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Sexta-feira, 5/1/2007
Digestivo nº 310

Julio Daio Borges

>>> INTERNET EM 2006 Em 2006, a internet continuou – na expressão de Chris Anderson, autor de The Long Tail (um dos livros do ano) – “matando a mídia” [estabelecida]. Na Economist, Anderson decretou, como não era difícil prever, a morte da televisão em 2007. Com base, claro, no YouTube – que teve uma ascensão meteórica, inclusive no Brasil, culminando com uma venda bilionária (literalmente) para o Google. Já a empresa de Larry Page e Sergey Brin trabalha incansavelmente para matar a Microsoft e o seu MS Office. Além de atrasar o lançamento do novo Windows Vista para 2007, a empresa de um certo William Henry Gates III (com problemas para se aposentar) perdeu a corrida do e-mail, para o Gmail, enquanto que ameaça perder a do Word, para o Google Docs, e a do Excel, para o Google Spreadsheets. A briga, na verdade, é entre Steve Ballmer (CEO da Microsoft) e Eric Schmidt (CEO do Google) – afirmam Steve Gillmor (do finado Gillmor Gang) e Jason Calacanis (do recém-nascido CalacanisCast), dois dos podcasters mais influentes em 2006. Com eles – e o podcast continua “matando” o rádio... – TalkCrunch, Venture Voice e Night Passage. E, no Brasil, Vida Fodona, Miscelânea Vanguardiosa e Música Discreta. A mesma Economist oficializou a morte dos jornais (em papel), enquanto o jornalismo continua renascendo na internet. A moda do jornalismo colaborativo se espalhou no mainstream, com o Newsvine e com o Overmundo (dando seus primeiros passos no Brasil). A Wikipedia, campeã em colaboração, completou 5 anos. E, em 2006 ainda, grande parte dos jornalistas brasileiros deu o braço a torcer e resolveu montar um blog (nem todos, infelizmente, com sucesso...). A revista Época – responsável pela melhor cobertura, entre as semanais, da internet – deu também uma capa para os blogs brasileiros (com Alexandre Inagaki, 5 anos depois), e a imprensa tupiniquim decidiu falar, finalmente, da Web 2.0 e do novo boom. Em 2007 serão, novamente, 5 anos em 1. Prepare-se.
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>>> MÚSICA EM 2006 Em 2006, como resultado de um “crescendo” ano a ano, foram avassaladoras as temporadas de concertos na cidade. Desde a Osesp, de John Neschling, até a Sociedade de Cultura Artística, que iniciou esse mesmo movimento há mais de 90 anos. Pelo Mozarteum, passaram Felicity Lott, merecendo a designação de “dame” e cantando Nöel Coward, e a Orquestra Sinfônica WDR de Colônia, sob direção de Semyon Bychkov, tendo como solista Sayaka Shoji, empunhando seu Stradivarius “Joachim” para executar Glazunov, entre outras atrações sempre de qualidade. Já pelo Itaú Personnalité (antes BankBoston), passaram, entre outras estrelas, Ilya Gringolts ressuscitando Bach, Daniel Taylor embalando a platéia com lieder, e Régis Pasquier ao violino e Emmanuel Strosser ao piano numa autêntica “schubertíade”. E, para completar, pela Fundação Maria Luisa e Oscar Americano, passaram, entre outros bons, o Trio Brasileiro de Gilberto Tinetti e o violão impecável de Fabio Zanon (que seguiu em sua cruzada para divulgar o repertório do instrumento na Cultura FM). Também Irineu Franco Perpétuo, dando prosseguimento à sua campanha pela maior audição da música erudita, falou sobre Mozart, e suas óperas, nos seus 250 anos, na Casa do Saber. Na ponte entre o instrumental e o popular brasileiro, Juarez Maciel deu mais um passo em sua brilhante carreira, Henrique Cazes – um dos pais do revival do choro – foi relançado pela Kuarup e Sivuca partiu enquanto que deixou, para nós, seu Terra Esperança. Marcos Sacramento reinou, novamente, absoluto, na categoria vocal masculino, à frente do show de seu Fossa Nova (pela também nova Olho do Tempo) – e acabou de sair do forno, pela Biscoito Fino, sugestivamente com Sacramentos. Renato Russo, dez anos depois, mereceu capa da nova Bizz; e o Dois, vinte anos depois, mereceu Especial do Digestivo. A Rolling Stone desembarcou, de novo, no Brasil. E ainda no universo pop, John Pizzarelli atacou de cool jazz, John Mayer reabilitou a guitarra e a Trash 80’s ganhou até um disco. A indústria fonográfica sofreu com o primeiro baque do DVD, mas a verdadeira música continuou florescendo em 2006.
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>>> LITERATURA EM 2006 2006 foi brindado com dois bons lançamentos de dois dos nossos maiores contistas vivos: Dalton Trevisan, com Macho Não Ganha Flor, e Rubem Fonseca, com Ela e outras mulheres – ambos com mais de 80 hoje. Já do alto de seus 90 e poucos, Vinicius de Moraes insistiu em dar o ar da graça em 2006: em DVD, em inédito sobre Neruda e até em pocket book. Aliás, esse foi o formato do ano, com a entrada da Companhia das Letras na briga (editou Pessoa, entre outros), depois com a José Olympio (que editou até cartas de Campos de Carvalho) e com a Hedra (entre outras). Philip Roth – vale sempre frisar: um dos maiores escritores norte-americanos vivos – mereceu até lançamento em pocket, via Companhia de Bolso (que acaba de editar seu Adeus, Columbus; na realidade, sua estréia, com tradução do infalível Paulo Henriques Britto). De Roth, tivemos, também em 2006, O animal agonizante. Ainda pela Companhia, Thomas Bernhard continuou fazendo barulho, com o relançamento do seu Náufrago. Já no reino dos autores novos, Daniel Galera teve sua consagração com Mãos de Cavalo – inclusive é a aposta de Milton Hatoum para o prêmio Portugal Telecom de 2007 (o de 2006 foi vencido pelo mesmo Milton, que ainda levou o Jabuti pelo romance Cinzas do Norte). Daniel Piza faturou o Jabuti de biografia, pelo seu Machado, e Ruy Castro, biógrafo invencível, por Carmen. Ruy, não contente, compareceu com mais dois lançamentos em 2006: um volume sobre cinema e outro sobre a bossa-nova no Rio de hoje (esse pela Casa da Palavra). (Daniel, ainda, com um volume sobre o arquiteto Isay Weinfeld.) E o jornalismo continuou dominando as estantes, sobretudo o “literário” – conforme previsão de Matinas Suzuki Jr., na Casa do Saber – com, pelo menos, mais quatro títulos de George Orwell neste ano (Dentro da Baleia, Na pior em Paris e Londres, Lutando na Espanha e Literatura e Política). Fora o Oscar para Capote. García Márquez teve toda a sua obra jornalística lançada por aqui, enquanto que a Alfaguara desembarcou no País e Adolfo Bioy Casares tornou públicos os comentários literários de seu amigo Jorge Luis Borges. Em 2006, a Flip continuou agitando a cena e Bia Corrêa do Lago lançou, em DVD, algumas das conversas que teve em Parati... Não foi talvez a melhor comemoração para Grande Sertão: Veredas, mas, com essas sementes, 2007 promete.
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