). Eu somente a via de relance na mídia e já achava um disparate vê-la cambaleando no palco. Concordo com Juliana, quando ela diz que "seus familiares e seus produtores foram omissos e culposos". Cheguei mesmo a ficar triste ao vê-la assim, e me causou muita pena...