DIGESTIVOS
Sexta-feira,
7/9/2007
Digestivo
nº 343
Julio
Daio Borges
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Internet
>>> Mahalo
O Mahalo tem um projeto ambicioso: quer competir com as buscas do Google. Vale repetir: não com o Google empresa, não com as iniciativas paralelas do Google, mas com o seu core business: as buscas. À primeira vista, parece impossível, mas depois de visitar o site do Mahalo – e fazer lá algumas buscas –, apesar do objetivo evidentemente trabalhoso, seu projeto guarda, sim, algum sentido. O argumento do Mahalo é que, hoje, perdemos muito tempo refinando nossas buscas, para encontrar os links que realmente importam. Há muito spam na Web, muitos splogs – blogs só de anúncios e conteúdos pirateados de outras fontes –, muitos phishing sites – endereços feitos para “fisgar” o internauta desavisado – etc. Misturando, de certa forma, o Google com a Wikipedia, o Mahalo organiza os resultados das buscas, revivendo justamente a velha disputa homens versus máquina. Ou seja: ao contrário do Google, o Mahalo não confia 100% nos robôs e, de alguma maneira, monta suas buscas “manualmente”. Se você, por exemplo, fez uma busca lá e sentiu que falta, nos resultados, um link básico, pode enviar sua sugestão para o Mahalo. Se você não concorda com o tipo de hierarquia de links apresentada, pode participar do respectivo fórum de discussão. E assim por diante... – você pode, até, trabalhar para o Mahalo, organizando resultados das buscas (envie suas sugestões para eles; se gostarem, vão te pagar). Ainda que seja uma mera busca, o Mahalo ressuscita, lá no fundo, o desejo por conteúdo editorial, produzido por editores humanos. É verdade que a internet vai e volta nessa discussão, mas depois de uma década parece haver algum desejo de consolidação das fontes – e o Mahalo caminha nessa mesma direção.
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>>> Mahalo.com: Human-powered Search
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Cinema
>>> Antônia, de Tata Amaral
E vamos “processando” a periferia aos poucos... Se antes os nossos cineastas eram até agressivos em retratar a pobreza – como que para forçar a ver quem ainda não tivesse visto –, hoje os favelados, em película, são simpáticos, risonhos, tem sonhos como todos, são, enfim, gente como qualquer outra. Glauber e outros, com seu gênio incontestável, queriam politizar o “pobre”, a fim de que este, em tela grande, se enxergasse e saísse do cinema fazendo logo a revolução. E essa idéia se espraiou por outras artes, como a literatura – onde Ferreira Gullar, por exemplo, foi fazer poesia de cordel, para o povo com “consciência” política. E até na música, quando Nara Leão cansou do “hype” da bossa nova, abraçou o gênero “de protesto”, montou o show Opinião e buscou inspiração em sambistas do morro, como Cartola. Havia, nessas iniciativas, um desejo de “rompimento” que impedia, justamente, a assimilação por todas as camadas. Esses artistas eram caracterizados como “rebeldes”, subversivos, e o resto da sociedade automaticamente se protegia contra suas visões de mundo... Atualmente, portanto, é uma sorte encontrar um filme como Antônia, de Tata Amaral, que retrata, com competência, a cena do “hip-hop” de São Bernardo, no Grande ABC, mas que não toma aquela realidade como bandeira, não discursa num tom enviesado e, por isso mesmo, não precisa arrombar a porta com para ser apreciado ou simplesmente visto. Antônia, assim, acontece com naturalidade. Não está “endereçando uma mensagem” a determinada classe social, não está combatendo uma outra – então pode ser compreendido por todos, e chega muito mais longe. Os desencontros amorosos, a situação da mulher, a violência e o crime são, em Antônia, temas universais, exacerbados mais pela trama do que pelo entorno. Como arte, Antônia traz a novidade do assunto; e, como cinema brasileiro, é um sinal de maturidade.
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>>> Antônia
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Além do Mais
>>> Ferramentas para Empreendedores, de Richard Luecke
Na efervescente época do faça-você-mesmo da internet, é possível encontrar um empreendedor a cada esquina virtual. Embora a maioria não saiba e, muitas vezes, nem se reconheça como tal... O empreendedor, seguindo a definição, é aquele que "identifica uma oportunidade e busca realizá-la", "criando uma organização" para tanto. Os empreendedores bem-sucedidos não têm medo de romper com as regras estabelecidas. Quantas vezes não praticam o que Joseph Schumpeter denominou, justamente, de "destruição criativa" (pense na Microsoft e no Google)? Empreendedores bem-sucedidos não têm medo de enfrentar inimigos poderosos (pense, agora, na Microsoft e na Dell). Empreendedores têm paciência para começar do zero (para muita gente, além de faltar a paciência, sobra o orgulho...). Empreendedores mudam de estratégia sempre que precisam; viram tudo de cabeça pra baixo, desmanchando e remontando... E empreendedores sabem como participar de uma negociação (a maioria das pessoas tem medo da negociação, fechando contratos desvantajosos para si, cedendo posteriormente ao trauma e nunca desenvolvendo habilidades "negociais"). O empreendedor é, sobretudo, aquele que pensa, com Dan Bricklin: "Nunca esperei que uma grande empresa um dia fosse cuidar de mim"... Um tipo de mentalidade bastante escasso no País em que, como uma vez definiu Caetano Veloso, o sonho de todo cidadão médio é se tornar funcionário público. A tecnologia, contudo, já vinha mudando esse quadro e a internet, agora, ainda mais. Os empreendedores brasileiros têm de lutar contra os mantenedores do status quo, porque quem detém uma posição, no Brasil, não quer obviamente abrir mão dela, mesmo prejudicando o desenvolvimento de seu setor, de sua categoria e de sua sociedade. Os empreendedores brasileiros que não ousam dizer seu nome, contam, atualmente, com um apoio de peso. É o Ferramentas para Empreendedores, da coleção Harvard Business Essentials, recém traduzido pela Record. De leitura revigorante, há esperança de que contamine até barnabés seculares. E viabilize o espetáculo do empreendedorismo. (Pois o do crescimento vem depois...)
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>>> Ferramentas para Empreendedores
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Julio Daio Borges
Editor
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