DIGESTIVOS
Sexta-feira,
9/1/2009
Digestivo
nº 397
Julio
Daio Borges
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Imprensa
>>> Por que as velhas redações se tornaram insustentáveis on-line
Frédéric Filloux — seguindo a mesma trilha de Henry Blodget anos atrás — publicou, antes mesmo da crise de dezembro dos jornais, um verdadeiro estudo que demonstra, veementemente, por que as atuais redações de jornal são economicamente insustentáveis on-line. O raciocínio é relativamente simples. Cada jornalista de papel empregado (incluindo salário, benefícios, despesas e outros custos fixos) sai por 60 mil anuais (Filloux usa euros, mas acredita que o valor é, proporcionalmente, conversível para qualquer outra moeda forte). Embora grandes redações norte-americanas ultrapassem os mil jornalistas, e redações médias européias fiquem entre 400 e 500, ele trabalha estoicamente com apenas 100 pessoas (incluindo repórteres, editores, artistas gráficos e freelancers), chegando a um custo anual de 6 milhões. Mais 1 milhão de infra-estrutura (veículos on-line não eliminam totalmente esses custos), 2 milhões para marketing e 1 milhão para administração, chega finalmente a 10 milhões por ano. E como a versão, na internet, de um jornal vai arcar com 830 mil mensais? Filloux considera, na outra ponta, que cada visitante-único gera, otimisticamente, entre 10 e 25 centavos de receita para um veículo on-line. Esse jornal eletrônico hipotético, portanto, deveria gerar um tráfego médio de 8,3 milhões de visitantes-únicos mensais. Sendo que os maiores independentes dos EUA hoje — Huffington Post (4 m.), Slate (3 m.), TechCrunch (3 m.) e Drudge Report (3 m.) — não chegam nem à metade disso... Sua conclusão é a de que, fora do papel (que vai acabar), o negócio de produzir notícias — como o de gravar e distribuir música industrialmente — se tornou insustentável economicamente. Assim como as velhas gravadoras, os jornais, e as antigas empresas de mídia, vão ter de procurar outra forma de se sustentar. Se muitos jornalistas, hoje, ainda não querem fazer essas contas, Frédéric Filloux adverte que analistas de mercado já estão fazendo, e vêm punindo velhas marcas de jornal em suas avaliações para a bolsa...
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>>> The economics of moving from print to online
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Cinema
>>> Batman: O Cavaleiro das Trevas, o filme
Não foi desta vez ainda que o Batman, no cinema, se tornou mais interessante do que o Coringa. Toda a ovação, póstuma, à performance de Heath Ledger, como "The Joker", é merecida. O ator de Brokeback Mountain domina todas as cenas, desde a primeira, de tal forma que o roteiro parece ter sido escrito para ele. Desde a invenção do anti-herói na literatura (e sua consagração no século retrasado), o gênero épico foi deixado meio de lado e os vilões, não só no Brasil, ganharam profundidade psicológica, muitas vezes até maior que a dos mocinhos. O Batman andou melhorando desde Michael Keaton, que ficou marcado pelo terror humorístico de segunda linha, tão em voga nos anos 80, mas que encurtou sua carreira ("séria"). Christian Bale ainda não é o Bruce Wayne que todos os leitores de HQ esperavam, mas a rouquidão lhe caiu bem, igualmente o uniforme — embora seu grande momento seja mesmo à bordo do batmóvel e de sua inovadora versão em duas rodas. Christopher Nolan, que escreveu e dirigiu o longa, tomou o cuidado de introduzir o tema delicado das guerras no Oriente Médio, chamando o Coringa de "terrorista". A grande discussão, portanto, fica sendo a de viver nas fronteiras da lei: ora ultrapassando-a sistematicamente (Coringa); ora violando as regras de vez em quando (Batman); ora indo de um extremo a outro (Duas Caras). Três personagens principais, em vez de dois, trouxe um certo desequilíbrio ao filme, que poderia ter acabado duas vezes antes de acabar mesmo, e complicou a trama. Contudo, é mais um esforço, louvável, de levar o gênero "filme-de-super-herói" mais além. Foi considerado um dos "melhores de 2008" e deve render indubitavelmente o Oscar (póstumo) a Ledger.
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>>> Batman: O Cavaleiro das Trevas
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Internet
>>> Campus Blog na Campus Party 2009
Na edição 2009 da Campus Party — o maior evento de cultura digital da América Latina, que acontece de 19 a 25 de janeiro no Centro de Exposições Imigrantes —, o grande destaque é o Campus Blog, uma programação de cinco dias inteiramente dedicada à blogosfera brasileira, com curadoria de Edney Souza e Alexandre Inagaki, do Interney Blogs e da Pólvora! Comunicação. Desde temas como "mobilidade", com moderação de Bia Kunze, na terça (20/1), até a entrega do disputado prêmio Best Blogs Brazil, no sábado (24/1), o Campus Blog vai abordar, só no primeiro dia, "mídias sociais nas grandes publicações", com moderação de Tiago Dória; podcasts, com Maestro Billy, a turma do Jovem Nerd e Daniela Braun (mediados por Cris Dias); e Ricardo Noblat, o jornalista mais bem-sucedido da blogosfera brasileira, com moderação de Jorge Rocha. No segundo dia, Oswaldo Gouvêa de Oliveira Neto, do Peabirus, entre outros, falará de "mídias sociais nas corporações", com mediação de Fábio "Camiseteria" Seixas; Carlos "Brainstorm#9" Merigo mediará uma mesa sobre "mídias sociais na publicidade"; Luiz Biajoni, com mediação de Bob Wollheim, discutirá o papel dos blogs em sala de aula; e este que vos fala mediará uma mesa sobre "mídias sociais nas eleições", com as presenças da ex-candidata a prefeita Soninha Francine e de Juliano Spyer, coordenador da campanha digital do prefeito reeleito Gilberto Kassab. Outros assuntos inevitáveis como "monetização", SEO, empreendedorismo e literatura digital, igualmente, serão abordados. Acontecem, ainda, oficinas especializadas e até o lançamento de um livro, Blogs.com. Na edição de 2008, foram 92 mil visitantes na Campus Party; neste ano, a organização se prepara para receber 300 mil pessoas. (Jornalistas da velha mídia também foram convidados, com a garantia de que não serão hostilizados, nem segregados, como no ano passado...)
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>>> Campus Blog | Campus Party
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Julio Daio Borges
Editor
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