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Sexta-feira, 6/1/2006
Digestivo nº 260

Julio Daio Borges

>>> LITERATURA EM 2005 Os escritores brasileiros estão, como sempre, mal de situação, mas a literatura brasileira vai bem. Continuou assim em 2005. Mais fácil para os veteranos, que têm uma obra já por trás: Rubem Fonseca seguiu com seu Mandrake; João Ubaldo ganhou uma “seleta” pela Nova Aguilar; Hélio Pellegrino, graças ao impulso da neta, mereceu uma coletânea da espanhola Planeta e, ainda, um Arquivinho da Bem-te-vi; até Graciliano Ramos viu ressurgiu sua “infância”. Dos consagrados de fora: vimos García Márquez aparecer duas vezes, no original e na tradução; Coetzee continuou sendo sistematicamente editado pela Companhia das Letras, com destaque para Juventude, seu romance de formação; e mesmo John O’Hara, um best-seller esquecido dos Estados Unidos, mereceu atenção da José Olympio; fechamos o apanhado do exterior com Schopenhauer, pela Martins Fontes, descendo o sarrafo no ofício de escritor... Os jovens brasileiros, como é costume, penaram – mas deram as caras. Capitaneados, claro, pelos autores do Sul: Cardoso e Mojo (menos da literatura e mais da internet); os Fatais de Porto Alegre (incluindo o nosso Spalding); e o poeta dos poetas, Fabrício Carpinejar (não tão inspirado em 2005). Lutaram bravamente as escritoras, embora detestem, em literatura, o “feminino”: Ivana (já esteve melhor); Vera (pela trajetória); e Lívia (rumo à consagração). Dos que batalham, abertamente, por um lugar ao sol, restam ainda: o Yuri; o Miguel; e o Rodrigo. 2005 fez bonito na linha intermediária (dos que estão à beira do cânone): Milton Hatoum e José Nêumanne Pinto (este no Portugal Telecom). A Flip, como é praxe, dividiu gregos e troianos (ao vivo e depois). E, entre as publicações literárias, vale lembrar: a nova EntreLivros, o reformado Suplemento Literário de Minas Gerais e a revista Et Cetera (outra do Sul). 2006 não vai resolver o enigma dos Não-Leitores, mas vamos continuar tentando...
>>> Mais Literatura
 
>>> MÚSICA EM 2005 Em 2005, no Brasil, resolveram redescobrir as cantoras. Soberana, entre todas – as novas –, Maria Rita. Na frente dela, só a própria mãe, Elis Regina (no Ensaio e em novo DVD pela Trama). Saindo da linha hors-concours, Adriana Partimpim fez uma bela turnê em 2005, Ná Ozzetti gravou talvez seu melhor disco em duo com o pianista André Mehmari e Maria Bethânia foi muito ovacionada em sua homenagem a Vinicius de Moraes (embora tenha havido excessos aqui e ali). Não podemos esquecer, ainda, de Zélia Duncan (que não mereceu infelizmente comentário, mas que merece citação), Karina Ninni (duas vezes revelação) e Fernanda Porto (meio sem graça no Ronnie Von mas razoável em Giramundo). O instrumental brasileiro também fez bonito em 2005: para começar que Juarez Maciel lançou sua obra-prima (um álbum com letras igualmente); Marcos Valle... outra das suas; e Nonato Luiz esteve brilhante em sua transposição de Luiz Gonzaga para o violão. Outros mestres iluminaram as nossas cordas (acústicas e eletrificadas): Leandro Carvalho, relendo Jobim, Villa e Caetano; Camilo Carrara, numa pesquisa pelo cancioneiro do Japão; e Kiko Loureiro, em seu primeiro vôo solo sem o Angra. Os anos 60 voltaram com Meirelles e os Copa 5; e os 70, com João Donato (psicodeliquíssimo). Shows animados povoaram os palcos (e os DVDs): Chick Corea, ainda que incompreendido; Moacir Santos, ainda que concorrendo consigo; e Los Hermanos (com e sem o 4). Ainda Lenine, Ed Motta e Otto. Encerrando o ciclo, entre o oportunismo e a nostalgia, os Anos 80. O segmento erudito esteve bem representado, como ocorre há quase 25 anos, pelo Mozarteum Brasileiro (chamamos a atenção para a música de câmara de: Trio Artemis e Jean Paul; Oslo Camerata e Irmãs Labèque). Com direito a chorinho da Biscoito Fino: Osesp em gravação e mais uma dose de Gilda Oswaldo Cruz encarando Claudio Santoro. 2005 só não ouvi quem não quis.
>>> Mais Música
 
>>> IMPRENSA EM 2005 Em 2005, a imprensa-impressa continuou brigando com a internet (ou não) em vão. Pois todo mundo sabe que jornalista... virou commodity; que somos nós... que fazemos a mídia; e que se não fosse por Lula, PT, essas coisas... a grande imprensa cairia, como tem caído sempre, na falta de assunto (ah, ou na tirania dos releases!). Em 2005, começamos também a dar adeus ao rádio – graças aos podcasts (alguns podcasters daqui: Guilherme Werneck, Fred Leal e Billy Umbella). Bernardo Kucinski publicou um estudo meio obtuso sobre jornalismo on-line; e esse tópico vem ocupando, cada vez mais, as edições anuais do The State of News Media... Até Murdoch decidiu se manifestar, adquirindo o MySpace.com, por centenas de milhões de dólares. O Google resolveu parar de brigar com as editoras – coitadas – e mudou o nome de seu novo programa: de Google Print para Google Book Search (mais uma feature do Google Desktop?). Ainda para o papel, 2005 foi um ano de efemérides dignas de nota: os 3 anos da Ocas; os 18 anos da Trip; os 4 da revista Idéia; os igualmente 4 anos da Primeira Leitura; e os 5 do Valor Econômico. 2005 viu surgir o suplemento de livros da Bravo, e – sua concorrente? – a bem-acabada Raiz. Chegou às bancas, da editora Escala, a Romano (uma tentativa de sofisticação); e a, não tão bem-sucedida na seara das letras, Discutindo Literatura... Em 2005, a Sibila entrou em disputa com o crítico da Folha Manuel da Costa Pinto, e a Argumento relembrou os principais dândis da História (blogueiro não vale). Em 2005, para terminar, começou a cair a ficha de que temos de deixar de lado... nossas ambições (equivocadas) de mass media. E, em 2006, – não sei se vocês já sabem – há a promessa de novas discussões acaloradas envolvendo a Web 2.0... Até lá.
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>>> EVENTOS QUE O DIGESTIVO RECOMENDA



>>> Debate e Lançamento de Livro
* 120 Horas - Luis Eduardo Matta, Vera Carvalho Assumpção e Fábio Silvestre Cardoso
(Ter., 10/01, 19h30, VL)

Literatura Popular Brasileira. Para alguns, pode parecer um assunto banal, mas basta olhar as prateleiras e as estantes das principais livrarias e bibliotecas do Brasil para se concluir que a literatura brasileira, apesar de todo seu desenvolvimento, ainda não alcançou esse status, o de ser genuinamente popular sem deixar de ser nacional. Afinal, quais são os pilares dessa literatura genuinamente brasileira e de entretenimento? O escritor Luis Eduardo Matta aproveita o lançamento de seu novo romance, o thriller 120 Horas, para discutir as bases dessa Literatura Popular Brasileira (LPB), juntamente com a também escritora Vera Carvalho Assumpção, autora do romance policial Paisagens Noturnas. O encontro será mediado pelo editor-assistente do site Digestivo Cultural, Fabio Silvestre Cardoso. Após o debate, Luis Eduardo Matta vai autografar 120 Horas.

>>> Shows
* Espaço Aberto - Carol Andrade e Alex Maia
(Dom., 15/01, 18hs., VL)

* Livraria Cultura Shopping Villa-Lobos (VL): Av. Nações Unidas, nΊ 4777
** Livraria Cultura Conjunto Nacional (CN): Av. Paulista, nΊ 2073
*** a Livraria Cultura é parceira do Digestivo Cultural
 
>>> Julio Daio Borges
Editor
 

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