DIGESTIVOS
Sexta-feira,
26/10/2007
Digestivo
nº 346
Julio
Daio Borges
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Teatro
>>> Mar de Gente, de Ivaldo Bertazzo
O 11 de Setembro trouxe o Choque de Civilizações, de Samuel Huntington, e, desde então, essa tem sido a pauta global por excelência. Outra pauta global é a ambiental, de Al Gore (entre outros), mas dela deriva a primeira: o homem (a humanidade), e sua multiplicação (e seus conflitos), é ou não é uma ameaça ao planeta? Hoje, perto do 11 de Setembro (e do Aquecimento Global), concluímos que é. Ao mesmo tempo, concluímos que não deve ser mais. Como? Cada um tem uma solução. Ou um procedimento. Ou simplesmente faz alguma coisa. Assim, o cenógrafo Ivaldo Bertazzo que - com o patrocínio da Petrobrás e do Instituto Votorantim (e o apoio do SESC) - fundou uma companhia de teatro e dança, recolhendo meninos e meninas carentes das chamadas "áreas de risco social". Através de dois espetáculos - Samwaad (2003) e Milágrimas (2005) - formou essas pessoas, deu-lhes uma profissão, abrigou-os sob a sua "Companhia TeatroDança" e, como conseqüência, produziu o espetáculo Mar de Gente (2007), que passou pelo Auditório Ibirapuera no mês de setembro. Misturando as raízes do Brasil com influências orientais contemporâneas, Ivaldo chama a atenção, justamente, para o fato de que as grandes questões, agora, são globais - e não mais de países, hemisférios ou blocos. Poderia, como o navegador Amyr Klink, por exemplo citar o comportamento das aves migratórias, que voam, ignorando as fronteiras, não sendo dessa ou daquela região, mas do mundo todo. Ivaldo Bertazzo dilui, propositalmente, as referências, quebra os paradigmas, usa tudo, e, ao mesmo tempo, joga tudo fora, para produzir o homem novo. Sua visão é a do futuro. Vale acompanhar seus passos.
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>>> Mar de Gente
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Gastronomia
>>> Le Poème, de Petrit Spahija e Yves Lepide
Aconteceu em Parati, numa Flip. Maria Fernanda Cândido, que acompanhava uma comitiva da Casa do Saber (onde é sócia), aportou com Petrit Spahija, seu marido francês, no Le Castellet, do chef Yves Lepide. A creperia, que vive lotada nessa e em outras épocas do ano, encantou Spahija a tal ponto que, naquela mesma ocasião, ele convenceu Yves a trabalharem juntos num novo restaurante em São Paulo. O Le Poème, recém-inaugurado na Joaquim Antunes, nasceu desse encontro. Com atmosfera provençal, o Le Poème continua com a tradição dos crepes espetaculares de Yves Lepide, que ganharam posição de destaque na nova casa, sempre à vista dos clientes, em todas as suas etapas de preparação. São doze opções salgadas e dez doces. As primeiras sempre contando com o tomate à provençal (sensação em Parati) e o gratin dauphinois (batatas cozidas, em rodelas, com sal, pimenta, alho, noz moscada e toques de creme de leite). Mas nem só de crepes vive o homem, assim, no Le Poème, pode-se degustar desde um couvert especialíssimo (tapenade de azeitonas pretas, aïoli e caviar de beringela) até cassolettes de frutos do mar e de escargot, passando por cinco tipos de salada, pelo steak au vin rouge e pelo hors-concours magret de canard. Yves, incansável, ainda cuida, pessoalmente, de cinco qualidades de azeite (pétala de rosa, flor de erva-doce, cravo, alecrim e pesto) e de preparar vinagres e licores. Ufa! Se depender da dedicação de Yves Lepide, o Le Poème vai tão longe quanto (ou mais que) o Le Castellet, de Parati. Conta, ainda, com a vantagem de que bons ventos sopram na rua Joaquim Antunes, que vive uma espécie de boom gastronômico, e com a amarração conceitual, em torno da região da Provence (o projeto arquitetônico leva assinatura do arquiteto Fernando Piva). O Le Poème ainda vai convencer a própria Flip a vir pra cá.
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>>> Le Poème
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Música
>>> Trio Bamberg, no Teatro Alfa
Os primeiros dias foram de Mozart, Brahms e Schubert, mas o último dia se incendiou pela ordem inversa: Saint-Saëns, Schumann e Beethoven. Estamos falando do Trio Bamberg, que se apresentou no fim de setembro, no Teatro Alfa, pela Temporada 2007 do Mozarteum Brasileiro. É certo que Haydn, quando deu aulas ao jovem Beethoven, classificou-o de "um pouco sombrio e estranho", e sua música de algo "inesperado, insólito e sombrio [também]", mas na última apresentação do Bamberg, no Brasil, prevaleceu o "horror" de Saint-Saëns, que, com seu Trio para piano e cordas nº 2 em Mi maior, op. 92, queria levar os ouvintes ao "desespero". Acontece que o que poderia soar "desesperador" (ou "horroroso"), aos ouvidos de platéias no final do século XIX, hoje soa surpreendentemente moderno ou, melhor, contemporâneo. Interessante como o já "clássico" Beethoven, na fronteira entre Bonn e Viena, com seu Trio para piano e cordas nº 2 em Sol maior, op. 1, teve menos apelo, para nós, do que o Schumann de personalidade tumultuada, com seu Trio para piano e cordas nº 2 em Fá maior, op. 80, e do que, ainda, o já citado Saint-Saëns. A forma trio - como bem observou Sabine Lovatelli (presidente do Mozarteum), na sua tradicional abertura (no libreto) - é inescapavelmente intimista e, ainda que estivéssemos instalados no imponente Teatro Alfa, a magia se perpetuou e as mensagens dos compositores, exatamente como havia nos indicado Eddynio Rossetto (que sempre redige as notas do programa), chegou até nós. O rock'n'roll inventou o power trio, com suas guitarras ensurdecedoras, seus baixos de abalar as estruturas e suas baterias apocalípticas - mas é com o trio, clássico, que apuramos nossos ouvidos, descobrimos as sutilezas e a alma dos músicos (compositores e intérpretes). A "seda" do Tokyo String Quartet juntou-se à "virilidade" do Trio Bamberg e equilibrou, perfeitamente, a música de câmara neste ano.
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>>> Mozarteum Brasileiro
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>>> E O CONSELHEIRO TAMBÉM DÁ PALESTRA...
Ouça aqui a palestra que Julio Daio Borges, Editor deste Digestivo, proferiu sobre "Jornalismo Cultural na Internet", no II Encontro de Comunicação e Letras: Linguagens em Trasformação, promovido pelo Centro de Comunicação e Letras, da Universidade Presbiteriana Mackenzie, no dia 24 de outubro de 2007.
>>> EVENTOS QUE O DIGESTIVO RECOMENDA
>>> A quarta e última série da mostra Cores Paulistas, que vem prestando uma homenagem aos povos que compõem a identidade cultural de São Paulo, concentra-se agora nos orientais, com foco principal nos japoneses. Desta vez, o artista Sérgio Gregório utiliza a cor amarela como tema de suas obras, que trabalham em cima do conceito de espiritualidade nos orientais. Até hoje, a mostra reverenciou os europeus, com a cor branca, os índios, com o vermelho, e os africanos, com a cor preta. Cores Paulistas em Amarelo fica em cartaz até dia 25 de novembro, na Galeria IQ do Chakras Espaço Gastronômico e Cultural.
* Chakras: Rua Melo Alves, nº 294 - Jardins - Tel.: 3062-8813
** o Chakras é parceiro do Digestivo Cultural
>>> Noites de Autógrafos
* Coração Marginal - Cida Sepulveda
(Seg., 29/10, 18h30, CN)
* A lei da afinidade - Cristina Cairo
(Ter., 30/10, 19h00, CN)
* SHNITTKE - Música para todos os tempos
Marco Aurélio Scarpinella Bueno
(Qua., 31/10, 19h00, CN)
>>> Shows
* Tito Martino Jazz Band
(Ter., 30/10, 12h30, CN)
* Livraria Cultura Shopping Villa-Lobos (VL): Av. Nações Unidas, nº 4777
** Livraria Cultura Conjunto Nacional (CN): Av. Paulista, nº 2073
*** Livraria Cultura Market Place Shopping Center (MP): Av. Chucri Zaidan, nº 902
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Cultural
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Julio Daio Borges
Editor
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