Terça-feira,
28/11/2000
Digestivo nº 11
Julio
Daio Borges
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13 VEZES 3
Lula está na capa de Caros Amigos. Concede uma entrevista que versa mais sobre o seu histórico de reivindicações do que sobre as recentes conquistas eleitorais do PT. Refaz sua trajetória desde o sindicalismo, nos anos 70, nas montadoras do ABC, até suas sucessivas derrotas, quando presidenciável, em 89, 94 e 98, passando pelas inquietações e pelos episódios que deram origem ao Partido dos Trabalhadores, em 1980. Fora o ufanismo dos entrevistadores e alguma exaltação por parte do mesmo Lula, o entrevistado parece sóbrio, reconhecendo inclusive suas limitações como candidato e a eventual possibilidade de o PT lançar outro nome (que não o seu) para a sucessão de 2002. Já Eduardo Suplicy está nas páginas amarelas de Veja. Segundo este, porém, aquele não admite que ninguém concorra em seu lugar para o Planalto. Provavelmente embriagado pela vitória da mulher, a prefeita-eleita Marta, Suplicy sente-se agora armado para a Presidência da República (ainda mais depois das dicas de oratória de Reinaldo Polito). Todavia, Marta, a mesma Suplicy, quer sentar-se no trono em 2007, portanto, pela constituição, não apóia o marido Eduardo em 2002. Que confusão, não? As, outrora, estrelinhas do PT cresceram muito e ameaçam ofuscar-se umas às outras.
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Caros Amigos |
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FILHA DE PEIXE
Entre o fim dos anos 50 e o fim dos anos 90, existe um intervalo de uns bons 40 anos. Não para Bebel Gilberto, que deve ter essa idade, um pouco mais, um pouco menos. Como herdeira legítima e espiritual de seu pai, ela foi buscar Samba da Benção, So Nice e Samba e Amor para banhá-las com o que chama de "a luz cool do novo século". Conseguiu. Reciclou o som clássico da bossa nova (nas suas palavras), sem ter de recorrer aos mesmos baluartes e aos formatos mais do que surrados da MPB. Dentre os muitos talentos que a acompanham, destacam-se os produtores e arranjadores Amon Tobin e Suba, o violonista Luis do Monte, o percursionista João Parahyba, um time de metais e sopros (em uma ou outra faixa), sem contar a miríade de convidados que miraculosamente não perturba a unidade e o espírito do projeto. Além de cantora, Bebel afirma-se também como compositora, em mais da metade do álbum. "Tanto tempo" casa as tendências eletrônicas com a tradição da música brasileira, como muitas estrelas ultimamente tentaram e, ao contrário dela, não conseguiram.
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http://www.bebelgilberto.com/ |
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O CONSELHEIRO TAMBÉM COME (E BEBE)
O Alimentari concentra suas duas filiais na Pedroso Alvarenga. Uma, no estilo rôtisserie, com mesas que balançam e cadeiras na calçada. Outra, mais silenciosa e refinada, num flat com manobrista na porta. Os pratos são os mesmos, especialidades da cozinha italiana. O Alimentare não esconde, porém, seus segredos, nas entradas e nas massas ditas exóticas. Por isso, não aposte em excentricidades como a salada com mamão e queijo, ou o risoto de couve-flor e presunto de parma. Às vezes, é preciso partir para escolhas mais básicas. Muitos chefs italianos, especialistas em molhos vermelhos e brancos, sucumbem à tentação de produzir outras matizes de cores, e nem sempre são bem sucedidos na empreitada. Claro que existe um gap, muitas vezes abismal, entre a concepção e a execução de menus sofisticados. Não há, portanto, que se culpar Sergio Arno. O petit-gateau, com bolinho quente maior que o normal, "ranqueado" entre os melhores de São Paulo, está aí para salvar a pátria.
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Alimentari - Rua Pedroso Alvarenga, 545 - Tel.: 3167-5667 |
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TOP OF THE POPS
No vácuo de Alta Fidelidade, filme de John Cusack, a Rolling Stone e a MTV americana juntaram forças para eleger as 100 melhores canções pop de todos os tempos. Tomando como marco zero o legendário desembarque dos Beatles na América, redigiram uma lista que coloca os Fab Four, os Rolling Stones, Nirvana, Madonna e Michael Jackson nas cinco primeiras posições, nesta ordem. Os resultados tendem para o gosto médio, que reflete bem as paradas de sucesso desde então, mas que nem sempre classifica os hits por mérito e importância. Não há, por exemplo, nenhuma menção a Chuck Berry, Pink Floyd, Led Zeppelin, Jimi Hendrix, James Brown ou Bob Marley. Embora abundem bandas de uma música só, como Soft Cell, Wham!, Fine Young Cannibals, Cars, Go-Go's e Human League. No site, é possível votar e reverter esse quadro. E no Brasil, quem se habilita?
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Rolling Stone |
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AQUELE QUE POR VIA DE REGRA SE SAI MAL
Carlos Moreno, o garoto propaganda das mil e uma utilidades, está no Teatro Alfa, com uma bacia na cabeça, interpretando Dom Quixote. Simpático, o ator recebe a platéia à paisana enquanto troca amenidades sobre o dia-a-dia, as notícias de jornal, e o que mais se quiser falar. Limitado às vinhetas breves e caricatas da televisão (e das contra-capas), é no palco que Carlos Moreno desenvolve todo um repertório de expressões e personagens. Varre com segurança o espectro que vai do velho ao jovem, do homem à mulher, do corpo à alma. Seu Quixote principia pelo despertar do fidalgo, pela sagração do cavaleiro andante, e se encerra na suposta popularização do anti-herói, que tendo suas aventuras divulgadas em livro é elevado à categoria de celebridade. Na primeira meia-hora, retoma-se a fé cega de quem combate moinhos-de-vento pensando trata-se de gigantes. Logo depois, porém, opta-se pela leveza da comédia, que cresce demais no texto e afasta a ação do centro do romance de Cervantes. O saldo final é positivo, contudo.
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Teatro Alfa |
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>>> DIGA O SEU NOME E A CIDADE DE ONDE ESTÁ FALANDO
Omar Jubran, de São Paulo, que lança toda a obra do Poeta da Vila, morto em 1937: "Fui procurado até por repórteres interessados em entrevistar Noel Rosa."
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Julio Daio Borges
Editor |
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