Sexta-feira,
8/2/2008
Digestivo nº 353
Julio
Daio Borges
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O GENE EGOÍSTA, DE RICHARD DAWKINS
O sucesso de vendas de Deus, um Delírio, de Richard Dawkins, motivou a sua editora, a Companhia das Letras, a lançar a edição comemorativa dos 30 anos de seu primeiro livro, O Gene Egoísta (com o mesmo projeto gráfico, só que em tons de verde). Talvez mais famoso — na época da internet — por ter lançado a teoria dos memes (lá no fim do livro), O Gene Egoísta, hoje, parece uma reação à teoria da "seleção de grupo" e, menos cientificamente, uma negação do coletivismo, uma afirmação do individualismo — ideologicamente falando, uma negação do socialismo e uma afirmação do liberalismo. Dawkins nega, no prefácio de 30 anos, com veemência, mas, para quem não é versado em biologia evolutiva, fica difícil não ler o livro dessa maneira — ou, ao menos, não imaginar que o livro tem sido interpretado assim há três décadas. O Gene Egoísta é mais difícil do que Deus, um Delírio e é provável que não emplaque, no Brasil, como o primeiro. É, naturalmente, menos polêmico do que em 1976, porque, como sabemos, o capitalismo venceu, a sociedade de classes não tem mais o apelo que tinha; a economia de mercado triunfou e a sociologia se perdeu no meio do caminho. Por mais que Dawkins se rebele — a cada nova edição —, seu Gene Egoísta forneceu, biologicamente, as bases teóricas para a sociedade em que vivemos hoje. "Se até a natureza é assim, por que alguns homens insistem em não ser?" Certamente a discussão não se encerrou ainda, mas será que tem a mesma força do velho best-seller científico?
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O Gene Egoísta |
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THE ENGAGING BRAND, DE ANNA FARMERY
Enquanto Max Gehringer dá suas dicas na CBN e na Época, lá da Inglaterra quem aconselha, via podcast, é Anna Farmery. The Engaging Brand, o programa, tem pouco mais de 100 episódios, mas já atingiu um nível de excelência que vale a pena acompanhar as entrevistas de quase uma hora cada. Se no Brasil a tônica é o bê-á-bá do mundo do trabalho (como se estivéssemos, ainda, a caminho da profissionalização), lá os temas são mais elaborados, as questões parece que interessam a todo mundo e não, apenas, a quem começou a trabalhar agora. No nosso País, infelizmente, persiste a idéia de que assuntos como empreendedorismo, liderança, finanças e mesmo marketing estão restritos a quem trabalha em empresas multinacionais, quando, na realidade, dizem respeito a profissionais das mais variadas áreas. Assim, no meio de um podcast de Anna Farmery, de repente é possível topar com uma grande questão da psicologia (e não só do RH); com uma grande questão da política (e não só da alta gerência); com uma grande questão das artes (e não só da inteligência emocional). Pois, independente da atividade-fim de cada um, estamos todos tentando realizar mais e melhor, a partir dos recursos que temos, ao lado das pessoas com quem lidamos, inseridos num contexto e diante de alguém a quem, de alguma forma, devemos prestar contas. E isso é administração; pode não ser business, mas é negócio (a negação do ócio) — valem, então, as leis do capitalismo, e do mercado. A própria Anna Farmery costuma dizer que as pessoas não vão esquecer de como você as fez sentir — mas tampouco irão esquecer do que você disse e do que você realizou.
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The Engaging Brand |
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TEMPORADA 2008 DO MOZARTEUM BRASILEIRO
Se o ritmo da temporada de concertos se mostra difícil de acompanhar depois que começa (após o Carnaval), é nesta época do ano, nos primeiros meses, que se tem a chance de refletir sobre o que virá. E o Mozarteum Brasileiro reserva boas surpresas para 2008. Quem, por exemplo, sente falta das locuções de Dante Pignatari, na Cultura FM, anunciando Leif Ove Andsnes, vai poder matar a saudade do pianista norueguês, pelo menos — depois de passar por aqui em 2001, ele volta à Sala São Paulo em setembro para nos brindar com sonatas de Beethoven e Schubert (sua especialidade). Já quem estava com saudades de Gidon Kremer, que agitou o nosso Municipal com Piazzolla em 2004, poderá conferir sua formação para quarteto com piano, em novembro. Ainda em termos de ensemble, o Sexteto da Filarmônica de Berlim nos promete Tchaikovski e Brahms, em maio. E um dos grandes destaques, sem sombra de dúvida, será o Quarteto Szymanowski, tocando A Morte e a Donzela, de novo, de Schubert. Em termos de orquestra, a Temporada 2008 abre com a sempre muito cara Sinfônica Bamberg, prometendo a Sétima de Beethoven e as Danças Eslavas de Dvorák. Já a Sinfônica de Tóquio passará pelo cancioneiro norte-americano e pelo nosso Villa-Lobos, inclusive no Auditório Ibirapuera (ao ar livre). E, praticamente fechando o ano, a Sinfônica de Moscou; e brilhando solo, em agosto, a mezzo soprano Frederica von Stade, com compositores franceses. Ainda nem começou mas, mesmo assim, já tira o fôlego do leitor. Sorte de quem assinou.
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Mozarteum Brasileiro |
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Julio Daio Borges
Editor |
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