DIGESTIVOS
Sexta-feira,
17/4/2009
Digestivo
nº 411
Julio
Daio Borges
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Imprensa
>>> Viva e deixe morrer(em)... os jornais
"Se a General Motors quebrar, ainda vão existir carros; e, se o New York Times falir, ainda vai haver notícias". Com essa máxima, Michael Kinsley, colunista semanal do Washington Post, encerra mais um capítulo sobre o epitáfio dos jornais. Inaugurando uma nova postura, em relação à velha mídia, Kinsley não parece preocupado com o ocaso de uma indústria da qual faz parte seu empregador... O colunista do Post começa afirmando que os jornais sempre foram um monopólio — considerados, inclusive, uma "exceção" dentro da lei antitruste. E os antigos donos de jornal, se hoje ressuscitassem, jamais acreditariam que sua tragédia seria, justamente, não pagar papel, impressão e distribuição. Sua tragédia seria... a internet. Kinsley concede que os jornais poderiam ter mantido seus classificados (on-line); que os jornais poderiam, inclusive, ter inventado as redes sociais... Mas o típico executivo de jornal — Michael Kinsley faz a comparação — é como um urso de cérebro limitado. Até há pouco tempo, esse pequeno cérebro bastava; agora, nem com um think tank de gênios os jornais poderão ser salvos. Indústrias vem e vão, ele consola, invocando Schumpeter. E quem cresceu entre computadores acha tão chato ler em papel (jornal) quanto velhos dinossauros acham ler na tela... "Vocês querem enfiar informação jornalística, goela abaixo, em nome da democracia?", Kinsley provoca. Lê-se mais notícias (e mais análises) do que nunca atualmente — só que on-line. E talvez o "jornal" do futuro seja mais ou menos parecido com o jornal de agora — só que sem papel. "Num tom mais casual, mais opinativo e participativo", conclui. Uma única entidade ou uma lista de links "favoritos"? O certo é que Michael Kinsley não arrisca sobre o futuro das velhas empresas de notícias... (E tem sempre a alternativa de voltar para a Slate, da qual foi editor.)
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>>> Life After Newspapers
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Música
>>> John Lennon, por Sean Lennon (e Philip Norman)
Sean conta que quando seu pai, John Lennon, morreu, não havia ninguém para consolá-lo. Sua mãe, Yoko Ono, parecia sempre cansada e passava a maior parte do tempo deitada na cama. Como, nas palavras dela, haviam "queimado muitas pontes" atrás de si, não cultivavam mais nenhuma relação com parentes ou familiares. Sean contava, então, cinco anos e, fora Yoko, havia, na casa, apenas empregados. Só quase uma década mais tarde, o filho de John Lennon conseguiu ouvir sua voz, nas canções, sem sentir que estava sendo apunhalado por uma faca. Era a mesma voz que lhe falava na infância, a primeira que ouviu e aquela que lhe ensinara as primeiras palavras. Por isso, até hoje, para ele é tão duro escutar obras — infelizmente tocadas à exaustão — como Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band. Sean, ainda assim, lembra que John era bastante genioso, mesmo para com uma criança de tão pouca idade. O filho reconhece que o pai era bem inseguro e que, por causa disso, inventou um jeito todo próprio de escrever canções. "I'm a loooser..." Sean reconhece também que, embora reclamasse bastante dos Beatles, John Lennon foi "açucarado" por eles e, graças a isso, tornou-se "palatável" para as massas. Para Sean, no entanto, o melhor álbum da história do rock é Plastic Ono Band, quando John, justamente, virou as costas para Paul, George e Ringo. "É como se, nos anos 70, Elvis desistisse de Las Vegas e se juntasse aos punks". Musicalmente, Sean não nega John, ainda que pareça, e inclusive considera que pratica esse ofício (de músico) por tê-lo herdado diretamente. Não participa, contudo, de homenagens musicais ao pai e nem, tampouco, entende aqueles que santificam John Lennon. Apesar de reconhecer que descobriu muito do pai pela imprensa, Sean não lê livros sobre John. Mesmo que sejam tão completos quanto a nova biografia de Philip Norman...
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>>> John Lennon: A Vida
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Além do Mais
>>> A revolução dos q-bits, de Oliveira e Vieira
Einstein morreu sem engolir direito as explicações que a física contemporânea dava para o funcionamento da mecânica quântica. Embora ele próprio tivesse descoberto os fótons, ou "quanta de luz", Einstein teimou até a morte que deveria haver leis mais claras, sobre o movimento dessas partículas, a exemplo do que acontece na mecânica clássica, newtoniana. Einstein era um gênio, mas também abraçou uma causa perdida — seus opositores, na época, venceram no longo prazo; quase ninguém divulga hoje, mas, sobre os quanta (plural de quantum), Einstein estava redondamente enganado. A mecânica quântica pode ser fascinante, porque, justamente à primeira vista, soa quase ininteligível — como naquela frase célebre. Dada a sua imprevisibilidade, ela é apenas probabilística. Você não sabe onde uma partícula pode estar; apenas sabe que existe uma chance de ela estar lá (e outra chance de ela não estar). Portanto, ela só vai estar ali, efetivamente, quando você fizer uma medição. Logo, ela pode estar em diversos lugares... ao mesmo tempo. Assim, o que vemos — da nossa escala, humana — é simplesmente a "média" dessas possibilidades... Confuso? E que tal misturar isso tudo com lógica computacional? Pois foi o que fizeram o físico Ivan S. Oliveira, doutor por Oxford, e Cássio Leite Vieira, editor da revista Ciência Hoje. Em A revolução dos q-bits, da Jorge Zahar, eles querem mostrar que esse "papo" de mecânica quântica, combinado ao poder transformador dos computadores, provocará uma reviravolta ainda maior que a atual (a da internet etc.)... Você não consegue imaginar? Tudo bem, nem Einstein conseguiu imaginar...
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>>> A revolução dos q-bits
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Julio Daio Borges
Editor
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