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Terça-feira, 26/9/2000
Digestivo nº 2

Julio Daio Borges

>>> O PIOR CEGO É O QUE VÊ TEVÊ A tevê brasileira faz 50 anos. Seus maiores êxitos foram adaptações. Ou da literatura, ou do teatro, ou do rádio. E, claro, a espontaneidade das transmissões ao vivo. Mas quem precisa de espontaneidade e de transmissões ao vivo? A tevê trouxe, mais do que qualquer coisa, as massas. Afinal os programas precisam de massa crítica, precisam de ibope para continuar. E as massas querem ver gladiadores se digladiando até a morte. Depois as pessoas se espantam com a quantidade de sexo e violência. A democracia mais perfeita que se já viu, a de Atenas, matou Sócrates.
>>> TV 50 Anos
 
>>> SEM MÚSICA, A EXISTÊNCIA SERIA UM ERRO Quem diria. Luiz Maurício dos Santos, aquele rapazola que anunciava sua ida à Califórnia, está com quase cinqüenta anos. Acaba de lançar um acústico, um álbum branco. No repertório, quase nada dos anos 90, sua fase DJ, clubber, eletrônica. Até ele concorda que fica melhor quando canta: "Tem certas coisas que eu não sei dizer." (Embora diga.)
>>> http://www.lulusantos.com.br
 
>>> VÁ AO TEATRO, MAS NÃO ME LEVE O Teatro Augusta fica a algumas quadras do Espaço de Cinema Unibanco, e tem estacionamento ao lado. Bem acabado, bem montado, agradável. É novo ou foi reformado? Paulo Autran está irrepreensível no papel de um judeu misantropo de 86/87 anos. Cássio Scapin vem para perturbar o seu sono. Os embates entre ambos, e o texto engenhoso, de Jeff Baron, conduzem a ação. Por R$ 30, é o tiro mais certeiro da temporada.
>>> Teatro Augusta - R. Augusta, 943 - 3151-4141
 
>>> TOUT LE RESTE EST LITTÉRATURE Se Mario Vargas Llosa escrevesse seu livro no Brasil, ele se chamaria "A Festa do Bode Expiatório". Cansa lê-lo em Veja, pisando e repisando suas obsessões com ditadores e com o destino latino-americano. Até há alguns anos atrás, ele não era cidadão do mundo? O que aconteceu? Voltou pra cá? É uma pena que ainda despenda tanta energia com algo tão enfadonho quanto política. Eis o verdadeiro ópio dos intelectuais.
>>> Veja
 
>>> O FILME É UMA MERDA, MAS O DIRETOR É GENIAL Matheus Natchergaele. Esse é o nome. Suassuna parece que escreveu o Auto da Compadecida para ele. Matheus dá um baile em Selton Mello, Diogo Vilela, Paulo Goulart, Marco Nanini e, creiam, Fernanda Montenegro. Rouba a cena dos grandes e dos pequenos. É um gigante. Mais um diretor de nome estranho, Guel Arraes. Mais uma vez a droga do som, prejudicando o entendimento de várias passagens. O consolo é assistir de novo. E de novo. E de novo.
>>> Estadão
 
>>> VIVER NÃO É PRECISO O disco da Madonna vazou. Ela queria que o single saísse em setembro. E o CD, em outubro. Em agosto, já estava na mão de algum hacker e, portanto, na mão de todos. O pessoal da velha guarda, do compact disc, ainda se dispõe a comprar na loja. Mas e o pessoal da nova? E napster? Onde o mundo vai parar? Alternativas estão sendo testadas. No fim, os músicos vão acabar distribuindo suas faixas como o Stephen King faz. (Ele distribui os capítulos de seu livro por um dólar.) Quem quiser, paga. Quem não quiser, que tire xerox.
>>> http://www.madonnamusic.com
 
>>> ARMAZÉM DE SECOS E MOLHADOS Os jornalistas tiram sarro mas bem que dão todas as capas e as manchetes para Itamar Franco. E para aquele outro. O que confunde pão-de-queijo com boneco de vodu. Hoje é tudo show. Qualquer truque vale. Estão abolidos os juízos de valor. É outra dialética. Apareceu, viveu. Sumiu, morreu. Ponto.
>>>
 
>>> O CONSELHEIRO TAMBÉM COME (E BEBE) O restaurante Arabia fica na Haddock Lobo, entre a Lorena e a Oscar Freire. O rosto da moça, que orna os cardápios, é uma das mais belas imagens do mundo árabe (embora, talvez, forjada). Por dentro, o pé-direito alto e a cobetura de tenda evocam um templo oriental. Para os principiantes, sugere-se o menu degustação, que sai por R$ 29,90. A salada Arabia vem com excelente molho de azeitonas pretas e o charuto, cuidadosamente embrulhado em folhas de uva, acompanha uma impecável coalhada. Dentre os pratos quentes, destaca-se a lentilha. E, dentre os grelhados, os michuis de carne, cordeiro e quibe. Não perder, por nada, a sobremesa de figo seco com sorvete de nata.
>>> http://www.arabia.com.br
 
>>> UM NOVO OLHAR SOBRE O COTIDIANO Mãe Gentil é o nome do novo espetáculo de Ivaldo Bertazzo, e refere-se, claro, ao Brasil. Zeca Baleiro assume a direção musical e performa junto a atores profissionais e a coros-dançantes de dezenas de pessoas. Os apelos aos sentidos são intensos e constantes. Seja pelas cores, seja pelas coreografias, seja pelas falas, seja pelas aparições de personalidades (em vídeo). Chega a ser comum essa necessidade de trespassar todas as artes em um único espetáculo. O espectador não apreende tudo e deve preparar-se para a maratona. Se sobreviver, será recompensado.
>>> Sesc Belenzinho - Av. Álvaro Ramos, 991 - 6096-8143
 
>>> ALÉM DO MAIS Dentre os novos fetiches da tecnologia, está a disputa entre o DVD Áudio e o Super Áudio CD. Os nomes não são felizes, mas prometem sete vezes maior capacidade que o velho Compact Disc. Na briga estão, respectivamente, um grupo de concessionárias, e a dupla Philips e Sony (inventoras do padrão CD). Num esforço para que se pague menos royalties, as concessionárias prometem um aparelho por US$ 1000 (enquanto o da Sony/Philips sai por US$ 5000). Quem viver, ouvirá.
>>> http://www.dvd.com
 
>>> MINHA PÁTRIA É MINHA LÍNGUA
"Em contrapartida, a medida de lucro contábil, embora também reconheça a necessidade de utilização do lucro residual, subtrai um retorno exigido apenas para títulos preferenciais, o custo de juros de endividamento, e dividendos pagos a ações preferenciais."
 
>>> Julio Daio Borges
Editor
 

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