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Sexta-feira, 9/5/2008
Digestivo nº 366

Julio Daio Borges

>>> THE GILLMOR GANG 2008 Depois de um final que não convenceu muito, e que provocou revolta em seus fãs, o Gillmor Gang, um dos podcasts mais influentes da internet, está de volta. Se Steve Gillmor, veterano repórter de tecnologia, já valeria a pena ser ouvido por si só, o Gillmor Gang traz novamente figuras lendárias como Doc Searls, co-autor do Cluetrain Manifesto, Dan Farber, executivo sênior da CNET (que agora deve prover conteúdo para o Yahoo!), ainda Dana Gardner e Marc Canter. Jason "Mahalo" Calacanis, que forçou a porta nos últimos episódios da última temporada, também retorna. Mas a grande novidade são os jovens titãs da internet depois dos blogs: Robert Scoble, o ex-blogueiro nš 1 da Microsoft; Michael Arrington, líder do site em maior evidência na área, o TechCrunch; e Hugh Macleod, o cartunista oficial da Web 2.0, do consagrado Gappingvoid. Semanalmente, os bate-papos entre esses e outros nomes convidados são gravados por telefone, ou via Skype, e os ouvintes, do mundo todo, podem conhecer as opiniões desses gigantes que, atualmente, definem as tendências da World Wide Web. Na última semana, por exemplo, falou-se sobre a tecnologia Live Mesh, da Microsoft — cujo som se aproxima dos mashups da Web 2.0, e cuja intenção é restabelecer a primazia da empresa de Bill Gates e Steve Ballmer, numa era em que os terminais de acesso à internet são diversificados (celulares, BlackBerrys, iPhones) e o desktop perde a importância central de antes. Sem meias palavras, os convidados e apresentadores do Gillmor Gang questionaram as novas intenções "gregárias" da Microsoft (afinal ela sempre foi o maior símbolo do chamado software proprietário), ainda que um representante da empresa estivesse lá para contestar... Enfim, se depender da persistência de Steve Gillmor, da curiosidade e da rebeldia dos outros "Gillmor Gangers", estamos bem servidos, novamente, para navegar com segurança pelas novidades que a Rede, semanalmente, nos oferece.
>>> The Gillmor Gang
 
>>> CAIXA MACHADO DE ASSIS, PELA EDITORA GLOBO E, no centenário do Bruxo, as mais belas edições de Machado estão saindo, agora, pela editora Globo. Quando um autor cai em domínio público, sua editora original perde a exclusividade. E no caso de Machado de Assis, um clássico, edições "novas" são produzidas todos os anos. Como em 2008 são 100 anos de sua morte, é bastante provável que as principais editoras brasileiras apareçam com suas versões "atualizadas" para, ao menos, as obras-primas do Bruxo do Cosme Velho. Entre versões didáticas e reedições, neste primeiro semestre, superou as expectativas a caixa da editora Globo. São os três volumes mais conhecidos desde os vestibulandos até os estudiosos (pela ordem de lançamento): Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881), Quincas Borba (1891) e Dom Casmurro (1899). Cada um com uma introdução de um renomado estudioso de Machado no exterior: Abel Barros Baptista, Willi Bolle e John Gledson (respectivamente). Além do fino acabamento da Globo, desde a tipografia até a escolha do papel, cada volume ganhou nova capa de João Baptista da Costa Aguiar, o grande artista do livro brasileiro (que, entre outras coisas, criou a identidade visual da editora Companhia das Letras). Com fotos do Rio da época do Bruxo, a caixa convida à leitura, contrastando o respeito filológico às versões fixadas pelo próprio autor, no início do século passado, com a atualidade dos recortes, literários, de um Brasil que permanece entre nós. Se este centenário pudesse convencer cada leitor brasileiro a revisitar, espontaneamente, uma obra, que seja, de Machado de Assis, nosso País já terá avançado na consciência de si próprio, e a efeméride estará plenamente justificada. E, dentro do que essa celebração tem de mais importante — os livros de Joaquim Maria Machado de Assis —, a editora Globo tem feito a sua parte.
>>> Caixa Machado de Assis
 
>>> DEZ ANOS DEPOIS, DE RENATO ANESI Misturando clássicos da música nordestina — como o baião, o forró e até o xaxado — com a sofisticação de arranjos e execução do jazz, Renato Anesi juntou uma banda de amigos e gravou Dez anos depois. A riqueza de ritmos do Nordeste e Norte do Brasil às vezes passa despercebida porque comumente associada a uma embalagem regionalista, que assusta melômanos sofisticados. Apesar das acusações de americanismo do crítico José Ramos Tinhorão, não há como negar que, por exemplo, o samba ganhou interesse mundial depois que a bossa nova, sua herdeira mais sofisticada, fez a cabeça de ouvintes de jazz e até música erudita em todo o planeta. À sua maneira, e usando suas próprias composições, o violonista Renato Anesi retrabalha, além do forró ("Forró da Madrugada"), o xaxado ("Xaxado Solar") e o baião ("Baião do Poré"), gêneros híbridos, com algumas pitadas de samba, de chorinho e mesmo de frevo ("A Ginga do Mané", "Dez anos depois" e "Chorei na Cozinha em Juquehy", entre outras). Virtuose nas seis e nas demais cordas, Anesi foi exigente no acompanhamento e dividiu sua seção com Marquinho Mendonça, enquanto contou com o apoio do baixista Zeli e do baterista Adriano Busko (cuja percussão criativa remodelou as gravações). Thomas Howard, outro craque, apareceu para evocar Raphael Rabello — e ainda participaram Pedro Macedo (também no baixo) e Eduardo Contrera (também percussão). Dez anos depois, o disco, é agradável de se ouvir desde o início e acaba rápido, sem exageros e sem sobras. Embora Renato Anesi seja um hábil compositor, e seus colegas, músicos exímios, a densidade e a técnica não cansam. Trazendo um alívio para a época das novas cantoras em série, a música instrumental brasileira avança.
>>> Dez anos depois
 
 
>>> Julio Daio Borges
Editor
 

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