Cartier-Bresson: o elogio do olhar | Pedro Maciel

busca | avançada
71569 visitas/dia
2,5 milhões/mês
Mais Recentes
>>> EBS e Compactor Store promovem oficina de customização de shapes de skate no Shopping Vila Olímpia
>>> Ribeirão Preto recebe o BRAVI.LAB: um encontro de oportunidades no audiovisual
>>> Videocast apresentado por Carol Barcellos e Maria Clara Salgado, estreia dia 8 de abril
>>> Casa do Saber promove evento gratuito para discutir cultura de ódio entre jovens, redes socais e lim
>>> Instituto Neoenergia lança chamadade editais para apoiar projetos sociais
* clique para encaminhar
Mais Recentes
>>> A vida, a morte e a burocracia
>>> O nome da Roza
>>> Dinamite Pura, vinil de Bernardo Pellegrini
>>> Do lumpemproletariado ao jet set almofadinha...
>>> A Espada da Justiça, de Kleiton Ferreira
>>> Left Lovers, de Pedro Castilho: poesia-melancolia
>>> Por que não perguntei antes ao CatPt?
>>> Marcelo Mirisola e o açougue virtual do Tinder
>>> A pulsão Oblómov
>>> O Big Brother e a legião de Trumans
Colunistas
Últimos Posts
>>> All-In sobre as tarifas
>>> Paul Krugman on tariffs (2025)
>>> Piano Day (2025)
>>> Martin Escobari no Market Makers (2025)
>>> Val (2021)
>>> O MCP da Anthropic
>>> Lygia Maria sobre a liberdade de expressão (2025)
>>> Brasil atualmente é espécie de experimento social
>>> Filha de Elon Musk vem a público (2025)
>>> Pedro Doria sobre a pena da cabelereira
Últimos Posts
>>> O Drama
>>> Encontro em Ipanema (e outras histórias)
>>> Jurado número 2, quando a incerteza é a lei
>>> Nosferatu, a sombra que não esconde mais
>>> Teatro: Jacó Timbau no Redemunho da Terra
>>> Teatro: O Pequeno Senhor do Tempo, em Campinas
>>> PoloAC lança campanha da Visibilidade Trans
>>> O Poeta do Cordel: comédia chega a Campinas
>>> Estágios da Solidão estreia em Campinas
>>> Transforme histórias em experiências lucrativas
Blogueiros
Mais Recentes
>>> A aquisição de parte da Companhia das Letras pela Penguin
>>> Os 40 anos de A Banda versus Disparada
>>> O fantástico mundo de Roth
>>> Quatro verdades inconvenientes
>>> Entrevista com Sérgio Augusto
>>> Hitch 22
>>> Casamento atrás da porta
>>> Votos Úteis
>>> Diário de Rato, Chocolate em Pó e Cal Virgem
>>> Gênio: apontamentos ensaísticos
Mais Recentes
>>> Livro Outras Impressões Da Terça Crônicas de Leno F. Silva pela Terra Redonda (2020)
>>> HQ Mulher Maravilha - O Ataque das Amazonas - Parte 1 de Vários Autores pela Eaglemoss (2024)
>>> O Pequeno Principe E A Rainha Jade (capa dura) de Antoine De Saint Exupéry pela Leya (2013)
>>> Momentum, Heat, And Mass Transfer de C.O. Bennett; J.E. Myers pela Mcgraw-Hill (1988)
>>> Vera de José Falero pela Todavia (2024)
>>> Admirável Mundo Novo de Aldous Huxley pela Globo (2009)
>>> Livro Sua Alteza Real Coleção Grandes Romances de Thomas Mann; Tradução De Lya Luft pela Nova Fronteira (1985)
>>> A Câmara Clara de Roland Barthes pela Nova Fronteira (2003)
>>> Livro Dicionário Houaiss Da Língua Portuguesa de Antonio Houaiss pela Objetiva (2009)
>>> Obras Escogidas de C. Marx e F. Engels pela Editorial Progresso (1969)
>>> Códex Arquimedes de Reviel Netz e William Noel pela Record (2009)
>>> Um País Chamado Infância de Moacyr Scliar pela Ática (2006)
>>> Livro Ana e Pedro Cartas de Vivina De Assis Viana; Ronald Claver pela Atual (1990)
>>> O Pequeno Principe E Os Eolianos (capa dura) de Antoine De Saint Exupéry pela Leya (2012)
>>> Dicionário Interdisciplinar Da Pastoral Da Saúde de Giuseppe Cina; Efísio Locci; Carlo Rocchetta; Luciano Sandrin pela Paulus (1999)
>>> Livro Livro Festa No Céu Coleção Lê Pra Mim de Ana Maria Machado, ilustrado por Marilda Castanha pela Ftd (2004)
>>> Passeio Com O Gigante de Michel Laub pela Companhia Das Letras (2024)
>>> Livro Corporate Financial Management de Douglas R. Emery, John D. Finnerty pela Prentice Hall (1997)
>>> Gibi Fantasma Edição Histórica Nº 12 editora Saber 1995: A Lenda do Fantasma - Espiões de Lee Falk pela Saber (1995)
>>> Jango: A Vida E A Morte No Exilio de Juremir Machado Da Silva pela L&pm (2013)
>>> Saber Ver A Arte Neoclássica de Isabel Coll Mirabent pela Martins Fontes (1991)
>>> Lucas - Introdução e Comentário de Leon L. Morris pela Vida Nova (1996)
>>> Guia Definitivo Do Marketing Para Personal Trainers de Rafael Tonietto; Julio Assumpção Junior pela Personal Trainer Academy
>>> De Onde Eles Vêm de Jeferson Tenório pela Companhia Das Letras (2024)
>>> Direito Processual Penal e Sua Conformidade Constitucional - Vol. 1 de Aury Lopes Jr pela Lumen Juris (2007)
ENSAIOS

Segunda-feira, 4/10/2004
Cartier-Bresson: o elogio do olhar
Pedro Maciel
+ de 11800 Acessos

Qual a importância da fotografia na cultura contemporânea? A fotografia é um meio artístico capaz de revelar o inexprimível? Qual o mundo imagético é digno de duração? Hoje vemos a proliferação de imagens sem sentido. Imagens repetitivas que nascem com os mecanismos de simulação. A realidade se tornou hiperrealidade. Será que estas imagens conseguem mostrar o interior das pessoas, das coisas, das paisagens? A fotografia contemporânea se propõe a ser testemunha do inexprimível. Mas como dizer o indizível? Talvez seja impossível para uma arte de representação que nasceu da vontade de revelar as aparências. A arte é um sistema de signos e sua função consiste em buscar o significado das coisas; materializar o mundo. A arte não comporta as aparências.

A fotografia (imagem) é um elogio do olhar. Narra a arte da ilusão. Henri Cartier-Bresson, artesão da imagem, fundador de um estilo geométrico e humanista, ao capturar a imagem, repara o momento exato em que as pessoas ou coisas se mostram por inteiro, e nos faz ver algo que até então era desconhecido, ou que havíamos entrevisto com os olhos embaçados pela pura e simples realidade.

Bresson, último mito da fotografia, diz que "o aparelho fotográfico é um caderno de croquis, instrumento da intuição e espontaneidade, o mestre do instante que, em termos visuais, questiona e decide ao mesmo tempo. Para revelar o mundo, é preciso sentir-se implicado no que se enquadra através do visor". Para ele somente duas coisas o interessam: o instante e a eternidade. Talvez o maior segredo da obra de Bresson seja a idéia de colocar no mesmo ponto de mira, a cabeça, o olho e o coração. Para Bresson a emoção é fundadora da razão.

O fotógrafo fez de sua câmera Leica uma extensão do seu olho. Um olho que captou composições no breve intervalo do tempo e "apanhou a vida no laço", expressando a emoção e não a visualidade banal do sentimentalismo ou do sensacionalismo. Bresson vivia "tocaiando seres humanos como um caçador tocaia animais", escreveu John Berger. Nos seus instantâneos nota-se as regras básicas do fotógrafo: concentração, disciplina de espírito, sensibilidade e senso de geometria.

Bresson tem a noção exata do "momento decisivo" para capturar a imagem. No prefácio de seu ensaio sobre o momento decisivo, publicado em 1952, ele anota que "alguém entra repentinamente no seu campo de visão. Você começa a seguir essa pessoa através do visor da máquina. Você espera, espera, e finalmente aperta o disparador - e sai com a sensação (embora não saiba exatamente por quê) de que realmente pegou alguma coisa".

O momento decisivo é uma fração de segundos em que os personagens em movimento adquirem um equilíbrio geométrico. Ele considera "a atenção e a antecipação do momento decisivo", o instante único quando a imagem pode ser roubada do tempo, como uma ocupação que o fotógrafo deve adquirir naturalmente, como a arte do arco-e-flecha de um mestre zen, que se transforma no alvo para poder atingi-lo.

Em Tête à Tête: Retratos de Henri Cartier-Bresson (Companhia das Letras), o fotógrafo apresenta uma coletânea de retratos e desenhos a lápis que exploram a paisagem variada do rosto humano. Ele não recorre a artifícios de composição, mas busca nos retratados os traços expressivos. Revela o silêncio dos retratados; amplia o humor desconcertante de Saul Steinberg com o gatinho, a face existencial de Giacometti e Beckett, a alegria contagiante de Che, a sombra infinita de Erza Pound, a solidão de Sartre em Paris. Bresson retrata a época em que viveu e, por isso, nos oferece uma profunda investigação da nossa permanência no mundo. Suas imagens, em estado de graça, dotadas de densidade e história, revelam as coisas vividas. Para ele, fotografar é olhar de verdade para o mundo. Sua arte é um tributo ao ser humano.

O fotógrafo aventureiro
Henri Cartier-Bresson, francês, nascido em 1908 (e morto neste ano) se autodenominava foto-jornalista. Mas poucas fotos de sua autoria tratavam de fatos jornalísticos, num sentido convencional. Fotografou mais entre a década de 30 e os anos 70. Estudou pintura com o cubista André Lhote. Em seguida estudou cinema nos EUA com Paul Strand e depois trabalhou como assistente de Jean Renoir, no filme "A Regra do Jogo".

Bresson começa a fotografar em 1932, com fascínio tanto pelo Surrealismo - "sua ética mais que sua estética" - como pela ebulição política na França que acabou na Frente Popular contra o fascismo. "O aventureiro em mim sentiu-se obrigado a registrar com um instrumento mais rápido que um pincel as feridas do mundo".

O fotógrafo foi preso em 1940 pelo exército alemão em Paris. Fugiu e continuou a fotografar a "resistência" para revistas como Life. No final da Segunda Guerra, fundou com Robert Capa, David Seymour-Chim e George Rodger a agência de fotografias Magnum e passou duas décadas seguintes em missão, testemunhando as revoluções que assolaram a China e a Índia. Suas fotos, tiradas com a lendária Leica 35mm, comentam os eventos e personagens mais singulares deste século. Em 1954 tornou-se o primeiro fotógrafo ocidental a entrar na União Soviética após a distensão promovida por Nikita Kruschev. Em 1966 desliga-se da agência Magnum e passa a dedicar-se exclusivamente ao desenho e à pintura.

Bresson anotou em 1992 que "a fotografia é um impulso espontâneo de uma atenção visual perpétua, que captura o instante e sua eternidade. Já o desenho elabora por sua grafologia o que nossa consciência captura desse instante. A foto é uma ação imediata; o desenho uma contemplação".


Pedro Maciel
Belo Horizonte, 4/10/2004
Mais Pedro Maciel
Mais Acessados de Pedro Maciel
01. Italo Calvino: descobridor do fantástico no real - 8/9/2003
02. A arte como destino do ser - 20/5/2002
03. Antônio Cícero: música e poesia - 9/2/2004
04. Imagens do Grande Sertão de Guimarães Rosa - 14/7/2003
05. Nadja, o romance onírico surreal - 10/3/2003


* esta seção é livre, não refletindo necessariamente a opinião do site

Digestivo Cultural
Histórico
Quem faz

Conteúdo
Quer publicar no site?
Quer sugerir uma pauta?

Comercial
Quer anunciar no site?
Quer vender pelo site?

Newsletter | Disparo
* Twitter e Facebook
LIVROS




Conquistas e Resistências do Ensino de Sociologia
Amurabi Oliveira (Org.) et al.
Café com Sociologia
(2021)



As Aventuras do Marujo Verde
Gláucia Lemos
Atual
(1990)



Pai Eu
Tânia Alexandre Martinelli
Atual
(2010)



O Cortiço - Série Bom Livro
Aluísio Azevedo
Ática
(1986)



Na Cozinha pela Vida
João Marcos Bezerra
Senac



A Espiritualidade e Você
Maura de Albanesi
Vida & Consciência
(2010)



As aventuras do caça-feitiço - O Aprendiz - livro 1
Joseph Delaney
Bertrand Brasil
(2008)



Contando a História da Matemática-hist da Equaçao do 2º Grau-3
Oscar Guelli
Ática
(1998)



GPS encontre a sua vocação
Walter Bongiorno
Sociedade Biblica do brasil
(2014)



The Last Cowboys At The End Of The World: The Story Of The Gauchos Of Patagonia
Nick Reding
Three Rivers Press
(2002)





busca | avançada
71569 visitas/dia
2,5 milhões/mês