Digestivo nº 98 | Julio Daio Borges | Digestivo Cultural

busca | avançada
52329 visitas/dia
1,9 milhão/mês
Mais Recentes
>>> Pimp My Carroça realiza bazar de economia circular e mudança de Galpão
>>> Circuito Contemporâneo de Juliana Mônaco
>>> Tamanini | São Paulo, meu amor | Galeria Jacques Ardies
>>> Primeiro Palco-Revelando Talentos das Ruas, projeto levará artistas de rua a palco consagrado
>>> É gratuito: “Palco Futuro R&B” celebra os 44 anos do “Dia do Charme” em Madureira
* clique para encaminhar
Mais Recentes
>>> Do lumpemproletariado ao jet set almofadinha...
>>> A Espada da Justiça, de Kleiton Ferreira
>>> Left Lovers, de Pedro Castilho: poesia-melancolia
>>> Por que não perguntei antes ao CatPt?
>>> Marcelo Mirisola e o açougue virtual do Tinder
>>> A pulsão Oblómov
>>> O Big Brother e a legião de Trumans
>>> Garganta profunda_Dusty Springfield
>>> Susan Sontag em carne e osso
>>> Todas as artes: Jardel Dias Cavalcanti
Colunistas
Últimos Posts
>>> Lisboa, Mendes e Pessôa (2024)
>>> Michael Sandel sobre a vitória de Trump (2024)
>>> All-In sobre a vitória de Trump (2024)
>>> Henrique Meirelles conta sua história (2024)
>>> Mustafa Suleyman e Reid Hoffman sobre A.I. (2024)
>>> Masayoshi Son sobre inteligência artificial
>>> David Vélez, do Nubank (2024)
>>> Jordi Savall e a Sétima de Beethoven
>>> Alfredo Soares, do G4
>>> Horowitz na Casa Branca (1978)
Últimos Posts
>>> E-books para driblar a ansiedade e a solidão
>>> Livro mostra o poder e a beleza do Sagrado
>>> Conheça os mistérios que envolvem a arte tumular
>>> Ideias em Ação: guia impulsiona potencial criativo
>>> Arteterapia: livro inédito inspira autocuidado
>>> Conheça as principais teorias sociológicas
>>> "Fanzine: A Voz do Underground" chega na Amazon
>>> E-books trazem uso das IAs no teatro e na educação
>>> E-book: Inteligência Artificial nas Artes Cênicas
>>> Publicação aborda como driblar a ansiedade
Blogueiros
Mais Recentes
>>> Hoje a festa é nossa
>>> A Bienal e a Linguagem Contemporânea
>>> Comum como uma tela perfeita
>>> Entrevista com Cardoso
>>> Ensino Inferior
>>> Daniel Mazini, country manager da Amazon no Brasil
>>> Samba da benção
>>> O novo GPT-4o
>>> Um olhar sobre Múcio Teixeira
>>> Entrevista com Guilherme Fiuza
Mais Recentes
>>> Estratégia. Net de Marco Antônio Gugierrez pela Accel
>>> Viagens Místicas de Pedro Siqueira pela Sextante (2021)
>>> Entre a Espada e a Palavra de Maria Lucia de Arruda Aranha pela Moderna
>>> O Vermelho e Negro Volume I de Stendhal pela Difusão Europeia (1965)
>>> Registro Mercantil de Marcelo Manhaes de Almeida pela Quartier Latin
>>> As Memórias do Livro de Geraldine Brooks pela Agir (2012)
>>> Curso De Direito E Processo Previdenciario de Frederico Amado pela Juspodivm (2020)
>>> Amelia Earth 2 de Hanna Fish pela Sandfor (2017)
>>> Deus e Meu Amigo de Inc the Clever Factory pela Todolivro (2013)
>>> Whatsapp Tô Expectativa When You’re Expecting de Heidi Murkoff pela Eorkman Publishing
>>> Coleção Nosso Seculo 1910/1930 e 1960/1980 de Abril pela Abril (1981)
>>> O Guarda- Noturno de Cleunice Orlandi de Lima pela Brasil
>>> Descanse Em Paz, Meu Amor... de Pedro Bandeira pela Atica (1996)
>>> Fisiologia do Exercício - Bioenergética Humana e Suas Aplicações de George A. Brooks, Thomas D. Fahey, Kenneth M. Baldwin pela Phorte (2011)
>>> Woodstock de Peter Fornatale; Jamari da Costa Franca pela Agir (2009)
>>> Os Deuses Eram Astronautas Origem dos Deuses e Semideuses de Nelson C y Cunha pela Edrel (1968)
>>> Michaelis: Minidicionário Inglês-português/ Português-inglês de Melhoramentos pela Melhoramentos (2002)
>>> O Sonho da Buya-wasu de Moara Tupinamba Tapajowara pela Miolo Mole
>>> Lucy, Or, the Delaware Dislogues de Babette Rosmond pela Simon And
>>> Parisian Chic de Ines De La Fressange, Sophie Gachet pela Flammarion (2011)
>>> Bonfanti Monographie Referentielle de Daniel Piza; Michael F. Gibson pela Acatos (2005)
>>> Projeto Teláris. Geografia 7. 7º Ano de J. William Vesentini pela Atica (2013)
>>> Almanaque Wicca 2007 de Wicca pela Wicca
>>> O Mago - a Incrivel Historia de Paulo Coelho de Fernando Morais pela Planeta (2008)
>>> Business Model Generation. Inovação Em Modelos De Negócios de Alexander Osterwalder pela Alta Books (2011)
DIGESTIVOS

Quarta-feira, 11/9/2002
Digestivo nº 98
Julio Daio Borges
+ de 7700 Acessos




Internet >>> Um aposta no escuro
Há mais de um mês, “Meio & Mensagem” publicou um especial “internet”. Ao contrário de grande parte da mídia impressa, propôs-se a levar a sério a chamada “World Wide Web”. As expectativas são positivas (até porque a maioria dos depoimentos vêm de profissionais do ramo). Em números: 14 milhões de lares conectados (deixando para trás jornais e revistas, e já fazendo frente à tevê); R$ 224,9 milhões de receita publicitária (estimativa para 2002). O caderno de 20 páginas preparado pela equipe da “M&M” editora sinaliza, porém, para duas tendências radicalmente opostas. De um lado, os representantes das “velhas mídias”, tentando fazer da internet um mero braço eletrônico para suas iniciativas off-line. Na acertada definição de Cassiano Polesi, num dos poucos artigos de opinião do especial, pensam a Web como um “meio de comunicação” (um simples canal para algo que já existe) e não como uma mídia independente (portanto com vida própria). Do outro lado, obviamente, aqueles que, como Polesi, tentam entender a internet a partir da própria internet: sem comparações prévias, sem conceitos prontos, mergulhando de cabeça e interpretando a Web por dentro. Algumas conclusões parecem definitivas, independentemente da primazia de qualquer das duas visões. Primeira: a internet não veio para substituir ninguém. Segunda: as décadas de publicidade impressa viciaram as campanhas, que não têm funcionado num espaço onde o olhar é muito mais crítico e seletivo. Terceira: o acesso gratuito (para além das considerações contábeis) colocou o Brasil em posição de vanguarda, fazendo da Web uma realidade muito mais palpável até do que, em alguns setores, o dito “mundo real” (vide o boom do atendimento virtual bancário). Como em qualquer outro universo, na internet a luta continua entre “idealistas” e “utilitaristas”. Que ela permaneça e que a Web não seja nunca uma “solução fechada”, um “pacote acabado”, um meio limitado como tantas outras invenções que tiveram no seu nascimento também um futuro brilhante. [Comente esta Nota]
>>> Meio & Mensagem
 



Música >>> Fui
Alguns artistas ficam no limiar da popularidade, evoluindo sem fazer qualquer concessão ao gosto médio - até que aparece um clone e toma o seu lugar em termos de crítica, mas, principalmente, de público. Esse parece ser o caso de Zélia Duncan (a artista) e Ana Carolina (o clone); mas não é. Ana Carolina, entre um tema de novela e uma regravação do pop italiano, vem sorrateiramente se afirmando no cenário musical atual. Para começar, gravou com Arthur Maia e Marcos Suzano (tudo bem que eles são quase a regra nas participações hoje), fez parceria com Adriana Calcanhotto, dividiu os vocais com Alcione, tocou ao lado de Victor Biglione (o violonista de Cássia Eller) e Chrystiaan Oyens (o parceiro da supracitada Zélia Duncan). Para terminar, registrou música inédita de Herbert Vianna e compôs sob encomenda da venerável Maria Bethânia. Para intermediar, Ana Carolina tem uma das platéias mais fiéis de que se tem notícia: daquele tipo que vai a shows em dias consecutivos, superlotando casas de espetáculo e esgotando ingressos em temporadas de fim de semana. Talvez, harmonicamente e liricamente, ela não seja mesmo o "dernier cri" - nem na linha "roqueira" da MPB que escolheu - mas, ainda assim, toca um dos melhores violões de sua geração, vira-se mais que bem com o pandeiro, é simpática, bom papo, sustentando a audiência, bravamente, em suas performances noturnas. E o que Ana Carolina tem, inegavelmente, é a voz - mesmo que desperdiçada em notas estendidas e longas (querendo demonstrar potência nas cordas [cacoete típico, há que se perdoar, do artista em sua juventude]). Se a ruiva vai se afirmar em definitivo, como estrela de luz própria, é a questão que agora se coloca; os apoios que vem recebendo - apesar dos detratores e das detratoras habituais - indicam que vai. [Comente esta Nota]
>>> Ana Carolina - Ana Carolina | Ana Rita Joana Iracema e Carolina
 



Artes >>> Havre et Guadeloupe
Édouard Manet foi um dos maiores pintores do século XIX. Reza a lenda que nos anos 1840, aos 17, ele esteve de passagem pelo Rio de Janeiro. São cartas dessa aventura ultramarina que lemos no bem-acabado "Viagem ao Rio", pela editora José Olympio. Mais tarde, já consagrado nos salões de Paris, teria sido vítima dos exageros dos nacionalistas Afonso Taunay, Antonio Bento e Agripino Grieco, que enxergavam em suas obras uma influência da Terra Brasilis (muito maior do que ela era na verdade). O pequeno volume, quase uma edição de bolso, é caprichosamente ilustrado com paisagens do Rio de Janeiro da época, por August Müller, Frederico Guillerme Briggs e Charles Ribeyrolles, entre outros. Talvez para compensar a monotonia do texto que, da saída do ponto de Havre até a chegada na Baía da Guanabara, diz muito pouco ou quase nada. Relatos basicamente sobre o céu e o mar, numa existência que o próprio Manet chamou de "ridícula". No Rio, porém, as coisas começaram a acontecer. O aspirante a pintor horroriza-se com o mercado de escravos, embora confidencie a um amigo apreciar a beleza das mulatas (desnudas da cintura para cima). Reclama das ruas muito estreitas, nas quais depois das cinco da tarde flerta com as brasileiras, "recatadas e tontas", à janela. Brinca também com elas o Carnaval, participando ativamente da guerra de "limões de cheiro". Observa que os brasileiros e portugueses são, em geral, preguiçosos e que a cidade é tomada por três quartos de negros que realizam todo o trabalho. Ao contrário de Gauguin, encanta-se com a visão do paraíso e à maneira dos tripulantes das caravelas de Pero Vaz Caminha, alimenta-se com uma ração de bolachas. São impressões, portanto, como outras quaisquer. Vindo de quem vêm, no entanto, a coisa muda de figura. Continuamos embasbacados com a chegada de estrangeiros e com os seus relatos sobre nós. [Comente esta Nota]
>>> Viagem ao Rio - Edouard Manet - 128 págs. - José Olympio
 



Além do Mais >>> Allegremente
Senso de espetáculo. É o que parece faltar aos sisudos programas de música erudita na cidade. A tirania dos performers, que a muitos continua a horrorizar. Portanto, nada como um redentor concerto do German Brass para colocar a coisa toda no seu devido lugar. Os simpaticíssimos alemães desse conjunto se apresentaram pela temporada do Mozarteum e, a preços populares, fizeram a platéia vir abaixo. Foi na pomposa Sala São Paulo. Nem parecia. Um monte de gente à vontade, batendo palmas, assobiando e soltando gritos de aprovação - só faltava dançar. A estratégia do German Brass foi notável. Começaram com os números clássicos de praxe: Bach, Pergolesi, Smetana, etc. Impecáveis nos sopros, mostrando que estão aí para encarar qualquer parada. Cumpridas as formalidades, partiram para a diversão rasgada. Temas do mundo inteiro, com direito a mestre de cerimônias lascando um tremendo de um portunhol. Sai de baixo: tango, samba, jazz e bolero. Como se não bastasse, os integrantes do "ensemble" são gozadores e engraçados (!). Nem os vestidos mais justos e os ternos mais apertados resistiram ao swing tedesco. Inclusive cantaram alguma coisa, sempre em coro, principalmente quando o dixieland subiu ao palco acompanhado da tarimba mexicana. Foi um show e tanto. As pessoas saíam e comentavam: "Muito mal divulgado!", "Era para estar lotado!", "Deviam ter tocado no Ibirapuera!", "A temporada devia ser maior!". Bem, aí está. Foi dado o recado do German Brass. Da próxima vez, é não deixar - de jeito nenhum - passar. Eles voltam. [Comente esta Nota]
>>> German Brass
 



Televisão >>> O canário azul
Lêdo Ivo brilhou no "Umas Palavras" de Bia Corrêa do Lago. Foi certamente um dos melhores episódios desse programa que vai ao ar no canal Futura. Esteve tagarelando sobre a sua biografia; intercalando chistes e gargalhadas hilárias. Falou no entanto só sobre coisas sérias. Seriíssimas. Apesar do tom bem-humorado, vê com muita tristeza o ocaso da crítica literária brasileira, que, tirando Wilson Martins, no seu entender não mais existe. Lêdo Ivo acredita que é impossível se formar uma nova geração de escritores sem que haja juízo crítico. Como se guiar num mundo onde foram abolidas as noções de valor? Outra coisa: acha a crônica uma prática indecorosa na idade adulta; do alto de sua sabedoria, abandonou-a ainda aos 30 anos. Desde então vem publicando ensaios. Mas ficou conhecido mesmo por causa dos seus poemas. "Ode e elegia, poesia" (1945) lançou-o nacionalmente graças ao beneplácito de tipos que se extinguiram, como Álvaro Lins. Considera o Rio de Janeiro uma ilusão de ótica; e as grandes cidades, cemitérios de sonhos. Viu vocações nascerem e serem assassinadas pela metrópole que a todos devora. Tem uma teoria impagável: o autor nada mais é que o personagem criado pela obra. Como corolário, proclama: "Sou o desconhecido de mim mesmo". O homem cria e é criado novamente por aquilo que deixa para a posteridade. Divide os poetas entre "malditos" e "mimados", embora haja também mimados-malditos e malditos-mimados. Poucas vezes a televisão consegue ser tão inteligente. A entrevista voa; os blocos parecem flanar. Bia Corrêa do Lago comprova semanalmente que é possível, sim, cutucar a mesmice, oferecendo uma alternativa de nível. [Comente esta Nota]
>>> Umas Palavras | Lêdo Ivo
 

 
Julio Daio Borges
Editor
* esta seção é livre, não refletindo necessariamente a opinião do site

Digestivo Cultural
Histórico
Quem faz

Conteúdo
Quer publicar no site?
Quer sugerir uma pauta?

Comercial
Quer anunciar no site?
Quer vender pelo site?

Newsletter | Disparo
* Twitter e Facebook
LIVROS




Livro Estratégia de Marketing Tradução da 4ª Edição Norte-americana
O. C. Ferrell e Michael D. Hartline
Cengage Learning
(2014)



Fragmentos da Metamorfose - Cuidado Materno e Cuidado Psicoterapêutico
Norberto Abreu e Silva Neto
Universidade de São Paulo
(1988)



Nosso Legado
Vários Autores
Igreja De Jesus Cristo Dos Santos Dos Últimos Dias



Você Me Mata, Mãe Gentil Crônicas
João Ubaldo Ribeiro
Nova Fronteira
(2004)



Ponte de Cristal
Thati Machado
Laço
(2014)



O Lexus e a Oliveira Entendendo a Globalização
Thomas L. Friedman
Objetiva
(1999)



A Defesa e a Segurança na America do Sul
Vágner Camilo Alves; Jose Miguel Arias Neto
Mercado de Letras
(2011)



A Biblioteca do Geógrafo (lacrado)
Jon Fasman
Jose Olympio
(2009)



A Girafa Curiosa - Sininhos de Natal
Carlos Reviejo
Paulinas
(1999)



A Arte De Educar De Flavio Gikovate Pela Sociedade Educac Ed
Flavio Gikovate
Do autor
(2001)





busca | avançada
52329 visitas/dia
1,9 milhão/mês