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Sexta-feira, 13/7/2007
Digestivo nº 335

Julio Daio Borges

>>> AS CEM MELHORES CRÔNICAS BRASILEIRAS Joaquim Ferreira dos Santos é um dos maiores cronistas brasileiros. Sem exagero e nem clichê. Talvez seja o maior em atividade. Portanto, é esquisito que ele não esteja no volume As Cem Melhores Crônicas Brasileiras, recém-lançado pela editora Objetiva - ainda que ele mesmo tenha organizado. Sendo a crônica um gênero tão livre, e por isso tão perigoso, bem que Joaquim Ferreira dos Santos poderia estar lá (com todas as redundâncias)... Mas essa "falha" não tira o brilho da seleção. Na realidade, estamos diante de um dos melhores volumes dessa coleção (sempre de "Cem [Alguma Coisa]"). Elogiado por Matinas Suzuki Jr., Humberto Werneck, por exemplo, tem insistido na sobrevivência do gênero, com coletâneas mais específicas, pela Companhia das Letras. O que ocorre agora, porém, é provavelmente uma novidade: Joaquim Ferreira dos Santos montou um panorama completo da crônica brasileira, num volume único, desde Machado de Assis e José de Alencar (no século XIX) até alguns cronistas na era da internet, como Xico Sá, Antonio Prata e Ricardo Freire. Passando, claro, pelos mestres dos anos 50 e 60 (Rubem Braga, Paulo Mendes Campos, Antônio Maria e Nélson Rodrigues), sem deixar de fora monstros conhecidos não só por isso, como Millôr Fernandes e Otto Lara Resende. A preocupação com a seqüência também se reflete no fato de que o volume atual de Joaquim Ferreira dos Santos pode ser lido como um livro - pela ordem, sem perder o valor documental, e com a mesma fruição descompromissada de quem antes lia os mesmos textos em jornal, em revista ou até na tela. Na capa, podem assustar nomes "de consenso", que nem sempre têm 100% a ver com literatura brasileira, como Chico Buarque e Caetano Veloso, mas nada que comprometa. Parafraseando o Óbvio Ululante, encerramos a leitura felizes em saber que, por causa da crônica, somos campeões do mundo (de novo), há pelo menos dois séculos, e não mais uma nação de vira-latas literários.
>>> As Cem Melhores Crônicas Brasileiras
 
>>> LOS HERMANOS NA FUNDIÇÃO PROGRESSO O último show do Los Hermanos, na Fundição Progresso, em meados de junho, foi atípico. Em geral, bandas de rock terminam disparando farpas para todos os lados – sem nenhuma possibilidade de reconciliação. No caso do Los Hermanos, foi uma separação amigável, não litigiosa, mas sem que grandes motivos – do por quê – fossem revelados. Assim, a banda encenou o próprio réquiem – como se Mozart, por exemplo, regesse no próprio funeral (ainda que haja as alegorias do filme de Milos Forman – infundadas, de acordo com os historiadores da música). Além do anticlímax do acontecimento em si, no último show do Los Hermanos, houve, claro, o anticlímax de tocar “Anna Julia” (segundo Rodrigo Amarante – sob pressão de um repórter insistente no YouTube – aquela música que... eles “sempre” nunca tocam. Ou, nem sempre). Por mais que fosse uma despedida, Camelo e Amarante se vestiram como para uma noite de gala – o primeiro de paletó preto e o segundo de paletó branco. Com sorrisos contidos e calmos, Marcelo Camelo era aquele da dupla que não estava chateado (de paixão nova? de projetos encaminhados? de vida batendo à porta?). Já Rodrigo Amarante parecia tentar se concentrar na performance, embora se pudesse quase apostar que, a cada novo número, ele estava à beira das lágrimas. Camelo, em algum momento, correu para o lado de Amarante e fez-lhe um afago nas costas, no meio de um solo de guitarra, enquanto os dois tocavam. Como se quisesse resumir todo o sentimento numa frase: “Rodrigo, não fica chateado”. Barba, à bateria, bem possivelmente chorava – mas o público não conseguia alcançar seus olhos. E Bruno estava, como sempre, anestesiado, aos teclados. Ouviram-se promessas de que esses dois últimos shows, no Rio de Janeiro, vão virar CD e DVD, como hoje é automaticamente “de praxe”. Mas a promessa não conseguiu aplacar a sensação de perda no ar; e muito menos dirimiu as dúvidas sobre o futuro dos ex-membros do conjunto. Por enquanto, apenas a pausa. Ou Amarante, brilhando meio opaco, na Orquestra Imperial...
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>>> PROGRAMA DE DEMOCRATIZAÇÃO CULTURAL Entre as recorrentes críticas às leis de incentivo à cultura, que permitem isenção fiscal a empresas patrocinadoras, está o fato de que a produção cultural resultante dessas ações nem sempre beneficia o maior número de pessoas (embora faça uso de dinheiro público). A fim de corrigir essa distorção, o Instituto Votorantim tomou uma atitude ousada nesse âmbito: lançou um programa não só de incentivo à cultura, mas de democratização cultural. Ou seja, seu programa está aberto à seleção de projetos culturais, disponibilizando até R$ 4 milhões, em duas fases (e para realizações em 2008), mas focando em iniciativas que facilitem, ampliem ou simplesmente agilizem o acesso à cultura a populações que, no Brasil, tradicionalmente se encontram fora das estatísticas dos “consumidores” de bens culturais. O Instituto Votorantim se pautou por dados do IBGE, para afirmar que – em 2001, por exemplo – mais de 90% dos municípios brasileiros não tinha sequer uma sala de exibição; e que – em 2004 – 60% dos jovens brasileiros (de 15 a 29 anos) nunca foi ao cinema. No reino da música, o Instituto Votorantim levantou, através do CEBRAP, que, em 2005, mais de 80% dos entrevistados numa pesquisa (de todas as classes sociais) nunca foi a ou viu um show nos 12 meses anteriores; enquanto que, em matéria de música erudita, mais de 97% da classe C e 99% das classes D e E jamais assistiu a uma apresentação (ou teve sequer acesso a uma nos 12 meses anteriores). O Programa de Democratização Cultural é, portanto, exemplarmente inteligente, sem cair no populismo fácil de hoje. As inscrições começaram em abril deste ano e seguem até o dia 3 de agosto; exige-se número de registro no Pronac; e os resultados da seleção, por uma comissão de especialistas na área, serão divulgados em novembro. Outras empresas e entidades patrocinadoras deveriam seguir o exemplo do Instituto Votorantim, enquanto o MinC não encara a espinhosa questão das leis de incentivo à cultura (e seus resultados).
>>> Programa de Democratização Cultural
 
>>> EVENTOS QUE O DIGESTIVO RECOMENDA



>>> Noites de Autógrafos
* A travessia da terra vermelha - Lucius de Mello
(Qua., 11/07, 18h30, CN)
* A maldição da moleira - Índigo
(Qui., 12/07, 19h00, CN)

>>> Shows
* Kiko Loureiro
(Qua., 11/07, 19h30, VL)
* Traditional Jazz Band
(Sex., 13/07, 20h00, VL)

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>>> Julio Daio Borges
Editor
 

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