DIGESTIVOS
Terça-feira,
31/10/2000
Digestivo
nº 3
Julio
Daio Borges
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Artes
>>> Um novo olhar sobre o cotidiano
O Café está bem representado na exposição do Banco Real. Imensos e vistosos painéis dividem os ambientes com objetos e pessoas que construíram ou retrataram a saga da civilização cafeeira. Gone with the wind. Grátis. Ninguém pode se afirmar cidadão paulistano se não visitar as telas de Antonio Ferrigno e a coleção de fotos de Afonso Antônio de Freitas. O catálogo, por R$ 20, reúne reproduções e mais seis ensaios sobre o tema.
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>>> Banco Real
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Além do Mais
>>> Além do mais
A olimpíada terminou, o furacão passou. O Brasil, mais uma vez, inexpressivo no quadro geral de medalhas. Não temos tradição em nenhum esporte. Se ontem a tínhamos, hoje já a perdemos. Quando o Brasil ganha, é porque deu zebra. Ou então porque passou no céu algum cometa. Como Guga, como Pelé, como Ayrton Senna.
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>>> http://www.band.com.br/sydney2000.html
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Música
>>> Sem música, a existência seria um erro
Baden Powell morreu. Falava de Vinícius, falava de Pixinguinha, falava de Paulo César Pinheiro. Andava muito solitário ultimamente. Neste mundo não tem mais lugar para essa gente. Deixou um legado que não está disponível em CD. Uma tragédia que se soma à outra. Guinga colocou-o ao lado de Garoto, no epitáfio. Corroído pelo álcool, Baden aparentava 70, 80 anos. Morreu com 63. Em sua degradação, foi uma espécie de Chet Baker brasileiro.
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>>> http://www.badenpowell.com.br
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Internet
>>> Viver não é preciso
Parece que o fôlego dos provedores gratuitos está acabando. O iG disse que vai papar todos eles. Matinas Suzuki Jr. fala em nome do grupo, como se veterano fosse, como se o negócio de internet tivesse milênios. O cachorrinho (ou a cachorrinha) do iG deve valer bem mais que ele. O fato é que a publicidade, os banners, não estão dando conta de financiar o acesso grátis aos micreiros. Esqueceram que analfabetos não navegam.
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>>> http://www.observatoriodaimprensa.com.br/atualiza/artigos/eno270920001.htm
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Imprensa
>>> Armazém de secos e molhados
A revista MilTons parece bem intencionada. Em seu primeiro número, põe Edu Lobo na capa, o que já é um bom começo. Notas inusitadas sobre artistas e lançamentos, afinal ninguém mais discute música brasileira, a sério. Mas o que vale mesmo são os calendários, com todos os shows do Rio e de São Paulo para o mês. Por R$ 4,50, ao menos folheie.
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>>> http://www.miltons.com.br/
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Televisão
>>> O pior cego é o que vê tevê
O segundo debate dos prefeituráveis foi mais revelador. Marta parece considerar muito a cidade em que nasceu e mora, porém pode, de repente, perder a cabeça, com o PT. Alckmin foi o candidato das classes médias, o Collor, o Pitta da vez. Contido e ponderado, como Serra, perdeu a vaga para a Maluf, a fênix da roubalheira. Como grande populista que é, Paulo Salim tem presença. E lábia. The show must go on.
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>>> http://www.estadao.com.br/eleicoes/
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Literatura
>>> Tout le reste est littérature
Arnaldo Antunes lança vinte anos de escritos. Não é um intelectual. Nem mesmo entre seus pares. Até os trinta anos, discutia televisão, juventude, e roque. Depois dos trinta, linguagens, códigos, sintaxe, semântica. Adotou os concretos como pais espirituais. E a semiótica, como doutrina. A semiótica sabe ser chata. E o concretismo também. Melhor momento: Marcianos, um miniconto, à página 60. Pior momento: "A paródia que apenas negativiza ironicamente seu objeto, positivando aquilo que parodia assim como a si mesma." (à página 43).
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>>> "40 Escritos" - Arnaldo Antunes - 152 págs. - Ed. Iluminuras
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Cinema
>>> O filme é uma merda, mas o diretor é genial
Truffaut está mais uma vez no ciclo do Top Cine. Agora com De repente, num domingo. Filme que lançou um ano antes de morrer de câncer. Estrelado por sua musa Fanny Ardant, presta uma cara homenagem a Hitchcock. A trama é enroscada. Mas ele não deixou de lado seus anti-heróis, e suas mulheres-fortes. Cheio de pistas falsas, não permite adivinhar o final, que é feliz.
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>>> Top Cine - Av. Paulista, 854 - Tel. 287-3761
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Teatro
>>> Vá ao teatro, mas não me leve
O TBC Music Hall faz um ano desde a sua reforma, e desde a sua reinauguração. Trouxe-nos musicais impecáveis, como Dolores, e shows intimistas, como os de Luiz Melodia. Agora estão com a Ópera do Mallandro, Buarque de Hollanda, encenada pela companhia do próprio teatro, sob a batuta de Gabriel Vilela. Se o autor assistisse às interpretações cênicas de suas canções, no primeiro ato, desistiria de cantar. Já no segundo, o caos se instala e as intervenções do meta-teatro aborrecem um pouco. No geral, desaconselhável para menores de 18 anos, e para pessoas que não tenham estômago (forte). Pode-se comprar por telefone, com cartão.
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>>> TBC - Rua Major Diogo, 315 - Tel. 3104-5523
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Gastronomia
>>> O Conselheiro também come (e bebe)
O restaurante Santa Gula fica na badalada rua Fidalga, na Vila Madalena. Segue aquele estilo muito em voga hoje em dia: um copo de cada jeito; uma cadeira de cada jeito; um garçom de cada jeito. A espera é longa para quem se esquece de reservar. Se você se interessa por massa, pode experimentar o Tortelli verde com sementes de papoula, alho poró ao molho de manteiga e sálvia fresca. Se você se interessa por carnes, pode experimentar o Magret de pato ao molho de três vinhos, com risoto de abacaxi e presunto de parma. Tudo por, mais ou menos, R$ 30. A carta de vinhos é limitada. O local é relativamente tranqüilo para se conversar.
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>>> Santa Gula - Rua Fidalga, 340 (fundos), Vila Madalena - Tel. 3812-7815
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>>> MINHA PÁTRIA É MINHA LÍNGUA
"O uso da dança como uma forma de ação social pauta todo o percurso artístico e pedagógico desse cada vez mais iluminado criador de sínteses e não merecia ser maculado pelo mal ajustamento dramatúrgico de um texto que não conseguiu ser transformado em matéria do fazer teatral. Os figurinos da primeira parte também pecam na mesma direção, pois também estancam naquele momento que antecede ao da mágica que se dá quando a reiteração transforma a matéria num outro de si mesma."
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Julio Daio Borges
Editor
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